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Compreendendo o sentido da encarnação divina

encarnação divina

Hoje te convido a vir comigo para que possamos compreender o sentido da encarnação divina. Nós, cristãos, valorizamos muito a ressurreição de Jesus e sim, devemos mesmo dar tamanha relevância, pois ela é a nossa grande esperança e Jesus foi o primogênito entre os mortos. Mas vamos aproveitar esse período para nos lembrar da importância também da encarnação.

No Antigo Testamento Deus aparecia por meio de Teofanias. Ele era um Deus presente para seu povo. Abria o mar vermelho, trazia uma coluna de fogo para aquecer, trazia nuvem para amenizar o calor do dia. Teofanias são manifestações visíveis de Deus na Terra. Deus realmente aparece em alguns momentos do Antigo Testamento. Por isso, Natal não é teofania, pois Jesus encarnou e assim permaneceu.

Portanto, teofania não é concebida ou gerada. A teofania surge, aparece, ela é dada. Natal não é assim, natal é encarnação. A beleza do significado da encarnação está na compreensão disso. O sentido da encarnação então é Deus entrando corporalmente na história.

A dívida por trás da encarnação

Inegavelmente nós pecamos. Adão representa toda a humanidade, o erro dele nos torna agora devedores. Somente um homem justo poderia pagar essa dívida entre homens e Deus. Mas sabemos que nenhum homem desde Adão é justo, nenhum de nós conseguiria suportar a ira de Deus. Por isso, somente Deus poderia aplacar sua ira. Então, o filho de Deus se faz homem. Por isso confessar que Jesus Cristo é o Senhor e se fez carne é essencial para a nossa confissão de fé. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus(I João 4:2).

Sendo Deus, Jesus não poderia morrer por nossos pecados, mas como homem, Ele poderia. Jesus veio para morrer, por isso a sua morte e a sua ressurreição ao terceiro dia é razão para o Natal. Ele já existia antes da manjedoura. O mistério não é apenas o nascimento virginal, mas também a encarnação. O belíssimo fato de que Jesus existe desde os tempos antigos.

Olha o que Miquéias 5:2 diz: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Ele estava com Deus e era Deus, esse é o motivo de nossa fé e é também o que a Bíblia nos ensina.

A encarnação divina

Desse modo, Deus  se aproxima ainda mais de nós. Ele é Deus encarnado na figura do bebê de Maria. Isso mostra uma atitude de humildade da parte dele, de se abaixar até nós. Isso faz muita diferença, pois Ele se tornou homem e se manteve totalmente Deus. 

Com efeito, quando Jesus encarna ele não abre mão de sua natureza, não se esvazia de sua essência. A encarnação não tira dele sua divindade, agora ele passa a ter também forma de homem. Conforme lemos em Filipenses 2:8: “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”.

Jesus possui duas naturezas, uma divina e uma humana. Ele é perfeito em sua divindade e humanidade. O mistério da encarnação é que em Jesus existe apenas uma pessoa e nessa união de sua natureza humana e divina não existe confusão, nem mudança, nem divisão e nem separação.

Observe essa citação de Agostinho no seu sermão 188:

Ele nos amou tanto que, por nossa causa, foi feito homem no tempo, por meio de Quem todos os tempos foram feitos; estava no mundo há menos anos do que seus servos, embora mais velho do que o próprio mundo em Sua eternidade; foi feito homem Quem  fez o homem; criado de uma mãe, a quem Ele criou; foi carregado pelas mãos que Ele formou; amamentou nos seios que Ele havia enchido; gritou na manjedoura na infância sem palavras, Ele, a Palavra sem a qual toda eloquência humana é muda.

A encarnação divina é humilhação

Podemos então também dizer que Natal é a comemoração da humilhação, do rebaixamento de Deus que assim o fez para nos elevar em Jesus. O Natal nos anuncia o sentido da encarnação divina, em nossa maior necessidade, salvação, e a forma com que Deus proveu o nosso Salvador, não só a nós humanos, mas também para toda realidade criada.

Ao passo que essa época do ano, que se repete ano após ano, serve justamente para nos trazer à memória esse grande feito de Deus. É necessário termos sempre viva dentro de nós a obra maravilhosa e o plano perfeito de Deus para restaurar tudo de volta nele.

Ou seja, Natal fala do presente de Deus em nos doar seu Filho. Fala da obediência de um Filho a ponto de se fazer homem, vir habitar conosco, experimentar do que experimentamos. E resolver o maior dos nossos problemas, o nosso drama como humanidade, a nossa alienação moral, ou seja, esse nosso afastamento e desinteresse moral. Nossa alienação e distanciamento primeiramente de Deus e como consequência temos esse pecado em nós.

Graças a Deus pela encarnação divina

Tudo isso que vemos hoje em forma de corrupções, de injustiças, esses problemas da convivência humana que são quase que insolúveis. Esse mal que reside no coração de cada um, fala desse nosso afastamento moral em relação a Deus. Mas é exatamente em Cristo, por meio dessa atitude acessível dele, de vir e se fazer como nós, que então Deus nos traz a solução para esse nosso drama interior. O perdão de nossos pecados e a reconciliação do nosso relacionamento com Deus que é a solução do nosso drama interno para ter acesso à vida eterna por meio de Jesus. Justificados e perdoados em Cristo.

Portanto, em todos os Natais, lembre-se sempre do motivo de Jesus ter vindo. Foi graças à encarnação que a Esperança hoje é uma realidade, Deus usou a encarnação para pôr fim ao abismo que havia entre nós e Ele. Você não vê isso acontecer em nenhuma outra história, lenda ou mitologia. Deus veio até nós, o verbo se fez carne. A encarnação nos lembra de reconhecermos a grandiosidade de Jesus Cristo que se rebaixou ao vir até nós. Ele encarnou para nos reconciliar, e está assentado a direita de Deus Pai e isso para nós é uma graça imerecida.