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Protegidos por um Deus que é forte

Estudo Bíblico

Sim, eu e você podemos experimentar dessa verdade: A proteção de um Deus que é forte. Mesmo nos momentos de perigo, coragem podem nos inundar. Então, vamos falar dessa realidade e como temos vivido em proteção mesmo quando estamos adormecidos. Se buscarmos em nossas memórias poderemos nos lembrar de fatos que demonstram milagres de livramento, e quantas vezes vamos contá-los? Davi dizia:

“O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra.” Salmos 34.7

Esses dias me lembrei de um episódios de quando criança. Você também dormia abraçada com bonecas e ursos de pelúcia? Muitas vezes ficava com medo e via olhos vermelhos em meus brinquedos, então eu orava e me aquietava no Senhor. E, simplesmente, adormecia em paz esquecendo-me da sensação de perigo.

Uma vez eu cozinha na antiga Agência Missionária em que servia, e ao acender o forno uma grande bola de fogo explodiu bem na minha frente. Confesso que senti grande pavor porque todo o meu corpo poderia ter sido queimado. Porém sai daquela situação com apenas cheiro de galinha sapecada, nada mais que uns pelinhos tostados, ilesa. É, Deus é bom e nos protege nas mais inusitadas situações.

A Bíblia também nos relata incríveis histórias de livramento, o próprio povo de Israel quando saiu do Egito passou pelo mar vermelho de forma milagrosa e extraordinária, pois o mar se abriu diante deles, mas ao exército de faraó se tornou em águas mortíferas. E o que dizer de Daniel na cova dos leões?

Este homem possuía espírito excelente, e por isso tornou-se destaque entre os sátrapas. E o rei pensava em torná-lo líder entre todo reino, isso suscitou inveja, mas não havia do que acusar Daniel, então intentaram contra sua fé. Armaram-lhe uma cilada que nem mesmo o rei poderia livrá-lo.

“Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel e o lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que ele te livre.” Daniel 6.16

Nós também temos no fé testada, somos falsamente acusados e é como se estivéssemos diante de feras. Mas, assim como Daniel, também podemos ser protegidos pelo Deus que é forte. O Senhor tem cuidado de nós.

“Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi com pressa à cova dos leões. Chegando-se ele à cova, chamou a Daniel com voz triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões? Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive eternamente! O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achado em mim inocência diante dele…” Daniel 6.19-22

Não há arrogância em Daniel ao tratar com o rei, ele tinha um coração humilde, houvera apenas boas notícias de livramento e o testemunho do poder do Senhor, sim! O Deus que é forte fechou a boca dos Leões. O Deus que é forte salvou a Daniel, e Ele é Aquele que também nos salva.

Acredito que, muitas vezes, não temos noção completa do favor de Deus e de tudo o que Ele tem feito para nos livrar. Que hoje, possamos orar como Jesus nos ensinou:

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; O pão nosso de cada dia nos dá hoje; E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.” Mateus 6:9-13

Mas livra-nos do mal… Teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém! Que sejamos gratos porque o Deus que é forte tem nos protegido.

Jesus é o Rei que veio para servir. Mesmo sendo Deus, não exigiu Seu direito de O Ser, mas tornou-se servo de todos ensinando-nos o sentido do verdadeiro amor – “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, tendo plenamente a natureza de Deus, não reivindicou ser igual a Deus, mas, pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo plenamente a forma de servo, entregando-se à obediência até a morte, e a morte de cruz.” Filipenses 2.5-7

Essa é uma mensagem que nos instiga, não é mesmo? Pois não sei quanto a você, mas em muitos momentos não consigo assumir este papel, servir e amar sem impor condições. E além disso, precisamos de maturidade para entender a tênue linha entre obedecer a Deus e sondar as verdadeiras motivações do nosso coração a fim de servir de forma genuína.

Na Bíblia existem vários relatos em que fariseus e publicanos realizavam “atos de fé” desconectados dela, pois o propósito real de seus corações era o de ser visto pelos homens e ser considerados por eles virtuosos. Devemos servir, não com o intuito apenas de cumprir a lei, mas principalmente porque este é o modelo de Deus. Jesus, assumiu a forma de servo, o Rei que veio para servir!

Mas qual é esse modelo? Passemos agora a pensar sobre a vida de Jesus e as cenas que Ele viveu. Primeiro, nasceu como uma criança normal vindo em uma família considerada comum, com histórias de fuga e muitas emoções em torno dos seus dias iniciais aqui na terra como homem. Por meio dele foram criadas todas as coisas, todo o poder lhe pertence, mas decidiu esvaziar-se de Si mesmo e se tornar humano como qualquer um de nós. Apenas para fazer a vontade d’Aquele que Lhe enviou.

“Então, eu disse: Eis que estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.” Hebreus 10.7

“Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.” João 6.38

Lembra-se de como Ele serviu as crianças quando os discípulos queriam afastá-las? Olhou para as mulheres de forma tão especial e lhes concedeu dignidade além do que a própria cultura lhes conferiam. Tocou em leprosos quando ninguém mais o faria. Chamou um coletor de impostos para se juntar ao ministério do evangelho perdoando os seus pecados e oportunizando salvação a todos, alguém que era tido como um tipo “ladrão” ou quem sabe um político corrupto nos dias de hoje? Sim, podemos “revirar” o Evangelho em busca de todos os momentos em que Ele estava ali para simplesmente servir.

Mas, passemos a outro episódio, entre os discípulos surgiu grande questão: quem seria entre eles o maior? “Minutos depois, eles começaram a discutir entre qual deles era o maior; então, Jesus interferiu: “Os reis gostam de mostrar seu poder, e os líderes gostam de se dar títulos pomposos. Com vocês não será assim: que o maior de vocês se torne o menor. Quem quer ser líder deve se tornar servo. Quem vocês preferem ser: o que come o jantar ou o que serve? Vocês preferem comer ou ser servidos? Mas eu assumi entre vocês o lugar de quem serve.” Lucas 22.-27 (A Mensagem) Isso é o que chamamos de Reino de cabeça para baixo.

E falemos sobre a Cruz e como Ele tomou o nosso lugar. Como foi transpassado e moído por nossas transgressões e iniquidades. Oprimido e humilhado não abriu Sua boca para responder aos acusadores. Homem de dores e que sabe o que é padecer, desprezado e o mais rejeitado em toda história, castigado para nos libertar.

“Pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, morto para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma.” 1 Pedro 2.13-25

Amém! Oremos para que o Senhor nos ajude em nossas fraquezas, que Seu Espírito em nós derrame a graça que precisamos para ser como Ele É. Nossa alma tem Pastor e Ele se chama Jesus. Desejo muito ser como Ele, e você?

