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O valor de Jesus

Vamos dar sequência a nossa série de Páscoa aqui no blog!

Neste texto, iremos refletir a respeito da passagem de João 12:1-8 em que, Maria de Betânia unge os pés de Jesus. A partir dessa história, entenderemos as peças fundamentais do que é uma verdadeira adoração extravagante que expresse o valor de Jesus.

“Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. Ofereceram lhe ali um jantar. Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria, tomando um frasco de bálsamo de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. E a casa se encheu com o perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos discípulos, o que haveria de traí-lo, disse: Por que este bálsamo não foi vendido por trezentos denários, e o dinheiro, dado aos pobres? Ele disse isso não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão. Como responsável pela bolsa de dinheiro, retirava do que nela se colocava. Então Jesus respondeu: Deixa-a em paz; pois ela o guardou para o dia da preparação do meu corpo, para o meu sepultamento. Pois sempre tereis os pobres convosco; mas a mim nem sempre tereis.” João 12:1-8

O que move o coração de Deus?

Quando o valor da perfeição de Cristo e a intensidade das nossas afeições se correspondem, quando nós compreendemos o valor do Filho e respondemos à altura do Seu valor em nossa devoção, isso move o coração de Deus. O alto valor do Filho demanda uma resposta do nosso coração em adoração.

Maria, Lázaro e Marta veem esse valor perfeito em Jesus. Eles reconhecem a Sua graça, o Seu poder para ressuscitar os mortos (Jo 11:25-26) e expressam isso através de suas afeições.

Jesus buscava cultivar o amor deles para que, diante de Sua própria morte que ocorreria em poucos dias, os irmãos não perdessem sua admiração e fé em crer que Ele é a vida e a ressurreição.

Vemos aqui uma cena de profunda gratidão: Maria buscou o ato mais extravagante para expressar o inexplicável. Essa é uma atitude de um coração que correspondeu à altura do valor que há em Cristo Jesus.

Mas Judas questiona o valor dado a Jesus naquele momento. Suas palavras nos mostram que, quando os nossos corações não correspondem ao valor de Jesus, nós nos tornamos cegos, nossos valores são trocados e só conseguimos enxergar a nós mesmos e as nossas ambições.

Jesus responde a Judas (v. 7,8), apresentando três razões pelas quais ele deveria deixar Maria em paz. É extremamente importante entendermos essas três razões para alinharmos o nosso coração com o valor que há em Cristo e, assim, identificarmos se temos nos doado ao Senhor ao nível do Seu valor, ou se o temos diminuído, baseado na forma com que demonstramos a nossa devoção.

“A mim nem sempre tereis” (v. 8b).

A primeira razão está relacionada ao valor de Jesus. Muitas vezes não estamos conscientes da Sua presença, não compreendemos a preciosidade da presença daquele a quem louvamos e prestamos culto. Será que temos correspondido ao valor de Cristo, através das nossas afeições, em orar, jejuar e no servir?

Maria se ajoelha diante de Jesus e derrama esse amor generoso aos seus pés humanos. Mesmo o aspecto mais humilde e insignificante de Jesus é digno do nosso melhor, e infinitamente mais precioso do que qualquer presente ou qualquer ato de amor.

“E a casa se encheu com o perfume do bálsamo” (v. 3). Uma adoração sincera e verdadeira ao Rei Jesus nunca fica privada. Uma demonstração de afeto sincero e sacrificial, aquilo que entregamos de mais extravagante e cheio de gratidão por Jesus toca também outras pessoas e as abençoa. Acima de tudo, move e abençoa o coração de Jesus.

“Pois sempre tereis os pobres convosco” (v. 8a). A motivação dos nossos corações deve estar no próprio Deus, no valor que há em Jesus e no Pai. O amor ao dinheiro nos cega para compreender o valor de Cristo, e nos leva à morte. Aqueles que desejam ser ricos caem em tentação, em muitos desejos insensatos e prejudiciais que mergulham as pessoas na ruína e na destruição.

“Ela o guardou para o dia da preparação do meu corpo, para o meu sepultamento” (v.7). Jesus estava impedindo que Judas plantasse a falta de fé no coração de Maria. Era necessário que ela continuasse cultivando essas verdades em seu coração, e também no de Marta e Lázaro, que viram e provaram que Jesus era a ressurreição e a vida.

Hoje, ore e permita que a sua afeição seja extravagante, para que ela esteja à altura do valor que Jesus tem.

Estamos no mês da celebração da Páscoa, um feriado cristão, que nos traz à memória mais um dos feitos maravilhosos da obra de Deus Pai por meio do seu Filho Jesus, através do seu Espírito Santo.

Certamente a Páscoa nos lembra que o cordeiro puro precisou ser sacrificado, mas que a morte não tem mais poder sobre ele. Ressuscitou e agora está à direita de Deus Pai. Graças a esse sacrifício, graças à obediência de Jesus, hoje temos acesso a Deus Pai. “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz”. Filipenses 2:8.

Filho de Deus

Eu, particularmente, gosto desses períodos específicos em nossos calendários,  em que  temos celebrações cristãs, pois é um ótimo motivo para trazer a nossa memória àquilo que nos dá esperança, aquilo pelo qual vivemos. Vamos aproveitar para meditarmos um pouco sobre o título cristológico de Jesus ser o Filho de Deus.

Primeiramente, precisa ficar claro a nós, que Jesus não se tornou filho por meio da encarnação.  Ele sempre foi Filho de Deus. E foi por meio do filho, que Deus fez o universo (Colossenses 1:16-17).; Deus enviou seu filho para salvar o mundo (João 3:17).

