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Disciplinas Espirituais – Por que o Senhor nos deixou as disciplinas espirituais?

estudo bíblico

Qual o objetivo de se praticar as disciplinas espirituais uma vez que já estamos salvos em Jesus Cristo? A resposta para este questionamento já levou muitos de nós para algum desses caminhos diferentes em um momento da nossa vida: o de condenação e o de espiritualidade sadia.

O caminho da condenação nos fez acreditar que poderíamos ser salvos e justificados pelas nossas próprias obras, ao praticar as disciplinas espirituais. Nos sentimos orgulhosos e poderosos, porque “parecíamos” mais santos do que os outros. Isso é semelhante aos fariseus que Jesus descreveu, orando e jejuando com um coração cheio de orgulho pelo seu sacrifício espiritual.

Por outro lado, podemos aprender com o Senhor Jesus que nos tornamos cada vez mais maduros em nosso relacionamento de intimidade com Deus quando praticamos as disciplinas espirituais, diferentemente dos fariseus que usavam as  disciplinas com o interesse de se autopromover.

 

Disciplinas espirituais: um caminho para a maturidade

 

Quando pensamos na palavra “disciplina”, geralmente, o que vem à nossa mente de imediato é uma ideia de sacrifício e perseverança. E logo nos lembramos da disciplina empenhada por atletas que precisam de alta performance para alcançar seus objetivos.

Eles se exercitam para que seu corpo seja capaz de corresponder ao máximo em curto tempo e sob pressão. Sua alimentação é balanceada e sua rotina é bastante abnegada, para serem capazes de ganharem um prêmio.

Nesse caso, eles entendem que o resultado não será imediato, mas demandará tempo e repetição no secreto, longe dos olhos das pessoas. Exigirá mudança de hábitos e constância para se aperfeiçoarem a cada dia. 

Aprendi com um querido pastor que assim também funciona a nossa vida espiritual. As disciplinas espirituais funcionam como esse preparo físico do atleta. Ela é o caminho para a maturidade. A maturidade espiritual não é medida pelo muito saber, mas pela obediência, por um coração que ouve as palavras de Cristo e as pratica.

Da mesma forma que ocorre com os nossos músculos ou com novos hábitos que desejamos agregar e que exige repetição, assim também a precisamos exercitar a nossa vida espiritual. Mas para qual objetivo?

 

Disciplinas espirituais: fortalecidos em nosso homem interior

 

Jesus tinha uma vida exterior e pública capaz de atender aos necessitados e de conversar com os doutores da lei, nutrida por uma vida interior prática. Ele só poderia fazer milagres e transmitir a sabedoria e a salvação do Reino de Deus, depois de anos praticando sua espiritualidade no secreto, ou até mesmo antes de tomar algumas decisões ou de falar. 

Pois Eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me deu ordens sobre o que Eu deveria dizer e o que proclamar. João 12.49

Ele nos ensinou a ouvir as suas palavras e as praticar comparando com alguém que constrói a sua casa na rocha. Os cristãos que não praticam as suas palavras constroem sua casa na areia. As tempestades da vida virão e eles estarão suscetíveis a cair por qualquer vento.

O objetivo de praticar as disciplinas espirituais é fortalecer nosso homem interior.

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia. 2 Coríntios 4:16

 

Disciplinas espirituais: uma vida de intimidade com Deus

 

Praticar as disciplinas espirituais não é uma caminhada solitária, mas intencional. É uma jornada que percorremos na companhia do Espírito Santo de Deus nos levando à estatura do varão perfeito que é Cristo.

Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Efésios 4:13-15

Não se trata de práticas para obter salvação, porque já somos filhos amados de Deus. Também não se trata de uma tentativa de sermos mais amados por Deus, porque já fomos comprados pelo seu sangue. Trata-se de uma graça divina, que apesar de gratuita, é de alto preço. 

Praticar as disciplinas espirituais é um convite de Cristo para todo cristão que deseja seguir os passos de seu Mestre e vivermos a vida abundante, pisando em cada pegada deixada pelo caminho, até nos tornarmos como ele e nos encontrarmos na glória.

 

Conclusão

 

A prática das disciplinas espirituais não tem o objetivo de nos tornar introvertidos ou alienados do mundo, mas de despertar nosso interior para saborearmos melhor a realidade que Deus criou. Neste processo, a Shalom de Deus equilibra os amores do nosso coração para buscarmos a Deus acima de todas as coisas e amarmos o nosso próximo como a nós mesmos.

Não percebemos o quanto os amores constantemente moldam nossos desejos. Por mais que saibamos o quanto nossa cultura imediatista preza pelo consumismo, não nos damos conta do quanto nosso interior é orientado por esses padrões. As disciplinas espirituais vão na contramão disso. Quanto mais buscamos viver os passos de Jesus, mais encontramos nele o tesouro da vida.

Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Gálatas 6.14

 

Esta não é mais uma história sobre a antítese “pobre e rico”, “príncipe e plebeu”, não é um conto, muito menos uma história motivacional. Muitas vezes, nos deparamos com este precioso salmo davídico e não paramos para refletir as verdades profundas que ele carrega. “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”, não preciso me preocupar porque de fato não me faltará nada. Deus é meu pastor, então está tudo bem. Mas, será que eu realmente sei o que significa ter um Senhor? Eu sei mesmo o que é um pastor? O que ele faz, como cuida e se relaciona com seu rebanho? O que é um “Senhor”? Como alguém que é Senhor, pode ser um pastor?

