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Sobre o autor

Vinicius Sousa

O Pastor que nos restaura

Embora o Pastor nos conduza, muitas vezes erramos ou perambulamos pelo caminho – isso é verdade tanto para quem perde a intimidade com o Senhor quanto para aqueles que se desviaram do caminho.

Quando o povo de Israel é liberto no Egito, o Senhor os lidera visivelmente através de uma coluna de fogo e uma nuvem. E mesmo assim, em seu coração, o povo não quis seguir a liderança do Senhor e perambulou pelo deserto.

Para nós é difícil nos submetermos à liderança do Bom Pastor. 

Há uma contradição em nossa jornada de fé: amamos ao Senhor, mas flertamos com as coisas que não são de Deus e com emoções contrárias à Cruz.

Assim, se nossa salvação dependesse do quão focados somos na liderança do Bom Pastor, nós nunca chegaríamos ao descanso eterno, que está descrito no salmo 23. 

Por isso, o Bom Pastor nos recupera quando nos perdemos e quando tropeçamos. 

Antes de Deus entrar em nossa história, éramos como ovelhas perambulando sem um pastor. Assim como o Filho Pródigo, nosso coração é duro e propenso a resistir à liderança do Bom Pastor. Dessa forma, nosso coração é propenso a vagar e nos desviar dos nossos caminhos

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Isaías 53:6

 

Resgatados pelo bom Pastor

Nós somos do rebanho de Deus, pertencemos ao Pai, remidos como Nova Criatura, e ainda assim permanece dentro de nós um impulso para vagar e resistir à liderança de Deus. 

Se não fosse a realidade da restauração que Deus tem para nós, o pecado teria sido o fim para Davi – e também para nós.

A boa notícia é que o Bom Pastor nos recupera quando nos perdemos. Ele restaura a nossa alma e força.  

O próprio Deus nos ensina como voltar ao primeiro amor:

Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Apocalipse 2:5

Totalmente dependentes Pastor

Como inicia a restauração do Senhor? Começa com um reconhecimento honesto de que nos perdemos. Assim, como vemos na história do filho pródigo, ele reconheceu seus erros e vai até a casa do pai. 

Em nós mesmos, não temos capacidade e recursos para nos restaurar. Somente o Senhor pode fazer isso e transformar o nosso coração, paixão e intimidade com Deus.  

Ele nos restaura por meio de um novo encontro, nos lembrando como é pertencer ao Bom Pastor.

Para acompanhar a série sobre salmos 23, clique aqui. 

Nesta segunda parte da série sobre o Salmo 23, vamos continuar estudando sobre as características do pastoreio do Senhor e o significado dele.

O Salmo 23 fala sobre quem Deus é e o que Ele pode e quer fazer com a Sua Igreja.

Jesus: o pastor perfeito

A linguagem desse salmo remete ao contexto em que Davi viveu em sua adolescência, pois ele mesmo foi um pastor de ovelhas. Por isso, Ele entende e reconhece o pastoreio de Deus em sua vida e escreve sobre isso nesse salmo. 

O que o texto bíblico diz pode ser aplicado para todo cristão. Pois, mesmo nós que vivemos em um contexto diferente e moderno, podemos também identificar o pastoreio de Deus sobre a nossa vida. 

Em Ezequiel 34,  Deus condena a atitude dos pastores de Israel, que não cuidaram direito das ovelhas e promete que Ele mesmo cuidará delas.  

Somente Jesus é o pastor perfeito, pois ele veio para nos resgatar da perdição e da morte. 

Portanto, a figura do bom pastor de ovelhas é plenamente cumprida e vivida em Jesus, que enfrentou a própria morte para nos salvar.

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” João 10:11

A sua vida depende de quem é o seu pastor, por isso a declaração de Davi: “o Senhor é meu pastor” é tão significativa.  

O pastor de Davi era alguém mais inalcançável, que falava com o seu povo, estava com o seu povo, mas não estava presente fisicamente. Mas nós temos Jesus como a figura de um bom pastor, que se fez cordeiro e morreu no lugar das outras ovelhas.

O pastor supremo

Jesus é o Senhor e tudo o que nós precisamos será dado por ele.  Ainda que fracassemos como homens no pastoreio da Igreja, o Senhor é o seu pastor e cuida de você. 

