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Sobre o autor

Gabriela Laranjo

Gabriela Laranjo é uma jovem que transforma sua paixão por Jesus em música e textos. Ainda criança, foi incentivada por sua família a cantar e a tocar instrumentos musicais. Gabriela serve atualmente como missionária intercessora em tempo integral na base da Fhop, onde é uma das líderes de louvor. Seu tempo é dedicado à leitura de livros, à criação de textos e também ao estudo da Palavra, de onde novas canções nascem. Suas músicas descrevem as emoções e o coração de Deus através de um relacionamento íntimo com Ele e um coração disposto a servi-lo.

Você tem o costume de meditar na palavra? Eu tenho quase certeza de que você que está lendo esse texto conhece a maioria das histórias da Bíblia. Você já deve saber que no princípio, Deus criou todas as coisas. Assim como já deve saber a história de Adão e Eva, sabe como o pecado entrou no mundo, certo?

E a história daquele pastor de ovelhas que derrubou um gigante? Você também deve conhecer os belos salmos e os provérbios, as histórias dos reis e dos profetas. Como também a vida de Jesus na terra e sua morte e ressurreição.

Portanto, não tenho como objetivo aqui fazer uma checklist de todas as histórias e textos bíblicos que você conhece, a questão que tento levantar aqui é: o quanto da Bíblia você conhece profundamente?

Se aprofundando na Bíblia

Quando falamos de conhecer a Palavra de maneira profunda, isso vai muito além de adquirir conhecimento para se tornar “expert” naquilo. É portanto, sobre aprofundar o relacionamento com as Escrituras e Aquele que se faz conhecido por meio de sua Palavra.

A Bíblia nos diz que o homem que tem o seu prazer na Lei do Senhor e nela medita dia e noite será como uma árvore plantada junto a fontes de águas, tal árvore que frutifica no tempo certo e suas folhas jamais caem (Salmos 1). Deste modo, gostaria de trazer aqui três motivos para você começar a meditar na Palavra hoje.

  1. A Palavra nos santifica

“Santifica-os pela verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17)

Sabe quando você se olha no espelho em um lugar bem iluminado e ali você observa todas as imperfeições do seu rosto que você não gostaria de ver? Eu costumo dizer que quando meditamos na Palavra nos damos conta dos nossos erros e falhas, porque ali está o padrão que devemos seguir. A Bíblia nos mostra onde não estamos, onde deveríamos estar e onde vamos chegar. Em Salmos 119:9 vemos “Como o jovem guardará puro o seu caminho? Vivendo de acordo com a tua Palavra”, e o verso 11 nos diz “Guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti”.

Ademais, ao meditarmos na Palavra estamos contemplando as verdades de quem Deus é, seu caráter perfeito, seus atributos, glória e santidade. E quando meditamos na beleza do Senhor nos tornamos cada vez mais parecidos com Ele, e começamos a caminhar rumo a sua vontade para nós de sermos santos e irrepreensíveis

“Para que aproveis as coisas superiores, a fim de serdes sinceros e irrepreensíveis até o dia de Cristo” (Filipenses 1:10)

 

  1. A Palavra nos sustenta no dia mau

“Este é o consolo da minha angústia: tua promessa me vivifica” Salmos 119:50

Lembro-me de uma estação em minha vida em que as circunstâncias estavam realmente difíceis, o mundo estava no início de uma pandemia e as incertezas e a angústia me rodeavam. Em meio às lágrimas, e antes que pudesse entrar em desespero senti o Espírito Santo soprando em meu coração: “você sabe o final da história!” Neste momento abri a minha Bíblia nas últimas páginas.

Sabe quando você está lendo um livro ou vendo um filme e o personagem principal está em meio a uma situação impossível? Eu não sei você, mas geralmente eu pesquiso logo o que vai acontecer, e isso me deixa mais tranquila. Foi o que eu fiz quando abri a Bíblia nas últimas páginas, eu encontrei a tranquilidade que eu precisava ao me lembrar de que no final:

“Ele enxugará dos olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram; O que estava assentado sobre o trono disse: Eu faço novas todas as coisas!” (Apocalipse 21:4-5a)

Portanto, meditar na palavra que é fiel e verdadeira é o que nos sustenta quando as estações difíceis chegam. Além disso, saber que a tribulação leve e passageira produz para nós uma glória de valor incomparável (2 Co. 4:17) nos ajuda a perseverar e a entender os tempos difíceis em uma perspectiva bíblica.

  1. Existe prazer em meditar na Palavra

“Alegro-me tanto no caminho dos teus testemunhos quanto em todas as riquezas” (Salmos 119:14)

Acredito que um dos maiores prazeres é poder ouvir a voz do Senhor. A meditação é uma forma de entrarmos na alegria da presença de Deus, uma vez que em sua presença existem delícias eternas, e vale mais um dia com Ele do que mil outros dias em outro lugar. Quando nos debruçamos sobre as Escrituras, ali está a oportunidade de um encontro com o próprio Deus e não há nada mais prazeroso do que isso.

