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A história por trás do Natal

devocional

Existe uma história por trás do Natal que responde a pergunta: Por que Jesus teve que vir?

Essa deveria ser a base da nossa fé em Cristo, mas confesso que muitas vezes demorei a pensar na resposta. É uma longa e profunda história, então vamos dividir em partes. 

A narrativa Bíblica inteira caminhou para o dia em que um menino nasceu em Belém. Mas por que ele era esperado? Por que Jesus teve que tomar forma de homem? O que trouxe o criador para dentro da sua criação?

A grande história de Deus tem basicamente quatro partes: criação – queda – redenção – consumação. Isso você precisa ter vivo na sua mente. Todos esses trechos da grande história são cercados pela verdade de que: “Deus amou o mundo de tal maneira…”

  1. DEUS CRIOU

Primeiramente, a Trindade em transbordante amor e plenitude cria o mundo, pelo poder de sua palavra, todas as coisas no céu, na terra e debaixo da terra vieram a existir. No sexto dia de criação eles decidem:

– “Façamos o homem, à nossa imagem e semelhança”. E assim o homem e a mulher foram feitos (Gn 1:26-27). 

Assim, sua missão era cultivar e guardar aquele jardim que foram colocados. A criação estava sob seu domínio e lhes foram ordenados que sujeitassem a terra e a povoassem. Uma única ordem negativa lhes foi dada: -”comam de tudo o que  a terra dá, menos de uma, a árvore que está no centro do jardim.” O comer desse fruto proibido os daria o conhecimento do bem e do mal.  

     2. O HOMEM CAIU

Porém, posteriormente, no capítulo 3 de Gênesis um novo capítulo da História se inicia. A única coisa que o homem e  mulher não poderiam fazer, isto eles fizeram: comeram do fruto da árvore que estava no centro do jardim. Caíram na tentação de querer ser como Deus; na prepotência de desejaram serem senhores da sua própria história. 

Então, ali o pecado entrou no mundo e com o pecado a morte. A imagem de Deus no homem foi deformada, adulterada e agora uma outra natureza lutava para ser atendida dentro deles. A história de toda a humanidade foi redirecionada naquele dia. Eis agora o nosso grande problema: “todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus”.

O grande problema da humanidade

Primeiramente, para entendermos a seriedade da vinda de Jesus precisamos estar conscientes do estrago que o pecado causou. O Deus Criador, criou o universo em um design perfeito e inclinado ao lugar certo: Ele mesmo. O homem foi criado com anseios que encontravam resposta plena unicamente em Deus, como a chave certa para abrir uma fechadura. Mas o pecado tirou o cosmo inteiro do seu eixo. Os anseios continuaram os mesmo, mas outra coisa fora de Deus começou a ser cogitada. 

Qual o problema do mundo? O pecado. 

Por que? Por causa dele, Deus não é adorado como deveria, a criação feita para sua glória não exerce essa função e pior ainda, adora outras coisas criadas. Se Deus não é o centro tudo está desalinhado

O que isso causa? A autodestruição da humanidade pela própria humanidade e desperta ira de Deus. 

     3. DEUS DESEJOU A REDENÇÃO QUE CARECEMOS

O pecado não é o fim da história

Todavia, por mais trágico que seja a história até aqui,  o pecado não foi o fim da história. No mesmo capítulo de Gênesis, onde a queda é relatada, uma promessa é revelada: 

“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” (Gn 3:15)

Aqui a esperança brilha. Esse versículo é considerado um de proto-Evangelho, porque é a primeira declaração da intenção redentora de Deus após a queda. A semente de Eva (um descendente, um filho), iria pisar e derrotar a serpente que o haviam persuadido a pecar, esse descendente seria ferido, mas não derrotado. 