Por isso, que a declaração de Davi deve se tornar a nossa declaração, como uma ovelha que acredita no cuidado do bom pastor. 

“Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” 1 Coríntios 6:20 

Nós fomos regenerados no rebanho de Deus, na sua família. Despertados para a nossa necessidade de um pastor e de não mais andarmos como uma ovelha desgarrada. Alguns ainda vivem como ovelhas rebeldes, que pensam que conseguem cortar a própria lã, obter seu próprio alimento e enfrentar as feras que os atacam.  

Mas é o Senhor que nos traz para perto e planta o desejo de sermos parte do seu rebanho.

Aplicação do Salmo 23

Este texto bíblico é para aqueles que foram nascidos e comprados para o rebanho de Deus, para aqueles que enxergam, assim como Davi, o pastoreio de Deus em suas vidas. E para aqueles que gostariam de conhecer o Deus que é um bom pastor e pertencer a Ele.

Podemos caminhar com esperança mesmo em meio ao vale mais escuro, pois fomos comprados e regenerados no rebanho de Deus e Ele nos conduz durante toda nossa vida. Ele é o pastor perfeito!

O Senhor é o meu pastor

Hoje, começamos uma nova série sobre o Salmo 23. E nessa primeira parte, vamos nos debruçar nos primeiros versos e compreender o papel do pastoreio do Senhor em nossas vidas. A partir dos seus atributos e dos seus atos, descritos ao longo dos versos. 

O Salmo 23 foi escrito por Davi, que também era pastor de ovelhas e futuramente se tornou pastor de Israel. No texto, vemos os detalhes da função de um bom pastor, uma delas é a proteção. O pastor está em todos os momentos com as suas ovelhas para livrá-las de caminhos perigosos e animais selvagens. 

O bom pastor é aquele que tem consciência de que o seu trabalho é perigoso e que possivelmente viverá em constante ameaça, mas a sua principal missão é estar disposto a dar sua vida pelas ovelhas. 

O constante pastoreio

“Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” – João 10:10

Este é o cuidado de Deus para com as nossas vidas. Ele é o bom Pastor, e neste salmo podemos ver todos os processos que nós, suas ovelhas, iremos passar. Desde o mais belo pasto verdejante ao vale da sombra da morte, porém sabemos que em todos esses momentos contamos com o pastoreio do Senhor. 

Comprados por um alto preço

“Porque fostes comprados por bom preço, glorificai, pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” – 1 Coríntios 6:20

Em um rebanho, a qualidade de vida das ovelhas depende muito do quão bom é esse Pastor. Existem apenas duas formas de se ter ovelha em um rebanho e são elas: as que nascem no próprio rebanho ou aquelas que são compradas e trazidas.

Nós não tínhamos pastor éramos como ovelhas perdidas. No pecado estávamos sem donos e sem cuidado, então o nosso bom Pastor se torna ovelha e encara a morte para que nós, suas ovelhas, pudéssemos ser salvas.

 Nada nos faltará 

“ As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém arrebatará da minha mão.” – João 10:27-28

 Quando o bom Pastor afirma que nada nos faltará, é porque ele é o dono da ovelha. A  função dele é alimentá-la, protegê-la e guiá-la pela jornada do campo. 

As ovelhas não conseguem sobreviver sozinhas, elas precisam de um Pastor e serem cuidadas, pois sem isso elas morrem. O Pastor é o único que pode fazer isso. A ovelha não pode fazer por si própria.

O pastoreio do Senhor é leve

Além disso, entender o pastoreio do Senhor torna a nossa jornada mais leve, pois sabemos que temos o Pastor para nos conduzir onde devemos caminhar, nos corrigir, proteger e amar. Ele sabe o que é melhor para as suas ovelhas. 

Oro para que hoje possamos voltar os nossos olhos para o Salmo 23, sabendo quem é o nosso bom Pastor e o dono das nossas vidas. Caminhando com a plena certeza que Ele nos guia durante toda a jornada, sem que existam preocupações em nosso interior. Com o pastoreio do Senhor nada nos faltará, pois o bom Pastor é tudo o que precisamos. 

Ler a segunda parte da série aqui.