Você já se sentiu impotente e desanimado ao ver o noticiário? Ah, eu creio que muitos de nós já se sentiram assim. Nos deparamos com a maldade em certo nível que nos faz pensar que a solução está distante e que nós somos pequenos e sem um poder de ação. Mas, bem…Se olharmos com a perspectiva correta veremos que nem toda nossa estranheza é incoerente. Teremos que concordar que nem todo poder de mudança está em nossas mãos.

Nós humanos somos limitados e, por mais influentes, não conseguimos mudar todas as coisas erradas. O que resta então? Permitiremos a maldade crescer sem que algo seja feito? De maneira alguma! Nós podemos e devemos fazer o que está ao nosso alcance. Devemos permanecer fazendo o que nos foi proposto e o que está diante de nós. Mas existe algo ainda mais excelente e poderoso do que nossa influência: o poder da oração. Você acredita nisso?

“Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério.” – 2 Timóteo 4:4,5

O poder da oração ultrapassa o poder de nossas ações humanas. Vamos fazer as cruzadas, vamos aos hospitais, vamos ao mercado de trabalho. Mas não nos esqueçamos de fazer tudo isso em oração e à partir do lugar de oração. Agora, oração ainda é algo que estamos fazendo por conta própria, correto? Bom, mesmo em oração, o homem é totalmente dependente de Deus e não de si mesmo.

Nem mesmo o homem mais eloquente e cheio de palavras robustas consegue imprimir alguma força em sua oração, ou chamar a atenção de Deus de forma especial. Logo, deixar de orar por não acreditar no poder da oração, é tão perigoso quanto orar por acreditar no poder proveniente de si mesmo.

Deixe-me explicar melhor: não há em nós o poder de mudança, de resposta, de transformação. Do homem com palavras mais simples ao homem mais comunicativo, existe a necessidade de Deus em sua oração. Existe a dependência daquele a quem estamos dirigindo nossas palavras. Caso contrário, a oração seria totalmente indispensável.

Se o poder da oração está em Deus, pois ele é o alvo de nossas palavras, então não deveria haver em nós motivo de silêncio. Jamais! Não é baseado em nós ou nas nossas habilidades comunicativas. Nem mesmo em nossa meritocracia.

Quanto mais ficamos conscientes de nós mesmos, mais oramos. Não apenas diante do cenário mundial ou do aumento da maldade. Nós oramos porque em nós mesmos nada podemos fazer. Nem para a mudança de uma sociedade, nem mesmo para qualquer outra coisa cotidiana. Dito isso, quero me ater ao fato de que a falta de oração aponta tão prontamente ao pensamento de que não precisamos “tanto assim” de falar com Deus. De nossa independência dele. Alguém que desistiu de orar, pensa ter encontrado em si o combustível necessário para viver. Logo, está completamente perdido.

Dediquem-se à oração, estejam alertas e sejam agradecidos.” – Colossenses 4

O ato de falar com Deus é movido pela necessidade da conexão divina, que começa com a consciência de quem somos e culmina com a revelação de quem ele é. A partir disso, passamos a orar não só porque somos pobres de espírito, mas porque ele é belo.

A maior necessidade que temos ao encontrar Deus é a da nossa própria transformação. É quando nosso desejo de ser como ele, de contemplar quem ele é, de nos manter em um relacionamento de amor, move-nos em direção a ele constantemente.

As notícias, os acontecimentos, podem nos fazer parecer impotentes. Mas, de fato podemos olhar para o lugar de onde vem o nosso socorro e, em oração, perseverarmos em um relacionamento que nos transformará e nos dará ferramentas para influenciar, com sabedoria, o ambiente ao nosso redor. E dele virão todas as respostas e toda a transformação.

“Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual.

E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus.” – Colossenses 1:9,10

Epístola a Filemom.

Filemom é uma carta que toca num assunto muito pertinente no desenvolvimento da vida cristã: o perdão. Perdoar ou, segundo o dicionário, remir alguém de alguma ofensa/dívida/pena é algo que faz parte na jornada daqueles que buscam ter o coração de Jesus. Embora muitas vezes esquecida em nossas bíblias, essa pequena porção das escrituras nos encoraja a enorme prática do perdão sem ao menos citar na palavra “perdão” em si.

 

Contexto histórico

Não existe muita contestação teológica relevante quanto ao contexto histórico da Epístola a Filemom. Tradicionalmente ela é aceita como uma carta escrita a próprio punho pelo apóstolo Paulo, enquanto estava preso, a Filemom, um cristão residente de Colossos. A carta foi enviada através de Tíquico, cooperador de Paulo, provavelmente junto com a Epístola aos Colossenses.

Filemom é a menor carta de Paulo com apenas 334 palavras no grego¹, sendo uma das quatro cartas destinadas a um indivíduo em específico (Tito, 1 e 2 Timóteo são as outras), mas diferente das demais ela também é direcionada a uma igreja local. Parece que Paulo queria muito que o assunto em específico tratado na carta e direcionado ao indivíduo Filemom chegasse também ao conhecimento da igreja que se reunia na casa dele.

A tradição histórica² por traz da carta conta a respeito de um escravo chamado Onésimo, que havia causado prejuízo ao seu senhor Filemom e fugiu, porém, se converteu com Paulo (Fm 9) ao cristianismo. Então, após a conversão de Onésimo, Paulo o envia de volta juntamente com Tíquico ao seu senhor em Colossos (Cl 4:7-9). Importante citar que havia cristãos de Colossos donos de escravos, e que, não seria incomum se a igreja colossense fosse composta também por senhores e seus respectivos escravos (Cl 3:22-4:1).

 

Desenvolvendo o conteúdo da carta

Nos três primeiros versículos de Filemom (Fm 1-3) Paulo introduz sua carta citando remetentes e destinatários, destacando nas palavras do próprio Paulo, o amado Filemom, nosso colaborador.

A carta segue com o apóstolo estimando ainda mais Filemom “lembrando-me, sempre, de ti nas minhas orações” (Fm 4), “tendo grande alegria e conforto no teu amor” (Fm 7) e no versículo 6 declarando uma oração apostólica pelo amado colaborador colossense:

 

“para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo.” – Filemom 6

 

Parafraseando no grego, Paulo intercedia e pedia a Deus para que a koinonia (comunhão, fraternidade, intimidade familiar) da pistis (fé genuína em Deus) se tornasse energes (ativa, eficiente, operante). Essa oração vai introduzir o pedido de Paulo em favor de Onésimo. Ele está dizendo que a verdadeira comunhão com os santos desprende uma atitude ativa e energética por nossa parte, motivada pela genuína fé no Deus vivo e no seu Filho.

