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Família, nossa primeira esfera de liderança

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Antes de mais nada, acredito que se lembre que o assunto liderança eficaz já tem sido um dos nossos temas aqui no Blog da fhop. Esse tipo de liderança começa quando servimos. E aumenta em autoridade à medida que aprendemos a nos auto liderarmos. Todos nós temos o desejo de crescermos em nossa liderança. Tanto internamente (autogoverno), como externamente (quando lideramos sobre outros). Um importante aspecto desse tema, tem a ver com as relações familiares. Dessa forma, como governamos as nossas casas e conduzimos os nossos filhos?

Esta é uma reflexão muito importante que precisamos fazer diante do Senhor. Pedir que Ele sonde o nosso coração e nos dê sabedoria. Para assim, conduzirmos as pessoas que mais amamos a viver segundo os preceitos da Palavra. Hugo Grotius afirma:

“Aquele que não sabe como governar um reino não pode dirigir uma província; aquele que não pode lidar com uma província não pode comandar uma cidade; nem comandar uma cidade, aquele que não sabe liderar uma vila; não pode liderar uma vila aquele que não consegue guiar uma família; nem consegue governar bem uma família aquele que não sabe governar a si mesmo; ninguém pode governar a si mesmo a não ser que a razão comande, e a vontade e o apetite sejam submetidos a ela; nem a razão pode governar a não ser que ela seja governada por Deus, e (completamente) obediente a Ele.” Hugo Grotius

Como o homem governa a sua casa, governará tudo ao seu redor

Da mesma forma como homem governa a sua casa, ele governará todas as coisas ao seu redor. Esta afirmação pode soar um tanto dura para alguns. Mas ela é bem verdadeira e um dos maiores desafios da vida cristã.

Talvez, você já tenha ouvido aquela história em que, o filho do pastor, pede a mãe para se mudar para o prédio da igreja. A mãe questiona o filho sobre o motivo do desejo. Bom, para resumir a história, o filho responde que na igreja, o pai é uma boa pessoa. Descontando as nuances da narrativa, se é, pastor, presbítero ou diácono… A realidade continua sendo a mesma. Na igreja o pai é um tipo de pessoa. E em casa, isto é, no ambiente familiar, pode ser um homem bem diferente.

Quantos de nós não conhecemos tais histórias? De tantos filhos de cristãos que após um certo tempo, não querem mais os ensinamentos bíblicos da infância? O objetivo aqui não é levantar nenhum tipo de acusação. Na verdade, sejamos pragmáticos e sábios. Vamos olhar a história com o fim de aprendermos com os nossos erros e reparar as brechas do passado.

Sendo fiel nas pequenas coisas

Já ouviu aquela máxima que diz : “Aquele que não é fiel no pouco também não será fiel no muito?” “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.” Lucas 16:10. Cada um de nós temos uma responsabilidade diante de Deus. De exercemos fidelidade em qualquer esfera social. Seja em nosso lar, no mercado de trabalho ou na igreja.

O que podemos perceber é que, antes que exerçamos qualquer tipo de liderança ou governo externo, é preciso que governo interno esteja fluindo em nós. E no ambiente familiar é o lugar onde temos mais liberdade para ser quem somos. No lar, somos alinhados. Nesse lugar, nosso cristianismo é provado. E assim, poderemos exercer tal liderança ensinando os filhos no caminho em que eles devem andar. E isso, além das palavras que pronunciamos, está principalmente relacionados ao jeito que vivemos. Timóteo assevera a respeito do dever pastoral do presbítero:

“Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?” 1 Timóteo 3:4,5

O que a gente faz fala muito mais do que só falar

O trecho acima é o refrão de uma música cristã dos anos 90, da Banda Fruto Sagrado. Essa frase expressa o ardente desejo do nosso coração. De que nossas ações sejam mais profundas do que aquilo que apenas falamos. Quebrar esses paradigmas não é tão fácil quanto gostaríamos. Mas é igualmente necessário para governar nossa casa de acordo com os princípios de Deus.

Por outro lado, isso não é um compromisso com o perfeccionismo. Sim, preste atenção. Vivemos em um mundo caído. Vamos cometer erros, mas estes não serão prisões. A graça eleva o padrão. Mas também é tudo o que precisamos para praticar a Palavra. E qual é o nosso modelo de liderança para a família? Provérbios nos dá uma resposta.

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” Provérbios 22:6

E como se ensina a Palavra?

Primeiramente é pelo exemplo. Aprendemos com nossos pais porque os imitamos. Isso não é consciente o tempo todo. Mas é assim. Se eles amam a Deus, temos grande chances de amar a Deus com a mesma intensidade. E principalmente, temos uma promessa. Sementes não serão perdidas, mas um dia, brotarão. Lembra que o filho pródigo não teve outra coisa a fazer além de voltar à casa do pai?

