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Sobre o autor

Marina Cases

Natural de Brasília, Marina serve a FHOP como missionária em tempo integral há um pouco mais de 1 ano. É tradutora por formação e ama estudar teologia, literatura e outros idiomas. Foi atraída ao lugar de intercessão e, desde então, vive para colaborar com o que Deus deseja fazer nas nações.

Continuando nossa homenagem às grandes mulheres da história da Igreja, hoje vamos falar de Catarina de Bora (ou Katharina von Bora). Ela nos inspira com uma vida de doação à causa da Reforma Protestante, ao lado de seu marido Lutero. Surpreendentemente, Catarina não foi uma grande pregadora ou teóloga, nem escreveu sermões notórios ou grandes livros. Entretanto, a sua vida deixou muitas marcas naqueles que tiveram o privilégio de conhecê-la. Além disso, segundo a historiadora Ruth Tucker, ela é a figura mais importante da Reforma Protestante depois de Lutero. Veja bem, a sua vida extraordinária é grandiosa demais para apenas um post. Por isso, vamos nos ater às principais coisas que fazem de Catarina uma mulher inspiradora e admirável.

 

A Reforma Protestante

Em 1517, o monge católico Martinho Lutero marcou o início da Reforma Protestante ao pregar as suas 95 teses refutando os ensinamentos e práticas da Igreja Católica. A partir daquele dia, Lutero liderou muitos com seus sermões e influenciou toda a Europa com suas teses.

Enquanto isso, em um convento no interior da Alemanha, algumas freiras, clandestinamente, leram os escritos de Lutero de dentro do convento. Catarina era uma delas, uma jovem de 18 anos, freira beneditina desde os 16. Ela se encontrou nas explicações de Lutero sobre a justificação pela fé. A partir daquele momento, ela e um grupo de outras onze freiras tiveram convicção de que a vida do convento não era mais para elas. Suas famílias não viram a ideia com bons olhos e não permitiram a saída das moças. Eventualmente, movido pelas cartas das freiras, Lutero e outros reformadores se juntaram para tirá-las do convento.

 

Catarina de Bora foge do convento

Catarina, agora com 19 anos, e as outras onze freiras conseguiram fugir entre os barris de peixes de uma carruagem com a ajuda do amigo de Lutero, Lucas Cranach. Chegando à Wittenberg, Lutero as ajudou a encontrar moradias, empregos e maridos. Anos depois, todas já estavam acomodadas ou arranjadas de alguma forma, menos Catarina. Em Wittenberg, Lutero chegou a apresentá-la a dois pretendentes, um estudante e outro pastor. Infelizmente, o pai do estudante não aprovou a união, e quanto ao pastor, a própria Catarina não demonstrou interesse. 

Apesar da relutância de Catarina de se casar com alguém, e do próprio Lutero de cortejar Catarina, eles se casam em 1525. Segundo historiadores, o casamento não foi necessariamente um caso de romance arrebatador, mas a escolha de duas pessoas que se estimavam muito. Na verdade, foi até controverso na época, pois Lutero era uma figura pública e os dois eram ex-celibatários, sem contar a diferença de idade (Lutero, 42 e Catarina, 26).

 

A vida de Catarina de Bora e Lutero

Em seu casamento, Catarina entendia a importância do trabalho de Lutero e fez de tudo para que ele pudesse se dedicar exclusivamente aos seus estudos e sermões. Os dois prezavam pela família como a maior expressão da Criação e das Escrituras. Para os dois, os valores familiares eram o centro da Reforma.

Eles tiveram ao todo 6 filhos e sua casa (no Mosteiro Negro, antigo convento de monges de Wittenberg) vivia cheia de visitas.  Eles faziam questão de receber e acomodar amigos, família e estranhos em necessidade. Você já pode imaginar como a rotina de Catarina era puxada. Além de cuidar do seu lar, da criação de seus filhos, e hospedar qualquer pessoa que estivesse precisando, ela era uma grande administradora.

Catarina era responsável por cuidar do Mosteiro, das plantações e do gado. Além disso, ela também era conhecida por ser uma ótima cervejeira. Sua habilidade de lidar com ervas medicinais, aprendida no convento, fazia dela uma ótima enfermeira também. Ela era visionária, tendo a ideia de comprar terrenos, gerenciar fazendas e expandir o espaço para um negócio de hotelaria. Sua rotina incansável mostra o quanto Catarina era diligente e excelente em tudo que fazia.

