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Sobre o autor

Maurício Barbosa

Eu canto porque vivo

Desde quando nascemos nos envolvemos em várias situações musicais. Já dormimos ao som da voz materna a cantar. Aprendemos canções na infância e além disso, cada um de nós também desenvolveu seu próprio gosto musical. Canções fazem parte da experiência de viver de modo que é verdade o que disse um filósofo: “Sem a música, a vida seria um erro¹”.

Entretanto, como cristãos não somos abandonados em nossa própria experiência sobre a vida. O crente necessita observar todas as coisas a partir do ponto de vista do Autor de todas as coisas. Isso quer dizer que, mais importante do que a música é para nós, é o que a música foi criada para ser. Para nós, cantar e ouvir música pode ser entretenimento, diversão e até mesmo profissão. Para Deus, no entanto, é um maravilhoso instrumento dado aos homens para o louvor da Sua Glória. Isso quer dizer que se cantamos ou ouvimos música, seja por diversão, entretenimento ou profissão, devemos com isso glorificar a Deus acima de tudo. Este é o objetivo final.

Cantar ao Senhor

Em toda a história do povo de Deus a música vem sendo utilizada como instrumento de adoração e gratidão. Ao cantar ao Senhor o Seu povo expressava um coração grato e rendido à Ele. Vejamos, por exemplo, o cântico que Israel cantou depois de atravessar o mar vermelho em Êxodo 15. Podemos também, observar a riqueza de cânticos que é o livro de Salmos. Além disso, conhecemos a história de Davi, o rei que conduziu Israel em adoração ao Senhor. Essas e outras narrativas bíblicas contribuem para a máxima de que: ao cantar as canções do Senhor o povo de Deus estava reconhecendo quem Ele é.

O evangelho de Mateus (26:30) nos revela um momento em que o próprio Jesus cantou um hino. Além do mais, sabemos que Cristo também frequentava sinagogas e cantar o saltério era algo comum da liturgia judaica. Portanto, não é de se admirar que os primeiros cristãos que passaram a seguir o Mestre continuavam cantando os salmos e a Palavra. É como o próprio Paulo parece encorajar em sua carta aos efésios (5:19). Assim, até mesmo hoje, no século 21, quando cantamos a Palavra de Deus, estamos nos juntando ao povo de Deus de todas as épocas.

Cantar no que acredita ou crer no que canta?

O ato de cantar canções no culto ao Senhor provocou várias tensões e reflexões durante a história da igreja. Canções eram compostas para engrandecer ao Senhor no culto, ensinar os crentes a respeito da verdade e até mesmo para combater eventuais heresias. A conclusão que a igreja cristã chegou no decorrer de seus anos foi: “A igreja crê naquilo que ela ora e canta².” Por isso, uma igreja saudável, que crê na verdade da Palavra, canta a própria Palavra. Em outras palavras, a prática da fé segue a nossa prática de oração e adoração. Se cantamos e oramos desconexos da verdade absoluta da Palavra isso acarretará um prejuízo à genuína fé que deve ser cultivada em nós.

Há um ditado popular que diz: “Quem canta seus males espanta.” Sem querer entrar a fundo na veracidade do dito é de se observar algo: a música e o ato de cantar provocam em nós coisas que no momento não são visíveis. Podem ser sentimentos, valores ou mensagens. Absorvidos pelo homem interior e processados. A música tem essa característica bela e Deus a fez assim. Quando falamos da combinação “Palavra de Deus + cantar”, não podemos simplesmente negligenciar tal instrumento dado por Deus para a edificação da nossa fé. Cantar em si, não possui nenhum poder comparado com o poder que possui a Palavra de Deus. Entretanto, quando unidos, os dois elementos se tornam a arma da igreja contra a frieza espiritual.