Logo, quando meditamos na Bíblia, estamos meditando nas palavras de vida eterna, neste lugar descobrimos que essa é a melhor parte assim como Maria que escolheu se assentar aos pés de Jesus e ouvir os seus ensinamentos.

Conclusão

A meditação na Palavra nos leva a um lugar mais profundo no conhecimento de Deus, logo precisamos encontrar o prazer de estar nesse lugar. Quando meditamos e oramos as Escrituras estamos construindo a nossa história com Deus, nesse lugar Ele fala a nosso coração. E uma vez ouvi alguém dizer que a Bíblia é o único livro em que o autor está conosco 24 horas por dia, então se surgir alguma dúvida, basta perguntar!

 

São 7 horas da manhã, você desliga o despertador e então vê uma notificação no celular. Curiosamente, decide ver o que é, e então, muitos minutos depois você se encontra distraído com a infinidade de conteúdos e acontecimentos do dia que acabou de começar. Logo, você levanta, toma um café, e se prepara para mais um dia. Rotina, horários, prazos, compromissos, reuniões, mensagens para responder, e distrações. Tudo isso te envolve e quando você percebe o dia já terminou e não houve tempo para “uma coisa” necessária: tempo com Jesus

Se você, por acaso, conseguiu se ver neste quadro, não se desespere tanto. Ainda há esperança! Eu amo saber que cada dia é uma oportunidade para mudar esta realidade. De maneira prática, uma forma de mudar isso é colocar na agenda um horário específico para leitura da palavra e oração. Sei que muitas vezes não temos uma hora inteira para isso. Mas temos quinze ou vinte minutos, o que certamente é melhor que não ter tempo algum para ter tempo com Jesus. 

“Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:38-39

Como começar a fazer devocional

Você pode começar aos poucos e não existe uma fórmula certa para fazer seu devocional. Eu gosto de me assentar à mesa, pegar o meu “kit de devocional”: Bíblia, café, caderno de anotações. Às vezes um fone de ouvido e uma boa playlist de música instrumental. Então, basta escolher um versículo, ler, fechar os olhos e orar aquelas palavras. Vida, luz para o caminho, força, refrigério e direção. Tudo isso pode te envolver no momento em que você para tudo e volta seu olhar e coração para Cristo e Suas palavras.

Assim, a cada dia é possível conhecer um pouco mais, e o desejo de conhecer também aumentará. Quinze minutos viram trinta e de repente uma hora se passa e você se torna aquele que tem o prazer na Lei do Senhor. Tudo o que precisamos é de um começo, e este pode ser hoje mesmo. Entre no seu quarto e, fechando a porta, ore. Sem dúvida, você encontrará o prazer de estar com aquele que tudo sustenta com Sua palavra, e ela certamente te sustentará. 

“O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.” Lucas 2:40

Assim, torne o hábito de ter tempo com Jesus sua rotina. Você descobrirá dia a dia quem Ele é. Deus te abençoe!

Ah (imagine um suspiro aqui), o mês de dezembro começou e com ele já começamos a ouvir por toda parte o “Então é natal e o que você fez?” Você sai na rua e pode perceber por toda parte os enfeites e as luzes que caracterizam essa estação do ano. Começam também as confraternizações, os amigos secretos, as discussões sobre gostar ou não de uva passa no arroz. As famílias decidindo em qual casa será a ceia de natal, as crianças com grandes expectativas sobre o presente que receberão e a esperança de uma nova chance paira no ar. O ano está acabando, no coração o anseio se resume em: “ano que vem será melhor”.

Desde já, vale lembrar que o natal é uma festa tradicional cristã que é majoritariamente comemorada no ocidente. A maioria dos países orientais não comemoram esse dia, ao menos, não pelo que ele simboliza, mas como uma data comercial onde realizam-se trocas de presentes. Portanto, não quero falar aqui sobre comemorarmos ou não o natal, até porque não existem provas do dia exato em que Jesus nasceu para podermos comemorar o seu “aniversário”. Mas penso que essa é uma época perfeita para meditarmos sobre a grandeza do dia em que o Salvador veio à terra e quero trazer aqui quatro motivos para vivermos com esperança uma vez que Jesus nasceu.

1- Deus amou o mundo

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16)

O fato de sermos alvos do amor do Pai é um motivo de vivermos com esperança, pois se não fosse pelo seu grande amor e pela multidão das suas misericórdias não haveria saída para o pecador. Estaríamos destinados à morte eterna e total separação de Deus.

Mas Deus que é rico em amor, compassivo e muito paciente nos amou de tal forma que enviou seu filho ao mundo e revelou através dele as dimensões infinitas do seu amor por nós.

2- Deus é fiel à sua palavra

Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel.
(Hebreus 10:23)

Desde o princípio Deus prometeu a vinda de seu filho ao mundo (Gn. 3:15). Jesus é a semente prometida e aquele que foi anunciado pelos profetas. Quando o Cristo nasce, uma luz brilha e a promessa se cumpre. E mais uma vez podemos ver a fidelidade do Deus que sempre cumpre o que diz. Esse é um motivo de vivermos com esperança, pois tudo que Ele prometeu irá se cumprir. Sua fidelidade se estende de geração após geração e permanece para sempre.