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” – João 3:16

Essa é uma promessa Messiânica! Desde Gênesis 3 o Natal é aguardado. O nascimento de Jesus é uma promessa de redenção cósmica. Naquele bebezinho em um estábulo de Belém, era o Filho de Deus e nele repousava a missão de tomar para Deus o que lhe era por direito. Ele era capaz de resgatar toda a criação, preencher o abismo que separava o homem de Deus, absorver o juízo de Deus num madeiro para perdão dos pecados e por fim restaurar a criação à comunhão perdida no Éden. 

  1. NO SEGUNDO ADÃO ESTÁ A CONSUMAÇÃO DA REDENÇÃO

Certamente, era necessário redimir a história. Isso significa fazer todas as coisas convergirem na Divindade outra vez, assim como elas foram criadas para ser (Efésios 1:10). E todas as gerações após Adão e Eva aguardavam a semente; só o próprio Deus poderia absorver toda a ira de Deus contra o pecado do mundo nele mesmo. 

De maneira crucial, o Apóstolo Paulo chama Jesus de segundo Adão (1 Co 15:45-49). O primeiro Adão (isso inclui toda a humanidade) caiu, pecou, se rebelou e não deu a Deus a glória que lhe era devida. O segundo Adão veio em missão de redenção, para apontar para o mundo o Pai, a sua origem, existência e alvo final. Ele veio para mostrar o que deveríamos ser e o que ainda seremos. 

Por isso, ele precisava vir como homem para mostrar ao homem como ser homem. Mas também precisava ser Deus, porque só Deus poderia gerar uma redenção nessa proporção de uma vez por todas. 

POR FIM

Por fim, a vinda de Jesus a Terra se resume em – Redenção – e nesse contexto essa palavra é sinônimo de fazer novas todas as coisas, acabar com governo do pecado, restaurar a imagem de Cristo em nós e derrotar a morte. Ou seja, fazer com que todo o cosmo volte a operar como foi criado para operar e assim Deus seja plenamente glorificado em tudo. O Natal é o nascimento da nossa redenção

Assim, vale ressaltar também que a vinda de Jesus tem como desfecho final a sua segunda vinda. E o natal também nos lembra que a obra de redenção inaugurada naquela manjedoura em Belém terá um fim glorioso na nova Jerusalém. A semente prometida esmagará a serpente e colocará todos os seus inimigos debaixo dos seus pés, e o último deles é a morte.

+++ leia mais sobre o Natal 

Todo cristão genuíno deseja crescer em sua vida de oração. Mas, muitas vezes não sabemos como começar e nem qual é o nosso papel como intercessores. A intercessão é um chamado para todos os que amam a Deus, pois ela faz parte das disciplinas espirituais. Além disso, Jesus mesmo disse: “E, quando orares…” (Mateus 6:5). Essa afirmação  desperta  a nos colocarmos aos pés do Senhor e o buscarmos de todo o coração, tendo como óbvio que  não importa se a oração vai ser por duas horas a fio ou por trinta minutos.

Cada um de nós temos vivências e visões de mundo diferentes e como Corpo de Cristo podemos entrar em parceria com Deus para orar as coisas que Ele mesmo já afirmou. Há  um grande privilégio em aquietar e lançar diante dele todas as ansiedades da alma, tanto a nosso respeito como sobre as coisas que estão acontecendo na terra. 

Em Ezequiel 22:30 vemos Deus buscando alguém que se colocasse na brecha para que aquela terra não fosse destruída:

“E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei.” Ezequiel 22:30

Deus está buscando intercessores nos dias de hoje? Mas, como devemos orar?

O princípio da confissão

“Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor secou como no calor do verão. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Eu disse: “Confessarei ao Senhor as minhas transgressões”; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.” Salmos 32:3-5

Neste texto Davi nos ensina como é importante reconhecer e confessar os pecados. Pois, o pecado aprisiona e, é um peso impossível de carregar. A vida se torna seca e não apenas a alma, mas até o corpo físico pode adoecer. Quando Davi se arrepende e reconhece diante de Deus a sua iniquidade ele se torna verdadeiramente livre. O peso é retirado.