 

Uma mulher que conheceu o sofrimento

Fora os assuntos da vida prática, Catarina também precisou lidar com a perda de duas filhas: uma recém-nascida e uma com 13 anos. Do mesmo modo, também precisou auxiliar o marido em seus anos obscuros. Nos primeiros anos de casado, Lutero estava deprimido e abatido. Diante disso, Catarina era a sua maior encorajadora e auxiliadora.

Não há registros de um interesse por parte de Catarina em se debruçar nos estudos teológicos. Porém, diante dos fatos de sua vida, podemos imaginar que ela deveria batalhar com a ansiedade dos afazeres e ocupações e o peso da responsabilidade de ser a “primeira-dama” da Reforma e administradora financeira do seu lar. Ainda assim, demonstrava ser corajosa e muito forte. Inclusive, o próprio Lutero se inspirava nela para continuar o que iniciou. Sua força é realmente admirável, porque depois da morte de Lutero Catarina precisou batalhar na justiça para ter direito a tudo o que construiu com seu marido. Infelizmente, naquela época, a viúva não podia ser responsável pela administração dos bens do marido.

 

O legado de Catarina

Mesmo não tendo nenhum registro teológico da sua parte, podemos perceber que o coração de Catarina era devoto. Não só a Lutero e à causa, mas primeiramente a Jesus Cristo. Além disso, em sua vida vemos a verdadeira expressão da mulher de Provérbios 31. Ou seja, ela entendeu a missão que lhe foi proposta e o que seria preciso fazer para viabilizar isso. Diante das circunstâncias, ela fez tudo o que estava ao seu alcance para permitir que Lutero exercesse a sua vocação, para que a sua família tivesse uma vida digna e para abençoar generosamente todos os que batiam à sua porta.

Por fim, a vida de Catarina de Bora nos constrange a sermos diligentes com aquilo que o Senhor depositou em nossas mãos. Perceba que sua fonte de vida não era seu marido, seu casamento ou seus negócios, mas a fé que ela tinha em Jesus Cristo. A mesma fé que a arrebatou no convento e a fez largar tudo para se dedicar à causa da Reforma Protestante. Com certeza, sem a sua Catarina não teria a força, o vigor e a coragem que tinha para sustentar uma vida tão atarefada.

Sem escrever nenhum tratado teológico, Catarina de Bora contribuiu para a Reforma ao testemunhar Jesus na forma em que conduzia seu casamento, sua família e seus negócios. De fato, podemos aprender com ela que é possível glorificar a Cristo mesmo em meio à uma vida privada, atarefada e familiar.

 

fonte: http://www.mulherespiedosas.com.br/mulheres-piedosas-da-historia-katharina-von-bora-por-layse-anglada/

 

No capítulo 3 do livro de Tiago, encontramos uma profunda reflexão sobre a relação entre o homem e as suas palavras – seu poder e seus efeitos. Na minha opinião, é um dos capítulos mais confrontantes da Bíblia, porque apóstolo toca em um ponto fraco da nossa humanidade caída. Quantas vezes ferimos pessoas com nossas palavras ou fomos feridos por elas? De fato, Tiago mesmo diz que todos tropeçamos em nosso falar, a não ser Jesus, que é perfeito. 

Jesus nos ensinou que a boca fala do que o coração está cheio (Mt 12:34). Por isso, as palavras que saem de nós são tão poderosas. Elas evidenciam o que carregamos em nosso interior, tanto o bom quanto o ruim. Além disso, nosso falar pode comandar toda nossa vida. Nossa fala não é necessariamente mais importante que nossas atitudes, porém é um desafio ser íntegro o bastante para que vivamos de acordo com o que falamos.

 

Contradição humana

Em Salmos 19:14, o salmista declara: “que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti”. Ou seja, aquilo que cultivamos em nosso coração, sobre o que meditamos e do que nos alimentamos, eventualmente será expressado em nossas palavras. Isso é bom, porque o Senhor pode receber dos nossos lábios canções, declarações e palavras de amor genuíno. Porém, isso exige de nós uma constante vigilância do que estamos cultivando em nosso coração.

No versículo 9, Tiago denuncia nossa constante contradição: “Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. Como podemos então fugir desse contraste? Tiago nos aponta para a sabedoria que vem de Deus. Naturalmente, não conseguimos proferir boas palavras, mas Jesus nos conduz em toda a verdade e sabedoria para que possamos viver Salmos 19:14.

 

Sabedoria do alto

Precisamos nos encher da Palavra, da fonte de toda a sabedoria, para que do nosso interior fluam rios de vida e não de morte. Dessa forma, falaremos com a sabedoria de Deus: pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia (Tg 3:17). Jesus falava de um coração cheio da sabedoria que vem do alto, pois ele tinha um diálogo constante com o Pai. Além disso, seu alimento era a Palavra e Ele falava apenas a verdade.