3- Temos paz com Deus

“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”.
(Lucas 2:14)

No momento em que Jesus nasce, anjos aparecem a alguns simples pastores e a Bíblia diz que a glória de Deus resplandeceu ao redor deles. Tais anjos traziam as boas novas de alegria do nascimento do Salvador, e eles cantavam sobre a paz que Ele traria ao mundo. O nascimento de Jesus representava uma etapa do plano redentor. E agora estava mais perto do que nunca o dia em que Ele abriria o caminho até o Pai por meio do seu sangue. Todo aquele que nele crê caminha na esperança e na paz de poder ter comunhão com Deus e ser salvo de sua ira (Rm. 5:9).

4- Uma luz brilhou

E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. (Mateus 2:10)

Maria deu à luz um filho, e todos conhecem a clássica história de natal da estrela que guiou os reis magos até o local do nascimento de Jesus. Porém, mais do que a luz de uma estrela, a própria vida e luz dos homens começou a habitar entre nós quando Jesus nasceu (Jo. 1:4).

Não consigo encontrar as palavras certas para descrever a glória do dia em que o próprio Deus se fez homem e do que isso significa. A imagem do Deus invisível e a expressão exata de quem Ele é estava ali envolto em panos em uma simples manjedoura, e na face de Cristo vimos a luz da glória de Deus sendo revelada (2 Co. 4:6). Logo, Jesus é a luz que resplandece nas trevas e essas não prevalecerão. Onde as Boas Novas são anunciadas, aqueles que estão em trevas são iluminados e Sua luz nos mostra quem nós somos e o quanto precisamos dele.  Além disso, ela expõe nossos pecados e aponta o caminho que devemos seguir. Sua luz nos mostra quem Deus é e conhecê-lo é a vida eterna.

Sendo assim, que você possa aproveitar esse tempo para meditar sobre a bondade de Deus em ter enviado seu filho à terra e que essas verdades possam encher o seu coração de esperança. Nós temos tantos motivos para sermos gratos ao Senhor. Então que neste Natal e todos os dias você celebre o fato de que Jesus veio ao mundo. E por meio dele nós temos a redenção. E até que Ele venha novamente (e que glorioso dia será!), que possamos aguardar a bendita esperança com paciência e perseverança.

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14

Deus se fez homem. Sim, aquele que no princípio pela palavra do seu poder criou todas as coisas, submeteu-se a um nascimento humano e foi gerado no ventre daquela que Ele mesmo criou e formou. Jesus, o próprio Deus, cheio de glória, grandeza e beleza sem fim, não se apegou a isso e se esvaziou tornando-se semelhante aos homens (Fp. 2:7). E se fez como aquele em quem não havia beleza e de quem não fizemos caso (Is. 53:2). Permita-me, caro leitor, confessar que está sendo difícil encontrar as melhores palavras para descrever a grandeza dessa sublime verdade.

Então, Jesus teve um nascimento humano e possuía um corpo humano que experimentou o crescimento, a Bíblia nos diz que ele crescia em estatura e em sabedoria e se fortalecia no Espírito (Lc. 2:40, 52), a sua natureza humana é evidente em toda a Palavra. Logo, tendo se tornado homem, Jesus passou pela dor e a angústia de ser humano. Lembro-me daquele episódio quando Jesus ao passar por Samaria, se assentou à beira de um poço, e a Palavra nos diz que ele estava cansado do caminho:

“E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber” João 4:6-7

Ele identificou-se

Assim como aquela mulher que foi ao poço naquela hora mais quente do dia, Jesus também sentiu cansaço e sede. Ele viu aquela mulher, se aproximou dela, e percebeu sua solidão, sua dor e vergonha. Ele entendia o que ela estava passando, e como não poderia entender quando Ele mesmo foi rejeitado pelos seus? (Mt. 13:53). Nesse episódio em questão Jesus tem um diálogo com essa mulher que fica perplexa com o fato de um homem judeu estar falando com ela. Portanto, ela não sabia que Ele não era um homem qualquer, Jesus diz a ela:

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”. João 4:10

Então,  ah, se aquela mulher soubesse que aquele homem judeu diante dela era ninguém menos que o próprio Cristo. Aquele que haveria de vir, o verbo que estava com Deus e que era Deus estava ali, diante dos seus olhos oferecendo a ela a água viva que a saciaria para sempre. A mansidão e compaixão de Jesus para com essa mulher me deixa profundamente tocada. Ele realmente sabia a necessidade que havia em seu coração, e entendia de perto a sua dor.

Ele compadeceu-se

Sendo assim, a Palavra nos diz que Jesus, como homem, também experimentou a tentação humana, mas sem nunca sucumbir ao pecado. Ele foi o exemplo de homem perfeito que se submeteu à vontade do Pai e foi obediente até o fim. Ele conheceu as nossas dores e sabe muito bem o que é padecer, e além disso, nenhum outro homem sofreu tamanha injustiça como a que o nosso Senhor sofreu.