Às vezes, nos esquecemos dessa verdade: não há nada que possamos esconder do Senhor. Mas, podemos e devemos ser intencionais em reconhecer quando falhamos e somos rebeldes. Quando confessamos  os nossos pecados, a mesma sensação de liberdade que invadia o coração de Davi encherá nossa alma de alegria. (Você também pode orar o Salmo 51)

Ousadia e fé

“Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.” Hebreus 10:19-23

Você e eu temos uma voz diante do Senhor e temos a liberdade de entrar na presença de Deus todos os dias com amor, fé e ousadia. O  imenso sacrifício da Cruz de Jesus foi para nos levar de volta ao Pai e a Sala do Trono. Temos o coração purificado pelo sangue de Jesus, a certeza da salvação em Cristo e de que somos ouvidos por ele. Lembra o que está escrito em I Joãos 5:14? “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” Então, precisamos aprender sobre sua vontade e podemos descobrir essas verdades em sua Palavra.

Há uma vontade perfeita de Deus para nós e para as coisas que acontecem ao nosso redor e nós podemos acessar essa revelação através da oração e do estudo das Escrituras. Podemos declarar a Palavra da verdade sobre nossa família,  cidade, país e até sobre as nações.

Mas, como devemos orar?
Orações Apostólicas

Como já falamos, algo que faz parte do nosso DNA de Casa de Oração é orar a Palavra. Entre elas estão as orações Apostólicas. Uma de suas características é que as orações são centradas em Deus e não no pecado ou no diabo. São aproximadamente 25 a 30 orações Apostólicas no Antigo Testamento. Além disso, ela está focada na Igreja da cidade. Mesmo tendo o Apóstolo Paulo orado por indivíduos, eles usavam os mesmos termos das bênçãos impetradas às igrejas locais.

Por exemplo, quando oramos Efésios 3:16-21:

“Peço a Deus que, segundo a riqueza da sua glória, conceda a vocês que sejam fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito, no íntimo de cada um. E assim, pela fé, que Cristo habite no coração de vocês, estando vocês enraizados e alicerçados em amor. Isto para que, com todos os santos, vocês possam compreender qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que vocês fiquem cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” Efésios 3:16-21

Pedimos a Deus que nosso bairro seja inundado pela sua plenitude e que nossos vizinhos possam ter a revelação da profundidade do amor de Deus por suas vidas. Oramos pela revelação de Cristo. 

Dicas práticas de como orar:

  • Procure um lugar propício e sem interrupções, que você se sinta à vontade;
  • Tenha um caderno de anotações, canetas e a Bíblia;
  • Providencie água, café ou suco;
  • Não há uma única forma de orar, saiba como você interage melhor com Deus;
  • Não tenha pressa, saiba que Jesus é o seu sábado, isto é: Nele você pode descansar. Se não tiver palavras que expressem o que você sente, ainda no silêncio, Jesus te escuta.
  • Escreva listas de orações e seja perseverante

“Orem sem cessar.” 1 Tessalonicenses 5:17

Conclusão:

Neste devocional refletimos a respeito de como devemos orar confessando nossos pecados  com ousadia e fé. Também falamos sobre a importância de orar a Palavra e as Orações Apostólicas.

Apesar dos desafios que nos cercam é muito importante nunca desistirmos e sempre retornarmos ao lugar da oração. Que possamos cultivar um coração que ame a Deus sobre todas as coisas.

Continue a ler sobre oração, aqui.

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Jesus é capaz de trabalhar em nossas vidas e nos sustentar dentro da ekklesia, o corpo de Cristo. Deus é o construtor e usa várias maneiras para nos moldar ao caráter de Jesus. E, é sobre isso que iremos refletir nesse texto

“Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e
membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas,
sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra de esquina.
Nele, o edifício inteiro, bem ajustado, cresce para ser templo santo no Senhor, no qual também
vós, juntos, sois edificados para morada de Deus no Espírito” Efésios 2:19-22

 

A Igreja é um edifício, não no sentido literal, como um prédio de quatro paredes; mas um edifício formado por  pessoas. Quando Jesus afirmou que “edificaria a sua igreja” (Mt 16:18), isso significava que Ele iria edificar as pessoas que pertencerão à Igreja.

