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Um Deus que ama a Justiça

justiça social

Você sabia que Deus ama a justiça? Essa é uma realidade que precisa queimar em nós. Pois, como cristãos, também devemos amar o que Deus ama. Porém, é importante ressaltar que a justiça de Deus não é moldada segundo os parâmetros humanos. Ela não é egoísta e não está enraizada na vingança, que é justiça própria. É muito mais intensa e profunda, e sempre visa a restauração do relacionamento do homem com o Criador. A Bíblia afirma que justiça faz parte do caráter de Deus, isto é, de quem Ele É.

“Porquanto justo é o Senhor, e ama a justiça; os íntegros verão a sua face.” Salmos 11.7 

Sendo assim, tenho entendido que um dos nossos papéis como cristãos é clamar ao Senhor em favor de justiça. Amo esse tema e meu coração queima por aqueles que não tem voz. Em 2014 tive a oportunidade de fazer um treinamento na Base de Jovens Com Uma Missão – JOCUM Fortaleza, o Shine. Este é um Seminário à respeito de Justiça Social que marcou muito a minha vida. Vou compartilhar alguns princípios que tem marcado minha história.

Justiça Bíblica X Justiça Humana

A justiça bíblica segue os decretos de Deus e não os do mundo. Enquanto o mundo relativa o certo e errado, a Bíblia nos exorta a vivermos em integridade diante de Deus e dos homens. A Palavra confronta o pecado, que é a raiz da injustiça, e sempre pergunta: “O que Deus diz que é certo?”

No treinamento Shine, Andrew Fastone ressaltou que: “Não basta lutarmos por uma causa ou por aquilo que os homens entendem por justiça e sim aquilo que Deus diz que é reto.” Deus se levanta em favor do oprimido e cuida de quem não pode se cuidar.

“Feliz o homem que tem por ajudador o Deus de Jacó e, por esperança, o Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra o mar e tudo o que nele há, e que guarda fidelidade para sempre, que faz justiça aos oprimidos, que dá pão aos que tem fome! O Senhor e quem liberta os prisioneiros… dá vista aos cegos… ergue os combalidos… ama os justos… protege os migrantes ampara os órfãos e as viúvas, mas frustra os planos e as atitudes dos ímpios.” Salmos 146.5-10

Justiça não é igualdade

Ainda no Shine, Peter Thomas afirmou que: “Justiça não é igualdade, não promove direitos humanos, não nasce na casa da indignação e nem da ira. Justiça mera a vontade de Deus e não uma causa humana e seu único alvo é promover o Reino de Deus.”

Sendo assim, cabe-nos sondar o coração e refletirmos a respeito de nossas reais motivações em nos envolvermos em movimentos sociais. Longe de mim dizer que nada devemos fazer, mas precisamos ter nosso coração inundado da graça de Deus para não agirmos em rebelião. Temos carregado o coração de Deus ou apenas nos rebelado em indignação humana e pecaminosa?

“Ó ser humano! Ele já te revelou o que é bom; e o que Yahweh exige de ti senão apenas que pratiques a justiça, ames a misericórdia e a lealdade, e andes humildemente na companhia do teu Deus!” Miqueias 6.8 

Como justiça é estabelecida?

Quando adotamos o código de conduta de Deus, isto é, seu padrão moral, estamos estabelecendo justiça. A religião perfeita é cuidar dos órfãos e das viúvas como descrito em Tiago 1.27. 

Se Deus se importa, porque nós não deveríamos nos importar? Deus é o Pai do órfão e o juiz da viúva. E quem são os mais vulneráveis nos dias de hoje? Não são as crianças, mulheres e refugiados? Como podemos nos envolver e sermos resposta às nossas próprias orações por justiça? Devemos amar extravagantemente como Deus ama.

“Pai dos órfãos, Defensor das viúvas; eis o que é Deus na sua Santa morada. Aos rejeitados, Deus os recolhe em pátrio lar; faz os cativos serem libertos para a prosperidade…” Salmos 68.5-6

Cuidar daqueles que não podem se cuidar é uma atitude de amor. Jesus sempre teve ações práticas diante das necessidades das pessoas. Ele multiplicou o pão saciando a fome da multidão. Ele deu vista aos cegos e perdoou pecados. O trabalho era completo. Para Ele, o homem deve ser restaurado integralmente. Tudo isso é importante porque Deus ama a justiça.

Lembro-me da história de uma missionária que subia o morro no Rio de Janeiro para evangelizar. Um dia, ao retornar de uma visita a uma família com grande carência, ouviu do Senhor: “Nunca mais diga: Jesus te ama! Se não tiver pelo menos um prato de feijão para oferecer em meu nome.” Ela não apenas ficou confrontada com a pobreza daquela família, mas se sentiu desafiada a fazer algo prático quando fosse falar do amor de Deus para as pessoas. 