Jesus é capaz de trabalhar em nossas vidas e nos sustentar dentro da ekklesia, o corpo de Cristo. Deus é o construtor e usa várias maneiras para nos moldar ao caráter de Jesus. E, é sobre isso que iremos refletir nesse texto

“Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e
membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas,
sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra de esquina.
Nele, o edifício inteiro, bem ajustado, cresce para ser templo santo no Senhor, no qual também
vós, juntos, sois edificados para morada de Deus no Espírito” Efésios 2:19-22

 

A Igreja é um edifício, não no sentido literal, como um prédio de quatro paredes; mas um edifício formado por  pessoas. Quando Jesus afirmou que “edificaria a sua igreja” (Mt 16:18), isso significava que Ele iria edificar as pessoas que pertencerão à Igreja.

Pedras vivas

O grande propósito de Deus, ao longo dos séculos, é edificar um povo para si. Por toda a terra, Cristo reúne congregações locais de cristãos que foram chamados para a unidade da adoração.

Nós todos somos pedras vivas (1 Pe 2:5) e estamos sendo edificados como casa para Deus. Mesmo sendo diferentes umas das outras, em variados tamanhos e formatos, nas mãos de Deus somos encaixados perfeitamente.

O ponto principal de construções antigas, feitas com pedras desiguais, era a resistência e fortaleza que esse tipo de construção trazia.

Da mesma forma, Deus pode colocá-lo em meio a pedras diferentes, no meio de pessoas diferentes. Porque, para que uma parede seja forte, é preciso pedras de todas as formas, pesos e tamanhos. Todos estes tipos de pedras são importantes para Deus, o construtor principal, que está construindo um edifício – a família de Deus.

O Senhor criou cada um de nós com habilidades únicas. Portanto, perceba como você se encaixa neste edifício que Deus está construindo.

Alinhando as expectativas

A Igreja é um edifício em construção, uma obra em andamento. Ela é composta de pessoas comuns, que estão vivendo um processo contínuo de redenção e santificação.

Muitas vezes o padrão que esperamos da igreja local não é o mesmo que usamos para o nosso caráter. Precisamos nos livrar das expectativas perfeccionistas a respeito da Igreja. Devemos enxergá-la como um hospital para pecadores (Agostinho), onde todos estão passando por um processo de recuperação.

Compreender isso torna mais fácil ter expectativas saudáveis sobre a igreja local.

A Igreja é como um canteiro de obras.

Em qualquer congregação de cristãos, existem reparos a serem feitos, no sentido espiritual. Mas Jesus está em nosso meio como o construtor que está trabalhando. E onde está havendo uma obra, haverá disrupção, bagunça e sujeira. A evidência da presença de Cristo no meio da Igreja é uma obra em construção: vemos o caráter das pessoas sendo transformado, desafios nos relacionamentos, arrependimento e perdão.

Somos edificados para sermos morada de Deus. A promessa do Novo Testamento é que o Pai e o Filho
virão, por meio do Espírito Santo, para habitar em cada um de nós. Deus não habita em um prédio ou
um local sagrado, mas dentro de nós (Gl 2:20). E quando dois ou três cristãos se reúnem, cada um
deles traz a presença de Cristo para o lugar de adoração.

Deus escolheu usar a igreja, esse ambiente imperfeito, para moldar nosso caráter. Muitos fogem do
lugar onde Deus os plantou, mas “o cristão precisa da igreja, tanto para suas bençãos quanto para seus
problemas”. É assim que o construtor, através do cinzel, lasca as arestas e bordas das pedras vivas que
somos para que possamos nos encaixar com as demais.

Estar em uma igreja “perfeita” não nos faria bem algum, porque ali não há obras sendo feitas. É por
meio das provações da vida em meio à família de Deus, por meio de relacionamentos que nos
confrontam e moldam que o Senhor, o construtor, nos lapida e santifica.

Você sabe o que é Ekkesia?

A palavra grega para igreja no Novo Testamento é Ekklesia, que significa “chamados para fora”; e a mesma palavra pode ser usada para: encontro, assembleia, reunião, ajuntamento de pessoas.

Mas o que significa na prática e nos nossos dias a vida comunitária da igreja? Há muitas opiniões e diferentes textos que falam sobre isso, porém a bíblia tem uma visão clara e precisa sobre como deve ser essa vida comunitária em igreja.

Na primeira parte dessa série você irá entender na prática o que é ekklesia e o porquê devemos viver em comunhão.