Dito isso, Filemom 8-21 é conhecido como a intercessão em favor de Onésimo.³ Não apelando para qualquer autoridade apostólica (v. 8), mas baseada no amor (v. 9), Paulo declara a utilidade de Onésimo (v. 11; nome que significa “útil”) e o manda de volta a Filemom para ser recebido “não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo” (v. 16) indo ainda mais além em seu pedido: “Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo” (v. 17).

Naquela época era de costume e permitido por Roma que se um escravo fugisse e fosse encontrado novamente pelo seu senhor, este poderia castigar e até mesmo tirar a vida do escravo fugitivo. Paulo então pede para que o senhor receba de volta o seu escravo que fugiu, mas agora como um irmão amado. Ele toca não apenas no sentimento, mas na prática do perdão: Receber em amor aquele que te causou prejuízo, te deve e te foi infiel, não exigindo nada dele.

 

Desenvolvendo o perdão

Jesus escolheu a sua igreja para que vivam como um só povo, com um só sentimento. Ele desejou que houvesse relacionamento fraterno por meio da fé entre o judeu e o gentio, entre o escravo e o senhor e na verdade entre todos do Corpo. Ele sabia que relacionamentos geram tensões e por isso ele nos deu o perdão, o perdão que procede de Deus.

Geralmente, pensando no poder da redenção, notamos apenas o perdão de Deus para com o homem. Mas a verdade é que na cruz foi liberado divino poder para perdoar o próximo. Não um perdão superficial, humano e meramente racional, mas um perdão de caráter redentivo, libertador, que expressa o coração e o amor ágape de Deus.

Quando perdoamos podemos pensar que estamos fazendo a outra pessoa livre quando na verdade nós é que estamos sendo livres da ofensa, da falta de comunhão e do orgulho. Jesus nos ensina a orar ao Pai: perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (Mt 6:12).

O amor entre os irmãos revela o perdão de Deus. Sabendo disso, o apóstolo Pedro apela para o amor sincero entre os irmãos: porque o amor cobre (perdoa) multidão de pecados (1Pe 4:8).

 

70 x 7

Esse Pedro, anos mais cedo pergunta a Jesus sobre quantas vezes deveria perdoar o seu irmão (Mt 18:21-22): “Que tal sete vezes, Jesus? Sete é um bom número, expressa a perfeição de Deus.” Então Jesus vem com uma matemática maluca: “70 vezes 7”. O engraçado é que Jesus não estava limitando o poder do perdão a 490 vezes. Ele estava indo além, elevando o padrão a um estilo de perdoar além do que é possível humanamente. A parábola que Jesus conta a seguir (Mt 18:22-35) vai revelar o princípio de perdoar não como o de cancelar uma dívida por cancelar, mas o de ser uma expressão do caráter do coração perdoador e misericordioso de Deus. É exatamente por isso que em Deus é possível perdoar toda e qualquer ofensa e mágoa. Ele é o grande Deus misericordioso.

Perdoar o próximo muita das vezes não é um processo instantâneo em nossas vidas e se desenvolve na medida que somos curados e amadurecidos em amor. Sabemos que existem ofensas e mágoas de pessoas que nos machucaram que são como feridas muito profundas em nossas almas, às vezes parecem danos imperdoáveis. As dores presas na memória ofuscam o caráter amoroso e misericordioso de Deus. Podemos inclusive saber o que é o perdão em teoria na nossa mente e ainda assim estarmos presos a ofensas passadas como escravos das nossas próprias dores. Diante disso, Deus vê o nosso coração e procura nos regar com amor e restauração em nossa alma. Ele deseja que amadureçamos em amor para que se preciso for perdoemos todos os dias a mesma pessoa pela mesma ofensa (a prática do 70 vezes 7). O perdão diário é algo que expressamos a partir de comunhão com o coração de Deus. Ele é a fonte.

Por outro lado, não podemos relacionar o perdão a uma atitude passiva e displicente em relação ao dano causado pelo próximo. Apesar do retorno de Onésimo proposto por Paulo, ainda havia um prejuízo a ser ressarcido a Filemom que o próprio Paulo estava ciente e se dispôs a quitar (Fm 18-19). Do mesmo modo o Deus que perdoa pecadores (1Jo 1:9) odeia o pecado (Hb 1:9). O próprio Deus teve que pagar o dano causado pelo pecado. A nossa dívida não foi cancelada como alguém que simplesmente se esquece e “finge” nunca ter existido iniquidade. Houve trabalho e sacrifício por parte do Deus vivo para que diante do próprio Deus fossemos aceitos e declarados inculpáveis. Esse é o escândalo do evangelho: Deus salvando sua criatura rebelde de um justo juízo através de uma justiça baseada em sacrificar a si mesmo, pagar a dívida do pecado e estender misericórdia ao homem.

 

“Se observares, SENHOR, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam.” – Salmo 130:3-4

 

O perdão é a expressão de caráter do coração de um Deus que nos perdoou e pagou por nossos pecados. É a atitude de um coração puro operando em sabedoria e muito mais do que fingir nunca existir uma dívida. Repare que quanto a escravidão, comum na época de Filemom, Paulo não parece ser um abolicionista, mas ainda assim ele defende a presença de amor e perdão entre senhor e escravo. O seu pedido principal era que Filemom abertamente manifestasse o Deus que não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades (Sl 103:10).

Que o Pai nos dê a graça de manifestar os atributos do Deus que nos criou a sua imagem e nos comprou para sermos a imagem do Seu Filho.

 


 

Referências:

¹ – doutorteologia.blogspot.com.br/2008/11/carta-filemon.html

² – estiloadoracao.com/epistola-de-paulo-filemom/

³ – pt.wikipedia.org/wiki/Ep%C3%ADstola_a_Fil%C3%A9mon

Evangelho de João

Contexto Histórico do livro de João

O Evangelho de João cronologicamente foi o último a ser escrito, segundo dados históricos provavelmente entre os anos 95d.C e 100dC¹, data em que João após estar exilado na ilha de patmos havia sido solto². Embora na questão do local de origem deste evangelho haja divergência entre teólogos e historiadores nossa atenção deve estar no fato de que João teve oportunidade de ver a doutrina cristã plenamente revelada e viu os efeitos da pregação desta doutrina em diversas as nações. Além disso, se João escreveu este evangelho após retornar do exílio ele já havia recebido a Revelação de Jesus Cristo, como ele próprio descreve em Apocalipse, fato que explana à nós o motivo pelo qual a Divindade de Jesus é tão reforçada e destacada nos relatos de João. Ele não apenas conviveu com Jesus durante sua vida na terra e alguns dias após a ressurreição mas Ele viu Cristo em sua Glória, Majestade e Esplendor; ele pôde compreender como todas as coisas foram feitas por intermédio de Jesus e sem Ele nada do que foi feito se fez, pois Ele é o Primeiro e o Último.