“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4.15)

Portanto, nós temos um Deus que se compadece de nós. Não importa o que você esteja passando, a dor mais profunda do seu coração, as lutas e os vales que você enfrenta, Jesus já esteve lá. Aquele que se fez Deus conosco é quem caminha ao nosso lado em meio a qualquer circunstância. O Pai provou seu imenso amor para conosco quando enviou o Seu Filho para revelar quem Deus é, e cumprir o Seu plano perfeito de redenção. O Filho se fez homem e se aproximou de nós, e se fez o caminho que nos leva ao Pai.

Você algum dia escutou uma música e ficou maravilhado diante da beleza e profundidade daquela canção? Já ficou admirado diante de uma bela obra de arte, ou se emocionou durante uma leitura que tocou seu coração? Já ficou inspirado por uma trilha sonora de um filme? Se você respondeu “sim” para alguma dessas perguntas certamente você foi alcançado pelo poder que a arte tem de alcançar o coração e a alma do ser humano. Nós somos atraídos pela beleza, existe esse anseio dentro de nós pois toda beleza aponta para o Criador. 

“… Tuas obras são maravilhosas, tenho plena certeza disso”. (Sl. 139:14b) 

Quando Deus criou todas as coisas, Ele observou o seu resultado e viu que era bom. Você conhece alguma obra de arte tão maravilhosa quanto a própria criação? Então, Deus não fez um mundo meramente funcional, Ele desenhou e pintou algo belo que pudesse ser apreciado. Portanto, o mundo é colorido, ornamentado, provido de ordem e sentido; uma obra de arte que o Artista supremo fez para sua própria glória. Isso deve nos fazer refletir sobre a própria importância da arte que pode (e deve) ser utilizada para apontar para quem Deus é, trazendo glória a Ele. 

Francis Shaeffer em sua obra A arte e a Bíblia afirma o seguinte: 

“Como cristãos evangélicos tendemos a dar pouca importância à arte. Consideramos os outros aspectos da vida humana mais importantes. Apesar do nosso discurso constante sobre o senhorio de Cristo, limitamos sua atuação a uma pequena área da realidade. Não entendemos o conceito do senhorio de Cristo sobre a totalidade do ser humano e sobre todo o universo e não nos apropriamos das riquezas que a Bíblia oferece para nós mesmos, nossa vida e nossa cultura” (SHAEFFER, F., 2010, p. 16) 

A arte na Bíblia 

Podemos dizer que a própria Bíblia em si já é uma obra de arte. É um livro notável, rico em linguagem poética, vemos que a poesia ocupa pelo menos 30% da Bíblia. Então, além de ser uma obra de arte, este livro está repleto de menções a variados tipos de arte, dentre eles, poesia, música, dança e artes visuais. 

Francis Shaeffer também chama a atenção para o fato de que as artes visuais desempenharam um grande papel na construção do Tabernáculo (Êxodo 31:1-11) e sobre isso ele diz assim: 

“No Monte Sinai, Deus deu os Dez Mandamentos a Moisés e simultaneamente ordenou a Moisés que construisse o Tabernáculo utilizando quase toda forma de arte figurativa conhecida pelos homens (SHAEFFER, F., 2010, p. 21)

Nesse episódio fascinante da construção do Tabernáculo, Deus dá instruções detalhadas de como tudo deveria ser feito, os artistas que Ele capacitou para isso, dentre eles a Bíblia cita Bezalel (Êxodo 31:1-6), tiveram que colocar a “mão na massa” para esculpir, moldar, costurar, pintar, lavrar pedras, entalhar madeira e trabalhar em toda atividade artística. 

Todavia, algumas peças produzidas por esses homens não possuíam utilidade alguma, ou “razão pragmática” para estar ali, eram ornamentos. Algo interessante que Shaeffer também observou é que houve uma liberdade criativa nas representações que foram feitas de elementos da natureza: 

“Em toda a orla da sobrepeliz, farás romãs de estofo azul, e púrpura e carmesim; e campainhas de ouro no meio delas”. (Êxodo 28:33) 

Na natureza as romãs são vermelhas; mas essas deveriam ser azul, púrpura e carmesim. O azul, não é a cor natural de uma romã. Podemos ver aqui uma certa liberdade para se fazer algo a partir da natureza, que seja distinto dela. 

Além disso, a música também é mencionada frequentemente na Bíblia. Ao lermos os Salmos, veremos o tempo todo ordenanças para que o povo cante ao Senhor, mesmo na Sala do Trono, uma canção é entoada a Ele dia e noite (Apocalipse 5). Há também a música instrumental na Bíblia, há referências a momentos de interlúdio, e quais instrumentos eram utilizados, como por exemplo, harpa, lira, flauta, dentre outros instrumentos de percussão. 

Como adoramos a Deus através da arte? 

Primeiramente, precisamos nos lembrar que adoração é algo que envolve todo cotidiano daquele que é uma nova criatura. Então, adorar é reconhecer quem Deus é, submeter-se a Ele e encontrar prazer nele glorificando-o. Adoração é uma resposta ao entendimento de quem Ele é. 