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mateus 16:18

Desigrejados: uma realidade brasileira

Segundo o IBGE, o número de brasileiros que se consideram evangélicos, mas não frequentam a igreja foi de 0,7% (2003) para 2,9% (2009), o que seria em torno de 4 milhões de pessoas “desigrejadas”

“Desigrejados”: são pessoas que continuam a seguir preceitos e costumes da religião, mas não pertencem a nenhuma igreja local ou que frequentam duas ou três igrejas, mas não se comprometem com nenhuma; vivem destituídos de membresia

Diversos motivos podem ter levado esses 4 milhões de brasileiros a não serem membros de nenhuma igreja local: possuem uma ligação remota ao cristianismo, não tiveram um encontro verdadeiro com Cristo, não se agradaram do alimento espiritual oferecido ou da falta de entretenimento, foram feridos por irmãos da igreja ou ofendidos por pecados e escândalos;

As três pedras de tropeço que mais atordoam a igreja são: dinheiro, poder e o sexo; é provável que os desigrejados se encontram ofendidos por algum desses três motivos.

Nossa cultura, provavelmente, é a mais individualista e egoísta de todos os tempos. Além disso, a igreja local não parece ser o veículo mais óbvio e mais provável para mudar o mundo. Inclusive, há pessoas que afirmam até que a igreja se tornou tóxica para a vida espiritual e a igreja deve ser abandonada.

Sendo assim, precisamos desesperadamente de uma visão nova e convincente do que é a igreja de Cristo. E descobrir a paixão que Jesus tem pela igreja. O que é preciso para ser biblicamente reconhecido como igreja? O que Jesus quis dizer quando se referiu à igreja?

A Igreja de Cristo – Mateus 16:18

  • “Edificarei minha igreja” – Jesus usa o singular para se referir à igreja. Ele não está se referindo a cada denominação local ou pequenos grupos, mas falando de toda a sua igreja: todos os cristãos, em todas as épocas e lugares;
  • “sobre esta pedra edificarei” – Jesus edifica sua igreja sobre o fundamento da revelação de que Ele é o Cristo, Filho de Deus, como apontado por Pedro.
  • “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” – Esta promessa é para toda a igreja. Jesus sabe exatamente quem faz parte do seu corpo e da sua família;
  • Não podemos nos enganar pensando que por pertencer a uma igreja pertencemos a Cristo. Ao contrário, estamos na igreja porque pertencemos a Cristo.
  • Uma congregação cristã local é igualmente e genuinamente a igreja de Cristo conectada, ligada, unida à igreja universal de Cristo.

A igreja local – Mateus 18:15-17

Uma congregação cristã local é igualmente e genuinamente a igreja de Cristo conectada, ligada, unida à igreja universal de Cristo

Os dois únicos momentos em que Jesus usou a palavra igreja:

Mt 16:18 – “Eu vou edificar a minha igreja (global)” – Todos os cristãos, em todos os lugares e épocas;

Mt 18:17 – “levem esse irmão para a igreja (local)” – uma congregação local chamada por Deus para adorar, para servir e para ser enviada;

Êxodo 7:16 – “deixe meu povo ir para que me adore no deserto” O grande propósito do êxodo era que Deus reunisse um povo para si, para adorá-lo e cultuá-lo; é para isso que Deus tira o seu povo da escravidão.

Deuteronômio 4:10 – Se reunir para ouvir a palavra de Deus e adorá-lo;

A mesma cultura de Deuteronômio se torna a cultura das sinagogas e a que vivemos até hoje nas igrejas cristãs locais.

Crescendo na comunhão

O padrão bíblico da ekklesia e seu único objetivo é ajuntar o povo de Deus para ouvir a sua palavra, crescer em temor e aprender a viver uma vida embasada na opinião de Deus sobre quem somos e o que Ele tem para nós.

Isaías 49:6 – O povo de Deus não foi apenas chamado para adorar, mas são enviados para servir e brilhar a luz onde estiverem;
1 Pedro 2:9-10 – Somos chamados para adorar a Deus e enviados para servir a Deus aonde Ele nos plantar e nos levar.