João mesmo descreve o principal objetivo deste evangelho: “Estes [relatos, fatos], porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (João 20.31). As citações frequentes ao Antigo Testamento, a linguagem de João e os detalhes singulares que apenas ele descreve, bem como a afirmação de fatos já expostos nos outros evangelhos remetem ao objetivo dele: que creiam que Jesus é Cristo, Filho de Deus e então possam ter vida.

Também João já havia visto como a igreja estava caminhando e se preocupava com constante crescimento do gnosticismo3, entre os que se diziam cristãos, um ensino que distorce os principais fundamentos da fé cristã como: salvação, divindade e humanidade de Jesus. Um dos objetivos de suas cartas para a igreja foi fortalecer o evangelho buscando combater as heresias que o gnosticismo trouxe para o cristianismo reafirmando a identidade de Jesus como Verbo que se fez carne, o salvador da humanidade e o Filho de Deus.

João viu muitas profecias que Cristo havia proferido se tornarem realidades, antes mesmo de escrevê-las em seu evangelho, e entendeu a importância dos últimos discursos de Jesus antes de sua morte, talvez este seja um dos motivos que o levaram a relatar o que nenhum dos três evangelhos anteriores ao seu relataram: os últimos ensinos de Jesus, para eles os discípulos, antes de Sua morte. Em especial, as palavras de Jesus descritas em João 15 marcaram discursos nas cartas de João. Ao lermos suas epístolas percebemos que ele guardou e perseverou em ensinar à igreja a importância de permanecer em Jesus e este também será o principal foco deste estudo.

“Então, disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos.” (João 8:31)

“Quanto a vós outros, zelai para que aquilo que ouvistes desde o princípio permaneça em vossos corações. Porquanto, se o que ouvistes permanecer em vós, de igual modo permanecereis no Filho e no Pai. (1 João 2:24)

“Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas acredita estar indo além dele, não tem Deus; porquanto, quem permanece na sã doutrina tem o Pai e também o Filho.” (2 João 1:9) 

 


O Discurso de Despedida

Entendendo o contexto textual de João 15

Grande parte das últimas palavras de uma pessoa que tem poucos dias de vida remetem ao arrependimento pelo que deixou fazer, se você pesquisar as últimas palavras de grandes pensadores e influenciadores da sociedade é isso que encontrará. Mas de modo algum essas foram as palavras de Jesus, Ele sempre teve a plena convicção de tudo que viveu e do que estava prestes a fazer sabendo que Ele apenas havia falado tudo o que o Pai falou e que também havia feito tudo o que viu o Pai fazer. Seu discurso de despedida foi então o mais inspirador de todos.

Jesus sabia que esta seria sua última ceia com os discípulos antes da crucificação, e “sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e estava voltando para Deus,” (João 13:3) Colocou água em uma bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, Ele que já havia se esvaziado tornando-se homem também servo se fez e os ensinou que aquele que quiser ser o primeiro deve ser servo de todos.

Logo após este acontecimento Jesus perturbou-se em espírito sabendo que aquele que estava à mesa com Ele haveria de traí-lo. Então Ele entrega o pedaço de pão molhado a Judas e logo que Judas come o pedaço de pão ele sai. (João 13.18-30)

“Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele.” (João 13:31)

Neste momento Jesus começa a despedir-se dos seus discípulos, falar de sua partida (v. 33), diz a Pedro que ainda que ele desejasse segui-Lo até a morte ele o negaria três vezes antes do galo cantar. Mas então o Mestre começa a animá-los: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.(João 14:1-3)

“Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre.” (João 14:15,16)

E após encorajá-los Jesus os instruiu a permanecer Nele como Ele no pai permanece, João 15. Jesus não estava olhando para as falhas e fraquezas de seus discípulos, Ele sabia o que cada um iria fazer nos momentos seguintes, em que Ele haveria de ser preso. Ele os instruiu a como manter sua vida alicerçada Nele mesmo em sua ausência corpórea entre eles.

“Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15.5)

 


A Videira, as varas e O Agricultor

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda. Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.” (João 15:1-5)

As uvas eram cultura de subsistência na palestina, a videira foi muito importante cultural e economicamente nos tempos bíblicos. Devido a sua centralidade na vida quotidiana, muitas vezes foi usada simbolicamente nas Escrituras.

Em João 15 podemos observar esta alegoria da Videira, O Agricultor, e os ramos.

Quando olhamos para uma vinha, em época de colheita, é lindo observar o verde de cada folha nos ramos carregados de cachos de uvas. Mas é impossível encontrar essa mesma beleza e fruto em um ramo que não está na videira. Diferente de outros galhos de árvores que podem servir para produção, alicerces, até mesmo servem para fabricar mesas e cadeiras, os ramos de videira são tão finos, que não tem nenhuma outra utilidade fora da videira, a não ser serem lançados no fogo.

“Filho do homem, que mais é a árvore da videira do que qualquer outra árvore, ou do que o sarmento que está entre as árvores do bosque? Toma-se dela madeira para fazer alguma obra? Ou toma-se dela alguma estaca, para que se lhe pendure um vaso? Eis que é lançado no fogo, para ser consumido; ambas as suas extremidades consome o fogo, e o meio dela fica também queimado; serviria porventura para alguma obra? Ora, se estando inteiro, não servia para obra alguma, quanto menos sendo consumido pelo fogo, e, sendo queimado, se faria ainda obra dele?” (Ezequiel 15:1-5)

“Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados.” (João 15:6)

Pense um pouco sobre isso: Jesus é a Videira, nós os ramos. Biologicamente analisando este versículo devemos conseguir entender esta alegoria. Todos os nutrientes que trazem vida aos ramos não são produzidos pelo próprio ramo, pois o ramo fora da videira seca. O ramo não consegue se plantar na videira, a videira o gera e o faz crescer, e O Agricultor poda os ramos e os trata para que dêem mais fruto. Sem a videira o ramo nada pode fazer, ser ou sequer existir, pois é na Videira, em Jesus que vivemos, nos movemos e existimos, pois somos a sua geração, aqueles que Ele gerou. Estas foram as palavras de Jesus. Nós fomos gerados Nele, por Ele e para Ele e sem Cristo nada podemos fazer.

Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome.” (João 15.16)

A gratidão cresce em meu coração, cada vez em que me lembro dos momentos em que meu coração se sentiu fraco e desamparado e o Pai como um excelente agricultor tratou deste pequeno ramo, o podou, o limpou para que não fosse sufocado. Todos passamos por momentos em que necessitamos deste tratamento e como é lindo quando nos lançamos no processo de sermos limpos pela sua Palavra,  e sabemos que não iremos crescer desordenadamente pois temos um Agricultor que além de tudo é nosso Aba, Pai, que não está apenas preocupado com a quantidade da colheita mas com a qualidade de todo o processo de Permanecer na videira.

“E naquele dia, entendereis que Eu estou no meu Pai, e vós, em mim, e Eu, em vós.” (João 14:20)

 


O chamado para permanecer

“Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido.” (João 15:7)

A Videira, os ramos eram apenas uma linguagem de como Jesus quer se relacionar conosco. Sua vontade é que permaneçamos Nele, assim como Nele e por ele fomos gerados. Não consigo imaginar outra alegoria que se encaixe melhor neste contexto, quando permanecemos Nele, como o ramo na videira, e as suas palavras permanecem em nós como a seiva de uma planta que leva para os galhos e folhas os nutrientes (alimentos) que a raiz absorve da terra os frutos são gerados, mas tudo começa na Videira.

Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor.” (João 15:9)

No grego a palavra traduzida como permanecer é: “meno (με νω)”. Que também é muitas vezes traduzida como: continuar a estar presente, continuar a ser, não perecer, não partir. Como permanecemos em Jesus?

Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.” (João 15:10)

Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.” (1 João 2:5,6)

O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei.” (João 15:12)

Podemos encontrar a resposta  nestes versículos citados: Permanecer em Cristo é obedecer aos seus mandamentos. Quando penso sobre seus mandamentos a primeira mensagem que me vem a mente é o Sermão do Monte, o ensinamento mais claro e profundo do que é seguir os seus mandamentos, mas que se resume em uma palavra: Amor, Amar a Deus de todo o coração, força e mente e ao nosso próximo. “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (1 João 4:8) Todas as vezes em que Jesus está se referindo a “amor” nestes versículos acima, não está falando de filéo  Ele está usando a palavra ágape, vejamos a diferença de amor traduzido de filéo e amor traduzido de ágape:

Amor filéo – é o amor fraterno, relacionado à família e aos amigos. A pessoa retribui o amor na medida de amor que recebe. Amam por causa de bons e grandes favores. É um amor condicional.

Amor ágape – é o amor de Deus, sacrificial e doador.  É incondicional, não está dependente de uma resposta positiva. É possível ser expressado entre as pessoas também, desde que decidam amar incondicionalmente. Mesmo que as pessoas errem, continuaremos amando-as, pois o que nos desagrada são as suas atitudes, porém o nosso amor por elas deve permanecer inabalável.

Quando Jesus está dizendo como o Pai me amou eu vos amei. Ele está dizendo com o mesmo amor incondicional (ágape) que o Pai tem por mim eu os amei (ágape). Permaneçam no meu amor incondicional (ágape); versículo 9. E quando Jesus diz o meu mandamento é este amem-se uns aos outros como eu vos amei, Ele está dizendo da mesma forma incondicional que eu os amei (ágape) amem (ágape) uns aos outros, versículo 12.  Minha busca por amor ao próximo mudou quando esta realidade de amor ágape veio ao meu coração, Jesus já havia dito para amar o nosso próximo como a nós mesmos, mas estas palavras de amar ágape as pessoas como Ele nos ama ágape, são muito mais intensas do que conseguimos imaginar. Você consegue amar ágape aquela pessoa que passa pela rua sem te cumprimentar? Consegue amar ágape aquela pessoa que fala mal de você pelas costas? Consegue amar ágape aquela pessoa que tem um temperamento tão oposto ao seu que só em respirar ela te irrita? E consegue amar ágape aquela pessoa que já fez muito mal a você ou a algum membro de sua família? Muitos não conseguem se importar com  a dor das crianças que estão sendo vendidas para exploração sexual, quanto mais poderiam dizer que as amam ágape ao ponto de interceder por elas. Eu nem mesmo consigo imaginar se consigo me amar ágape, pobre e miserável ramo que sou!

Porém precisamos conhecer a Cristo verdadeiramente para que possamos começar a entender este amor ágape. É estando cada vez mais perto de Jesus o buscando, cultivando uma vida de oração e de busca pelo conhecimento de Deus que seremos transformados à imagem de quem Ele é. Me recordo de uma das aulas da nossa escola online (Fhop School) em que o professor Allen Hood contava uma história de sua busca fracassada por viver I Coríntios 13 e amar a sua esposa com aquelas descrições de amor, e quanto mais ele tentava pior ele ficava, até o momento em que Deus disse para ele: Allen, não existe amor fora de quem Eu sou, olhe para mim, entenda como eu amo e você será transformado, conseguirá amar à medida que me contempla. Sem Cristo nada podemos fazer, precisamos Dele para amá-lo (ágape) e precisamos Dele para vencer a apatia e amar (ágape) o nosso irmão como ele nos ama (ágape). Nós já estamos na Videira, porque Ele incondicionalmente nos amou, e precisamos contemplá-lo todos os dias para que possamos permanecer, ou seja, cumprir os seus mandamentos de amor ágape. Que todos os dias busquemos permanecer no seu amor, buscando conhecê-lo mais para sermos transformados à imagem de quem Ele É!

E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento. E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado.”  (1 João 3:23,24)

Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão.” (1 João 4:19-21)

 


 

Referências:

¹ – pt.m.wikipedia.org/wiki/Evangelho_segundo_João

² –  Santo Ireneu  

³ – Segundo Rudolf Bultmann (1884-1976)

 

Sem dúvida alguma o estudo bíblico é uma das ferramentas mais preciosas que podemos desfrutar. Enquanto cristãos é a partir deste fundamento tão importante que desenvolvemos habilidades associativas que “desenham” os traços que formam nossa maneira de ser e viver, direcionando nossa cosmovisão¹ de vida.

A Bíblia é um elemento eterno e merece que debrucemos completa atenção em compreendê-la e colocá-la em prática. Contém as verdades que nunca passarão, tendo em cada nova leitura fôlego para nos surpreender e transformar.

É justamente com essa perspectiva que gostaríamos de te convidar a embarcar nas próximas linhas, tratando o nosso “objeto de estudo – A Bíblia”, como algo espiritual e não simplesmente natural. Como a própria inspiração divina entregue a nós não somente para que conhecêssemos à Cristo, mas para sermos aperfeiçoados em toda a boa obra!

