A Bíblia nos ensina muito sobre jejum. O antigo testamento aborda que a cultura de jejuar estava relacionada a uma postura de arrependimento. Quando uma nação toda entrava em arrependimento, iniciavam um período de jejum. O jejum era uma forma de dor pelo erro cometido. Quando Davi pecou, ele jejuou. Na cultura daquela época, muitos jejuavam, mas seus corações não estavam conectados a isso. A prática do jejum, segundo a Bíblia, continua sendo feita nos dias de hoje e o motivo que nos leva a jejuar, é algo que Jesus nos desafia. Onde está nosso coração no momento em que jejuamos?
Jesus trouxe um novo entendimento
Ele nos diz, por meio de parábolas, que veio para estabelecer uma nova cultura, uma nova forma de realizar as coisas. E não seria possível conectar essa nova maneira com a antiga. Elas não funcionam juntas! Isso quer dizer que o jejum não é mais apenas para um propósito de arrependimento, uma vez que a cruz já cumpre esse objetivo. A cruz é suficiente. Jesus nos desafia a uma nova visão para a vida de jejum. Não mais por arrependimento ou pesar, mas por desejo apaixonado por Ele.
Dessa forma, jejuar então deixa de ser um dever religioso ou uma obrigação. Jejuamos agora porque queremos profundidade espiritual. Abrimos mão do prazer da comida e/ou entretenimento, por desejarmos verdades espirituais reveladas aos nossos corações. Agora, jejuamos porque queremos conhecer o coração do Pai, por desejarmos mais da revelação de quem Jesus é. Por estarmos fascinados por Ele. Porque o desejamos e amamos passar tempo com Ele. Porque Ele desperta amor em nós na medida que nossos olhos estão fixos nEle.
O entendimento, agora, é lutar contra qualquer possibilidade que nos afaste de sua santidade. Que nos afaste dessa conexão com a sua presença. E a Palavra nos orienta a andarmos pelo Espírito (Gl 5:16-24), sob a direção dele, pois a nossa natureza é pecaminosa. Os desejos humanos não podem produzir nada de bom, pelo contrário, o seu fruto, nos retira o reino de Deus. Então, lutamos contra as nossas próprias vontades e deixamos os nossos maus desejos, para que sejam mortificadas com a nossa carne. E o jejum nos ajudará nesse processo necessário, de matar a nossa carne, dia-a-dia na vida do cristão.
Crescendo no conhecimento de Deus
O desejo de crescer no conhecimento de Deus, motivação apresentada por Jesus, é relacionada com o desejo de encontrá-lo de forma mais intensa. De buscarmos nos parecermos com Ele! Jesus nos ensina que se trata de reposicionar nosso coração, pois apenas Nele encontramos a verdadeira satisfação. Isso nos leva à seguinte conclusão: desejamos mais revelação de Jesus e por isso jejuamos.
“Disseram-lhe, então, eles: Por que jejuam os discípulos de João muitas vezes, e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem? E ele lhes disse: Podeis vós fazer jejuar os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então, naqueles dias, jejuarão. E disse-lhes também uma parábola: Ninguém deita um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho.” Lucas 5:33-39
Paulo nos fala sobre jejum
O apóstolo Paulo também nos ensina a respeito do posicionamento do coração. Ao exortar a igreja em Filipos por pregarem para sua própria glória, ele diz que o viver, para ele, é Cristo. Ele escreveu enquanto estava preso que sua única motivação de vida é Jesus Cristo. Relatou que as coisas deste mundo perderam o valor diante da presença de Jesus. Seu coração ansiava tanto pelo Salvador, que ele declarou a morte como ganho, por compreender que então estaria face a face com o Salvador. Ele compreendia o propósito de sua vida. Sabia que estando vivo espalharia o evangelho, curaria enfermos, expulsaria demônios. Ainda assim, a ideia de estar com Cristo atraía seu coração muito mais intensamente do que o seu ministério.
A motivação dele não era o crescimento da igreja, carreira, negócios, educação, estudos. Essas coisas não moviam seu coração. O que mais importava era estar com Cristo. Nosso desejo é que esse coração seja desperto em nós. Que tenhamos uma visão diferente a respeito do que nos motiva. E que a fome por Jesus seja o que movimenta nossos corações sempre que jejuarmos.
O que podemos aprender
O ato de jejuar continua sendo sagrado e isso é lindo. Se o desejo do seu coração é ter uma conexão mais intensa com o Senhor, se você quer estar sensível a voz do pastor, jejue. Se você precisa de sabedoria para tomar decisões e quer que Jesus direcione a qual caminho seguir, jejue. Mas nunca, nunca barganhe com Deus. Isso, além de ofensivo, é feio. Jejue por amor e temência!
Que Deus te abençoe!
Originalmente publicado em 28 de dezembro de 2018