 Aliás, em sua oração antes da crucificação, Jesus também afirma sua relação com o Pai desde a fundação do mundo: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo”. João 17:24.

Portanto, com isso em mente, podemos ir um pouco mais fundo sobre o que quer dizer, Jesus ser Filho de Deus. Essa compreensão não pode ser associada a nossa compreensão de filiação humana.

Tudo quanto o Pai faz, o Filho faz igualmente

Com efeito, nós somos filhos de Deus também, mas somos por meio da adoção: “Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai”. Gálatas 4:5,6.

Contudo, eu e você não fazemos tudo quanto Deus Pai faz, Jesus sim, veja:porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente”. João 5:19.  Perceba que a declaração de Jesus é que Ele está se igualando ao Pai, tal pai, tal filho. Jesus prossegue o seu discurso e afirmação de seu título de Filho: “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou”. João 5:23. O capítulo 1 de João é rico em detalhes sobre o título cristológico de Jesus sendo o Filho de Deus.

Podemos constatar o relacionamento de Deus Pai e Deus Filho. Ele estava no princípio com Deus Pai, Ele é o herdeiro de todas as coisas. “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. João 1:2,3.

Por isso, o termo Filho de Deus, não se aplica ao mesmo termo humano que pensamos. Jesus é o Filho do Deus vivo, Ele é o nosso Redentor e  esperança gloriosa. Jesus é absolutamente divino assim como Deus Pai. Ser Filho de Deus, no caso de Jesus, é justamente porque Ele é o Unigênito do Pai, pois é o único que tem a mesma natureza que Deus tem. Em Jesus habita corporalmente toda a plenitude da divindade, Ele tem os mesmos atributos que Deus Pai e realiza as mesmas obras. Ele veio para nos revelar o Pai.

O Filho de Deus veio até nós

No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. João 1:29

Em suma, o cordeiro era um dos animais usados para o sacrifício em favor dos pecados. O cordeiro é um animal manso, tranquilo e humilde. A bíblia afirma que Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Essa comparação de Jesus ao cordeiro é porque Ele é o sacrifício perfeito para o perdão de nossos pecados. O  sacrifício substitutivo perfeito. Deus se importou conosco ao ponto de se tornar um de nós.

Nesse sentido, Jesus veio cheio de graça e verdade (João 1:14), ou seja, a graça é esse presente imerecido. Não depende de nós e  não há méritos em nossas ações. Jesus é também a verdade, pois nele se cumpriu a Lei. Dele se tratavam as profecias, era dele que os patriarcas falavam e foi por ele que as festas e sacrifícios apontaram.

Por fim, que essa Páscoa tenha um significado diferente a todos nós para que a compreensão deste amor eterno nos leve a amar ainda mais ao nosso Deus e Criador. E assim, transborde nossa gratidão e devoção a Jesus que em nosso lugar obedeceu perfeitamente à Lei de Deus e sofreu a nossa condenação. Se alegre nessa Páscoa, pois o Filho de Deus está sempre conosco.

E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Mateus 16:16

Haverá o dia em que viveremos sob o reinado de Jesus. Enquanto este dia não chega, já podemos crer pois a Bíblia nos garante: o Senhor reina sobre todos os povos da Terra, assim como a sua glória cobre os céus. Diante disso, não há nada melhor do que saber que temos um Deus poderoso. Ele é soberano, glorioso e temível, cujo nome está sobre tudo e todos, mas também é Deus presente e ouve o clamor daqueles que desejam encontrá-lo.

Como o Davi declarou em Salmo 93. 1:

O Senhor reina; está vestido de majestade.

Quando pensamos em reino, pensamos em glória e poder. Em contrapartida, quando Jesus veio ao mundo, Ele demonstrou ser o Deus que veio redimir a natureza humana caída e veio habitar entre os homens. Neste sentido, provamos desta obra contínua do Espírito Santo de Deus que nos leva a Cristo para que Ele reine nos nossos corações.

Chegará o dia em que a obra de Cristo será completa, mas no momento, a vemos como em um espelho embaçado. E não esmorecemos, porque o trabalhar do Espírito é constante em nos refinar e desejar o grande Dia em que Jesus voltará para reinar.

Confiando em seu caráter

O nosso Deus é soberano para fazer conforme o seu entendimento, pois tudo o que provém dele é santo. Assim, também vemos que Deus sempre ensinou o seu povo, Israel, a fim de fazê-los alcançar o fruto que procede da obediência. 

Veja o que está escrito neste trecho: “Eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.” Jeremias 29:11

Dessa maneira, podemos confiar na vontade divina, mesmo não tendo o controle das situações. E isto é um ato de fé. E quando acreditamos no caráter de Deus e nas Escrituras, reconhecemos o quanto somos inaptos e insuficientes e nada temos de bom a oferecer.

O nosso Deus tem planos perfeitos e o nosso trabalho é nos dedicar em conhecê-lo, amá-lo e obedecê-lo. Antes de todas as coisas Ele já era e Sua majestade se estendem sobre toda a Terra.

Esse é o Deus que reina, e sua grandeza é visível e está além de nosso entendimento. E toda criação exala sua assinatura. Pois os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de tuas mãos (Salmo 19). 

O reinado de Jesus

Por fim, vemos claramente que em sua encarnação Jesus anunciou o reino de Deus e a sua obra na cruz substituiu o nosso sacrifício. Com isso, o reino de Jesus é importante para a compreensão da vontade e dos propósitos de Deus para toda obra criada.

E será que alguma vez fomos tocados pela vinda de Jesus de tal modo que nossas orações se transformassem completamente? A Sua vinda deve ser mais ensinada em nossos dias para entendermos mais sobre a esperança cristã e como ela pode reorientar nossas orações.