Pedras vivas

O grande propósito de Deus, ao longo dos séculos, é edificar um povo para si. Por toda a terra, Cristo reúne congregações locais de cristãos que foram chamados para a unidade da adoração.

Nós todos somos pedras vivas (1 Pe 2:5) e estamos sendo edificados como casa para Deus. Mesmo sendo diferentes umas das outras, em variados tamanhos e formatos, nas mãos de Deus somos encaixados perfeitamente.

O ponto principal de construções antigas, feitas com pedras desiguais, era a resistência e fortaleza que esse tipo de construção trazia.

Da mesma forma, Deus pode colocá-lo em meio a pedras diferentes, no meio de pessoas diferentes. Porque, para que uma parede seja forte, é preciso pedras de todas as formas, pesos e tamanhos. Todos estes tipos de pedras são importantes para Deus, o construtor principal, que está construindo um edifício – a família de Deus.

O Senhor criou cada um de nós com habilidades únicas. Portanto, perceba como você se encaixa neste edifício que Deus está construindo.

Alinhando as expectativas

A Igreja é um edifício em construção, uma obra em andamento. Ela é composta de pessoas comuns, que estão vivendo um processo contínuo de redenção e santificação.

Muitas vezes o padrão que esperamos da igreja local não é o mesmo que usamos para o nosso caráter. Precisamos nos livrar das expectativas perfeccionistas a respeito da Igreja. Devemos enxergá-la como um hospital para pecadores (Agostinho), onde todos estão passando por um processo de recuperação.

Compreender isso torna mais fácil ter expectativas saudáveis sobre a igreja local.

A Igreja é como um canteiro de obras.

Em qualquer congregação de cristãos, existem reparos a serem feitos, no sentido espiritual. Mas Jesus está em nosso meio como o construtor que está trabalhando. E onde está havendo uma obra, haverá disrupção, bagunça e sujeira. A evidência da presença de Cristo no meio da Igreja é uma obra em construção: vemos o caráter das pessoas sendo transformado, desafios nos relacionamentos, arrependimento e perdão.

Somos edificados para sermos morada de Deus. A promessa do Novo Testamento é que o Pai e o Filho
virão, por meio do Espírito Santo, para habitar em cada um de nós. Deus não habita em um prédio ou
um local sagrado, mas dentro de nós (Gl 2:20). E quando dois ou três cristãos se reúnem, cada um
deles traz a presença de Cristo para o lugar de adoração.

Deus escolheu usar a igreja, esse ambiente imperfeito, para moldar nosso caráter. Muitos fogem do
lugar onde Deus os plantou, mas “o cristão precisa da igreja, tanto para suas bençãos quanto para seus
problemas”. É assim que o construtor, através do cinzel, lasca as arestas e bordas das pedras vivas que
somos para que possamos nos encaixar com as demais.

Estar em uma igreja “perfeita” não nos faria bem algum, porque ali não há obras sendo feitas. É por
meio das provações da vida em meio à família de Deus, por meio de relacionamentos que nos
confrontam e moldam que o Senhor, o construtor, nos lapida e santifica.

 

Texto originalmente postado em 24 de nov de 2020

Nessa breve reflexão abordaremos as diferenças entre uma igreja missional e a igreja missionária. E como o Senhor Jesus nos chama a sermos discípulos que possuem o encargo de proclamar as boas novas em qualquer lugar e momento.

Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem
enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de
paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. Rm 10: 14-15

Você sabe que temos a igreja missionária e a igreja missional? 