Vamos meditar no primeiro verso do Salmo 23 e entender as preciosidades dessa frase e o que ele revela sobre o pastoreio do Senhor:

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Salmo 23:1

O significado de Salmos 23

Neste salmo a palavra “Senhor” traduzida do hebraico “Yahweh”, significa “Aquele que existe”, “O único Deus verdadeiro”. Traduzindo do grego temos a palavra “Kurios“, a qual denota ao “direito exclusivo de posse e poder sem controle” significando supremacia, “Aquele a quem uma pessoa ou coisas pertence, sobre o qual ele tem poder de decisão”, e  “mestre, príncipe soberano”, de acordo com o dicionário strong.

A palavra “pastor” traduzida do hebraico “ra’ah”  significa “Apascentar, cuidar, alimentar, proteger” e também “associar-se com, ser amigo de, ser companheiro, um amigo especial”. Em João 10:11, Jesus fala: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. Nesse versículo de João traduzido do grego, a palavra pastor significa “poimen” e tem sentido de “aquele a cujo cuidado e controle outros submeteram e cujos preceitos eles seguem”, conforme o dicionário strong.

Quando me refiro a Senhor atribuo aquele que é o dono, o supremo, o Rei. Naturalmente pode soar um pouco distante, Ele é o Senhor, um Rei sentado num trono de Glória. Sendo assim, como uma simples ovelha indefesa ou uma menina com roupas comuns e sem beleza alguma pode se aproximar de um Senhor supremo e soberano?

Essa é a história de um Rei que governa e lidera com seu cetro de justiça as galáxias, a Terra, os céus e os mares, e se debruça sobre a ovelha para ser seu amigo próximo, ele se aproxima daquela menina e a chama para ter um relacionamento pessoal, construir uma amizade especial, se associar com ela, cuidar, proteger e alimentar.

E ele faz isso se aproximando de todas as maneiras possíveis, inclusive com vestes de pastor, deixa o cetro e pega o cajado, abandona a distância e vem pra perto. Se aproxima de tal forma que essa menina é capaz de “reconhecer sua voz” (João 10:4) e  se submeter à sua liderança.  Ela ama ser guiada e orientada por Ele, não apenas precisa dele, mas ela o quer. Este Senhor Pastor é sua busca ansiosa e desesperada, pois se ela sabe que O tem nada irá faltar.

O paradoxo perfeito

Essa é a história de amor de um Rei cheio de glória e também de um homem no madeiro, Ele é o Senhor Pastor que dá a vida por sua ovelha (Jo 10:11), é um mistério, parece o paradoxo perfeito, é loucura para os sábios, um escândalo imaginar, mas Ele é o Rei que troca o cetro pelo cajado, a glória pela simplicidade, o senhorio pela servidão e seu trono por uma cruz.

Com certeza você conhece o Salmo 23. Nele, há muitas verdades sobre Deus.  

“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.”  Salmos 23:1-6 

Há algo diferente neste Salmo. Não porque é um dos mais conhecidos, mas porque ali vemos Davi cantando para si mesmo o que ele sabia sobre Deus. Imagino que esse salmo saiu de um lugar de muita intimidade e uma obra artística da relação dele com seu Criador. 

O que Davi nos ensina das verdades sobre Deus

Nele, Davi não pede, não lamenta, não intercede, não fala sobre si… Apenas sobre o bom pastor. Davi estava cantando para si as verdades sobre Deus. 

Ao ler esse salmo, sabemos que para Davi, Deus era como um pastor, um provedor, aquele que proporciona descanso e renova suas forças e lhe ensina sobre justiça. E aquele que até nos momentos mais sombrios estaria ao seu lado, o protegeria e mesmo em meio ao caos seria abençoado com um banquete preparado pelo Senhor.

Davi sabia, com toda a certeza, que em todos os dias de sua vida, seria seguido pelo amor e pela bondade de Deus.

Imagine o coração apaixonado de Davi ao declarar para si essas verdades sobre Deus? Apenas a uma conclusão poderia chegar… Certamente era na presença do Senhor que ele habitaria para todo o sempre.

Como isso pode mudar sua vida?

No seu momento devocional, você já experimentou cantar ou orar salmos? Com o Salmo 23 é possível fazer uma oração de gratidão, adoração, entrega e de confiança. Há algo poderoso quando no seu lugar secreto, usando a Palavra, você declara à sua alma as verdades sobre quem Deus é. O resultado disso é um coração com a imagem de Deus profundamente consolidada. Isso é fundamental a vida cristã, pois nos momentos de dificuldade, desafios e turbulência você não tem suas crenças abaladas, porque elas estão bem fundamentadas nos atributos do caráter de Deus.

Cantar verdades sobre Aquele que é o “bom Pastor” também reflete na sua própria identidade. Quando a bíblia diz que somos a imagem de Deus, não se refere apenas a semelhança física, mas também às características do caráter de Deus em nós e ter essa certeza enraizada em seu coração muda como você se posiciona na vida. 

Precisamos dizer ao nosso coração que apenas Deus é tudo o que de fato precisamos, Ele é o provedor! Precisamos ter dentro de nós a certeza que mesmo em dificuldades, o próprio Senhor estará conosco. Se já temos Ele, então temos tudo!