Podemos considerar impossível não proferir nenhuma palavra torpe ou não tropeçar em nosso falar. Porém, Tiago nos aponta um caminho para buscarmos a integridade e a sabedoria. Isto é, se nos enchermos da Palavra e meditarmos nela, e se tivermos uma vida de oração constante, a probabilidade de agradarmos ao Senhor em nosso coração e nossas palavras é bem maior. Assim, estaremos cheios do coração do Pai sobre nós e sobre as pessoas. Ou seja, dificilmente teremos prazer em usar nossas palavras para destruir, amaldiçoar, desonrar e zombar do nosso próximo. Pelo contrário, iremos usar nossas palavras para agradar ao Senhor em nossas conversas, orações, pregações, canções, ensinos e conselhos.

 

Compromisso com a verdade

Jesus é o modelo de um homem perfeito que não tropeçou em suas palavras. Ele tinha compromisso com a verdade e falava apenas aquilo que ouvia de seu Pai. Quando se trata da nossa língua, podemos ser radicais em buscar as palavras do Pai sobre nossas vidas e as vidas daqueles que nos cercam. Nosso próximo foi feito à imagem de Deus e é digno de ser tratado como Jesus o trataria. Que nosso coração esteja inclinado a agradar ao Senhor com nossas palavras e, consequentemente, com atitudes que refletem nossas falas e o que está em nosso coração.

Há um salmo para o qual eu sempre volto em momentos de insegurança e medo, o salmo 121. Em algumas Bíblias ele vem classificado como “ o cântico de peregrinação”, e de acordo com Gordon Fee a Douglas Stuart, este salmo está na categoria de cântico de confiança. Não é de se surpreender, já que dentre os vários tipos de salmo que encontramos no saltério, este nos ajuda a expressar nossa dependência e confiança em Deus, mesmo em meio às circunstâncias adversas.

“1 Elevo meus olhos para os montes; de onde vem o meu socorro?

2 Meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.”

 

No primeiro versículo, o autor do salmo apresenta a situação em que ele e o povo se encontram: diante de obstáculos aparentemente intransponíveis (os montes). Porém, logo em seguida, ele já apresenta quem resolverá este problema: o próprio criador dos céus e da terra. Não somente isso, mas nos versículos seguintes, o autor apresenta este Criador como sendo o guarda de Israel e o SENHOR. 

“3 Ele não permitirá que teus pés vacilem; aquele que te guarda não se descuida

4 É certo que o guarda de Israel não se descuidará nem dormirá”

Primeira característica desse guarda:

Seus olhos estão sempre sobre nós. Ou seja, o Senhor está atento aos nossos caminhos, e sempre cuida de nós em todos os momentos ao longo da nossa jornada de peregrinação nesta terra.

 

“5 O Senhor é quem te guarda; o Senhor é tua sombra ao teu lado direito.

6 O sol não te prejudicará de dia, nem a luz de noite”

A segunda característica desse guarda:

Ele está ao nosso lado. Ele trilha a nossa caminhada conosco, tão perto ao ponto de nos proteger com a sua sombra. Quem tem o próprio Senhor como o seu protetor não tem o que temer, pois sabe que pode descansar à sombra de suas asas (Salmos 91).

 

“7 O Senhor te protegerá de todo o mal; ele protegerá a sua vida.

8 O Senhor protegerá a tua saída e a tua entrada desde agora e para sempre”

 

A terceira característica desse guarda:

Ele protege nossa vida. Não importa os perigos que o peregrino encontre em sua jornada, ele sabe que pode contar com a proteção daquele que tem todo o poder. Por isso, não precisamos temer ao entrar em situações desconhecidas, ou quando somos enviados a desbravar algo novo.

Meditar no salmo 121 sempre me ajuda em momentos em que os problemas parecem impossíveis de serem resolvidos. Ou seja, naqueles momentos em que chegamos ao fim de nós mesmos e admitimos que só o Criador dos céus e da terra pode nos socorrer. Esses versos me ajudam a lembrar a quem estou clamando por ajuda. Não é qualquer um que poderá me ajudar, mas o Criador, Senhor, guarda de Israel, vigia, companheiro e protetor. 

Assim, como esse salmo me traz paz e me faz crescer em confiança no Senhor, espero que você encontre conforto nessas palavras e renove sua confiança Naquele que nunca nos abandona. Seja qual for a situação, ao olhar para os montes, lembre-se sempre de quem Ele é.