A igreja tem uma dupla identidade: “nós vamos a Cristo em adoração, mas buscamos a Cristo em uma missão” (John Stott)

Ninguém faz parte de uma igreja local por acaso. Cristo é quem acrescenta as pessoas à igreja. Ele mesmo disse que esse trabalho seria dele. Por isso, é importante entender onde Cristo te plantou e porquê.

Não temos com entender o nosso papel na igreja sem antes entender o que é a igreja a qual pertencemos e o que Cristo está construindo.

A regeneração do coração humano é uma obra do Espírito Santo, e também uma promessa de Deus. O Senhor promete tornar o nosso coração de pedra em um coração de carne: um coração vivo que sente, reage e responde ao Seu convite.

Também vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne.
Também porei o meu Espírito dentro de vós e farei com que andeis nos meus estatutos; e obedecereis aos meus mandamentos e os praticareis. Ez 36:26-27

O milagre da transformação ocorre na mente, no coração e na vontade humana. Portanto, quando Cristo traz luz à mente do homem, Ele traz luz também ao seu coração e à sua vontade.

A regeneração do coração

Quando somos tocados por Cristo, somos 100% regenerados — estamos em Cristo não em partes, mas por inteiro. Tudo o que pensamos, sentimos e desejamos, e aquilo que fazemos como resultado disso, estão totalmente interligados.

Deus brilha a Sua luz no coração do homem, trazendo cura ao coração para que cesse a cegueira (falta de compreensão) da mente (2 Co 4:4,6).

Aquele que se entrega ao pecado tem o entendimento obscurecido. Por trás de toda escuridão há um coração endurecido (Ef 4:18-19).

Não há como o Evangelho fazer sentido à mente, mas não tocar o coração do homem (Mc 12:30). Se alguém afirma conhecer o Evangelho, mas que ele ainda não alcançou seu coração, há uma grande probabilidade de que em sua mente exista uma versão errada do evangelho. Podemos afirmar que conhecemos o Evangelho, mas se não provarmos dele, não teremos de fato o experimentado.

Ainda que estejamos em Cristo, podemos encontrar em nós características de que o nosso coração está se tornando endurecido. Quando o coração humano esfria, ele está se tornando um coração de pedra (Mt 24:12).

O que pode endurecer o nosso coração?

As pessoas que amamos podem se tornar pedras na nossa caminhada (Mt 10:37). Isso ocorre quando amamos nossos entes queridos mais do que a Deus, quando entregamos o coração para alguém que não possui os mesmos valores.

Outra pedra que nos impede de seguir Jesus é o dinheiro (Mc 10:25). Se o coração está voltado para o dinheiro e para aquilo que ele pode comprar, a pessoa não pode entrar no reino de Deus, pois não se encontrará apta, qualificada para ser um discípulo de Cristo.

Pecados de estimação (Jo 3:19-20): Muitos cristãos tratam o pecado como algo que não afeta suas vidas, mas com o tempo o pecado se torna um deus para essas pessoas. Quando manter o pecado é mais importante do que aquilo que Deus pensa a respeito do pecado, isso se torna uma pedra no coração do homem. O amor pelas trevas cresce porque suas obras são ruins.

Quando o coração está empenhado em ter uma vida de conforto, existe aí um impedimento para seguir Jesus (Lc 14:27). Muitas pessoas desejam ouvir palavras que acomodem sua experiência mundana do que é o Evangelho. Porém, não há conforto fora de Cristo; o único conforto que Jesus nos oferece é nele próprio.

O “eu” pode se tornar uma pedra na caminhada com Cristo (Gênesis 3:5). Quando o “eu” está determinado a ser o seu próprio deus – ter o controle da própria vida e decidir por si mesmo o que é bom ou mal – é impossível adorar a Deus. Não se pode adorar a Deus enquanto se é determinado apenas a cumprir seus objetivos terrenos e egoístas.

O espírito trava constantes batalhas contra a carne; é preciso pedir ajuda ao Senhor para não permitir que o coração seja petrificado. Portanto, é necessária uma autoanálise constante ao longo da caminhada para verificar se temos áreas em nosso coração que estejam prestes a petrificar.

Quando nos tornamos cristãos, o Senhor nos dá um novo coração. Então, o que antes era um coração de pedra, morto para as coisas de Deus, agora se torna um coração de carne, vivificado (Ez 36:26). Junto com este presente, recebemos também um mandamento: cuidar e zelar por este novo coração.