Diante disso, o Deus que reina é digno da nossa adoração. Nós O desejamos e isto não tem a ver com a implantação de uma cultura cristã a força. Mas, ao contrário, a criação aguarda a revelação dos filhos de Deus, aqueles que foram aperfeiçoados pela obra de Cristo. O nosso Deus reina em nossos corações e em breve governará eternamente na terra. Viveremos, naquele dia, o reinado de Jesus!

Originalmente publicado em 23 de setembro de 2019

Desde a quarta-feira de cinzas até a Páscoa, estamos vivendo o período da quaresma no calendário litúrgico. Aqui no blog, temos refletido sobre o significado da quaresma e como podemos adotar essa prática em nossa vida devocional e em comunidade. Além dos aspectos de se aquietar, se arrepender e meditar na Palavra, durante esse período somos convidados a refletir sobre o significado da cruz e da ressurreição. Pois antes de celebrarmos em comunidade a vida que encontramos em Cristo, nós participamos do seu sofrimento para também participar da sua ressurreição.

A espera pela nossa ressurreição

Na quaresma, somos lembrados da nossa esperança na ressurreição dos mortos. Porque Cristo já ressuscitou na Páscoa, nós podemos esperar que ressuscitaremos um dia com Ele. Ou seja, a quaresma na verdade tem a ver com um tempo de espera entre a ressurreição de Jesus e a nossa própria ressurreição.

Porém, nós não temos controle sobre esse tempo, pois ele pertence ao Senhor. Nós apenas estamos inseridos no calendário divino e precisamos aprender a esperar n’Ele, como o salmista nos encoraja em Salmos 27:14:

“Espera pelo Senhor; anima-te e fortalece teu coração; espera, pois, pelo Senhor.”

O Senhor da história

A nossa história está inserida na história de um Deus que é Senhor do tempo. Um elemento dessa história é o sofrimento, pelo qual todos iremos passar se quisermos ter parte da cruz de Cristo e da sua ressurreição. O Senhor do tempo divinamente escolheu nos trazer redenção e esperança ao longo de uma história e não em um piscar de olhos. Então, precisamos aprender a confiar no processo de transformação que Ele está fazendo em nós enquanto vivemos nesta era.

Esperar em Deus é saber que é Ele quem sustenta nossas vidas e a nossa existência. Hoje, nossa cultura do imediatismo muitas vezes nos rouba esse tempo de espera. Haverá um dia em que, sim, num piscar de olhos teremos nossos corpos glorificados e ressuscitaremos para a vida eterna. Porém, enquanto esse dia não chega, é necessário lembrar, ano após ano, que não somos os senhores de nossas vidas e que precisamos esperar no Senhor.

Esperar é caminhar

Se a nossa vida hoje é uma história sendo escrita dia após dia pelo nosso Senhor, a forma como vivemos importa e deve apontar para a nossa esperança n’Ele. Contudo, esperar não é ficar parado, mas observar como administramos nosso tempo e nossos relacionamentos. Afinal, será que nossa agenda está girando em torno de nós mesmos ou estamos permitindo o senhorio de Cristo afetar nossa história hoje mesmo? A realidade da cruz e da ressurreição deve manter nossa esperança viva e atuante em nossa vida.

Esperar é caminhar com a certeza de que podemos confiar no autor da história. Podemos ter a certeza de que a ressurreição acontecerá porque Ele é confiável. Essa esperança mantém nossa força e nosso ânimo, mesmo em meio ao sofrimento ou à incerteza do futuro. Portanto, nesta quaresma, vamos aproveitar para nos lembrar que o tempo pertence a Deus e Ele nos faz um convite à esperamos n’Ele todos os dias.

Neste mês, aqui no Blog, estamos falando sobre a Quaresma e como esse período  é importante para nos prepararmos para a Páscoa. Este é um tempo oportuno para reconhecermos nossa vulnerabilidade diante da grandeza de Deus, o criador do Universo.

A Quarta-feira de Cinzas não se trata apenas de mais um feriado religioso ou do fim do carnaval, mas sobretudo, tem a ver com a compreensão de que somos pó e para o pó voltaremos. E, sabe? Nós podemos abraçar a fragilidade. Não como vítimas da vida, mas  como pessoas que amam a Jesus e reconhecem que Nele encontramos sentido.

O que é ser vulnerável? É reconhecer limites e fraquezas. Além disso, é  confessar os pecados e se submeter a Deus. A fragilidade derruba as nossas defesas e nos fazem enxergar que somos totalmente dependentes do favor do Pai. E mesmo que tudo falhe, a fidelidade do Senhor permanece.

Nossa força não vem de nós mesmos. Há muitas pontas soltas na história de cada um; muita correria e ansiedade nesta terra. E há coisas que não compreendemos, mas podemos confiar no Deus que é Grande e Fiel e que enviou seu próprio filho para nos salvar.

Na vulnerabilidade aprendemos a confiar em Deus

“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” 2 Coríntios 12:9,10

O apóstolo Paulo foi torturado em Roma. No entanto, ele passou seus últimos anos recebendo visitas em sua prisão domiciliar. Sem impedimentos, ali ele pregava o evangelho do reino de Deus e encorajava as pessoas a prosseguirem em fé. (Atos 28.30-31) 

O que aconteceu para Paulo tornar este homem:  alguém que não temia o martírio, a morte e nem o fim, mesmo sabendo o que lhe esperava? Ele estava preparado para a Eternidade e ele conhecia o Deus em que confiava. 

Paulo foi um perseguidor da Igreja e um assassino de cristãos.  Porém, teve um encontro com Jesus e isso mudou radicalmente a sua história. Um ex-homem forte que se tornou vulnerável e quebrantado diante do Cristo. 