Versão utilizada: Almeida Século 21

Quando se fala da vida em missão, a primeira coisa que se passa pela nossa cabeça é a imagem pré-concebida do missionário transcultural que adentra um outro país, uma outra cultura e outra língua para ali, levar o evangelho. Realmente, essa era a minha visão antes do Senhor compartilhar ao meu coração o desejo de dedicar um tempo da minha vida em um treinamento missionário. Porém, desde então, minha visão foi completamente ampliada e muitas chaves foram viradas sobre essa imagem.

 

Entendendo o chamado à missão

Eu tinha acabado de me formar em Letras, e estava desbravando o mercado de trabalho. Paralelamente, estava em um processo de conversão, me aprofundando no conhecimento de Deus pela Palavra e na vida em comunidade. Depois de quatro anos sem orar e ler a Bíblia direito, estava completamente apaixonada por Jesus e não conseguia pensar ou falar de outra coisa.

Enquanto me capacitava e tentava, sem sucesso, encontrar trabalhos no mercado editorial, também pesquisava por escolas e treinamentos missionários que eu pudesse fazer nas férias ou algo parecido. Na mesma época, conheci o movimento de oração e o que a FHOP estava fazendo em Florianópolis. Além disso, foi quando conheci o Intensivo Fascinação.

 

Por trás das cortinas

Alguns anos depois, me inscrevi para a escola, que estava oferecendo vagas para bolsistas. Inclusive, uma das vagas era justamente para servir no departamento editorial da FHOP, com tradução, revisão e produção de texto. Eu pensava estar me inscrevendo para viver um tempo de treinamento missionário para o campo transcultural. Porém, o Senhor me mostrou que Ele usaria esse tempo para também afirmar minhas habilidades e me capacitar como profissional. Nesse período de Fascinação, o Senhor também me fez entender mais claramente o papel do intercessor na Grande Comissão e como tudo começa com a intercessão, principalmente em nossos próprios corações.

Hoje, já se se completaram quase dois anos que estou servindo como missionária em tempo integral. Tenho dividido meu tempo entre a sala de oração e o escritório do departamento. Durante esse período, aprendi que para a missão continuar, seja ela qual for, é preciso de pessoas nos bastidores. É preciso pessoas nos escritórios, fazendo ligações, mandando e-mails e fazendo reuniões. Há uma parte mais administrativa da missão que é necessária para que a base missionária funcione e, basicamente, exista. Todos esses trabalhos colaboram para a missão da mesma forma e eles tocam as pessoas e as nações, indiretamente. 

 

Todos podemos fazer parte da missão

Talvez você não se sinta chamado para estar desbravando outro continente, outra língua e plantando igrejas onde ainda não existem. Mas você pode colaborar com a missão do Senhor. Primeiramente, a partir de onde você já está e também com a sua profissão e as suas habilidades. Por exemplo, você pode ser aquele que irá ajudar uma base missionária a melhorar a sua logística, a se organizar financeiramente ou a divulgar os trabalhos feitos e captar recursos. Talvez, em estações diferentes de nossas vidas, seremos um ou o outro. O importante é saber que há outras possibilidades de fazer missão além daquela imagem pré-concebida. Dito isso, as possibilidades são muitas quando o desejo é servir. Afinal, a missão é feita daqueles que estão no campo, na linha de frente, e daqueles que estão na base, ajudando a preparar, capacitar e enviar. 

Quando pensamos em paciência podemos visualizar cenas típicas no nosso cotidiano que nos exigem o exercício desta virtude. Quem nunca precisou esperar longas horas em uma fila ou esperar um ônibus que nunca chega? Ou talvez a dificuldade não seja esperar por algo ou alguém, mas não ser rápido em responder de forma grosseira ou irada em uma discussão ou conversa. Ao observamos a origem da palavra usada por Paulo em sua carta aos gálatas (Gálatas 5:22), entendemos que há um ensinamento muito mais profundo.

A paciência e a ira

As associações rápidas que fazemos tem um motivo. A palavra paciência, cujo sinônimo (longanimidade) talvez trave algumas línguas, significa literalmente “longo ânimo”. Em suma, ela origina da mesma raiz da palavra ira, sendo o seu direto oposto nos textos bíblicos. Inclusive, ela se encontra alguns versículos para trás, quando Paulo menciona as obras da carne. 