Muito mais que uma grande ideia

“Aleluia! Como é bom cantar louvores ao nosso Deus; quão agradável e apropriado é louvá-lo.” Salmos 147:1

Minha intenção com esse texto não é apenas provocar um comprometimento entre os compositores, músicos e cantores a respeito das canções que serão cantadas nas igrejas. Escrevo para todos que foram feitos discípulos de Jesus. Que possamos cantar as canções que Jesus cantou. Seja em nosso culto comunitário ou momento de devoção, que possamos cantar Suas palavras e a respeito do que Ele fez e de quem Ele é. Essa, muito mais que uma grande ideia, é a Sua vontade.

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Referências:

1 Famosa frase de Friedrich Nietzche, filósofo alemão. Apesar de ter morrido como ateu, Nietzche teve uma infância cristã e era apaixonado por música.

2 Esse é um notável lema na tradição cristã: Lex orandi, lex credendi.

Texto originalmente publicado dia 30 de julho de 2020

“Abrirei minha boca em parábolas; proporei enigmas da antiguidade” (Sl 78:2)
De acordo com os evangelhos cerca de um terço do ensino de Jesus foi por meio de parábolas. Mesmo elas sendo famosas, até hoje, na linguagem popular, são usadas expressões como “bom samaritano” e “filho pródigo”, poucas pessoas sabem porque Jesus contava parábolas.
“Jesus falou todas essas coisas às multidões por meio de parábolas, e nada lhes falava sem parábolas; para que se cumprisse o que havia sido falado pelo profeta: Abrirei a minha boca em parábolas; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo” (Mt 13:34-35).

Por que Jesus contava parábolas?

Primeiro, é preciso notar que Jesus contava parábolas a fim de cumprir o que fora escrito a respeito dele. Ele veio para cumprir toda a Escritura. Jesus foi obediente até mesmo em relação àquilo que as escrituras apontavam que ele faria. Segundo, as parábolas sinalizavam que os mistérios do reino dos céus não eram dados a qualquer um. Porém, não era a complexidade das parábolas que dificultava as multidões a entenderem os mistérios do reino. O que as impedia era a incredulidade em seus corações que ficava evidente ao ouvirem essas histórias. Jesus fala sobre isso:
“Por isso eu lhes falo [às multidões] por meio de parábolas; porque, vendo, não veem; ouvindo, não ouvem nem entendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e nunca entendereis; vendo, vereis, e jamais percebereis. Porque o coração deste povo se tornou insensível, e com os ouvidos ouviram de má vontade, e fecharam os olhos para que não vejam, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure” (Mt 13:13- 15).
A boa notícia é que Jesus não para por aí e diz:
“Mas bem-aventurados os vossos olhos [dos discípulos], porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem” (Mt 13:16).

Pedindo sabedoria ao Senhor

Jesus tem outra abordagem ao se dirigir aos seus discípulos. Ele diz que abriria os olhos e os ouvidos de seus seguidores para entenderem a mensagem e os mistérios do reino. Esse é o ponto de diferença entre os discípulos e a multidão. Isto é, a multidão ouve as parábolas de Jesus, se fascinam com sua sabedoria, seus sinais e milagres, mas continuam sem entender. Já os discípulos de Cristo ouvem e entendem. Entendem não por que são mais sábios e inteligentes (os primeiros discípulos eram indoutos e pessoas bem simples), mas porque eles se achegavam ao Mestre para que seus olhos e ouvidos fossem abertos.
“E não lhes ensinava [às multidões] sem usar parábolas, mas explicava tudo a seus discípulos em particular” (Mc 4:34).
A melhor forma de começarmos a entender as parábolas, os mistérios do reino, e toda a Palavra de Deus é nos achegando a Cristo com uma oração: “Abre meus olhos, meus ouvidos e cure meu coração para receber tua palavra.” É a dependência dEle que é a porta de entrada para entender sua palavra.

Como entender o significado das parábolas?