Uma vez que o senhorio de Cristo envolve toda a cultura e a área da criatividade, para o cristão regenerado e vivendo sob a liderança do Espírito Santo, o senhorio de Cristo também inclui o interesse pela arte usando-a para glorificar a Deus. 

Assim, quando usamos nossa criatividade para criar algo belo, verdadeiro e bom (segundo os padrões de beleza, verdade e bondade bíblicos), estamos criando algo que aponta para a beleza do Criador, algo que o glorifica. Com vidas submissas a Ele,e tendo em mente as palavras de Paulo “…quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (I Co 10:31) que possamos ser inspirados a produzir uma arte (qualquer que ela seja) que possa glorificar ao Senhor, e que aponte para as verdades belas e eternas de quem Ele é. 

Para saber mais sobre o assunto: 

A arte e a bíblia – Francis Shaeffer

O coração do artista – Rory Noland 

A arte não precisa de justificativa – Hans Rookmaaker

Certa vez Jesus estava orando em um determinado lugar, quando terminou um dos seus discípulos pediu que Ele os ensinasse a orar (Lucas 11:1). Vemos aqui que aqueles homens que caminhavam com Jesus vendo-o em sua vida de oração se depararam com a necessidade de aprender a orar. Nós não vemos na Bíblia os discípulos pedindo que Jesus os ensinasse a pregar, realizar milagres, expulsar os demônios, mas o anseio que Jesus provocou no coração de seus discípulos foi “ensina-nos a orar”.

Segundo E. M. Bounds :

“Os homens são naturalmente avessos a aprender essa lição de oração. É uma lição de humildade. Ninguém senão Deus pode ensiná-la”.

Portanto, à medida em que crescemos na fé, somos convidados a crescer também em vida de oração, e este pedido dos discípulos nos mostra que é possível aprender a orar.

Tudo quanto pedirdes em meu nome vos será feito 

Dessa forma, imagine que você pudesse pedir o que quisesse e isso acontecesse, o que você pediria?  Em João 15:7, Jesus disse: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. Podemos encontrar aqui neste versículo uma chave para crescer em uma vida de oração. Observamos aqui que a condição para termos orações respondidas é permanecermos em sua palavra, em oração e unidade com Cristo. E. M. Bounds comenta sobre esse versículo: 

“Aqui temos um posicionamento de vida permanente como condição de oração. Não apenas um posicionamento de vida permanente em relação a grandes princípios ou propósitos, mas um posicionamento permanente e unidade de vida com Cristo Jesus. Viver nele, habitar nele, ser um com Ele, ter a fonte de toda sua vida nele, permitir que toda a vida dele flua através de nós – esse é o posicionamento de oração e habilidade de orar. O permanecer nele não pode ser separado da Sua palavra permanecendo em nós. Ela precisa estar viva em nós para que faça nascer e alimente a oração. O posicionamento da Pessoa de Cristo é a condição da oração”.

Portanto, para crescermos em oração, precisamos permanecermos nele e em suas palavras. Somente assim conheceremos o que está em seu coração para enfim podermos orar segundo a sua vontade na certeza de que crendo, iremos receber.

Aprendendo a orar 

Sendo assim, para orarmos segundo a vontade de Deus precisamos conhecer sua vontade, certo? Em sua palavra, o Senhor nos revelou a sua vontade, logo meditar nas Escrituras nos ajuda a desenvolver uma vida de oração. Logo, é muito importante colocarmos a Bíblia em nossa linguagem de oração. Corey Russel em seu livro “Oração” nos mostra que, “Quando oramos a Bíblia, nossos espíritos são edificados e podemos ter a certeza de que nossas orações serão respondidas”. 

Portanto,  uma forma prática para isso é utilizar as orações apostólicas das cartas de Paulo nos tempos de intercessão, pois são orações centradas em Deus e cheias da revelação do propósito e vontade de Cristo. Um exemplo de oração apostólica que temos utilizado constantemente em nossa Sala de Oração é a que Paulo faz em sua carta à igreja de Éfeso:

“…não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações. Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele. Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua poderosa força”. (Efésios 1:16-19)

Como aplicar?

Podemos incluir essa poderosa oração de Paulo em nosso dia-a-dia devocional, ou nas reuniões de oração da igreja. À partir desse texto bíblico podemos orar por nós mesmos, pelos nossos familiares, amigos, pela própria igreja, e até mesmo para aqueles que não O conhecem. A fim de que o Senhor se revele, para que a luz da Sua face resplandeça, para que Ele compartilhe os seus pensamentos. Podemos rogar para que Ele abra os olhos do entendimento para que possamos ver claramente e compreender a esperança da Sua vocação, daquilo que Ele nos chamou, de qual o nosso destino nesta era e na que virá. 

Podemos pedir também para que Ele nos revele as riquezas da herança que temos com Ele, da família a qual fazemos parte e a força que existe em saber a quem pertencemos. E portanto, orar para que Ele nos faça conhecer a suprema e incomparável grandeza do seu poder. Tão grande que é capaz de ressuscitar mortos, soprar vida e esperança em causas impossíveis, poder que sustenta todas as coisas pela Sua palavra.