A ira dos homens é aquele sentimento intenso e rompante – o que conhecemos como “pavio curto”. Assim, é o desejo por dar uma resposta à altura, ter sua honra ferida ou não sofrer os danos. A paciência é a virtude de suportar o sofrimento, a humilhação ou a desonra por um longo tempo. É ser tardio em irar-se e não retribuir imediatamente. É evidente que, como humanidade, nosso ânimo é finito e frágil. Dessa forma, paciência só pode ser gerada em nós por aquele que é eterno e infinitamente paciente.

Um atributo de Deus, visto em Jesus

Em Jesus temos o homem perfeito, que suportou todos os tipos de sofrimento até o fim. Mesmo sendo Deus, não se considerou igual a Deus e se humilhou. Foi desonrado pelo seu próprio povo para que se cumprisse os propósitos da sua primeira vinda. Mesmo se perguntando “até quando estarei com vocês e terei que suportá-los?” (Lucas 9:41), Jesus foi obediente e exerceu a paciência ao levar o plano de seu Pai até o fim.

Deus, ao se apresentar a Moisés, diz ser cheio de paciência (Êxodo 34:6) e continuou a demonstrá-la por toda a história do povo de Israel. Mesmo em meio à constante desobediência do seu povo, Deus foi fiel em todas as suas promessas. E assim Ele cumpriu cada uma delas e continua tendo paciência conosco para cumprir o seu plano até o fim (2 Pedro 3:9).

O paradoxo da paciência

A dificuldade que temos, como humanidade, de exercermos paciência uns para com os outros, reflete nossa ofensa contra o próprio atributo de Deus. Em síntese, é o paradoxo de pensar que sabemos mais do que o próprio Deus sobre quando e como Ele deve exercer a sua justiça.

Ainda que tenhamos sido salvos por esta mesma paciência, muitas vezes não a estendemos ao nosso irmão. Pior ainda, ficamos irados com Deus por fazê-lo. Nos ofendemos com a ideia de perdoar setenta vezes sete e termos de aguardar o juízo eterno de Deus. Ainda que seja justamente esta misericórdia, que se renova a cada manhã, a causa de não sermos consumidos. 

Quantas vezes agimos como Jonas, que mesmo experimentando da paciência de Deus para com a sua própria vida, se ira por Deus ter sido misericordioso com a cidade de Nínive? Assim, diante de sua queixa, Deus apenas responde: “Você acha que é razoável essa sua raiva?” (Jonas 4:1-4).

Com paciência esperamos

Que sejamos aqueles que serão encontrados esperando pacientemente a justiça perfeita do Senhor. Não nos distraindo com o mal presente nesta era, mas mantendo nossos olhos fixos na esperança. Alguns podem dizer que a espera é insuportável ou se perguntar “até quando?” e querer fazer justiça pelas próprias mãos. Mas o Espírito Santo nos capacita a perseverar e aguardar pacientemente a volta do nosso Senhor, sabendo que há uma data marcada para que Deus retribua toda a injustiça e cumpra a sua promessa.

E desejamos que cada um de vós mostre o mesmo esforço dedicado até o fim, para a completa certeza da esperança, para que não vos torneis indiferentes, mas sejais imitadores dos que herdam as promessas por meio da fé e da paciência.” (Hebreus 6:11-12)

 

Para continuar lendo a série sobre o fruto do Espírito, clique aqui.

Em toda a Bíblia vemos exemplos da Palavra sendo comparada a algo que preenche nosso interior. Para Jesus, a Palavra era seu alimento. Nos salmos era comparada com o mel, para o salmista é o seu prazer e deleite. Para Jeremias, gozo e alegria no coração e para os discípulos, era a vida eterna. Mesmo com tantos exemplos, é possível estarmos em um contexto no qual apelidamos nossa leitura bíblica devocional de “pão diário” e não levarmos a sério seu significado. Se a Palavra é nosso alimento diário, significa que temos que abri-la e lê-la como se nossa vida dependesse disso – e depende! Precisamos nos alimentar, ou então morreremos espiritualmente. 

Metas e planos de leitura

De fato, em meio a planos e metas de leitura bíblica, podemos cair em um lugar de desânimo. Se não organizamos bem nosso tempo, as circunstâncias podem facilmente nos roubar desse lugar de devoção. A leitura se torna um peso e uma obrigação ou uma tarefa a ser cumprida na longa lista de afazeres diários. Começamos a buscar várias maneiras de nos manter instigados pela Palavra. Adotamos diferentes métodos e recorremos a fontes externas de ânimo para continuar em nosso propósito. 