Diante disso, como podemos interpretar hoje as parábolas que Jesus contou há tantos anos atrás? Eis algumas sugestões:
– Seja humilde diante de Deus. As parábolas são a Palavra de Deus, portanto se achegue a elas com oração, temor e dependência do Espírito Santo;
– Seja humilde diante do povo de Deus. A igreja é o povo de Deus espalhado por todas as nações em todas as eras. Antes de nós, muitos cristãos mais piedosos (e também mais inteligentes) estudaram as parábolas. Eles cometeram acertos e erros que ao decorrer dos séculos foram se aperfeiçoando na maneira de interpretação. É completa
arrogância nossa, achar que podemos, por nós mesmos, chegar a entender tudo. O cristianismo é uma fé coletiva e não individualista;
– Preste atenção nas explicações do próprio Jesus. Em muitas parábolas o próprio Jesus traz a interpretação e a explicação aos seus discípulos;
– Não hesite em consultar comentários bíblicos. A não ser que você seja algum erudito em grego e hebraico, pode ser uma boa ideia consultar boas bibliografias elaboradas por cristãos que dedicaram alguns anos de suas vidas estudando esses textos;
– Gaste tempo nas aplicações coloque-as em prática.
A Bíblia deve ser entendida para ser obedecida. Lembre-se que na própria parábola do semeador (Mt 13) a boa semente está relacionada com aquele que ouve e as põe em prática.

Sem medo de meditar

Meditação é uma palavra que tem levado as pessoas a imaginarem algo complexo. Meditar parece estar além do alcance delas porém, de fato não está e eu quero mostrar como.

Não é preciso ser um monge cristão nem horas dedicadas ao monastério mas, é preciso de fato, de algumas coisas. Eu diria que um coração desejoso pela verdade, que não teme em ser confrontado e disponível a obedecer já seria um bom começo para que os primeiros obstáculos sejam removidos.

A palavra meditação está relacionada ao ruminar de algo. Os animais que ruminam seu alimento precisam mastigar de forma intensa e constante para que eles consigam absorver os nutrientes daquele alimento. Além disso, o significado de meditação para o judeu é o de refletir, ponderar, imaginar, e ainda, falar consigo mesmo em voz alta. Grande parte das vezes em que meditar aparece nas Escrituras está relacionado com o meditar da Lei e das promessas de Deus.

“Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nela está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido.” (Josué 1:8)

Portanto, aqui vão 5 dicas simples e práticas para meditação nas Escrituras.

5 dicas/ferramentas para meditação bíblica

  1. Medite em uma única sentença. Não precisa ser um versículo inteiro. Você pode pensar e ruminar todo o seu dia sobre uma única sentença e assim experimentar a profundidade dela. Exemplo: experimente meditar a semana toda em “O Senhor é o meu pastor” (Sl 23)
  2. Medite dia e noite. Tente trazer sempre ao seu pensamento aquela sentença de modo que ela faça parte do seu dia-a-dia. É para ser natural. Exemplo: pense sobre ela escovando os dentes, tomando café da manhã, no ônibus ou até mesmo conversando com alguém no trabalho.
  3. Faça perguntas. Seja honesto e procure ter um coração corajoso que deseja aprender. Faça perguntas ao versículo. Faça perguntas a Deus. Faça perguntas aos seus amigos. Exemplo: “O Senhor é o meu pastor.” Quem é o Senhor? O que um pastor faz? Se ele é o meu pastor o que eu sou diante dele?
  4. Registre. Grande parte das coisas que passam por nossa mente são facilmente esquecidas. Quando as escrevemos a chance de algo permanecer por mais tempo na nossa cabeça aumenta exponencialmente. Portanto tente escrever os pensamentos que vem a você sobre o versículo. Exemplo: escreva num papel, num caderninho, no bloco de notas do seu smartphone, no seu computador.
  5. Ore a Bíblia. Você pode agradecer, pedir ou simplesmente declarar seu versículo em oração. Quando você ora as Escrituras você ora conforme a vontade de Deus usando a linguagem de Deus. Exemplo: “Senhor, guia-me no meu trabalho pois você é o meu pastor”; “Senhor, obrigado porque você é o meu pastor e você me satisfaz.”

Não despreze os pequenos começos

Pode parecer pequeno e relativamente fácil mas essas simples ferramentas são poderosas quando realizadas por alguém que tem fome de Deus. O desafio da meditação é fazer com que as verdades que o teu intelecto processa desçam para o seu coração. E assim se torna mais natural ouvirmos a voz dAquele que tem as palavras de vida.

“Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria.” (Salmo 51:6)

Por que devo ler a Bíblia? Se você já foi honesto consigo mesmo eu aposto que esse tipo de pergunta já lhe passou pela cabeça. Quer dizer, é possível amar a Deus sem ler a Bíblia? Ou mesmo que eu já a tenha lido toda, por que continuar lendo?! Sobre isso eu gostaria de dar três motivos para se envolver com a leitura bíblica.

Hábito de Leitura

A primeira coisa que eu queria falar não parece ser muito espiritual mas de fato é. Antes de mais nada, eu pessoalmente acho que as pessoas deveriam ler livros e sempre reler os melhores. Não é uma regra, mas se você parar pra pensar, poder ler e se conectar com o autor através de uma obra por si só já é algo extremamente incrível. Pense nas descrições que Moisés dá em Êxodo capítulo 19 sobre a Glória do Senhor no monte Sinai. Ler com o coração, no mínimo deveria nos “transportar” para aquele dramático espetáculo. Só o hábito da leitura mesclado com um coração desejoso em amar a Deus já é capaz de produzir alguns frutos.

A Palavra de Deus

Indo um pouco mais fundo e usando alguma lógica, eu preciso argumentar que devo ler a Bíblia simplesmente porque eu posso lê-la. Eu quero dizer, é um privilégio! Pense que o próprio Deus decidiu se comunicar a humanidade usando homens de várias épocas em vários estilos literários. Deus falou e se fez conhecido. Eu posso conhecê-Lo porque Ele falou e se revelou. Hoje eu vejo muitas pessoas acessando conteúdo de vários autores de livros, filmes e isso tudo é muito legal. Porém, se o Autor da criação também tem algo a dizer eu quero muito saber o que é!

Autoridade

Paulo falou da natureza das Escrituras ao seu amado discípulo Timóteo:

“Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra.” (2 Tm 3:16-17)

O cristão de fato, digo aquele que verdadeiramente crê, é o único homem que consegue desfrutar do propósito das Escrituras. Em certo ponto, qualquer um pode ler muitas vezes a Bíblia. Em certa medida, qualquer um até mesmo pode levar em consideração que Deus tenha falado através dela. Porém, o cristão vai além. Ele toma as Escrituras como autoridade sobre todos os aspectos da sua vida: seja a sua moral, ética, seu cotidiano, etc. “As escrituras são os óculos que nos permitem ver e focalizar coisas, e sem os quais tudo será confuso.”  João Calvino

Eu poderia enumerar várias outras motivações, mas todas elas se concentram na verdade de que você nasceu para conhecer o Deus das Escrituras. Ele está querendo comunicar algo pra esse tempo, mas também está comprometido em forjar raízes profundas no seu coração. Lembre-se: as maiores árvores têm raízes mais profundas.

“Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!” (Sl 1:2-3)

Eu olho para trás e fico impressionado com a minha ousadia e coragem quando criança. Eu, menino de seis-sete anos, confiante… Andando pela minha casa sem nenhuma preocupação e usufruindo de graça de coisas que meus pais conquistaram. Quando chegava meu aniversário os meus pedidos eram: aquele tal carro de controle remoto, ou aquela festa com tal tema, etc. Eu nunca fui um garoto que meus pais realizassem todas as vontades (essa normalmente é a função das avós). Mas eu sabia algumas coisas. Podia conversar e pedir coisas e eles iriam realmente me ouvir, ponderar e fazer o máximo para me atenderem. Eles se alegravam simplesmente por me presentearem. Eu realmente era importante e não sabia. Inesperadamente, o que eu falava movia o coração de dois adultos.

Decerto, sei que fui um garoto privilegiado por ter pais como os meus. Mas o que eu gostaria de frisar é: mais do que o privilégio de se ter pais amáveis, nós temos um Pai que é Amor.

“Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” Mateus 7:9-11

Jesus quando ensina a orar. Nos diz que estamos falando com um Pai celestial que é melhor do que o melhor pai que esse mundo pode conhecer. O interessante é que Jesus divide conosco a paternidade do Pai que está nos céus. Ele como Filho revela o Pai.

Desfrutando da paternidade

Hoje eu observo que dois fatores me davam um comportamento corajoso de desfrutar do que eu recebia dos meus pais. Primeiro era a paternidade deles. Sabe o desejo, o afeto, o zelo e amor que pais tem pelos filhos?! Aquilo gerava em mim o segundo fator, a minha identidade de filho. Pra mim ser filho não era bom ou gratificante. Porque “eu calculei os pontos negativos e positivos da nossa relação e vi que eu iria lucrar”. Pra mim o sentimento era de que eu nasci para aquilo. Eu não aprendi tudo (muitas vezes fui rebelde). Mas eu sabia que eu nasci para ser o filho dos meus pais e isso me dava confiança diante deles e do mundo a minha volta.

“eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.” Jo 17:23

A impacto que essas palavras trouxeram sobre mim, desde a primeira vez que li, reverberam eternamente em meu coração. Jesus no seu momento íntimo com o Pai disse que o Pai me amava do mesmo jeito que o Pai ama ao próprio Jesus. Essa é a verdade: Deus Pai te ama na mesma proporção que Deus Pai ama Deus Filho. Esse é o desejo dele.

deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus. Jo 1:12b,13

Ele nos ama como ama à Jesus

Deus Pai te ama na mesma medida e proporção que ele ama Jesus e foi sua vontade te tornar filho legítimo Dele. Essas verdades estavam completamente em chamas no coração do escritor de Hebreus quando ele diz

…temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo. Hb 10:19,20

Temos uma voz diante de Deus Pai

Assim, nós podemos entrar confiadamente diante do Pai e nos posicionar com convicção de que nós temos uma voz nos céus. Nós temos uma voz diante de Deus Pai, ele nos ouve e nos responde! Por certo, isso é poderoso. Surpreendentemente, Ele pagou um preço por essa realidade que ele desejou dar aos seus Filhos.

Quanto mais os anos passam, mais eu caio na realidade de que o que Deus espera de mim é que eu simplesmente seja o seu filho. É que eu me comporte como filho, em relacionamento, em amor, em sinceridade. Isso é o que ele espera de nós. Essa parceria e amizade tem o poder de trazer os céus na terra. Tem o poder de fazer o amor por Ele e pelo próximo crescerem. Assim, nada é impossível para o nosso Pai que está nos céus e para aqueles que tem uma voz diante dele.

Nos dias de hoje é notório as discussões sobre o que é moral, ético e correto. A relativização da verdade e de um padrão de conduta humana têm caotizado a sociedade. Sem falar no bombardeamento de ideais que nem sabemos ao certo de onde procedem. Estamos em meio a uma guerra pela verdade, uma batalha pelo que é justo e reto.

O Salmo 1 é uma porção das escrituras que lida com condutas verdadeiras e também mostra o que é tendencioso a destruição. Ele divide e separa claramente dois modos distintos de se viver, focando no contraste de dois extremos (a vida do justo e a vida do ímpio). E destacando a atenção que o justo dá as escrituras.

Basicamente, nós podemos definir o justo como aquele que pratica a justiça vivendo piedosamente diante de Deus. Enquanto que o ímpio se refere a alguém que vive longe e isolado de Deus; alguém que nega a Sua verdade e justiça. Ao ler o salmo 1 nós temos a impressão de que o salmista está passeando refletindo sobre uma conduta. Quando de repente ele dá um salto até o outro extremo e volta a passear e a refletir sobre a vida deste.

O bem-aventura

“Como é feliz aquele… (Bem-aventurado o homem; JFA)” – Sl 1:1

O salmo começa com uma bem-aventurança. Uma bem-aventurança é uma posição de coração que ao ser tomada pode se desfrutar de comunhão com Deus em alegria e prazer. As escrituras estão cheias dessa expressão e basicamente ela define uma perspectiva de felicidade do ponto de vista de Deus. Se alguém é um bem-aventurado, essa pessoa experimenta de verdadeira felicidade. Lembrando que uma bem-aventurança aponta para uma posição de coração e não apenas uma conduta superficial de “comportamento externo” sem um “compromisso interno”.

