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A Graça Desfez a Separação: A Cruz Nos Levou de Volta ao Éden

Cruz

Separação… Que palavra dura não é mesmo? Sem dúvida alguma, essa foi uma das consequências mais devastadoras do pecado. A dolorosa distância entre Deus e o homem que não trouxe somente a sensação da ausência – de saudade – mas nos deixou incapazes de compreender a harmonia original entre o espiritual e o natural.

De uma maneira geral, esse mesmo sentimento dolorido de saudade é o que nos aproxima de Cristo. Todos nós fomos criados com pistas interiores que nos levam a buscar a Verdade. Somos formados por um espaço não preenchido que evidencia a terrível inimizade entre Deus e os homens. A insaciável necessidade por harmonia com o nosso criador.

Tenho pensado sobre a obra da cruz. Tenho pensado sobre o que de fato isso significou para minha alma, antes tão inquieta. A verdade é que a cruz vai além da salvação, ela é a ligação perfeita realizada por Aquele que nos possibilitou um Novo Éden. Um lugar de encontro que trouxe a unidade com o Pai. Nos transformou de lacunas incompletas para moradas de um Deus vivo, que sempre desejou a ligação entre o temporal e o Eterno, entre criatura e Criador.

“Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio. Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.”. Efésios 2:13-16

Você alguma vez já meditou sobre essa passagem, prestando atenção nos detalhes? Percebeu a natureza pacificadora do nosso salvador desvelada de uma maneira tão simples e profunda?

O contexto deste texto é fundamentado na unidade trazida pela cruz entre os judeus e os gentios, mas não é neste ponto específico que gostaria de focar. Gostaria de falar sobre a cruz, sobre a paz trazida por Jesus!

O mesmo Jesus assentado no trono, é o Cristo que sempre estará marcado pela nossa humanidade. A forma com que Ele desfez a parede de separação entre nós e o Pai foi limitando a Sua eternidade a um corpo temporal. Ele tocou a nossa natureza para que pudéssemos tocar a dEle!

Nós temos o hábito de vislumbrar a cruz como algo simplesmente espiritual, mas esquecemos do aspecto natural, daquele Deus que se fez menino, que posteriormente assumiu a nossa morte, tornando-se frágil para nos tornar fortes e completos. Tudo isso não para somente revelar a paz, mas para nos ressuscitar com Ele.

Nossa humanidade tão caída, foi assumida por um Deus tão perfeito. Nossos pecados que nos separavam do Santo, foram lavados pelo sangue d´Aquele que se fez o Cordeiro, o Sumo sacerdote e o Tabernáculo que nos deu acesso aos lugares mais profundos, não somente do Santo dos Santos, mas aos intensos compartimentos do coração de Deus.

Ele se fez uma poeira passageira, desfeita pela morte para que pudéssemos ser tomados de uma glória que nunca mais nos deixará separados do Eterno. Esse Homem ressuscitou e assim como no princípio, soprou novamente do Seu próprio fôlego em nossas narinas.

Isso é Graça, graça, graça!

Éramos indignos, mas agora somos justificados. Separados do Deus vivo, agora somos reconciliados. Sedentos, mas agora bebendo da Água da Vida Eterna…

Eu não sei quanto a você, mas essas verdades realmente estremecem meu coração!

Existe um grande contraste entre o fariseu e o publicano, e Jesus fala dessa realidade em algumas parábolas. Não quero apenas jogar palavras em uma folha mas, na verdade, quero que você, que lê esse texto, possa entender aquilo que Jesus quer ensinar quando contou tais histórias. O contraste existe e cabe a nós escolher o nosso modelo.

“Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros.” Lucas 18.9

O que primeiro podemos notar é que Jesus ensinava pessoas independente de quem elas eram ou de como estavam seus corações. Porque Ele ama ensinar seus caminhos e mudar nossos conceitos quebrados. Ele ama reconstruir nossa mentalidade. Ele quebra os nossos paradigmas e nos ensina a ter um olhar mais profundo sobre os assuntos mais simples e diversos dos quais possamos imaginar.

O Senhor sonda o coração do homem, Ele conhece as nossas mazelas e as faltas em nosso caráter. Quando Ele vê nosso orgulho, egoísmo ou justiça própria Ele se aproxima e nos diz que tipo de coração lhe agrada. Ele nos conta o que espera de nós e como podemos encontrar êxito em nossa vida como filhos de Deus. Ele considera o nosso contraste, mas quer nos levar um passo além.  