A fraqueza de Paulo  foi um campo fértil em que Deus operou grandes milagres. Deus o ensinou que Sua graça é o suficiente, e mesmo estando fraco ele era forte. 

A quarentena é sobre confiança no Deus que é imutável. Nele não há sombra de dúvida. O Senhor permanece fiel em meio às nossas fraquezas e fragilidades humanas. A quarentena tem esse papel de intensificar nossa prática de quebrantamento e contrição, reconhecendo que somos totalmente dependentes de Deus. Mas, assim como Paulo, também podemos dizer que quando somos fracos, Deus nos faz fortes. 

Eu lutarei por você

Neemias foi um grande líder em seu tempo. Ele se posicionou para que os muros de Jerusalém fossem restaurados. Desde o começo dessa aventura o vemos colocando seu coração e confiança no Senhor. Leia o que está escrito em seu Livro:

veio Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então, lhes perguntei pelos judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de Jerusalém.
Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas.
Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.

Neemias 1:2-4

Neemias se assentou, chorou, lamentou, jejuou e orou diante da tragédia de sua nação e o que você eu temos  feito quando somos assolados pelas lutas? O que temos feito com os nossos problemas de família? Com as crises em nosso país e no mundo? Choramos? Jejuamos? Oramos? 

Na quaresma podemos repensar nossa vida e  escolhas. Podemos confessar nossos pecados e daqueles que amamos.  Podemos nos levantar como intercessores clamando pela nossa nação e meditando no sentido da Cruz. Jesus morreu por um motivo e precisamos  trazer à memória  esta razão e pensar em como isso nos impacta.  

Vinde a mim – Conclusão 

A quaresma é um convite para nos aproximarmos de Deus com humildade e reconhecermos que somos pó. Temos uma visão irreal de controle,  porque na  verdade somos mais limitados do que gostamos de admitir. E este é o  sinal de que precisamos de um salvador, Jesus! 

Em honestidade, após os pontos de interrogações, no silêncio de Deus, somos acolhidos e podemos descansar. Deus é constante e único. Ele junta as peças quebradas de nossa alma e nos dá um novo coração para celebrarmos sua ressurreição. Nesta quaresma Ele nos diz: vinde a mim! O  que vamos responder?

 

Lembro de quando era criança assistir procissões de páscoa da igreja católica que tinha perto da casa da minha avó, ficávamos na esquina por onde a aglomeração passaria, ansiosa de ver detalhes e símbolos que não via diariamente. Minha vó acendia velas, ficava com o terço nas mãos e enquanto a multidão passava ficava ajoelhada em reverência. Eu amava assistir,  porque sempre aconteciam encenações da crucificação. Mas lembro também de ver pessoas pagando promessas, até mesmo se autoflagelando. Aquela imagem na minha cabeça, por mais estranha que parecesse, parecia ter algo haver com a encenação do homem crucificado. 

O CAMINHO DE ARREPENDIMENTO

Visto que a páscoa está se aproximando um desconfortável sentimento sobe ao nosso coração, é o que a imagem da cruz desperta em nós, a vaga e inconveniente consciência de que somos pecadores. Houve um período da igreja em que um dos motivos da quaresma era ser período de penitência, muitas vezes usada como um forma de pagar pelos seus pecados cometidos, ou provar que realmente estavam arrependidas. 

Então, por que em 2022 estamos falando semanas inteiras sobre Quaresma? Por que observar nossa condição de pecadores se a obra de Jesus já foi feita? Como fazer isso de maneira correta? O que isso acrescenta no meu cristianismo?

UMA CONSCIÊNCIA FRUTIFERA SOBRE O PECADO 

A Quaresma carrega um chamado à consciência do pecado, sim, mas não dessa maneira como alguns entenderam a penitência. Um pressuposto e um objetivo devem estar destacados em nossa mentalidade:

O pressuposto é:  Não há nada que possamos fazer que possa acrescentar algo na obra da cruz, Jesus é o sacrifício perfeito. Não precisamos da cruz e de mais um sacrifício para Deus nos perdoar. Jesus é suficiente!

O objetivo: O chamado à consciência do pecado serve para causar o contraste, contrição, espanto e resulte em adoração e esperança

COMO LIDAMOS COM O NOSSO PECADO

Existem dois pólos complicados que caímos quando falamos sobre nosso pecado e tentamos lidar com ele. Primeiro, quando vemos e temos consciência do pecado, mas achamos que precisamos fazer algo para receber perdão.  Ou, quando acreditamos que precisamos acrescentar algo do nosso lado a obra da cruz para ela ser completa. Normalmente nessa situação pensar sobre o pecado causa muita culpa e sensação de rejeição de Deus. Nos afastamos por achar que somos o pior dos pecadores e Deus não nos tolera mais. É uma abordagem vazia de entendimento sobre a graça. Muitas vezes tendendo a um legalismo, sendo rígido com a performance, mas o coração não é transformado, como os fariseus. 

 O segundo pólo, é lidar com graça autoaplicada. Ou seja, sei que sou pecador e  Deus vai me perdoar, então os meus pecados não são confrontados. Eles são apenas acolhidos e tratados com brandura. Dietrich Bonhoeffer chamaria de graça barata, que é esvaziada de valor correto a Cristo e igualmente vazia de poder de santificação. Não serve para nada. É um “cristianismo” que conheço meu pecado e recebo a graça, no entanto, acredito que isso me dá licença para continuar em pecado.

Todavia, o  evangelho vem com o prumo perfeito para nos alinhar. Existe um paradoxo que o cristão sincero vai encontrar: somos piores do que imaginamos, porém mais amados do que podemos pensar. 