    “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. 2 Timóteo 3:16-17

O propósito desta reflexão é compreender que muito além de um estudo aprofundado para conclusões lógicas, nas escrituras encontramos poder, vida e força capazes de desvelar nossos corações com exatidão, permitindo-nos construir um estilo de vida cristão comprometido. Denunciando todos os desajustes que nos impedem de ver e conhecer a Deus com clareza.

A palavra revelada tem a capacidade de “atravessar” nossas almas, transformando-nos tão profundamente a ponto de discernir e julgar nossas intenções mais escondidas. Ela nos leva à obras reais e visíveis que poderão ecoar por toda a eternidade!

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Hebreus 4:12

O estudo das escrituras nos leva a esse contato direto e individual com a voz de Deus. À medida que nos relacionamos com as sagradas escrituras que sejamos conduzidos à uma ação dupla: de lermos as frases de vida e ao mesmo tempo sermos revelados por elas. Que o processo de meditação bíblica não se resuma à mera retratação, mas na concretização de práticas que nos levarão aos sinceros e necessários frutos da fé!

O Livro de Tiago: A Palavra de Deus desenvolvendo os frutos de nossa fé

O contexto do livro de Tiago

O autor da carta é mencionado apenas como Tiago “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tiago 1:1), sem maiores referências sobre sua origem.

Devido a algumas teorias teológicas o escritor fora identificado como sendo Tiago, o próprio irmão de Jesus que em concordância com o texto de João 7:5 (“Porque nem mesmo seus irmãos criam nele”), fora considerado um descrente durante todo o ministério de Cristo. Posteriormente, após a morte de Jesus teria se convertido radicalmente e conforme as escrituras relatam, tornado-se um influente líder da igreja em Jerusalém. (Atos 12:17 e 15, Gálatas 1:19 e 2: 9-12).

Embora não possamos ser imperativos em afirmar, podemos especular pelos dados históricos levantados por Flávio Josefo², que essa carta tenha sido escrita entre 48 a 62 d.C, um pouco antes do concílio da igreja relatado no capítulo 15 do livro de Atos dos Apóstolos.

Esse compacto livro das escrituras é identificado como um convite para uma vida piedosa. Seria como um “guia” prático da conduta cristã direcionado para aqueles (irmãos na fé), que diziam estar em Cristo.

O conteúdo desta epístola gira em torno de desenvolver a temática da fé genuína, fundamentada não somente no estudo da palavra ou da “lei perfeita”, mas na prática da vida cristã, como uma forma essencial de testemunhar o amor e a salvação de Cristo. Apresentando-nos as obras como elementos originais que vivificam a fé (Tiago 2: 26), como os frutos da maturidade da compreensão de Cristo e da voz de Deus.

Após contextualizar a porção das escrituras que estudaremos durante essa explanação, focaremos especificamente em alguns versículos do primeiro capítulo do livro de Tiago.

Esse capítulo certamente carrega a revelação da importância sobre não sermos apenas ouvintes ou estudantes da palavra, mas em complemento a tudo isso, sermos praticantes fiéis e responsáveis. Com uma linguagem nada polida somos confrontados e levados ao sentido original do cristianismo.

A Bíblia é o espelho para nossas almas: O Compromisso com a revelação é a manifestação dos frutos

Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. ” Tiago 1:22-23

É incrível como as definições mais sutis de conceitos mudam por completo o sentido de um texto. Por exemplo, na primeira frase do versículo 22, que diz: “Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante”, percebemos a diferença essencial entre receber e estudar as escrituras, entre ouvi-la e praticá-la.

Neste contexto, somos lembrados de que na maioria das vezes, um ouvinte é aquele que se coloca voluntariamente na posição de aprendiz. Como alguém disponível para receber novas revelações, mas essa predisposição não significa de fato um compromisso com a verdade.

Ao pensar sobre este texto é como se um alarme de alerta soasse em nosso interior com a necessidade de que fujamos da negligência cristã, do descompromisso enquanto seguidores de Jesus.

A negligência está totalmente ligada com a procrastinação, com o fato de deixarmos de colocar em prática uma função vista como necessária, ainda que reconheçamos a urgência para tal atitude (Tiago 1:25).

O texto segue referindo-se ao estado de contemplação “assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla…”, quando somos levados a conhecer a nós mesmos diante do espelho mais poderoso e impactante disponível à humanidade: A palavra da verdade! Aquela, que como já mencionado, é responsável por ler nosso caráter, nossas atitudes (imagem natural) e nossas intenções (que revelam as profundezas do coração).

O grande problema não é a contemplação em sí, mas a decisão por não permanecermos diante da palavra, diante desse espelho: “e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.”. A função de sermos retratados é justamente que isso culmine em uma transformação. Em uma quebra de orgulho que nos transicione de “ecos” finitos, sem profundidade para um reflexo permanente da imagem perfeita de Cristo (2 Coríntios 13).

O reflexo daquilo que somos só será intenso ao estarmos escondidos n´Aquele que é eterno. Quando decidimos nos tornar discípulos genuínos: Como aqueles que permanecem (João 8:23-31) e se permitem ser transformados por inteiro!

Mas o que é permanecer? Como nos comprometermos com a verdade?

Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei de liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem- aventurado no que realizar” Tiago 1:25

O permanecer em Jesus pode ser definido justamente pelo fato de nos tornamos responsáveis pelas revelações que recebemos, ao nos conectarmos com a verdade de que precisamos aceitar a santificação como um constante estilo de vida. Operar de um modo prático é o que caracteriza esse movimento essencial de colocar as verdades das escrituras para fora de nós mesmos!

Essa prática de fé não deixa de ser um tipo de santificação, aquilo que nos habilita para o reino, justamente como a poda que retira de nossos corações os galhos secos que nos impedem de ver a Deus (João 15).

Deste modo estamos deixando para trás um relance natural e passando a refletir o próprio mistério revelado: Jesus a verdadeira e fiel imagem dos atributos de Deus, antes invisíveis (Colossenses 1:26).

Segundo essa reflexão dos versículos de Tiago, percebemos que o cristão sincero, comprometido com as obras é aquele que não reflete a si mesmo. Ele revela os traços de Seu mestre com uma mescla perfeita entre humildade e ousadia, simplicidade e realeza, miserabilidade (um coração que reconhece suas necessidades) e esperança.

Podemos ter alegria ao saber que o reconhecimento de que nossa vida de fé é uma jornada composta por diversos processos, certamente nos levará aos frutos, às obras de justiça enquanto um reflexo sincero produzido pelo único e verdadeiro agricultor (João 15/ Tiago 2:17-20).

A nossa imagem natural é ofuscada e superada quando permanecemos diante do espelho (não fugimos dele, como o texto base indica), quando desejamos tocar o sobrenatural pelo simples fato de nos escondermos nEle.

