A prática do Jejum
O jejum tem sido praticado ao longo da história do evangelho. Em muitas épocas e situações distintas podemos observar personagens e líderes se levantando para convocar o povo de Deus a jejuar e orar, demonstrando assim, total dependência do Senhor. Não sei qual é a sua referência bíblica preferida quando se trata da prática do jejum, mas neste devocional, quero refletir a respeito de alguns homens que podem nos ensinar sobre essa disciplina espiritual.
Esdras e o jejum de uma comunidade
Esdras retornou a Jerusalém após um longo período de exílio do povo de Deus. Era preciso restaurar a nação e isso não se limitava a uns poucos escolhidos. Muitos seriam os perigos enfrentados no decorrer do caminho e ele sabia muito bem dessa realidade.
Quando Artaxerxes o enviou de volta para Jerusalém, o escriba sentiu vergonha de pedir um exército para protegê-los, pois tinha dito ao rei que a boa mão do Senhor os guardaria. Porém, diante de tudo o que podia lhes acontecer, de todos os perigos e tragédias, do medo e das inseguranças, vemos Esdras conduzindo o povo por um caminho de confiança e total dependência a Deus. Um caminho de humildade e reconhecimento de que a proteção de Deus é melhor que a proteção dos homens.
“Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso. Porque tive vergonha de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, contra todos os que o abandonam. Nós, pois, jejuamos e pedimos isto ao nosso Deus, e ele nos atendeu”. Esdras 8:21-23
E você sabe o que aconteceu durante a travessia? Deus ouviu o clamor do seu povo e respondeu aquele jejum com proteção e tudo mais que eles precisavam. E essa história não é diferente do que o Senhor quer e pode fazer por nós.
Libertação que se iniciou com Jejum
História semelhante ocorreu com Neemias que também era um refugiado, um copeiro do rei dos Persas. Quando seu irmão veio visitá-lo, ele ouviu sobre a condição lamentável de sua nação:
“veio Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então, lhes perguntei pelos judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de Jerusalém”. Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derrubados, e as suas portas, queimadas”. Neemias 1.2-3
Aquela notícia foi terrível para o coração de Neemias, ele se assentou, chorou, lamentou e jejuou. Você consegue imaginar tal realidade em nossos dias? Nos momentos em que formos pegos pelas más notícias ao assistirmos os jornais ou vemos a internet? As tragédias assolam a humanidade, a cidade onde moramos e até mesmo os vizinhos ao redor. Lamentamos, às vezes choramos, mas até que ponto nos compadecemos de forma a “perder” a fome para buscarmos a Deus. Pode ser difícil perder a fome, mas podemos jejuar voluntariamente se nosso coração se quebrantar no Senhor.
Ao lermos a oração de Neemias no capítulo 1 de seu livro, mais uma vez somos tomados por um exemplo de confissão de pecados, humilhação e dependência de Deus. Esse é um dos propósitos do jejum: tornar nosso coração terno para com Jesus. Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde (Tiago 4.6).
Quando uma comunidade se reúne para orar e jejuar
Atualmente não resido em Florianópolis e uma das coisas que mais sinto falta é de poder jejuar em comunidade como na fhop. Jejuar traz desafios, e fazer esse propósito como comunidade local é extremamente poderoso, tanto no coletivo como individualmente.
Hernandes Dias Lopes afirma que: “Jejuar é se abster de algo legítimo, bom, para apropriar-se de algo melhor. Se abster do alimento do corpo para buscar comunhão com Deus.”
Quando os recursos humanos se esgotam é o momento providencial para voltarmos a Deus em oração e jejum, pois a ajuda de Deus é mais poderosa que a ajuda de homens fortes.
Lembre-se que o próprio Jesus só começou seu ministério após ser batizado e passar por um longo período de 40 dias de jejum. Isso foi o que ele mostrou como a preparação para o seu lançamento como líder e salvador dos homens.