Apesar de não ser errado se ater a planos de leitura bíblica (inclusive, é altamente recomendável), o que nos motivará a ler a Bíblia diariamente não será nossa força de vontade. O que nos mantém fiéis ao nosso compromisso de leitura – porque é um compromisso sério – é saber o porquê a leitura da Palavra é importante para nós como cristãos e discípulos de Cristo. 

Não é apenas um livro

A Bíblia é mais do que o livro sagrado do cristianismo, é a fonte do conhecimento daquele que é a nossa esperança. Na carta aos Romanos, Paulo nos revela algo impressionante sobre a Palavra: ao lermos as Escrituras não somente obtemos informações ou adquirimos conhecimento sobre algum assunto, mas estamos nos alimentando de ânimo, perseverança e esperança (Rm 15:4). 

Pode parecer estranho dizer que livros como Crônicas ou Números podem proporcionar esperança. A questão é que toda a Bíblia se trata de uma narrativa, na qual um livro complementa o outro, criando uma linha de raciocínio que aponta para Jesus. Não são apenas histórias para conhecermos ou sabermos de cor, mas são Palavras que nos orientam no caminho da justiça e retidão. 

 

Fonte de esperança

Em João 1, a Palavra é uma pessoa: a pessoa de Jesus. Ele é o Verbo que estava desde o princípio com Deus. Ele é aquele que era, é e há de vir. Essa é a nossa esperança e esse é o assunto da Bíblia. De Gênesis a Apocalipse, tudo o que foi escrito foi inspirado por Deus para nos fazer perseverar até que Ele volte, inclusive perseverar na leitura das próprias Escrituras.

“Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.”
Romanos 15:4

 

Fonte de vida

A Palavra é viva e eficaz em nos sondar e alinhar nosso interior ao dele (Hb 4:12). É mais do que um arrepio, mais do que um quentinho no coração, é o próprio Deus se fazendo acessível a todos. É o próprio Deus iluminando nosso conhecimento para termos revelação de quem Ele é (2 Co 4:6). O desafiador não é saber que á Bíblia é a Palavra de Deus e tem autoridade em nossas vidas – não temos dúvidas disso. Também não é possuir uma Bíblia ou ler um dia ou outro – temos fácil acesso às Escrituras no nosso país e todos gostamos de ler a Palavra. O desafiador é ler a Palavra em busca de vida; ler para viver. 

Quando nos posicionamos para ler a Palavra, precisamos ter em mente que não estamos apenas cumprindo uma meta de leitura. Estamos nos achegando à nossa fonte de vida. O ser humano se torna facilmente religioso quando se trata da sua relação com a Bíblia. Não é difícil para nós colocarmos a leitura bíblica como uma obrigação ou colocar a Bíblia num pedestal (literalmente). Entretanto, é difícil interagirmos ou nos relacionarmos com o Deus que inspirou a Palavra através da Sua Palavra.

 

Palavras que falam

A voz de Deus é audível nas Escrituras, pois o mesmo Deus que falou no passado fala aos nossos corações hoje, seja qual for nosso contexto. Temos que nos achegar às Escrituras com o entendimento e o desejo de sermos transformados pela palavra do nosso Deus. Ele é o nosso pastor e é fiel em nos guiar no caminho da justiça, mas para isso é preciso que reconheçamos a Sua voz.

Então, quando não tivermos ânimo para ler a Palavra, é justamente a ela que devemos recorrer, sabendo que precisamos dela para viver. Nesse lugar de disciplina, o Espírito Santo alcança nosso interior, renovando nossa mente e moldando nosso caráter à semelhança de Cristo. Quero te encorajar a perseverar na sua leitura bíblica, mesmo quando ela for mecânica. Deus nos encontra nesse lugar de devoção e somos transformados pela Sua Palavra – mesmo quando não percebemos de imediato. Que esse entendimento atravesse nossos corações e nos consuma de fome e amor pela Palavra.

“Se tua lei não fosse meu prazer, o sofrimento já teria me destruído. Jamais esquecerei dos teus preceitos, pois é por meio deles que preservas a minha vida”

Salmos 119:91-92

Eu não sei você, mas já me aconteceu de ler o antigo testamento e me sentir um tanto distante do Deus da ira que é retratado. Somos tão apresentados a imagem do Deus que é amor, que a ideia de que esse mesmo Deus também se ira não fazia sentido na minha cabeça.

Deus mudou?

Em busca de justificar tamanha ira derramada sobre o povo, é comum vermos sendo propagada a ideia de que existe um Deus antes de Jesus e outro Deus depois de Jesus. Mas, à medida que estudamos mais a fundo os atributos de Deus, passamos a entender a relação de interdependência. E principalmente, o fato de que esses atributos não mudam do antigo para o novo testamento.