E sobre as obras da fé?

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Tiago 2:14-18

Esses versículos são realmente profundos e revelam que os frutos da fé precisam superar em obras o peso das revelações que recebemos. Em outras palavras, a identidade de nossa fé é manifesta com atitudes práticas que desenvolvam a nossa natureza em Cristo e não a partir de discursos reproduzidos.

A questão das obras é muitas vezes confundida com atitudes grandiosas ou ações consideradas dignas de serem contempladas, porém, a grande verdade é que esse não é o padrão bíblico.

Por todas as escrituras encontraremos indicações sobre os verdadeiro frutos da espiritualidade e de fato percebemos que não são um produto da capacidade humana. Eles são um mero transbordar daquilo que o Espírito já produziu em nosso interior. (Gálatas 5).

Ao pensar sobre isso é quase impossível não relacionarmos as obras com o capítulo de João 15, onde os frutos são realçados como aqueles que demonstram a quem de fato estamos ligados e que essencialmente o processo de frutificar, apresentar obras dignas, só é possível quando estamos em íntimo contato com Deus. Aquele que pode nos tocar com suas próprias mãos e pessoalmente se compromete com as atitudes que poderemos produzir.

O próprio processo nos levará a uma fé prática, que nos fará fugir da hipocrisia, tornando o nosso cristianismo completo de sentido e gerando a obra mais significativa da jornada cristã: uma transformação de dentro para fora.

As obras da fé necessariamente serão construídas como uma continuidade de nossa submissão ao Espírito e ao que Ele deseja fazer a partir de nossa salvação.

…colocai em prática a vossa salvação com reverência e temor a Deus, pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade”. Filipenses 2:12-13

Que sejamos amadurecidos em fidelidade, conduzidos à prática responsável de uma vida piedosa e íntegra. Que as nossas atitudes sejam correspondentes aos nossos discursos, assim como nos instrui essa preciosa epístola de Tiago!

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¹ Cosmovisão: A cosmovisão pode ser definida como uma maneira particular de vermos o mundo. “Uma cosmovisão é a moldura a partir da qual vemos a realidade e damos sentido à vida e ao mundo. É qualquer ideologia, filosofia, teologia, movimento ou religião que oferecem uma abordagem abrangente para a compreensão de Deus, do mundo das relações do homem com Deus e com o mundo” Dale Anderson.

² Flávio Josefo: Yosef ben Mattityahu, um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem sacerdotal e real, que viveu entre os séculos 37 d.C à 100 d.C. Seus escritos contam a história a partir de uma perspectiva judaica, destacando inclusive a separação definitiva entre o judaísmo e o cristianismo.

“Torre forte é o nome do Senhor, à qual o justo se acolhe e está seguro.” Provérbios 18.10

Você já parou para pensar de onde vem as nossas forças? Quando nos sentimos inseguros corremos para o Senhor e Ele estende sobre nós o seu amor leal e bondoso. Ele é a nossa torre forte, o Deus da nossa salvação. Mas Ele também é aquele que nos faz fortes para guerrear as batalhas e nós nos tornamos como Davi lutando contra o gigante. Mesmo que pareçamos tão pequenos nos tornamos grandes guerreiros do Senhor.

Hoje quero te convidar a olhar para o Senhor como essa torre forte. Um lugar onde eu e você estaremos abrigados e seguros. Lá receberemos toda proteção necessária para sermos revigorados em nossas forças e  esperanças. E quando estivermos prontos, mais uma vez sairemos para os campos “empunhado as nossas espadas”.

Precisamos aprender a discernir os nossos dias. Há tempo de apenas nos abrigarmos na torre forte que é o Senhor. Mas há tempo de desembainhar a espada e corajosamente combatermos nos campos. Lembre-se que somos como árvores plantadas junto à corrente das águas, que no devido tempo dá o seu fruto e cujo a folhagem  não murcha. Quando nos abrigamos nessa torre forte que é Cristo, certamente experimentaremos da sua proteção.

Hoje, se você estiver cansado ou desanimado pelas batalhas da vida, lembre-se: você não está só. Saiba que o justo viverá pela fé e que perseverança é a marca do verdadeiro cristianismo. A Bíblia se torna viva em nós, quando somos conduzidos na verdade de quem Jesus é. A Palavra cria raízes profundas e nós aprendemos o que significa perseverança.

Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma. Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da , para a conservação da alma. Hebreus 10.35-39

Hoje é dia de fecharmos os nossos olhos e com os olhos da fé contemplarmos as promessas. Corra para a torre forte que é o Senhor. Lá seremos alimentados, revigorados e surpreendidos pelo amor que Ele nos tem.

Sempre que pensava em sabedoria, isso soava em minha mente como algo temporal, para ser adquirido e praticado apenas nesta vida humana, sem uma perspectiva de eternidade.

A verdade é que todos os tópicos do cristianismo, da nossa fé, apontam para o Eterno. Para algo ilimitado que não se resume a esta era, mas que assim como a nossa salvação precisa ser desenvolvido e colocado em ação até se tornar pleno, até ecoar nos ambientes celestiais e acumular tesouros que poderão ser desfrutados. (Filipenses 2:12)

Por causa de nossas concepções culturais e como a ideia de recompensas, de “prêmios”, tem sido tratada, temos a dificuldade de vislumbrar o que isso realmente significa no ponto de vista cristão.

A ideia de galardão é totalmente bíblica e será devolvida a nós na eternidade, conforme o nosso estilo de vida aqui. Conforme a maneira com que encaramos a sabedoria.

Embora a graça seja uma total dádiva de Cristo, o galardão é uma construção pessoal, formado por nossa busca, intimidade e o nosso cultivo do verdadeiro temor e sabedoria. Isso quer dizer que estamos colocando os “alicerces” de nossa morada eterna ainda nesta vida. Como se estivéssemos plantando e regando sementes que são as sombras do que veremos, viveremos e seremos quando nossa carnalidade não for mais um fator limitador, quando nosso corpo se tornar perfeito e glorificado.

Tem sido tão maravilhoso saber que podemos crescer em clareza. Crescer na perspectiva de uma sabedoria eterna que pode ser almejada como uma realidade tão palpável quanto o nosso mundo natural, entendendo que não estamos formando modelos para simplesmente ter um final de vida bem sucedido, mas nossa aplicação de sabedoria refletirá nos frutos que colheremos quando vier o que é Perfeito!

Nós, assim como Paulo nos instrui podemos correr com toda a intensidade como quem almeja ganhar. Como quem deseja chegar em primeiro lugar, (1 Coríntios 9). Isso não significa uma frenética competição, mas representa a busca pelo doce galardão de estarmos próximos de Jesus, e isso é uma visão de sabedoria para a eternidade.