É importante cuidarmos do nosso coração, isto é, da nossa alma — o lugar onde residem nossos anseios, desejos e impulsos. Embora seja Deus aquele que cuida do nosso coração, existem práticas que nós, juntamente com a obra do Espírito Santo, precisamos ter em nossas vidas. Além disso, é responsabilidade e dever de todo aquele que se torna um cristão.

O processo da vida cristã

O pensador, John Flavel, afirmou que “a maior dificuldade na conversão é ganhar o coração para Deus; e a maior
dificuldade após a conversão é manter o coração em Deus”. Ou seja, a salvação não se trata de um momento específico somente – ela é desenvolvida com zelo ao longo da vida.

Como um instrumento musical que, de tempos em tempos, precisa ser afinado, assim também o coração precisa ser ajustado para que não emita “canções desafinadas” para o Senhor. Existe o potencial para coisas ruins em nosso coração, e é necessária uma análise constante para que o som que emitimos a partir dele seja um som agradável a Deus. Para isso, temos o Espírito Santo dentro de nós que é capaz de nos guiar neste processo de alinhar e reposicionar o coração.

As fontes de vida vem do coração; é a vida do próprio Deus fluindo de dentro de nós. Se essa fonte estiver bloqueada, não há como usufruirmos das bênçãos que ela pode trazer.

Como cuidar do nosso próprio coração?

Vigie cuidadosamente o seu coração. Jesus nos diz para vigiar e orar para que não entremos em tentação (Mt 26:41).

Visto que seguir Jesus não é uma experiência circunstancial. A obra completa do Espírito Santo acontece quando olhamos para dentro de nós mesmos e submetemos o nosso coração a Ele. Assim, ocorre a conversão e uma renovação de mente, uma metanóia.

Ninguém está em posição melhor para cuidar do nosso coração do que nós mesmos. Portanto, é necessário estarmos atentos aos impulsos da alma que tem a tendência de nos afastar de Deus: sentimentos como medo, orgulho, ganância, autocomiseração, ressentimentos etc.

O ímpeto do pecado sempre começa no coração. Ignorar os alertas do Espírito de que impulsos carnais estão urgindo em nossa alma é caminhar rumo à queda e a um colapso moral.

Confessar após investigar o que se passa em nossa alma (Salmos 139:23-24).

A confissão sempre vem em primeiro lugar. O Senhor irá nos ajudar, a partir do momento em que formos honestos a respeito de nossos erros e pecados. Um coração contrito que percebe e admite suas falhas, que se volta para Deus e confessa seus pecados, é capaz de alcançar o perdão do Senhor (1 João 1:9).

A cada alerta, para cada impulso carnal, temos que nos comprometer a mudar essa realidade em nossa alma. Isso acontece quando renunciamos ao pecado e o substituímos pela paixão e fascínio por Jesus; quando tornamos Jesus um objeto de adoração mais valioso aos nossos olhos do que o pecado. É assim que o crescimento cristão acontece: identificamos as áreas da vida que precisam de ajustes.

A alegria da salvação

A alegria da salvação vem sobre aquele que se separa das coisas do mundo e torna o pecado algo odiável em sua vida. Cristo se torna amado por ele; a verdade é valorizada e os erros, abandonados.

Podemos confiar na obra do Espírito Santo — Ele é o maior interessado em cuidar do nosso coração. Jesus nos oferece uma fonte de vida que desbloqueia nosso coração; através desta fonte, a vida de Deus começa a fluir de dentro de nós.

Chamando a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser preservar sua vida, irá perdê-la; mas quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, irá preservá-la. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
Ou, que daria o homem em troca da sua vida? Mc 8:34-37

O valor da Cruz

A nossa alma possui um grande valor; ela é preciosa. Mas existe uma forma de preservá-la e uma forma de perdê-la. Jesus enfatiza o valor e a necessidade da alma ser preservada.
A maior tragédia é viver crendo que a salvação é conquistada por méritos pessoais ou por meio de uma falsa fé. Isso ocorre devido a distorções da Palavra que podem nos enganar a respeito da nossa saúde espiritual:

“Jesus já morreu por mim, então estou bem, independente de como eu viva.”