Sendo assim, orar a Palavra pode encher o nosso coração de fé e nos ajuda a crescer em nossa vida de devoção diária. Comece hoje a colocar isso em prática, peça ajuda ao Senhor pois certamente é de sua vontade que nossa vida de oração e comunhão com Ele cresça. Coloque-se hoje diante de Cristo e peça “Senhor, ensina-me a orar”. E busque meditar em Sua palavra e acesse as lições preciosas que existem ali sobre vida de oração.

Leia mais sobre oração aqui

Precisamos entender que a vida é feita de estações e saber discernir essa realidade é importante para que possamos aprender e crescer em sabedoria. As estações mudam e tudo que está bem. Em um instante pode desmoronar – o inverno chega e com ele o frio e a escuridão. Da mesma maneira, os momentos de dificuldades também passam. Logo o sol nasce, a primavera chega e com ela vêm as flores e o doce aroma da esperança. Em cada estação, eu amo saber que tenho um Deus que não muda e que Ele sustenta o meu coração.

Saber quem Deus é me ajuda a posicionar o meu coração em devoção ao Senhor – Ele que me conhece e deseja ser conhecido por mim. Em Sua palavra encontrei o caminho perfeito para conhecê-lo. E eu amo saber que Deus me deu o privilégio de ter acesso às Suas verdades.

Quando as estações mudarem…

A Bíblia fala sobre o homem cujo prazer está na lei do Senhor e nela medita dia e noite. Ele é chamado de “bem-aventurado”. Ele é como uma árvore cujas folhas nunca secam, que dá fruto na estação devida, pois ele se posicionou junto às correntes de águas. Logo, esse homem não se abala quando as estações mudam, pois ele conhece a alegria de ser sustentado pela palavra. Ele tem sua confiança em um firme fundamento.

Igualmente, nós podemos ser alguém que encontra na lei do Senhor um lugar seguro para fundamentar nossas vidas. Se eu me apego aos Seus decretos a minha alma se alegra, eu encontro força, eles iluminam meu caminho e firmam meus passos. Quem descobre este segredo não temerá o dia mau. Quem guarda isso no coração não é enganado pelas mentiras pois conhece a verdade.

Há poder em ler a Bíblia

É certo que um conceito errado de Deus abala a nossa fé e confiança, por isso devemos nos debruçar sobre Sua palavra. Deixar que ela nos preencha com as verdades de quem Ele é. Uma vez ouvi que a Bíblia é o único livro que temos o autor nos acompanhando 24 horas por dia. Ele mesmo desvenda nosso olhar para contemplarmos as maravilhas de Seus mandamentos. Deus se revela a nós à medida que nos aproximamos e Ele deseja ser conhecido.

Sem dúvida, eu quero me posicionar em meditar na lei do Senhor buscando-o de todo meu coração e desejando não apenas saber à respeito Dele. Mas conhecer, de fato, quem Ele é. Se trata de um relacionamento – falar com Ele, e ouvir o que Ele tem a dizer. Eu quero sentar para ouvir Sua voz. Quero amá-lo mais à medida que eu o conheço e descubro que sou conhecida por Ele. Há um prazer em meditar naquilo que Ele diz, pois mais doces que o mel e mais preciosas que o ouro são as Suas palavras de vida eterna.

Assim, não importa a estação, os ventos da dúvida, a aflição e a angústia jamais poderão dominar alguém cujo prazer está na palavra do Senhor. Pois ela é perfeita e está estabelecida para sempre. Os que a amam “têm grande paz e ninguém os fará tropeçar” (Salmos 119:165).

Começo o texto dizendo que não existe um passo a passo exato sobre como compor uma música. Você pode estar pensando: “O que vem primeiro a letra ou a melodia?” Todo compositor já deve ter ouvido essa pergunta, e nem sempre a resposta será a mesma. Eu mesma já escrevi canções fazendo a melodia para só depois encaixar uma letra. Como também, já escrevi letras e só depois coloquei uma melodia, mas já fiz os dois processos ao mesmo tempo. Porém, independente do processo envolvido, escrever uma música é deixar transbordar em palavras e melodias aquilo que está dentro do seu coração. E, para dirigirmos nossa canção ao Senhor, nosso coração precisa estar cheio de suas boas palavras. E para isso, portanto, há um caminho a ser percorrido.

“Meu coração transborda de boas palavras; consagro ao rei o que compus; minha língua é como a pena de um escritor habilidoso” Salmos 45:1 (S21)

Meditando na Palavra para compor

O rei Davi, um dos maiores compositores da história, era um estudante da beleza de Deus e alguém que tinha o seu prazer na Lei do Senhor. Ele pediu “uma coisa” ao Senhor:

“…que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar o esplendor do Senhor e meditar no seu templo” (Salmos 27:4).

Se você deseja compor canções para o Senhor, considere ser alguém que medita na sua Palavra, que busca conhecer profundamente ao Deus a quem você eleva a sua voz. Seja alguém que coloca como prioridade uma vida no lugar secreto com o Senhor, meditando em sua Palavra, declarando as verdades de quem Ele é. Portanto, Sua palavra, inspirada pelo Espírito, é inspiração suficiente para que as canções mais belas possam nascer.