Veja os seguintes versículo de provérbios:

Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, Para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, a eqüidade e todas as boas veredas. Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma, O bom siso te guardará e a inteligência te conservará…” Provérbios 2:5-11

O temor e a verdadeira sabedoria são inseparáveis e quando os buscados para que encontremos o conhecimento de Deus e não para satisfazermos nossos desejos egoístas, eles nos guiam para o caminho da sinceridade e da unidade com os santos, no lugar onde podemos alargar nossa corrida de fé, sendo levados para as veredas da justiça. Isso, não pode ser compreendido como algo simplesmente natural, mas é justamente a ponte que nos entregará ao Senhor. A ponte pela qual já estamos caminhamos até a eternidade.

Esse modelo nos preservará guardados em Jesus, fazendo com que o entendimento seja colocado em nosso lábios pelo próprio Deus. Esse modelo de vida reta, gravará a verdadeira sabedoria em nossos corações, até encontrarmos com Cristo e sermos conectados à agradável sensação de ter cumprido nossa carreira de fé.

Minha oração neste dia é que tenhamos uma perspectiva de sabedoria que nos guie à graça e nos leve a desenvolver ecos na eternidade. Que o foco e a busca pelo temor do Senhor em nossos corações não seja egoísta, ou para colher frutos passageiros, mas que seja direcionado para o conhecimento de Deus, para que o caminho da justiça nos leve a estar face a face com Jesus!

 Nesta estação da minha vida o Senhor tem forjado uma verdadeira beleza em meu coração. E isso significa que processos dolorosos acabam surgindo. Quem é mulher sabe o quão trabalhoso é ficar bela.

Mas, não é de processos difíceis ou quão tenebrosos eles podem ser que quero compartilhar. Quero falar sobre a verdadeira beleza que há em nós. E de como o Senhor nos forja para sermos ainda mais belos e cheios de vida.

E, pensando nisso, me veio a história de Ester. Uma jovem que desde muito cedo passou por circunstâncias difíceis. Ela perdeu sua família quando ainda era muito pequena. Ela passou por tristezas e frustrações. Mas, creio que ela passou por tudo isso, sabendo que o Senhor, o Soberano, cuidada da sua vida. Ester encontrou forças Nele. Pois a alegria do Senhor é a nossa força.

O tempo passa, ela cresce e mais uma vezes é tirada de sua família. Agora ela é levada para o palácio do rei. Imagine comigo, muitas jovens foram tiradas das suas famílias. Sim, elas poderiam se tornar a próxima rainha, mas ainda assim havia tristeza em seus rostos. Algumas, quem sabe, nunca tivessem sentido essa sensação de estar longe daqueles que amavam.

Com tudo, penso que Ester era diferente. Tinha algo que estava dentro dela, que as outras não tinham. E, meditando sobre isso  acredito que aquela jovenzinha, sim, sendo muito bela, encontrou alegria no Senhor. Encontrou forças em Deus mais uma vez.

                 “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” Provérbios 15:13

Ester tinha uma alegria no Senhor. Essa jovem confiava na bondade de Deus. E, quando o rei a viu pela primeira vez, viu a beleza que tinha. Mas, ele viu algo além. Ele encontrou uma alegria no coração daquela jovem, que a tornava ainda mais bela.

Ele certamente viu as outras jovens e quão lindas elas eram. Todas tinham sido preparadas e adornadas. Mas o coração de Ester tinha sido preparado e, nesses processos da vida, ela se alegrou.

O Rei dos Reis está te tornando ainda mais belo. E, no final do processo, você poderá olhar para dentro de seu coração e ver como são maravilhosas as obras do Senhor. Alegre-se hoje. Permita que a sua verdadeira beleza surja.

Um coração alegre atrai o Rei. E o Senhor está gerando em nós um coração cheio de gratidão e alegria em meio às circunstâncias. E beleza está surgindo. E, o mais belo de todos, o famoso em glória está te vendo. E te escolhe para ser aquele que reinará com Ele para sempre. Eu e você com Ele para sempre. Vivendo a plenitude de alegria.

Você já parou para pensar nos atos da criação? Deus fez o universo com tanta beleza e sensibilidade, em tudo o que Ele criou, observamos amor sublime e que em graça estabeleceu todas as coisas. Se pararmos para observar a natureza podemos vislumbrar uma medida da dimensão de Deus nos atos da criação.

O Senhor é sábio em tudo o que faz. Ele esculpiu toda a natureza com beleza e força. Você consegue imaginar a mente de quem cria a sublimidade do voo de um minúsculo beija-flor e a imensidão de uma baleia a dançar no mar? Já parou para observar as milhares de espécies de árvores, flores e animais? Até mesmo nós, os homens, somos diferentes em tonalidade, altura, medidas e jeito de ser. Porque Deus nos criou diversos e únicos.

“O Senhor com sabedoria fundou a terra, com inteligência estabeleceu os céus. Pelo seu conhecimento os abismos se rompem, e as nuvens destilam orvalho.” Pv 3.19-10

Há tanto movimento nos atos da criação, espessuras, cores e formas inusitadas. De fato, todas as coisas criadas pelos homens têm sido inspiradas na própria e bela natureza de Deus. Tudo o que Deus faz é bom, perfeito e agradável. Todas as coisas criadas foram feitas pela sua Sabedoria, Jesus é esse arquiteto que formou todas as coisas. Ele é a sabedoria encarnada.

“Quando ele preparava os céus,aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do abismo; e quando fixava ao mar o seu limite,para que as águas não transpassaram os seus limites; quando compunha os fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era o seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; regozijando-se no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens.” Pv 8.27-31

Por que você acha que tudo na criação foi estabelecido com tanta beleza e criatividade? Porque Deus é Belo, um Ser Esplêndido em criatividade. Ele tem paixão em criar. Mas o principal aspecto dos atos da criação é o sublime amor que Ele tem por nós. Ele não nos deixa apenas como “criaturas”, mas nos chama para sermos filhos desse amor. Ele criou beleza para que pudéssemos contemplá-Lo. E senti-lo em toda ternura e sensibilidade do Seu coração de Pai. Ele enviou seu Filho ao mundo para nos resgatar.  Ele nos convida a exercermos domínio e governo sobre todas as coisas criadas. Ele nos chama para passear em seu Jardim e nos relacionarmos em amor. Em Jesus,  foram criadas todas as coisas, em Jesus somos religados ao Pai, em Jesus nos tornamos filhos. Em Jesus, tudo subsiste.

“pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Colossenses 1.16-17