Vocês que são pais, têm sentido dificuldades em ensinar os filhos a respeito de Jesus? Como tem sido sua experiência diante dos desafios do mundo?

Enfim, precisamos ir mais profundo neste tema. Assim, teremos um estilo de vida que agrada ao Senhor. E daremos testemunho de quem Jesus É. Ele sempre liderou pelo exemplo e eu quero aprender com Ele, e você?

Fomos escolhidos à dedo, assim como os patriarcas. Quando medito na genealogia do Messias, encontro nela nomes como os de Tamar, Raabe, Rute e até de Bate-Seba, que é mencionada como “a que foi mulher de Urias”.

E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá;…E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.” Mt. 1.3-7

Por este motivo, me sinto aceita, incluída. Igualmente, toda sensação de inadequação desaparece, quando vejo esses nomes na linhagem de Jesus. Percebo ao longo da história que Deus escolheu os que não são para confundir os que são, como afirma o texto de I Co. 1.27.

Determinados trajetos de nossa jornada, parecem conspirar contra os sonhos que Deus nos deu, isto é, nos levam a questionar nossa eleição. É precisamente nesta estação, que temos que  lembrar que fomos escolhidos em Jesus. Portanto, nosso braço não sustenta essa escolha.

Creio que o Espírito Santo tem senso de humor, e nas narrativas bíblicas encontro essas pitadas de humor que revelam o caráter redentivo de nosso Salvador. Para Ele, não importa quão perdidos estejamos, desde que tenhamos humildade de pedir socorro. Olhar para Ele e crer que Ele pode é suficiente.

Os escolhidos não possuem “pedigree” ou um currículo brilhante. Semelhantemente, nossa eleição em Jesus é inclusiva e não exclusiva. Ele é a pessoa que se coloca entre nós e o Pai tornando esse relacionamento possível. Por isso, acessamos o Pai, não sem sangue.

Essa verdade precisa, contudo, ser realçada com frequência. As distrações, bem como as lacunas de nossa identidade, nos afastam deste relacionamento dependente de Jesus. Deus não precisa de nossa educação, de nossa aparência ou de nossas finanças para avanço do Reino.

NEle reside toda sabedoria, todo recurso e todo poder necessário para o estabelecimento de Seu Reino. Fomos inseridos nesta família e temos o privilégio de ser co-herdeiros com Jesus de uma herança eterna, o que não é mérito nosso.

Os pescadores, cobradores de impostos, prostitutas e doutores da lei que foram transformados por Jesus, não são diferentes dos órfãos, mães solteiras, filhos bastardos, desempregados ou analfabetos de nossos dias. Por isso, seja qual for sua “linhagem”, saiba que não é ela que o limita ou inclui nos projetos de Deus.

Se tivemos acesso à educação, ou somos oriundos de uma família que nos amou, ou ainda, se temos uma boa condição financeira, tudo isso é legítimo, mas não é pré-requisito para nossa adoção. Em Jesus, o órfão e o filho desejado foram escolhidos e possuem o mesmo valor.

Portanto, não use qualquer justificativa para explicar sua condição de filho que não seja o próprio Jesus. Paulo entendeu isso quando declarou:

Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” Gl. 6.14

“Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam.” Rm. 10.12

“Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gl. 3.28

Gosto de pensar no seguinte fato: somos filhos legítimos de Deus. Você deveria ficar entusiasmado de legalmente fazer parte de uma família celestial. Eu não sei você, mas eu amo fazer parte de uma família. Amo ao Senhor, por ter me colocado na família que me colocou.

Assim como eu, tenho certeza que sua família tem aspectos únicos. Sabe aquela velha história de sempre existir uma família que fala alto, outra onde as pessoas são mais discretas e de falas polidas. Aquelas que são mais tradicionais ou mais liberais. Toda família, seja ela grande ou pequena, rica ou pobre. Todas carregam uma identidade única.

Minha família possui um humor muito peculiar. Meu pai carrega uma alegria única. Ele poderá te contar uma mesma história várias vezes e você irá rir todas as vezes. Minha mãe não sabe contar piadas, mas irá rir em todas que você contar. Meu irmão consegue ser a mistura perfeita do engraçado com o sereno.

Esses três carregam: sabedoria. Sem dúvida, essa é uma palavra que os definem.  Agora, com essa pequena apresentação de como minha família é, você consegue saber como eu sou, ou pelo menos, imaginar.

Você consegue entender? Nós somos muito parecidos com a família na qual fazemos parte. Gostando ou não, você se parecerá com sua parentela. Não será semelhante apenas na forma de ser, mas também na sua aparência. É inevitável. Você terá o nariz, a boca ou o queixo de seu pai, da sua mãe, ou até mesmo da sua avó.  