“As palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, minha rocha e meu redentor” Salmos 19:14

Contemplando as obras do Criador

Já olhou para o céu quando o dia está nascendo, ou quando o sol está se pondo? Ou enquanto estava viajando, na estrada, conseguiu perceber as árvores e a beleza da natureza ao redor? Eu acredito que existe algo naquele calor do entardecer, no silêncio, no cantar dos pássaros que toca nosso coração e nos faz sentir maravilhados diante de tanta perfeição.

“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” Salmos 19:1

As obras do Senhor são perfeitas. Assim, quando as contemplamos estamos diante da grandeza do poder de Deus, aquele que criou tudo que existe. Com o coração cheio da Palavra da verdade, você pode se sentar com seu instrumento e um caderno ao final de um dia, contemplar a natureza, respirar fundo e assim, você prepara um ambiente para que a criatividade te encontre. Anote frases, grave suas melodias, talvez você não tenha uma música pronta ali na hora, mas você estará exercitando isso e desenvolvendo o seu lado criativo. 

Tocando com habilidade

“Cantai-lhe um cântico novo, tocai com habilidade e alegria” Salmos 33:3

Para compor boas canções, é importante desenvolver habilidades musicais. O caminho para isso é se dedicar aos estudos e se aperfeiçoar musicalmente, pois sem dúvida, o Senhor é digno de que façamos tudo que nos foi proposto de todo o coração (Cl. 3:23). Se aprofundar no estudo de teoria musical pode alargar suas fronteiras na música, você poderá se aventurar em ritmos que você não tocava ou cantava antes, aumenta as possibilidades de melodias que você pode criar. Precisamos ser diligentes com o que o Senhor colocou dentro de nós e desenvolver nossos talentos tocando com habilidade e fazendo isso com alegria.

Não tenha medo de começar. Se você deseja compor canções para o Senhor, que falem das verdades sobre quem Ele é comece dando pequenos passos. Estude a Bíblia, escreva o que está no seu coração, escreva sobre quem o Senhor é para você, o que Ele fez na sua vida. Pare para contemplar a beleza do Senhor em sua Palavra e em sua criação, e cresça musicalmente também. Seja fiel naquilo que o Senhor tem colocado em suas mãos e que o seu coração transborde de boas palavras a Ele.

Uma vez, chegando em casa quando eu era mais nova, fui fechar a porta do carro e esmaguei meu dedão ali. Subitamente uma corrente de dor insuportável veio até meu dedo, tive a sensação de quase tê-lo arrancado. Fiquei totalmente sem reação, e nem mesmo consegui abrir a porta do carro. Então, minha irmã veio rapidamente e abriu enquanto tudo que eu conseguia fazer era me queixar de dor (e parece que começou a doer mais quando eu vi o sangue). Então meu pai abriu o portão de casa, e me levou correndo para a cozinha, encheu uma tigela com vinagre gelado, pegou minha mão, e colocou meu dedo inchado ali. Eu comecei a chorar, doía muito mais, e eu implorava “pai, por favor para, isso dói mais”, então ele me abraçou, sem tirar meu dedo da tigela e só falou “eu sei que está doendo, mas vai ser melhor para você”. 

O Pastor que está nos vales

Eu sempre me lembro desse momento quando estou passando por situações dolorosas. Quando estou diante de problemas que não consigo resolver, quando a saúde não vai bem, e ao mesmo tempo o mundo inteiro passando por uma pandemia, crises ao redor, preocupações, e me vejo tentando ser forte diante de tudo isso, e tentando não confundir força com autossuficiência. Mas o que aquele momento do parágrafo anterior tem a ver com o que estou falando aqui? Eu entendi que em meio à dor e ao sofrimento, Deus é aquele que me abraça e do caos faz a paz transbordar. Mesmo que tudo ao redor permaneça do mesmo jeito, Ele me sustenta, Ele se faz presente para me ensinar, e me dizer: “eu sei que está doendo, mas vai ser melhor, você vai crescer, alegre-se no sofrimento, eu estou aqui com você, sou seu aliado fiel, sua torre forte”.

Os frutos do sofrimento

Portanto, não estou dizendo que devemos amar o sofrimento, e permanecer ali sempre sofrendo. Se alegrar no sofrimento é se alegrar no que ele gera e produz. Você não precisa sair por aí buscando motivos para sofrer. Mas, quando o sofrimento vier, é uma oportunidade de sermos transformados, pois “ainda que nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”. (2 Co. 4:16-17). Há algo sendo gerado em nós quando passamos por tempos difíceis, e é nessa verdade que podemos nos apegar quando esses dias chegarem.

O Senhor é a nossa rocha

Lembro-me de uma experiência que tive durante um curso ministerial que fiz há alguns anos. O Senhor começou a me ajudar a ver coisas dentro de mim que não eram muito agradáveis: dores, mágoas e lugares em meu coração que precisavam ser transformados. Foi o início de um processo muito doloroso, eu queria fugir, e falava para Deus que não conseguiria enfrentar. Neste período eu estudava com o time de louvor que eu fazia parte o Salmo 144:1:

Bendito seja o Senhor, a minha Rocha, que treina as minhas mãos para a guerra e os meus dedos para a batalha”.