CONTRASTE, CONTRIÇÃO,  ADORAÇÃO E ESPERANÇA

Contraste, contrição, adoração e esperança – esse é o caminho glorioso de preparação para a Páscoa. Vamos seguir um caminho das bem-aventuranças que o Senhor deu aos discípulos no Sermão do Monte.

“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.” Mateus 5:3-6

Contraste 

É perceber o seu pecado. Mateus 5 chama de felizes os que sabem que nada têm e feliz os que conhecem sua condição. Quando falamos de observar nossa condição, o objetivo não é exaltar o pecado e o mau, mas apontar para o Deus Santo e o que Ele fez para nos salvar. Imagine você lado a lado com Deus, que tipo de sensação e pensamento isso te desperta? 

Tomar consciência sobre nosso pecado precisa ser algo feito usando o caráter de Deus como lente. Não é frutífero comparar meu pecado com o do meu irmão. Mas quando fazemos essa comparação em relação ao caráter de Deus mostrado nas Escrituras ficamos chocados. É disso que se trata a pobreza do Espírito – consciência da nossa condição diante de Deus. Quanto mais lúcido estivermos sobre Deus, mais sujo e repulsivo o pecado se tornará para nós.

O pastor puritano Thomas Watson disse, “Enquanto o pecado não for amargo, Cristo não será doce.”

Contrição 

Estando consciente da nossa condição somos levados ao lamento e ao quebrantamento. A natureza e nós gememos (Rm 8:22-23), porque ainda não somos o que haveremos de ser. Choramos como Paulo em Romanos 7:24 “miserável homem que sou, quem me livrará?”. Assim a  santificação não chegou ao fim, até lá, temos em nós caminhos que ofendem a santidade de Deus. E isso é digno de lamento. Porém, lembre-se: a recompensa aos que choram é consolação.

É nesse estágio o momento para o arrependimento, que a páscoa convida. Essa é a hora de chamarmos pecado de pecado, darmos seus respectivos nomes a eles, confessarmos e nos humilharmos diante de Deus. Cabe aqui fazer uma diferenciação, arrependimento e lamento não é autocomiseração. Por vezes, estacionamos no lugar de comiseração e vitimismo, chorando um choro infrutífero. Uma imagem que tipifica bem isso é o “lamber a ferida” em vez de tratá-la. 

Apenas o arrependimento nos coloca cara a cara com a possibilidade de redenção, ele nos coloca prontos a usufruir da graça que vai nos limpar e santificar. Essa graça é poderosa para atacar e consumir o nosso pecado.

Faço uma pausa da leitura agora para te encorajar a algo. Especialmente nessa preparação para a páscoa que tal convidar o Espírito Santo para sondar o seu coração e ver se não há pecados bem acomodados e carentes de confronto. Traga a luz, por mais assustador que seja para você, Cristo tem a resposta eficaz. O arrependimento vai nos fazer cair na graça redentora de Cristo. 

Adoração e Esperança 

Portanto, ao nos arrependermos o nosso coração será movido por doce adoração, agora de um lugar de humildade – sabendo exatamente quem somos. A alegria da salvação saltará no coração que acabou de receber perdão. 

Na trilha do arrependimento encontramos a capacidade de promover adoração genuína. Humildade é caminhar no conhecimento de quem você é, nem abaixo e nem acima. Estar diante de Deus nos coloca no nosso lugar, o coração humilde adora, e os humildes habitarão com Deus. (Mt 5:4) 

Por último, um despertar pode e deve acontecer, tirando os olhos de nós mesmos para olhar  à nossa volta e vermos que as coisas não estão bem sem Jesus. O mundo precisa de um salvador. Fome e sede de justiça, anseio que Cristo faça com que as coisas se tornem o que deveriam ser. Esse é também um clamor pelo retorno de Jesus a terra, quando ele voltar “o imperfeito será vestido de perfeição” (1Co 13:10). 

PÁSCOA

Assim, o domingo de páscoa vai nos trazer “à memória aquilo que nos dá esperança”: ressurreição. Esse é o fim da história. É a fome e sede por justiça sendo saciada (Mt 5:6). E essa é a nossa esperança. Então, quando lembrarmos do nosso pecado, lamentarmos e nos arrependermos temos uma esperança forte que ainda não somos o que haveremos de ser um dia, do outro lado da ressurreição o desejo eterno do Pai será cumprido: seremos a imagem de Cristo.

Em resumo deixo as palavras de Paulo em Tito 2:11-14

Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras.

 

Este mês estamos tratando sobre o período da Quaresma. Esse período é importante, pois nos aponta a um tempo quebrantamento e de preparação, que nos permite caminhar nas pegadas de Cristo. É um tempo que nos remete a tentação de Jesus, seu sofrimento e cruz. Um tempo que é um chamado ao arrependimento.

De antemão, vale lembrar que nesta estação é um bom momento para considerarmos o pecado e a morte, como realidades. No calendário litúrgico, estamos em um período muito eficaz para nós admitirmos que o tempo não nos pertence.

Ou seja, ao comemorarmos todos os anos os mesmos feitos na história, desde o advento até o Pentecostes ou mesmo no tempo comum, observamos que a narrativa gira em torno da revelação de Deus por meio de Jesus.

 Logo, esse período da Quaresma em que estamos nos ajuda a avaliar como somos limitados e falíveis diante da eternidade de Deus. Bem como nos faz enxergar que somos passageiros, e suscetíveis às doenças e morte e que não temos controle. Por isso precisamos nos arrepender de nossos caminhos e assim, buscar mais a Deus.