O círculo de influência dos ímpios

“…aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!” – Sl 1:1

O versículo 1 relaciona o bem-aventurado àquele que não se identifica com qualquer influência ímpia. Existe felicidade e alegria disponíveis em não compactuar com o pecado, a impiedade e o escárnio.

Nos chama atenção também como é abordado os meios pelos quais interagimos com o exterior através dos ouvidos, olhos e boca. É preciso estar atento aos nossos:

  1. Ouvidos: “Seguir o conselho dos ímpios”; Dar ouvidos abrindo o coração para uma instrução com motivação ou conteúdo ímpio. (Pv 17:4)
  2. Olhos: “Imitar a conduta dos pecadores”; Reproduzir a maneira ímpia e insensata de lidar com as coisas, com as pessoas e com a vida. (Sl 101:3; Sl 119:37)
  3. Boca: “Se assentar na roda dos zombadores”; Acomodar-se no meio de pessoas que escarneiam, que usam a boca para menosprezar e difamar. Lembre-se, não é o que entra pela boca que nos torna impuros, mas o que sai por ela (Mt 15:11,17,18)

O padrão de felicidade na perspectiva de Deus se conecta com o princípio de não ser influenciado por aqueles que vivem distantes de Deus. É necessário um modo de vida diferente.

Odiando o pecado; amando o pecador

Muitas das vezes nos evangelhos encontramos Jesus em meio a essas pessoas descritas no versículo 1. Elas eram julgadas como pecadoras: publicanos, prostitutas, não judeus, etc. Em Lucas 5:30 vemos Jesus e seus discípulos sendo questionados por fariseus: “Por que vocês comem e bebem com publicanos e ‘pecadores’?” A resposta de Jesus é cheia da sabedoria que estende graça ao ímpio: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes.”

O ensino de Jesus demonstra um coração que deseja alcançar com justiça os que vivem em meio a iniquidade. Lembre-se: Ele ama a justiça e odeia iniquidade e por isso ele foi ungido com o óleo de alegria (Hb 1:9). Jesus sabe o que é ser um bem-aventurado. Ele diz: “Eu não estou em meio aos doentes para ser contaminado, eu estou no meio deles porque eu posso curá-los”. De maneira alguma ele estava se “misturando”. Ao contrário de ser influenciado pela iniquidade ele influenciava em justiça motivado por alcançar em graça os ímpios.

Ao mesmo tempo que somos chamados a não estar em conformidade com a impiedade também somos convocados a ser “sal e luz” (Mt 5:13-16). E a influenciar por meio da justiça este mundo. A verdade que carregamos nos dá autoridade para sermos uma voz (às vezes até mesmo sem palavras) em nossos círculos de pessoas de rotina. Se essa verdade em nós é fundamentada na Palavra de Deus, então contamos com autoridade eterna diante dos desafios deste século.

Prazer pelas escrituras

“Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.” – Sl 1:2

Voltar o coração para aprender das escrituras deveria trazer contentamento a alma. Sempre levo uma frase comigo: “A Bíblia não é chata, eu sou chato.” O prazer pelas escrituras começa quando conseguimos enxergar que ela é viva. Como se a medida que a lemos percebemos que ela também está nos lendo. A medida que temos coisas a dizer sobre ela conseguimos ouvir que ela tem coisas a dizer sobre nós. É uma interação viva. Isso é meditar nas escrituras. Meditar não é pensar exaustivamente sobre conceitos e idéias. Isso se parece mais com filosofar, mas o meditar está relacionado a ser aberto ao que aquelas palavras provocam em você.

A meditação nas Escrituras permitem que os ensinamentos de Deus alcancem a profundidade do nosso ser e isso traz deleite. O homem que “medita na lei do Senhor” encontra valor nas escrituras e estas lhe satisfazem além do conhecimento intelectual. Ele literalmente extrai dos ensinamentos escritos por Deus verdadeira vida.