Agora, você consegue compreender o que é ser filho de Deus? Quão magnífico é essa realidade em ser semelhante na forma e no jeito do Criador. Grande privilégio temos de sermos coparticipante da glória de Deus por intermédio de Cristo. Jesus deixou toda a sua glória, veio como homem e nós tornou parte da sua família. O filho de Deus morreu para que você fosse filho de seu Pai.

Jesus se parecia com o Pai. Foi assim que o mundo conheceu aquele que era invisível, por causa de Cristo. Que é a expressão exata de Deus. Você é filho e legítimo. Você se parece com Eles.

Fico realmente grata de fazer parte da família de Deus. Ele é o meu Pai. Eu vivo nessa terra apenas como peregrino, sou cidadão do céu. Será que nós realmente andamos e falamos como filhos de Deus? Será que entendemos quem somos e de que reino fazemos parte?

O meu desejo hoje, é que nós, como filhos, tenhamos alegria. Que sejamos cheios de uma verdadeira liberdade. Que sejamos plenos em saber que fomos feitos, que somos de um reino que é Eterno. Somos de uma pátria celestial. Você carrega a identidade do céu. A sua forma de agir e de falar denunciam de que família pertence.

Somos filhos de um Deus poderoso e isso significa que há poder em você. O Espírito do soberano habita no seu interior. Meu querido amigo, você é filho da luz, tudo em você manifesta e testifica que você é filho. Que nossas vidas mostrem ao mundo que somos filhos e que temos o Espírito que clama: “Aba Pai”. 

“E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: “Aba, Pai”.
Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro.” Gálatas 4:6-7

Você já experimentou do amor de um Deus que reconstrói pontes? A falta de unidade sempre foi um problema para qualquer geração. Quando isso se estende a um convívio familiar essas dificuldades se tornam mais graves. Mas eis que temos boas notícias, pois o Senhor Jesus é aquele que restaura a unidade nos relacionamentos. Por meio de sua Palavra, nós podemos ser sarados, o nosso coração curado e a nossa família que, um dia, andou em trevas passa a ver a luz. E não apenas a vê-la mas a viver dias de contentamento e paz. Não é que tudo vai ser perfeito, mas teremos maturidade para lidar com as dificuldades e sabedoria para resolvermos os problemas. Sim, o Senhor é aquele que reconstrói pontes.

Hoje quero que meditemos a respeito dessa verdade. Do Deus que converte o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Do Deus que reconstrói pontes que um dia foram quebradas pelas incertezas da presença do amor. Sim, talvez, já tenhamos sentido dúvida se éramos amados pelos nossos pais ou aqueles que se tornaram responsáveis por nós. É preciso destacarmos que o Senhor converte o nosso coração ao coração dos nossos pais e vice e versa.

“Ele converterá o coração dos pais aos filhos e dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.” Malaquias 4.6

A falta de unidade gera maldição. Alguns de nós têm uma história tão triste para contar. Pois, muitas vezes, não fomos celebrados em nossa vida, em nosso nascimento e nas nossas vitórias. Nem mesmo fortalecido em nossos desalentos. Talvez ao olharmos atrás percebêssemos que nem fomos planejados pelos nossos pais e temos aquela sensação de que somos um acidente. Mas essa não é uma verdade sobre nós. Fomos planejados por um Deus que nos ama tanto e que pensou em cada pequeno detalhe sobre nossas vidas e nosso jeito de ser. Deus nunca desejou que sofrêssemos, mas nós nos encontramos em um mundo caído pelo pecado. E o resultado do pecado é a morte e, muitos de nós, temos sido assolados pela morte em nossos relacionamentos.

Mas, assim como Jesus ressuscitou da morte, Ele também traz vida para as nossas relações já desgastadas. Ele restaura a unidade, reconstrói pontes. Lembra do primeiro milagre que Jesus fez? Foi em um casamento e Jesus transformou água em vinho. E o vinho que Jesus criou era mais perfeito que o vinho dos homens. Sim, seu sabor era incomparavelmente melhor ao paladar de sorte que muitos ficaram impressionados. Sabe por quê? Jesus sempre transforma aquilo que temos em algo melhor. Muito melhor do que podemos imaginar.

Olha para dentro do seu coração e todas as histórias que você pode contar. Seus piores dias e melhores dias. Nada está oculto aos olhos de Deus e a verdade é que nunca estivemos só, mesmo que em muitos momentos nos sentimos assim. Que possamos perdoar aqueles que nos ofenderam e perdoar a nós mesmos.

Hoje o meu desejo é que o seu “vinho” seja renovado em um vinho melhor, mais saboroso e mais prazeroso. Que em seus relacionamentos você possa experimentar a graça de Deus sendo derramada e que sinta bem de perto o Deus que reconstrói pontes.