E enquanto o Senhor me ajudava a colocar algumas coisas para fora, eu me sentia cansada de lutar, e parecia que até meu corpo doía. Eu me vi como se estivesse em um campo treinando com um arco e flecha, tentando acertar o alvo, sem conseguir. Eu tentava, e meus braços doíam ao puxar a flecha, mas ali eu sentia o Senhor me treinando, e como se Ele me falasse: “Vamos lá, mais uma vez, continue treinando”. E eu: “Mas eu estou cansada, minhas mãos não aguentam mais”, e Ele com muito amor :“Eu estou treinando suas mãos para a batalha, Eu sou a sua rocha, continue, você vai conseguir”. Eu chorava enquanto via essa imagem em minha mente, estava doendo, mas eu precisava enfrentar o sofrimento, precisava deixar o Senhor me transformar, trazer cura e me moldar.

O Pai amoroso que está conosco nos processos

Eu me lembro daquele momento com meu pai me abraçando enquanto colocava meu dedo machucado no doloroso processo de cura. “Vai ser melhor para você!” É disso que eu quero que você se lembre. O Pai amoroso te conduzirá com graça nesse processo. No sofrimento, na dor, nos momentos difíceis, coloque-se diante do Senhor perguntando: “qual a resposta eu preciso dar nesse momento?”, e “quais são os lugares do meu coração que precisam ser moldados segundo a Tua vontade a partir disso que estou enfrentando?”. O Senhor mesmo te conduzirá nesse processo. Apegue-se a Ele, e lembre-se: na nossa fraqueza, Ele é a força que sempre irá nos sustentar.

Esta não é mais uma história sobre a antítese “pobre e rico”, “príncipe e plebeu”, não é um conto, muito menos uma história motivacional. Muitas vezes, nos deparamos com este precioso salmo davídico e não paramos para refletir as verdades profundas que ele carrega. “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”, não preciso me preocupar porque de fato não me faltará nada. Deus é meu pastor, então está tudo bem. Mas, será que eu realmente sei o que significa ter um Senhor? Eu sei mesmo o que é um pastor? O que ele faz, como cuida e se relaciona com seu rebanho? O que é um “Senhor”? Como alguém que é Senhor, pode ser um pastor?

Vamos meditar no primeiro verso do Salmo 23 e entender as preciosidades dessa frase e o que ele revela sobre o pastoreio do Senhor:

O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Salmo 23:1

O significado de Salmos 23

Neste salmo a palavra “Senhor” traduzida do hebraico “Yahweh”, significa “Aquele que existe”, “O único Deus verdadeiro”. Traduzindo do grego temos a palavra “Kurios“, a qual denota ao “direito exclusivo de posse e poder sem controle” significando supremacia, “Aquele a quem uma pessoa ou coisas pertence, sobre o qual ele tem poder de decisão”, e  “mestre, príncipe soberano”, de acordo com o dicionário strong.

A palavra “pastor” traduzida do hebraico “ra’ah”  significa “Apascentar, cuidar, alimentar, proteger” e também “associar-se com, ser amigo de, ser companheiro, um amigo especial”. Em João 10:11, Jesus fala: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”. Nesse versículo de João traduzido do grego, a palavra pastor significa “poimen” e tem sentido de “aquele a cujo cuidado e controle outros submeteram e cujos preceitos eles seguem”, conforme o dicionário strong.

Quando me refiro a Senhor atribuo aquele que é o dono, o supremo, o Rei. Naturalmente pode soar um pouco distante, Ele é o Senhor, um Rei sentado num trono de Glória. Sendo assim, como uma simples ovelha indefesa ou uma menina com roupas comuns e sem beleza alguma pode se aproximar de um Senhor supremo e soberano?

Essa é a história de um Rei que governa e lidera com seu cetro de justiça as galáxias, a Terra, os céus e os mares, e se debruça sobre a ovelha para ser seu amigo próximo, ele se aproxima daquela menina e a chama para ter um relacionamento pessoal, construir uma amizade especial, se associar com ela, cuidar, proteger e alimentar.

E ele faz isso se aproximando de todas as maneiras possíveis, inclusive com vestes de pastor, deixa o cetro e pega o cajado, abandona a distância e vem pra perto. Se aproxima de tal forma que essa menina é capaz de “reconhecer sua voz” (João 10:4) e  se submeter à sua liderança.  Ela ama ser guiada e orientada por Ele, não apenas precisa dele, mas ela o quer. Este Senhor Pastor é sua busca ansiosa e desesperada, pois se ela sabe que O tem nada irá faltar.

O paradoxo perfeito

Essa é a história de amor de um Rei cheio de glória e também de um homem no madeiro, Ele é o Senhor Pastor que dá a vida por sua ovelha (Jo 10:11), é um mistério, parece o paradoxo perfeito, é loucura para os sábios, um escândalo imaginar, mas Ele é o Rei que troca o cetro pelo cajado, a glória pela simplicidade, o senhorio pela servidão e seu trono por uma cruz.