Esta declaração é uma distorção que leva a uma perda eterna. De fato, Jesus morreu por você. Ele suportou o
castigo da justiça divina em nosso lugar; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre Ele (Isaías 53:5).

Porém, não há perdão sem arrependimento e sem mudança de vida. Há um motivo para o qual Cristo se entregou por nós: para que morramos para o pecado e vivamos para a justiça (1Pe 2:24-25). Jesus morreu por nós, pecadores, para que houvesse uma mudança; Ele carregou os nossos pecados para que hoje possamos morrer para o pecado.

“Deus não prometeu perdoar um pecado que você não está disposto a abandonar.”

Andando em submissão

Matthew Henry afirma que “nenhum homem pode confiar com segurança em Cristo tendo suportado seu pecado e expiado sua culpa, até que morra para o pecado e viva para a justiça”.
Não se trata de merecimento, mas de posicionamento. Não há nada que você possa fazer para merecer a salvação, mas há muito que se possa fazer para se posicionar diante de Deus, que lhe oferece a salvação.

“Houve um dia em que eu confessei Jesus, então agora já está tudo garantido.” Esta é outra leve distorção que pode se tornar uma verdade para muitos. Ser cristão é mais do que apenas afirmar que Jesus morreu pelos seus pecados. Ser cristão é mais do que acreditar no Salvador que morreu; é submeter-se ao senhorio de Jesus, oferecer-se a Ele em total devoção. Além disso, é uma entrega voluntária de si mesmo nas mãos deste pastor.

“Eu estou numa jornada espiritual”. Novamente, esta é uma distorção perigosa porque contém uma verdade, a de que nós todos estamos numa jornada de fé. Porém, tal jornada não levará à salvação se nessa caminhada não formos confrontados e exortados pelo Senhor.

O bom Pastor

A caminhada cristã começa em um definitivo retorno ao senhorio de Jesus: retornar a submeter-se e colocar sua vida debaixo da direção desse Pastor. Se hoje você não está sob a direção do Pastor da sua alma, você é uma ovelha perdida, desgarrada e confusa.

Existem duas coisas que podem acontecer com a nossa alma: ou nós a submetemos ao senhorio de Jesus, ou nós a perderemos. Nenhuma pessoa que vem a Ele será rejeitada; nenhuma alma que for confiada a Jesus se perderá. Deus não resiste a um coração quebrantado e humilde.

“Chamando a multidão com os discípulos, disse-lhes:
Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
Pois quem quiser preservar sua vida, irá perdê-la;
mas quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, irá preservá-la.
Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
Ou, que daria o homem em troca da sua vida?” Mc 8:34-37

A alma é basicamente a sua identidade; trata-se de quem você realmente é. É a sede da memória, das emoções e sentimentos, das convicções e medos. Por que é importante cuidar da alma e por que é importante estarmos alertas a respeito do que a afeta?

Sua alma é importante porque foi soprada em você por Deus (Gn 2:7).

Não somos apenas formados do pó, mas temos o sopro de vida do próprio Deus fluindo em nós e isso nos distingue de toda a criação. A nossa alma tem a capacidade de conhecer Deus e se relacionar com Ele.

Sua alma é importante porque é a fonte de todas as suas realizações.

A inspiração artística vem da criatividade soprada por Deus; as explorações científicas nascem da necessidade de buscar conhecimento; as conquistas esportivas nascem da determinação. Tudo aquilo que realizamos parte de uma motivação nascida na nossa alma.

Sua alma é importante porque é a fonte de todos os pecados (Tg 1:14; Mc 7:21-23).

Somos seres destituídos da glória de Deus que aguardam o dia da bendita redenção dos nossos corpos. Até que chegue esse dia, travaremos uma luta contra a tentação que vem do mundo e contra os desejos pecaminosos que surgem em nossa alma.

Sua alma é importante porque ela vai durar para sempre (Mt 10:28).

Nossa alma é imortal e viverá além do nosso corpo. Por isso devemos temer aquele que possui o poder de determinar o futuro da nossa alma, o Senhor Deus.

Sua alma é importante porque ela irá experimentar alegria eterna ou miséria eterna (Lc 16:22-23).

Não há nada mais desastroso do que perder sua alma (Mc 8:35). Devemos analisar as motivações que nos levam a ser quem somos e a seguir o caminho que seguimos, aquelas motivações que só o Senhor pode ver, para que cheguemos ao fim da nossa carreira tendo a convicção de que para nós foi reservada uma coroa de justiça (2 Tm 4:8).