Fazendo nossa parte independentemente dos resultados

“Nós não fazemos boas obras para ir para o céu, mas queremos povoar os céus porque isso alegra o coração do Pai. Fazemos boas obras por amor a Deus.” Andrew Fastone

Sabemos que quando olhamos as injustiças no mundo podemos nos sentir muito pequenos diante do mal. Como se nossas mãos estivessem atadas e nada pudéssemos fazer. Independentes dos resultados, a verdade é que agimos porque essa é a vontade de Deus.

Apenas precisamos nos atentar em fazer aquilo que Ele nos convida a realizar, por mais simples e pequeno que isso possa parecer. Às vezes, isso é simplesmente fazer o bem a um vizinho, a um amigo, ou a alguém que nos peça ajuda. Outras vezes, é apenas perdoar e aparentemente perder algum tipo de questão. Lembrem-se que, quando fazemos aos homens, fazemos ao próprio Deus.

“Pois tive fome, e me deste de comer, tive sede, e me deste de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes. Quando necessitei de roupa, vós me vestistes; estive enfermo, e vós me cuidaste; estive preso, e foste visitar-me. Então, os justos desejaram saber: Mas, Senhor! Quando foi que te encontramos com fome… Então o Rei, esclarecendo-lhes responderá: Com toda certeza vos asseguro que, sempre que fizestes para algum desses meus irmãos, mesmo que ao menor deles, a mim o fizeste.” Mateus 25.35-40 

Você também ama a justiça?

No texto de hoje pudemos aprender um pouco mais sobre o coração de Deus para justiça. Ela é mais intensa do que a dos homens e é fundamentada em amor. Esse também deve ser o nosso parâmetro independentemente dos resultados que podemos alcançar. Não somos chamados apenas para participar de movimentos sociais, mas à demonstrar o amor de Cristo de forma prática e em ação. Quando demonstramos o amor de Deus em ação aos vulneráveis, estamos amando o próprio Senhor e alegrando o seu coração. Quando fazemos aos homens, fazemos a Ele. 

Você também ama a justiça? Então, que tal você orar sobre isso e estabelecer algumas metas pessoais e práticas quanto a essas verdades aprendidas? Converse com um estrangeiro, descubra como ele se sente ao ter deixado sua pátria e como tem sido se adaptar em outra cultura? Como ele tem conseguido sobreviver a todas as mudanças? Ore por ele e pense em algo que aliviaria as dores e lhe geraria alegria. Mesmo que seja algo bem simples. Depois, não esqueça de nos contar como foi essa experiência e não pare por aí, amplie sempre seu horizonte.  

Imagens de pobreza, liberdade e justiça social povoam minha mente desde minhas memórias mais infantis. Lembro-me de que, desde criança, quando assistia filmes com esses temas, não segurava minhas lágrimas. A sede por liberdade e justiça é extrema e até difícil de explicar. Sem dúvida, esse é um dos motivos de ter me tornado missionária.

Há em mim um desejo de ver Jesus enchendo a terra com sua graça e seu amor. De ver os pobres sendo alimentados. E, pessoas sendo libertas de prisões, sejam elas físicas ou emocionais. Tudo isso parece tão grande quando nos deparamos com tamanhas injustiças, não é mesmo? Um desafio maior que nós mesmos, mas não impossível para Deus.

Como Igreja de Jesus, precisamos entender que nosso chamado vai muito além que meramente cumprir o IDE. Somos chamados a promover transformações sociais, afinal, essa é a vontade de Deus e de sua justiça. Pois, todo avivamento real gera mudanças na sociedade e isso é o que podemos observar ao longo da história cristã.

Sejam generosos com os famintos

“Este é o tipo de jejum que quero ver: Quebrem as correntes da injustiça, acabem com a exploração do trabalho, libertem os presos, cancelem as dívidas. O que espero que façam é: Repartam a comida com os famintos, convidem os desabrigados para a casa, coloquem roupa nos maltrapilhos que tremem de frio, estejam disponíveis para sua família… Se vocês eliminarem as injustiças, pararem de culpar as vítimas, cessarem de fazer fofoca sobre o pecado dos outros, forem generosos com os famintos e começarem a se dedicar aos oprimidos e marginalizados, sua vida começará a brilhar na escuridão…” Isaías 58.6-10 

Você já parou para pensar o que Deus vê quando olha para nossas ações como Igreja de Jesus? O intuito dessa questão não é gerar culpa, mas liberdade para sermos luz na terra. Afinal, a luz não deve ser escondida debaixo da mesa, mas tem que ser colocada em um alto lugar para iluminar todo ambiente.

Existe grande contradição quando dizemos que amamos a Deus, mas não amamos o nosso próximo, por quem Jesus deu a própria vida. O amor não consiste em palavras, mas em ações. E uma de suas faces é a generosidade.

No texto de Isaías 58 somos confrontados a realizar boas obras. Liberdade e justiça social fazem parte deste conceito. Todo paradigma religioso precisa ser trocado por ações que justifiquem nossa pregação. Não basta orarmos, adorarmos ou jejuarmos em buscas de nossas ambições egoístas. Devemos ser uma igreja missional que não se prende entre quatro paredes.