“Os julgamentos que Deus libera sobre a terra contra aqueles que se opõem a Ele e oprimem Seu povo não acontecem porque Ele está eternamente zangado ou simplesmente porque Ele é mau(…). Ele fará o que for preciso para que não haja obstáculos para que Seu amor encha a terra (Hc 2:14), e para que Seu povo, o alvo de Sua afeição, receba esse amor em sua totalidade” – Mike Bickle,  no livro A resposta de Deus à crescente crise.

Quando vemos a ira de Deus da perspectiva de um Deus que é amor e que deseja derramar seu amor sobre Seu povo, fica mais fácil entender a ira como um atributo que denuncia o pecado; denuncia que algo está errado. É uma demonstração do zelo de Deus por nós – a noiva – ao querer nos amar em toda a sua plenitude.

A ira contra o pecado

A partir dessa perspectiva, comecei a ver a ira de Deus não como algo contra nós. Mas contra o pecado que nos afasta dele. Ele é totalmente puro e santo. Nele não há pecado – logo, Ele não coabita com o pecado. Ao invés da ira tornar Deus mais cruel, apenas reforça o zelo pela Sua noiva. É um cuidado para que recebamos todo o Seu amor, porque esse é o seu desejo.

Agora, quando vejo a ira de Deus, vejo uma outra faceta do seu amor e da sua misericórdia. A cruz é o exemplo perfeito disso, pois quando Jesus morreu, bebeu o cálice da ira de Deus. Mas ao ressuscitar, nos tornou dignos de termos acesso ao amor do Pai. Sua ira foi derramada sobre Jesus para que nada impeça o amor dele por nós.

Quanto mais conheço os atributos de Deus, mais vejo o quanto Ele nos ama. E, por um motivo maior do que sou capaz de compreender, o quanto Ele quis compartilhar esse amor conosco. Enxergar seus atributos através do amor, nos faz conhecer ainda mais o Deus que é o mesmo ontem, hoje e sempre.

Pensando sobre o cenário brasileiro e mundial, para onde quer que olhamos, encontramos motivos para nos desesperarmos e sermos tomados por uma falta de esperança pelo futuro ou por uma melhora no caráter do ser humano. É comum ouvir comentários sobre como está cada vez mais difícil acreditar na humanidade. De fato, enquanto nossa confiança estiver no ser humano, estaremos sempre nos frustrando.

Como Paulo disse, todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus (Rm 3:23), logo estamos propensos a falhar continuamente. Isso significa que nenhum esforço nosso pode nos levar a atingir algum tipo de perfeição, justiça ou bondade ideal. Até mesmo aqueles que tiveram seus corações regenerados precisam do Espírito Santo para darem bons frutos e fazerem boas escolhas.

Onde devemos depositar nossa confiança

Quando vemos tamanhas injustiças que ocorrem no mundo e em nosso país, começamos a projetar soluções. Muitas vezes, depositamos toda a nossa esperança em uma instituição, em uma pessoa, ou em um sistema de justiça. No entanto, por mais eficientes que esses sejam, em algum momento irão falhar. Nesses momentos que nosso coração é posto à prova e vemos em quem realmente temos depositado nossa confiança.

Davi declara que é melhor se refugiar em Deus do que depositar nossa confiança na humanidade (Sl 118:8). Acostumado com guerras, ele sabia na prática o que era depender completamente de Deus para que a justiça fosse estabelecida.

Jesus é a resposta que precisamos

Em momentos de crise como a que estamos vivendo no país e no mundo, podemos lembrar que quem realmente retém todo o poder de estabelecer a justiça na terra é Jesus. E é com essa esperança que te encorajo a orar para que a justiça seja feita ainda nesse tempo, enquanto aguardamos a sua vinda. A crescente crise nos faz reconhecer que a oração é uma maneira de não só intercedermos pelas injustiças que estão ocorrendo. Mas também de mantermos nosso espírito fortalecido para lidarmos com situações difíceis e emocionalmente pesadas.

Por isso, te convido a confiar que Ele é refúgio para nós, os que o buscam. Podemos depositar nossa esperança em Deus e orar sabendo que somente Ele trará a justiça plena e guardará nossos corações de toda ansiedade e medo em relação ao hoje e ao amanhã.