Um Chamado ao arrependimento

Nesse ínterim, vamos aproveitar o período da Quaresma para refletir sobre nós mesmos e nossos pecados. Por que Jesus teve que passar por tudo o que ele passou? Qual o resultado da obra de Jesus em nossas vidas? Esse é um tempo perfeito para ter essa reflexão: Quaresma é um chamado ao arrependimento.

Definitivamente, vamos aproveitar esse tempo para abrir espaço em nosso dia a dia corrido e fazer um autoexame, reconhecendo que somos pecadores e necessitamos de arrependimento e perdão. Essa preparação é importante para podermos celebrar a Páscoa.

Como resultado, a quaresma  é um bom momento para nos voltarmos a Deus. Pois, Cristo veio até nós, passou pelo deserto, sofreu e morreu em um madeiro para nos dar a vida eterna, nos levar de volta para Deus. Após entender, que somos de fato pecadores, mas que Deus enviou seu Filho para morrer por nossos pecados e que essa dívida está paga, agora  somos novas criaturas, então podemos celebrar a ressurreição na Páscoa.

Arrependimento genuíno

Em síntese, o período da Quaresma começa na quarta-feira de cinzas, pois biblicamente falando, as cinzas são símbolos de arrependimento. Veja a confissão que Abraão disse em Gênesis 18:27: “Eu sou apenas pó e cinzas”. Jó também lamenta sua situação e diz em Jó 42:6: “Por isso me desprezo e me arrependo no pó e na cinza”. Vemos também o rei de Nínive usando cinzas em sinal de arrependimento quando soube da palavra que Deus disse por meio de Jonas: “A notícia também chegou ao rei de Nínive; ele se levantou do trono e, tirando o manto, cobriu-se sobre cinzas” Jonas 3:6.

 Assim,  esse é o momento para que, simbolicamente nos lembremos que somos pó, mortais, frágeis e dependemos de Deus. Esse tempo de 40 dias simboliza o tempo de jejum de Jesus, Moisés e Elias. Por isso a quaresma nos leva a um chamado ao arrependimento. Devemos nos arrepender, jejuar e orar pedindo a Deus por sua graça sobre nossas fraquezas.

Dicas para o período da Quaresma

A bíblia diz: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados,” Atos 3:19.

Portanto, vamos avaliar nossas vidas e mudar nossas atitudes. Sim, pois o arrependimento é uma tristeza por fazer algo contra a vontade de Deus e, automaticamente,   vai gerar  uma tomada de ação, conversão e mudança de caminho.  

  1.     Analise sua vida e tire um tempo maior com Deus nesse período da Quaresma. Peça ao Espírito Santo quais atitudes você precisa de mudança e arrependa-se. Para se adequar aos caminhos de Deus, se faz necessário uma  mudança de vida. 
  2.     Jejue. Quanto tempo faz que nós não jejuamos? Esse é um bom momento para voltarmos a jejuar. Lembre-se, arrependimento te faz ter mudança de atitude por isso, voltar a prática do jejum para fortalecimento espiritual é muito importante. Fazer-se vulnerável diante de Deus para mostrar que necessitamos dele, nos detalhes mais simples de nossas vidas;
  3.     Ore. Sim, parece óbvio, mas precisamos reconhecer nossa necessidade por Ele. A oração também nos ensina a sermos perseverantes em toda situação. Confissões se fazem necessárias também para que assim, sejamos perdoados.

Por fim, lembre-se que Deus tem prazer na misericórdia (Ef 2:4) e é rico em perdoar: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar”. Isaías 55:7.

Que Deus Pai possa nos ajudar, por meio do Espírito Santo, a compreender toda a obra de Cristo Jesus. E nós sermos convencidos de nossos pecados e nos arrependermos. Para recebermos um novo coração e assim vivermos em novidade de vida, nos santificando. Que Deus possa reavivar a sua obra em nós! Para podermos viver de maneira digna chamado dele, glorificando a Ele.

O que significa a morte de Jesus na Cruz e a sua ressurreição? Quais são os impactos desses eventos em nossa vida nos dias de hoje? Como devemos viver a partir dessa realidade? Essas e outras perguntas relevantes para a fé cristã devem rondar e permear o nosso coração nas próximas semanas. Afinal, nós estamos na Quaresma.

O que é a Quaresma?

É um tempo de reflexão e preparação para a Páscoa, é o período de 40 dias que antecede a celebração da morte e ressurreição de Jesus.

Assim, refletir sobre este período do Calendário Cristão, tem um objetivo pedagógico: lembrar-nos que fazemos parte de uma narrativa maior, a História de Deus.

Todos nós nascemos em iniquidade (Gn 8:21), e sofremos até hoje com os efeitos da Queda que aconteceu no jardim do Éden. Então, todo o Cosmo necessitava de um Salvador, por isso o Pai enviou o Filho para morrer em nosso lugar. Visto que o homem e o mundo não podem consertar a si mesmos. Assim, nós necessitamos de redenção, e estamos nessa jornada em que Cristo está restaurando todas as coisas, até sermos plenamente redimidos quando Ele voltar à terra.

Até a volta de Cristo, estamos na peregrinação de tomar a nossa cruz e seguir o Mestre, resistindo diariamente às tentações, morrendo para as nossas cobiças e desejos egocêntricos. Sobretudo com o entendimento de que Cristo já venceu todas as coisas na Cruz.

Então, a Quaresma é o momento de desacelerar nosso ritmo, para refletirmos sobre a nossa natureza caída e a peregrinação de Jesus até a crucificação; para então, estarmos conscientes e celebrarmos a Páscoa.