Justiça Social: Este é o jejum que escolhi

A lista narrada em Isaías é bem prática e é como se tivesse sido escrita para os dias de hoje, apesar de ter sido escrita antes de Cristo e para os israelitas. Porém, ela nos dá uma ideia bem clara e bastante sugestiva de todas as coisas que podemos oferecer ao Senhor como boas obras. Mesmo sabendo que não somos salvos por nossas obras, e sim pelo sacrifício de Cristo, não podemos negar o que agrada a Seu coração. E o que Deus deseja de nós?

  •         Quebrem as correntes da injustiça;
  •         Acabem com a exploração do trabalho;
  •         Libertem os presos;
  •         Cancelem as dívidas;
  •         Repartam a comida com os famintos;
  •         Convidem os desabrigados para a casa;
  •         Vistam roupas nos maltrapilhos que tremem de frio;
  •         Estejam disponíveis para sua família;
  •         Eliminem as injustiças;
  •         Parem de culpar as vítimas;
  •         Cessem de fazer fofoca sobre o pecado dos outros;
  •         Sejam generosos com os famintos;
  •         Se dediquem aos oprimidos e marginalizados;

Restaurando Identidades e Relacionamentos

“Pai do órfão e juiz das viúvas é Deus em sua santa morada. Deus faz com que o solitário viva em família; tira os cativos para a prosperidade…” Salmos 68.5-6ª

“Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo.” Salmos 113.7-8 

Deus não tem nenhum tipo de compromisso com a pobreza, miséria e solidão, mas Ele ama liberdade e justiça. No jardim, Ele olhou para Adão e viu que o homem estava só. Não que Adão estivesse solitário, mas o Senhor tem esse plano maravilhoso de gerar famílias e filhos. Então, fez para Adão uma companheira valorosa. O pecado, a tudo destruiu, trazendo ao mundo miséria e solidão. Porém, Deus sempre visa a restauração. Tanto dos relacionamentos como do governo e multiplicação.

O que será que Deus vê quando olha pessoas marginalizadas e presas em suas histórias traumáticas e tão dolorosas?

Deus os conhece e tem para muitos um futuro de glória, pois ele tira o homem do meio do lixo, do abandono e o coloca em um lugar de honra. Ele faz com que aquele que perdeu a esperança e vivia em esterilidade de vida; tenha uma família, um lar.

Deus é Aquele que restaura a identidade do homem ferido. Troca suas vestes de tristeza por vestes de alegria. Transforma a visão limitada de si mesmo e o leva  muito além de suas expectativas e sonhos.

Mas como Ele fará isso? Estaremos dispostos a dar nossa vida para que a justiça social de Deus aconteça na Terra? Eu e você temos que ser as respostas que o mundo procura. Liberdade e justiça social estão à porta quando seguimos o exemplo de Jesus.

“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade aos algemados.” Isaías 61.1

A Dignidade Humana na semelhança de Deus

Um dos motivos de haver tanta injustiça é o fato de não percebermos o valor intrínseco do homem. Deus nos criou à sua imagem e semelhança e nos fez como coroas da criação. Ele nos ama mais do que podemos compreender.

“Quando contemplo os céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe o domínio sobre as obras de tua mão e sob seus pés tudo lhe pusestes…” Salmos 8.3-6

Li a história de uma criança na Índia que estava morrendo à escassez porque sua família não a alimentava. Ela era a segunda menina em sua casa e, como talvez já saiba, ser desse gênero nessa cultura é considerado o pior dos carmas. Para os pais, “uma segunda filha era uma responsabilidade a mais: você tem que alimentá-la durante 10 a 12 anos, tratá-la, educá-la e então você tem que endividar para que se case… os sogros podem torturar a menina para extrair um maior dote de seus pais. Sua vida inteira é dor e sofrimento.” disse Vishal Mangalwadi, em seu livro Verdade e Transformação. Você pode saber mais sobre essa realidade assistindo o documentário:” It’s a girl”

Quem de nós lutará em favor de justiça social?

Como na história acima, podemos perceber que há muitas pessoas presas em conceitos culturais errôneos, onde injustiça é aceita com naturalidade. Pensando dessa forma, a lógica de matar uma criança de fome não é tão dura quanto condená-la a uma vida de sofrimento e dor. Essa história de infanticídio não é única. Se um bebê é indesejado na cultura ocidental, qual é a solução que o mundo propõe? Sim, você já sabe a resposta. Há mais escravos nos dias de hoje quanto já houveram ao longo da história da humanidade. Os marginalizados, refugiados de guerra, órfãos e viúvas continuam diante de nossos olhos…  Quem de nós lutará em favor de justiça social? Quem estará disposto a se envolver, se tornando resposta e libertador?

Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. João 8.36