Como podemos preservar nossa alma?

Cuidando de alimentar não somente o corpo físico, mas alimentar a alma. A Palavra de Deus é o que sustenta a alma (Mt 4:4) e a ela deve ser dada importância ainda maior do que damos para a comida física.
Esteja atento ao seu compromisso com Cristo. O conforto da vida pode ser sutil e enganoso, e dar a falsa impressão de que está tudo bem, porém não viveremos apenas do mantimento armazenado para a vida terrena.

Outra maneira de perder a alma é permitindo que ela seja sufocada pelas preocupações e o desejo pelas coisas deste mundo (Mc 4:19). Devemos viver tendo a mentalidade de que não pertencemos a este mundo; logo, os seus valores e princípios não são os nossos (1 Pe 2:11).
“O primeiro passo em direção ao céu é descobrir o valor da sua alma”. A alma é salva quando nossa vida é entregue ao senhorio de Jesus Cristo.
O discipulado de Jesus trata-se de olhar para a própria vida e não tê-la como valiosa para si mesmo. É necessário morrer para si e viver para Cristo.

Jesus nos estende um convite, o de seguir o caminho que leva à vida e salvação. E Ele alerta que existe um preço para todo aquele que quiser trilhar este caminho e seguir os Seus passos. É necessário negar a si mesmo e tomar a sua cruz.

O convite de Jesus causa um golpe fatal no egocentrismo humano. O homem, por si próprio, apenas tem interesse nas bênçãos e na glória, naquilo que faz bem a ele; porém Deus requer cruz e sacrifício. Quer que o homem morra para si mesmo.

Veja esse texto:

Chamando a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser preservar sua vida, irá perdê-la; mas quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, irá preservá-la. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? Ou, que daria o homem em troca da sua vida? Quando o Filho do homem vier na glória de seu Pai com os santos anjos, ele também se envergonhará de quem se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora. Marcos 8:34-38

A princípio, os discípulos de Cristo possuíam uma visão equivocada do reino messiânico. A visão deles tinha como centro o homem e seus interesses próprios. Esta visão foi desafiada pelo próprio Jesus, pois Ele deixou claro que não há glorificação sem que haja sofrimento. Não há coroa sem que haja uma cruz.

Este posicionamento continua sendo um grande desafio para a igreja atualmente. Para muitos, não há espaço para cruz e sofrimento em sua teologia. Ainda hoje, há uma cruz para mim e para você.

Atender ao convite de Jesus é um teste para a natureza da nossa fé

Se essa fé for verdadeira, nós não o seguiremos somente nas bênçãos e na glória, mas também ao carregar a cruz que há para cada um. Aquele que diz negar a si mesmo declara que não deseja mais se associar à pessoa que era antes. Reconhece a sua natureza pecaminosa e que não é merecedor desse convite. Abandona sua justiça própria, seus próprios planos e suas ambições.

Não há semelhança entre o chamado para conquistar sonhos e desejos e o chamado do evangelho. Assim, este chamado é um convite para abrir mão de si mesmo. A verdadeira conversão ocorre quando o homem entende que, dentro de si, há apenas o pecado e que a sua única esperança está em um relacionamento redentor com Cristo, e isso só é possível por meio da Graça.

Quem afirma seguir a Cristo, mas não carrega sua cruz, não pode ser Seu discípulo

“E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.” Lucas 14:27

Este convite para a salvação deve ser tão valioso para nós a ponto de não termos nossa vida como preciosa. Será que a salvação é realmente valiosa para nós? Será que ela é uma uma pérola de grande valor pela qual nós venderíamos tudo o que possuímos?

“O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo. O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou”. Mateus 13:44-46

A resposta que precisamos dar para Jesus a esse grande convite é a abnegação, é uma obediência leal. Pois, nossas vidas são marcadas quando obedecemos ao Senhor com amor, alegria e gratidão. Todos os dias, temos a oportunidade de negar a nós mesmos, pegar a nossa cruz e seguir a Cristo. Este é o único convite do evangelho: o caminho estreito é o caminho de morte que nos levará, um dia, a alcançar a eterna e gloriosa redenção em Cristo Jesus.