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Sobre o autor

Blaire Fraim

Essa semana, (19 de fevereiro de 2020), eu vou celebrar o aniversário de um ano do meu primeiro filho. Eu olho para trás e vejo o incrível crescimento dele, de um bebê que engatinhava para um menino andando, descobrindo a própria independência e explorando o mundo ao seu redor.

A transformação é incrível e eu já estou contando na minha cabeça e percebendo que, provavelmente, eu só tenho mais 17 ou 18 desses momentos e “anos” com ele em minha casa.

Maternidade: um mix de emoções

Embora de maneira mais sutil, eu estou refletindo sobre o meu próprio crescimento e transformação nesse novo ano mas, para sempre, papel de “mãe”. Percebendo que só estou no começo do maior trabalho que terei, e consciente que há um mix de emoções tanto boas como ruins, para mim e para ele, que vem com esse título.

Se tornar uma mãe muda tudo. Não que nós éramos egoístas antes, mas rapidamente o “eu” vem em segundo lugar em razão dos nossos filhos e suas necessidades. Como mãe, de repente, você conhece a profunda satisfação da dependência de uma criança em relação a você. E, no momento seguinte, pode sentir a exaustão e a exasperação de uma criança depender de você! 

Tarefas simples se tornam muito mais difíceis, podemos nos encontrar tirando um tempo de soneca como se isso fosse uma viagem a um resort all-inclusive (com tudo incluso). Então, no momento seguinte, a tarefa mais rotineira se torna cheia de alegria à medida que você a experimenta através dos olhos de seu filho. 

Os extremos da maternidade se assemelham a montar em um touro mecânico nos primeiros meses.  Apesar de tudo que fazia, me encontrava desajeitadamente sendo jogada de um lado para o outro como em um empurrão, exatamente quando pensei que tinha entendido o ritmo.

A completa rendição

A maternidade me ensinou a ter uma dependência maior de Cristo que eu jamais tinha conhecido antes disso. Ser uma ótima mãe, vai custar algo mais do que o sacrifício de um árduo trabalho, custará toda a minha rendição. A cada dia, momento por momento, eu vou encarar uma escolha de ter que arregaçar as mangas e passar por isso com minha própria força ou expirar e deixar que a consciência da minha necessidade dEle me leve a uma conversa que Ele sempre quis comigo.

“E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. “Mateus 22:37

Jesus nos manda, em Mateus 22:37, amar a Ele de todo o nosso coração, mente, alma e força – literalmente com tudo que existe em nós. Embora isto possa parecer uma ordem difícil ou mais uma tarefa religiosa para nos sobrecarregar, isso não é verdade. Quando vemos um comando de Jesus nas Escrituras, nós sempre podemos descansar que existe uma promessa para nos habilitar a cumpri-lo; “Não na nossa força mas pelo Seu espírito.” (Zc 4:6)

Nós fomos feitos para amar, fomos moldados, formados e trazidos à existência por causa do amor. Nos tornamos vivos no amor. Amar a Jesus primeiro, antes das tarefas e exigências da maternidade, nos leva a rendição. Isso nos lembra o que realmente importa. Nos conecta novamente com o que fomos criados para fazer – para amar a Ele e ser amado por Ele. 

Nosso sucesso como mães não será o quão bem nossos filhos se comportam ou quão altas são suas notas, mas em nossa capacidade de viver e respirar na realidade de nosso relacionamento de amor com Jesus primeiro.

Nossa identidade em Cristo

Ser ‘empurrado’ para este papel de mãe pode ser desgastante e exige tudo de nós. De repente uma nova descoberta sobre a nossa personalidade começa a emergir, à medida que nos lançamos nos cuidados dessas pequenas vidas que fomos chamados para guardar. E assim, como qualquer outra área da nossa identidade, de esposa para missionária (no meu caso), ou médica para mãe e dona de casa, existem dois caminhos diante de nós: a tentação de nos esforçarmos com nossa própria força para produzir o resultado desejado ou um convite para descansar primeiro em  nossa identidade em Cristo. E deixar todo o resto fluir a partir deste lugar (Mateus 6:33). 

Lembrem-se mamães: Primeiro, nós éramos filhas e ainda permanecemos neste papel. Filhas dEle. 

Diariamente, há o convite para vir e permanecer na videira (João 15). Explorando da fonte de vida que nunca fica seca e que tem tudo que eu preciso para me dedicar aos meus filhos, meu casamento e carreira. Nós não podemos derramar (transbordar) de um lugar que é vazio.

Hoje é um novo dia, o que vamos escolher?

Ao iniciar o segundo ano dessa jornada de maternidade, eu escolho a dependência e me render ao processo. Deixando de lado os resultados que eu tão desesperadamente quero produzir. E estou aproveitando mais a conversa de amor ao longo do caminho.

 

Hoje, o tema de justiça é mais relevante do que nunca antes. Com o crescimento da tecnologia e a globalização das nossas comunidades locais conectados aos mercados globais, nunca fomos tão cientes das dores, caos e sofrimento humano que invadiu o nosso mundo hoje. Imagine que uma bomba cai na Síria e momentos depois tem pessoas no Brasil assistindo, em seu feed do Facebook, essas imagens de um pai caindo em meio às ruas, destruído, carregando o corpo de seu filho, cheio de sangue e sem vida. Quando foi um tempo que tivemos tanta exposição e acesso, em tempo real, às injustiças que invadem as comunidades globais?