O termo “medita de dia e de noite” é literalmente viver ruminando as escrituras independente do horário e da circunstância. Muitas das vezes, nos momentos de maiores pressões é que experimentamos o poder da palavra sendo liberado. É quando não conseguimos produzir nada por nossa força que então nos damos conta que ela simplesmente “é viva e eficaz”.

A árvore

“É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!” – Sl 1:3

Sobretudo, eu gosto de parafrasear esse verso da seguinte maneira: “É como alguém que permanece num lugar onde extrai abundantemente conhecimento que traz vida. Frutificando na estação devida, não definhando espiritualmente e se desenvolvendo em tudo.” Em suma, o homem que medita nas escrituras é comparado a uma árvore que escolheu um bom lugar para estender suas raízes. Ele deposita energia no sentido de inclinar o coração a voltar-se para as escrituras. De maneira que consegue absorver vida assim como árvore absorve nutrientes e frutifica.

Portanto, nós podemos fazer uma conexão do versículo 3 e suas verdades com os mandamentos de Jesus em João 15 sobre permanecer na videira verdadeira. Sem dúvida, meditar na Palavra é permanecer em Jesus; é permanecer na Palavra viva, naquele que é o Verbo em carne.

 

Há um tempo atrás eu estava pensando sobre alguns tópicos de coaching como otimização de tempo e produtividade e, meditando nas Escrituras pude perceber uma verdade. O homem foi feito para ser produtivo.

Sabe aquela sensação de estar desperdiçando seu tempo em algo que não vale a pena? E que tal aquele sentimento de não estar conseguindo dar os frutos desejados? Eu sei, é horrível! E nos sentimos mal exatamente porque o próprio Criador nos fez com um propósito produtivo. Ele disse: “Sejam férteis, multipliquem-se, encham, subjuguem a terra, dominem sobre os demais seres da terra.” (Gn 1:28) E o que dizer do chamado para cultivar e guardar um solo numa terra onde o próprio Deus descia e falava ao homem (Gn 2:15)?! Sem dúvidas, você foi criado e abençoado por Ele para trabalhar, ser produtivo e frutificar nele.

Frutos maiores virão

No entanto, em João 15 Jesus declarou ser a videira verdadeira. Aquele em quem nós, seus discípulos, devemos permanecer. E que assim como um ramo é podado para frutificar, esses processos seriam naturais em nossas vidas. É importante entender que passamos por estações e processos de Deus em nossas vidas. Paciência e confiança em Deus são essências para atravessar essas estações.

1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. ​2 Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. (Jo 15:1-2)

O processo de podar e limpar o galho é bem comum na agricultura. Na verdade, o agricultor vê o potencial do ramo e o poda para elevar o seu potencial de frutificar. Os processos de Deus em nossas vidas sempre sinalizam que chegará um tempo onde frutos maiores virão! 

7 ​Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR. ​8 Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto. (Jr 17:7-8)

A árvore de Jeremias 17:7-8 não fica ansiosa com as estações e as circunstâncias. Pois ela confia e tem sua esperança no Senhor.

Devemos permanecer na videira

9 Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. (Jo 15:9)

O próprio Jesus nos convida a permanecer no mesmo amor com que o Pai o amaO amor é a chave dos frutosVerdadeiros frutos são dados em amor. Frutos que glorificam o Pai e que permanecem. É um amor que nos atinge todos os dias e está ativo agora mesmo em nossas vidas. Precisamos conhecê-lo, digo, precisamos de fato viver sob a realidade do amor de um Deus que é Amor (1Jo 4:8).

17 … e oro para que vocês, arraigados e alicerçados em amor, 18 possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, 19 e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. (Ef 3:17-19)

E assim é que eu acredito que, nutridos pelo grande amor com que Ele nos amou e tem nos amado, nunca será tão deleitoso frutificar e ser produtivo. Pois fomos criados para sermos homens e mulheres produtivos.