Então, temos a história do fariseu e do publicano e o “formato” de oração seguido por eles. Pensemos que cada um orou segundo os conceitos e a estrutura de pensamento que possuíam. Eles oraram conforme viam a si mesmos e conforme se relacionavam com Deus.

“O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo” (Lucas 18.11). Isso é bastante interessante, não é mesmo? Até a postura corporal do fariseu condizia com suas palavras e o que ele pensava de si próprio. Ele se julgava superior por não ser como os “outros”, até mesmo como o publicano. Ele se julgava superior por cumprir a lei e os ritos religiosos estabelecidos em sua comunidade. Ele se comparou com base em comportamento e concluiu que seu estado era muito superior ao dos demais homens, roubadores, injustos e adúlteros e, por isso, o “zeloso” fariseu sabia como desprezar o seu próximo.

Todos temos que ser gratos pela salvação, mas também temos que guardar os nossos corações e saber que o que recebemos não é pelas nossas ações ou merecimento, mas sim, por causa da Cruz e do sacrifício remidor de Jesus. Que nossas orações sigam o modelo de humildade verdadeira, assim como o do publicano que reconheceu o seu estado de pecado e pediu para que a graça de Deus fosse derramada sobre si. Ele reconheceu que Deus poderia ser propício a ele e era esse o seu clamor. Qual é o seu contraste? Com quem você quer se parecer?

“O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lucas 18.13 – JFARA)

“Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador”. (Lucas 18.13 – NVI)

Jesus nos ensina a trocar a roupa de comparação e presunção por um coração cheio de fé e humildade. Trocar o desprezo por honra, o julgamento por graça e compaixão. Não, nós não queremos viver uma vida cheia de pecado e o Senhor é realmente poderoso para nos fortalecer e nos ajudar a vencer nossas lutas, mas é preciso cultivar o amor e a honra uns para com os outros e, principalmente, para com o nosso Deus. Lembre-se: “Todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” (Lucas 18.14)

Ao nos depararmos com a maldade humana é preciso lembrar que temos a quem recorrer, clamaremos a um Deus que tudo vê. Pois o Senhor não tem prazer na morte do ímpio, mas que o reino da Luz sobressaia sobre qualquer escuridão.   

“… Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva…” Ezequiel 33.11

Quando paramos para ver os noticiários, muitas vezes, o nosso coração se torna perplexo diante de tantas perversidades. São tantas notícias ruins, tantas tragédias e tanta maldade da humanidade caída que podemos ficar sem nenhuma esperança. Nesses momentos, nós clamaremos por justiça, pois os que têm sede e fome de justiça serão saciados.

Mas é preciso saber que nem sempre aquilo que chamamos de justiça é, de fato, a mesma justiça de Deus. A justiça de Deus sempre tem um propósito redentor. Não é apenas um castigo ou vingança pelos pecados e maldades cometidos por um ser humano em escuridão e trevas.

Essa é uma questão complexa e precisamos pensar em como não exercer justiça própria e julgamento humano. Em contrapartida, não podemos fechar os nossos olhos e compactuar com a maldade. Precisamos nos levantar em favor da verdade e do amor sendo voz para aqueles que não tem voz, nos lembremos, porém, que Deus não tem prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta dos seus maus caminhos e viva.

Mas, como exercer justiça com o coração certo? Só existe uma forma de fazermos isso: olhando através dos olhos de Cristo. Você já parou para pensar no significado da cruz? Todas às vezes em que nosso coração se deparar com a maldade diante de nós, com os crimes hediondos e com o abuso, temos que olhar para o sacrifício de Jesus na cruz, Ele verá o fruto do seu penoso trabalho e ficará satisfeito com o seu conhecimento, o Servo Justo, justificará a muitos. Isso não significa que liberar perdão não seja dolorido e desafiador, também não significa que temos que abrir as portas das cadeias e deixar homens maus soltos por aí em nome da graça. Mas, significa que nossa motivação estará alinhada com o coração de Deus.

Lembra da mulher pega em adultério e de como Jesus lhe estendeu as mãos e lhe disse: “onde estão os teus acusadores? Vá e não peques mais”. Precisamos clamar por justiça, mas precisamos fazer isso com a motivação certa e com a perspectiva do coração de Deus. Que sua esperança se renove n’Ele e que Ele nos dê sabedoria diante desse mundo mal, para exercermos justiça verdadeira e amor proposital.

“Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, se não para ser revelado. ” “…. Com a medida com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se vos acrescentará. ” Marcos 4.22 e 24

Sim, diante deste mundo mal, nós levantaremos as nossas vozes e clamaremos por justiça. Clamaremos a um Deus que tudo vê e Ele prontamente nos responderá.