Tempo de lamento

Nesse período de Quaresma tem atividades que nos ajudam a refletir de maneira mais eficaz. Exemplos: praticar as disciplinas de solitude, silêncio, jejum, oração, meditação e leitura bíblica. Todas essas disciplinas não são uma forma de barganhar ou alcançar o favor do Senhor, pois já os recebemos. Mas é uma maneira de estarmos mais sensíveis à voz do Senhor, aprofundar o nosso relacionamento, entender a nossa identidade de filho amado, e que houve um custo para que fôssemos perdoados.

A Quaresma é tempo de lamento e não de autoflagelo, pois lamentamos diante do Pai das consolações. Nós abraçamos o convite da introspecção e podemos fazer as mesmas orações que Davi fez ao Pai:

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.
Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado.

Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.

Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria.

Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Salmos 51: 1-2; 5-7

Então, precisamos observar a Quaresma como um presente dado pelo Senhor, ao silenciarmos as vozes interiores e a agitação do dia, para refletirmos sobre a nossa vida como discípulos de Cristo. Será que temos seguido suas pegadas fielmente e testemunhado sobre a sua obra?

Neste mês, aqui no blog, vamos conversar mais a respeito da Quaresma e das disciplinas espirituais que este tempo nos convida a fazer.

Acompanhe o blog e as redes sociais para ser edificado.

Deus te abençoe.

As canções da Fhop Music possuem uma forma singular de expressão. Os músicos e cantores compartilham aquilo que eles têm aprendido e desenvolvido através da dedicação diária aos turnos da sala de oração, do constante estudo da palavra e amor a Deus. Para encorajar e inspirar os líderes de adoração, a Fhop organiza, frequentemente, um acampamento de composição. Nestes dias, desconectados das redes sociais, os músicos se reúnem para compor novas canções totalmente inspiradas na Bíblia, com o propósito de propagar as verdades de Deus. No último acampamento, os músicos contaram um pouco sobre o processo de composição.

Nessa entrevista você conhecerá a graça e os desafios de transmitir a mensagem de Deus em canções. 

Como é cantar sobre Deus?

Deus tem levantado uma geração que canta as Escrituras. O coração dEle se move quando nos achegamos através da Sua própria Palavra. Meditar nas Escrituras, naquilo que está no coração do Senhor e na mensagem que Ele gostaria de compartilhar para essa geração, nos tornamos sensíveis ao ouvir a voz do Espírito Santo. Dessa forma, acreditamos que Deus tem se alegrado com as canções que têm surgido nesse lugar de revelação.

Qual a importância de usar as Escrituras para compor músicas?

A palavra do Senhor liberta, é viva, eficaz e nos move. Usando a bíblia, nós ensinamos nossa geração através das nossas músicas. Quando cantamos as verdades de Cristo, elas penetram em nossos corações, gerando transformação, tomando conta de nós. A música tem esse poder de fazer com que essas verdades floresçam em nosso interior. Hoje, é possível encontrar muitas canções cristãs maravilhosas, mas que ainda não comunicam o que precisa ser falado sobre Cristo. Nossa geração precisa de verdades sendo cantadas. E assim, entender através de canções, quem Deus é. 

Como é o estudo da Palavra para cantar uma verdade?

Estudamos continuamente sobre Deus e discutimos sobre os atributos dEle. O conhecimento de Deus tem unido os diferentes estudos dos times de adoração da fhop music. Isso significa que mesmo que um time esteja estudando o livro de Hebreus, e o outro de Apocalipse ou o de Salmos, estão todos caminhando para o conhecimento de Deus. Acreditamos que uma música pode revelar o conhecimento de Deus e transmitir o verdadeiro significado da vida eterna, desafiando a mente das pessoas. Por isso, nos propomos a ensinar teologia para buscar a revelação de quem Deus é. Quem ouvir uma canção, ou usá-la como devocional, vai ter a mente desafiada a um novo tipo de entendimento.

Como são os processos de composição da Fhop Music?

É uma mistura de duas coisas. Primeiro, o que está guardado dentro de nós – um depósito pessoal, que se adquire caminhando com o Senhor, vivendo experiências, tendo a fé testada, e o acúmulo de revelação e conhecimento. Outra coisa, é que a composição é uma expressão de algo vigente, recorrente, seja para você ou para o coletivo. Não queremos uma canção que seja apenas um exercício mental, mas uma revelação que flui e nosso coração e nos dá prazer em cantar. Se conseguimos adorar a Deus através da canção, então as pessoas também irão conseguir adorá-lo.

É necessário fazer uma pausa para compor?

É muito importante dar uma pausa. Precisamos de inspiração. Muitas vezes, na correria do dia a dia, nos esquecemos do que temos ao redor e não nos concentramos em quem Deus é. Deus colocou detalhes na natureza e em tudo o que Ele fez, então quando a gente contempla as suas obras, não tem como não ficarmos maravilhados e inspirados. Ele revelou a glória Dele através de tudo o que Ele criou.

Como é compor em grupo?

É um desafio, porque geralmente, quem compõe está acostumado com suas próprias ideias. Então, quando se propõe compor em grupo, é preciso acreditar que o resultado do trabalho coletivo tão bom ou melhor que o individual. Este é um lugar de cooperação, onde todos se sentem encorajam e apostam nas ideias um do outro. É um exercício de acreditar na ideia, na melodia e na harmonia do outro. Cada pessoa tem a suas características, e Deus ama a união de pessoas que se unem para falar Dele. Ele sempre derrama algo especial.

Como conseguem transmitir uma mensagem na música?

É natural. Quando começamos a compartilhar o que cada um está vivendo, entramos num lugar de vulnerabilidade e ouvimos a história de cada um, e o que Deus estava falando a cada um. Deus mostra o que Ele quer falar. Temos um momento de oração, devocional, começamos a tocar alguns acordes e cada um começa a cantar aquilo que Deus está falando ao coração. É livre, espontâneo. As músicas retratam esses momentos.