Tem momentos em nossas vidas nos quais não conseguimos enxergar a misericórdia de Deus. Temos o costume, como cristãos, de associar a misericórdia à uma espécie de “livramento” de coisas ruins em nosso cotidiano. Quando nada de muito ruim acontece, não lembramos de clamar por misericórdia ou de agradecer por ela. Usamos essa palavra o tempo todo e, talvez, não pensemos muito sobre o peso que ela carrega. Na verdade, há algo muito forte por trás, que não pode ser tratado de forma banal.

O maior ato de misericórdia

A misericórdia faz parte de quem Deus é. Quando Jesus morreu na cruz por nós, foi um grande ato de amor. Em um mesmo evento, houve juízo sendo derramado sobre Ele em favor de toda a humanidade e, ao mesmo tempo, compaixão sendo estendida a nós. Nosso Deus é juiz, mas também é misericordioso; e na cruz vemos o cumprimento desses seus dois atributos de maneira clara.

Sendo homem, como eu e você, Jesus sofreu tudo o que um ser humano poderia sofrer ao longo de sua vida. Não sabemos detalhes da sua vida antes de começar seu ministério, mas sabemos que tudo o que Ele fez, ele aprendeu com o Pai, inclusive como ser misericordioso. Na sua intimidade com o Pai, Jesus aprendeu a estender compaixão aos outros, e seu maior ato de misericórdia se cumpriu na cruz.

Poupados por amor

A misericórdia de Deus mostra que Ele tem zelo pelo nosso relacionamento com Ele. Mostra seu amor por nós de maneira que não conseguimos entender pela nossa sabedoria. Ele deseja derramar seu amor sobre nós, e para isso é preciso que não recebamos o que merecemos. Somente dessa forma podemos ter completo acesso ao Pai e ao seu amor. Como diz Dale Anderson, no livro Misericórdia Triunfante: “Ele age conosco em misericórdia, não porque mereçamos, mas porque é da Sua natureza agir assim”.

Todos os dias somos poupados do seu juízo, pela misericórdia que se renova a cada manhã. Todos os dias somos poupados em nome do seu amor por nós. Através dessa certeza – de que não recebemos o que merecemos -, sabemos que não podemos fazer nada sem Ele. Afinal, isso nos impulsiona a estendermos as mãos aos outros e sempre sermos gratos por essa misericórdia que triunfa sobre o juízo, manifestando Seu amor por nós.

 

Todos conhecemos a oração do Pai Nosso ensinada por Jesus aos seus discípulos. Depois de verem Jesus orando, eles pedem “ensina-nos a orar” (Lc 11:1). E então ele começa a fazer a famosa oração. O que levou os discípulos a pedirem para ele ensinar isso, mesmo depois de terem visto tantos sinais e maravilhas? Eles entendiam que o ministério de Jesus era completamente fundamentado na sua comunhão com o Pai, porque eles presenciaram isso de perto, observando sua vida de oração.

Muitas vezes, nossa dificuldade de nos mantermos no lugar de oração vem de uma falta de revelação sobre a quem estamos dirigindo nossa oração. Segundo Corey Russell, no livro Oração, “a fonte e fundamento de toda fé e intimidade na oração está em uma verdadeira revelação do Pai”. Então, enquanto não tivermos uma revelação clara de quem é Deus, estaremos usando a oração como lista de pedidos ou desabafo de problemas. Quando na verdade é a maneira de participarmos da mesma comunhão que Jesus tinha com o Pai.

Em João 17, a oração de Jesus era para que nós fossemos um com o Pai, assim como Ele era. Logo no início do Pai Nosso, já temos uma grande revelação sobre Deus: Ele é Pai e está nos céus. Quando começamos a explorar a paternidade de Deus, geralmente atribuímos a ele as características paternas que encontramos nos pais terrenos. Pensamos que ele é um pai trabalhador e precisa se esforçar para dar conta de atender todas as demandas dos seus sete milhões de filhos. Ou, é um pai ausente que não tem tempo para ouvir a nossa voz. É difícil concebermos que um Deus tão poderoso e soberano se preocuparia e cuidaria de nós como filhos.

Um convite para a comunhão

Ele não só cuida de nós, como ele deseja ter comunhão conosco. Depois de tentar habitar em nosso meio – e não conseguir, por causa das nossas falhas – Ele envia Jesus para ser a restauração perfeita entre nós e o Pai. Ele habita em nosso meio, não mais em um templo físico, mas em cada um de nós. Que privilégio é poder participar dessa perfeita comunhão! Diante disso, nada mais importa – ministério, chamado, dons ou pedidos. Nada que possamos conseguir pela nossa oração é mais precioso do que a comunhão com o nosso próprio Pai. O que nos leva a orar é a revelação de quem está do outro lado. Ele é a nossa recompensa.