Assumindo a responsabilidade

Tem crescido o entendimento de que nós, como seres humanos, temos uma responsabilidade de lutar pela justiça, falar contra corrupção e ser parte de uma mudança positiva na nossa geração e a igreja precisa estar na linha de frente liderando esse movimento para uma mudança social. Mas, a maneira que caminhamos nisso é crítica à integridade da nossa fé e à promessa da glória de Jesus enchendo a terra como as águas cobrem o mar (Habacuque 2:14). 

Respondendo à injustiça:

Como que respondemos à injustiça? Quando olhamos os evangelhos e vemos os ensinamentos de Jesus, de todas as coisas que Ele poderia falar sobre justiça ele disse isso:

E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” Lucas 18:7-8

Nessa parábola, Jesus podia ter nos dado um texto sobre como escrever uma legislação de Deus, como eleger líderes justos ou como criar respostas sociais estratégicas. Mas, ele não fez isso. Jesus conectou a liberação de justiça rápida ao Corpo de Cristo, que persistentemente clama em oração dia e noite. Oração é o fundamento para a justiça ser liberada na nossa sociedade. 

O poder da oração

Há duas coisas que a oração faz que nada mais consegue fazer: 

  1. Oração conecta o nosso coração ao Deus da Justiça. No lugar de oração nós encontramos, em Isaías 42, o Rei Servo que “não mostrará fraqueza nem se deixará ferir, até que estabeleça a justiça na terra.” (Isaías 42:4). Enquanto contemplamos Jesus, entramos em comunhão e ouvimos seu coração, então oramos isso de volta a Ele e concordamos com o que Ele quer fazer na terra. 
  2. Oração nos engaja na batalha espiritual que está acontecendo atrás dos sistemas da injustiça, atos de abuso e das guerras que invadem nossa sociedade hoje. A injustiça está prosperando porque o inimigo está lutando contra aqueles que carregam a imagem de Deus. Neste lugar de oração abrimos nossas bocas, declaramos a Palavra e lutamos contra esse fatores espirituais (Efésios 6:12).

O Segundo Mandamento

Precisamos ser uma igreja que não desvia o olhar da depravação e injustiça do nosso mundo hoje. Temos quer ser um povo que vê a injustiça da mesma forma que Deus vê e que está engajado em oração para que justiça divina seja derramada. E sermos aqueles que mantêm os corações vivos em esperança e que são dispostos a ir aos pobres e aos oprimidos com uma mensagem e ações de esperança, cura e restauração. 

À medida que amamos o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, mente e força, tendo comunhão com Ele, o transbordar natural é que Jesus comece a compartilhar seu coração conosco, em amizade. Enquanto oramos por justiça em nossa cidade, Jesus começa a abrir nossos olhos ao sofrimento em nossa cidade e, então, Ele nos compele a ir. Amar o nosso próximo, o segundo mandamento, se torna um resultado direto e natural do primeiro mandamento. 

A verdadeira justiça

Nos evangelhos vemos 12 vezes onde Jesus foi “movido por compaixão”. Compaixão não é uma emoção que passa rapidamente, uma pena momentânea ou simpatia. Compaixão literalmente significa entrar no sofrimento do outro. Quando Jesus foi movido por compaixão, a fonte de toda vida foi movida e a ternura inesgotável e insondável amor de Deus foi revelada. Corpos foram curados, mortos se levantaram e Jesus foi visto como o Messias. 

Justiça para o pobre e oprimido nunca vai ser algo à parte de Jesus. Sim, nós podemos ver leis mudadas, programas sociais financiados, os necessitados sendo vestidos e alimentados. Mas, até que os necessitados conheçam o amor de Deus, sua salvação, e tenham suas vidas transformados por essa revelação, a justiça é incompleta. 

A Encarnação

Que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Filipenses 2:6-8

Na encarnação vemos a natureza verdadeira da compaixão no nosso Rei lindo. Ele se dispôs a entrar em nosso sofrimento e em nossa condição como homens fracos. Ele deixou as alturas da glória com seu pai, para se humilhar e caminhar conosco. Jesus pagou o preço final para entrar em nosso sofrimento. Ele viveu uma vida sem pecado e redimiu a humanidade na cruz. 

O maior exemplo

À medida que Jesus se humilhou e redimiu nossa humanidade, Ele nos chamou para fazer igual. Nos chamou para também abrir mão da nossa reputação, nosso conforto, finanças e  tempo, a fim de nos humilharmos para sofrer com aqueles que sofrem. Nossa disponibilidade a fazer isso nos faz ser canais para revelar a sua beleza, poder e a salvação de Jesus a um mundo quebrado e machucado. 

Não há justiça fora de Deus

Nós, desesperadamente, precisamos de justiça nessa hora, no Brasil. Como povo de Deus, temos que entender que não há justiça fora de Deus. Sua presença, transformando nossa condição humana, de caídos a redimidos, é central à justiça. O humanismo abraça soluções para a justiça dentro dos recursos, razões e ingenuidade dos homens. Mas, fora de Jesus, embora essa resposta seja útil, não nos faz alcançar a justiça por completo.

A Igreja tem que tomar uma atitude no lugar de oração para contender para justiça. Tem também que ser enviada, nessa hora, como povo embaixador, representando a revelação de Jesus, o único Justo, e seu reino. Temos que influenciar as áreas chaves, que são necessárias para trazer uma mudança na sociedade, algo multifacetado, que começa com oração e que cresce para causar efeito na cultura, nos políticos, no governo, na mídia e etc. Finalmente, nós temos que caminhar como Jesus caminhou e ser um testemunho de seu grande amor nos lugares escuros, onde a injustiça prospera.