Como é transformar um sentimento em melodia?

O sentimento é algo que alavanca a música. Faz a música alcançar o coração e deixar de ser só palavras. É um desafio grande você ser sensível à mensagem, ao texto, ao que a música quer falar. Por isso, começamos a dedilhar e a tocar quando estamos ouvindo o que cada um fala. 

Qual o maior objetivo das canções de Fhop Music?

Transmitir a verdade. Cantamos algo que é um estilo de vida e não simplesmente um tema. Podemos fazer uma canção a partir de um tema aleatório, mas faz muito mais sentido usarmos algo que vivemos para quando transformarmos numa canção ser uma verdade. Todo mundo está passando por algo e tem algo para contar daquilo que está vivendo com Deus. 

Agora, você pode ouvir as músicas da Fhop Music clicando aqui.

Texto originalmente publicado em 04 de fevereiro de 2020

 

Eu canto porque vivo

Desde quando nascemos nos envolvemos em várias situações musicais. Já dormimos ao som da voz materna a cantar. Aprendemos canções na infância e além disso, cada um de nós também desenvolveu seu próprio gosto musical. Canções fazem parte da experiência de viver de modo que é verdade o que disse um filósofo: “Sem a música, a vida seria um erro¹”.

Entretanto, como cristãos não somos abandonados em nossa própria experiência sobre a vida. O crente necessita observar todas as coisas a partir do ponto de vista do Autor de todas as coisas. Isso quer dizer que, mais importante do que a música é para nós, é o que a música foi criada para ser. Para nós, cantar e ouvir música pode ser entretenimento, diversão e até mesmo profissão. Para Deus, no entanto, é um maravilhoso instrumento dado aos homens para o louvor da Sua Glória. Isso quer dizer que se cantamos ou ouvimos música, seja por diversão, entretenimento ou profissão, devemos com isso glorificar a Deus acima de tudo. Este é o objetivo final.

Cantar ao Senhor

Em toda a história do povo de Deus a música vem sendo utilizada como instrumento de adoração e gratidão. Ao cantar ao Senhor o Seu povo expressava um coração grato e rendido à Ele. Vejamos, por exemplo, o cântico que Israel cantou depois de atravessar o mar vermelho em Êxodo 15. Podemos também, observar a riqueza de cânticos que é o livro de Salmos. Além disso, conhecemos a história de Davi, o rei que conduziu Israel em adoração ao Senhor. Essas e outras narrativas bíblicas contribuem para a máxima de que: ao cantar as canções do Senhor o povo de Deus estava reconhecendo quem Ele é.

O evangelho de Mateus (26:30) nos revela um momento em que o próprio Jesus cantou um hino. Além do mais, sabemos que Cristo também frequentava sinagogas e cantar o saltério era algo comum da liturgia judaica. Portanto, não é de se admirar que os primeiros cristãos que passaram a seguir o Mestre continuavam cantando os salmos e a Palavra. É como o próprio Paulo parece encorajar em sua carta aos efésios (5:19). Assim, até mesmo hoje, no século 21, quando cantamos a Palavra de Deus, estamos nos juntando ao povo de Deus de todas as épocas.

Cantar no que acredita ou crer no que canta?

O ato de cantar canções no culto ao Senhor provocou várias tensões e reflexões durante a história da igreja. Canções eram compostas para engrandecer ao Senhor no culto, ensinar os crentes a respeito da verdade e até mesmo para combater eventuais heresias. A conclusão que a igreja cristã chegou no decorrer de seus anos foi: “A igreja crê naquilo que ela ora e canta².” Por isso, uma igreja saudável, que crê na verdade da Palavra, canta a própria Palavra. Em outras palavras, a prática da fé segue a nossa prática de oração e adoração. Se cantamos e oramos desconexos da verdade absoluta da Palavra isso acarretará um prejuízo à genuína fé que deve ser cultivada em nós.

Há um ditado popular que diz: “Quem canta seus males espanta.” Sem querer entrar a fundo na veracidade do dito é de se observar algo: a música e o ato de cantar provocam em nós coisas que no momento não são visíveis. Podem ser sentimentos, valores ou mensagens. Absorvidos pelo homem interior e processados. A música tem essa característica bela e Deus a fez assim. Quando falamos da combinação “Palavra de Deus + cantar”, não podemos simplesmente negligenciar tal instrumento dado por Deus para a edificação da nossa fé. Cantar em si, não possui nenhum poder comparado com o poder que possui a Palavra de Deus. Entretanto, quando unidos, os dois elementos se tornam a arma da igreja contra a frieza espiritual.

Muito mais que uma grande ideia

“Aleluia! Como é bom cantar louvores ao nosso Deus; quão agradável e apropriado é louvá-lo.” Salmos 147:1

Minha intenção com esse texto não é apenas provocar um comprometimento entre os compositores, músicos e cantores a respeito das canções que serão cantadas nas igrejas. Escrevo para todos que foram feitos discípulos de Jesus. Que possamos cantar as canções que Jesus cantou. Seja em nosso culto comunitário ou momento de devoção, que possamos cantar Suas palavras e a respeito do que Ele fez e de quem Ele é. Essa, muito mais que uma grande ideia, é a Sua vontade.

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Referências:

1 Famosa frase de Friedrich Nietzche, filósofo alemão. Apesar de ter morrido como ateu, Nietzche teve uma infância cristã e era apaixonado por música.

2 Esse é um notável lema na tradição cristã: Lex orandi, lex credendi.

Texto originalmente publicado dia 30 de julho de 2020