Mas o que significa a palavra “missionário”? Bom, ela  remete à ação, atitudes práticas. Ou seja,  tudo o que fazemos para a proclamação do evangelho, seja perto das nossas casas ou em outras nações, tem um cunho missionário;

A palavra “missional” remete a uma cultura, uma identidade estabelecida em nós;

Podemos ser indivíduos que possuem atitudes esporádicas missionárias, mas que não carregam uma identidade missional.

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. “Mateus 28:19,20

Nesse sentido, a igreja contemporânea enfrenta dois conflitos principais, como igreja missional tendo atitudes missionárias: a omissão e a atribuição.

Em Mateus 28:19-20 Jesus comissiona a igreja, atribui uma uma função a ela.  Vemos no testemunho da igreja primitiva, os discípulos espalhando o evangelho de Cristo por causa da obediência à comissão. Ela foi tão impactante que eles foram chamados daqueles que estavam “causando alvoroço no mundo” (Atos 17:6).

Ao longo da história da Igreja, muitos homens e mulheres que abraçaram a cultura e identidade missional, gastaram-se pelo encargo da comissão.

Pois, devemos saber que diante do Senhor não iremos responder pelas gerações passadas, mas pela nossa. Por isso, alcançar a nossa geração é papel de todos nós.

A omissão é o contrário de comissão, é a ausência do cumprimento do dever e inércia. Sendo assim, temos que deixar de lado nossas justificativas parar de nos omitirmos da missão.

Um retrato da igreja moderna

A igreja moderna está satisfeita em estar salva,  bem alimentada com uma Palavra genuína e em viver a vida da igreja, mas isso não é o ponto final.

A palavra ekklesia também remete a agir e olhar para fora. Pois, os missionários não são apenas um grupo seleto de pessoas que são enviados em missões, mas todos nós, discípulos de Cristo, somos comissionados ao ide.

“Ide”, no original (poreuthentes) pode ser traduzido como “indo”, ou seja, enquanto você vive a sua vida, cumpra a comissão.

Todos nós somos essencialmente missionários

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” João 14:2

Mas, então, por que não temos uma identidade missional?

O termômetro do nosso amor por Jesus é a obediência. Talvez o problema não é que amamos pouco os perdidos, mas que amamos pouco a Jesus.

Quais são as características de um indivíduo, família ou de uma igreja missional:

1 . João 6:28-29 – Entende que missões não se trata de um departamento, mas um atributo divino – o ergon de Deus; a sua obra;

2. Isaías 21:11 – Se preocupa em saber o que Deus está fazendo no mundo e se engaja nisso;

3. Se posiciona como luz em um mundo de trevas. Influencia a sua geração com uma vida que aponta ao Reino de Deus.

4. Prepara a família para viver a sua missão – cria filhos que carregam uma causa, um propósito e sabem qual a sua identidade e vocação;

Há uma força liberada por Deus para o evangelho avançar em nossa geração. Como igreja contemporânea, devemos olhar para o outro lado da rua ou do mundo e fazer o nome de Cristo conhecido.

Minha oração é que possamos ser indivíduos, famílias e uma igreja que mergulha em uma cultura e em uma identidade missional. Amém!

 

 

 

Texto originalmente postado em 04 de nov de 2020

O que vem à sua mente quando ouve essa expressão: Disciplinas Espirituais? Talvez alguns já recuem só de ouvir, outros inconscientemente pense que “não é pra mim..”. Sendo assim, quero te convidar a continuar essa leitura tendo em mente que as Disciplinas Espirituais são como um presente da graça do Senhor.

Portanto, imagine você recebendo uma caixa cheia e completa de ferramentas para você realizar seu trabalho da melhor forma possível. Elas são isso. Deus nos convidou a ingressar na vida cristã e nos deu todo o aparato necessário para a obediência, por meio da graça para o esforço e disciplina. E além disso, a doce companhia do Espírito Santo. 

Então, hoje vamos pensar um pouco sobre a leitura bíblica. Não se hesite e nem saia da página, se você é cristão essa conversa é com você.

“As duas disciplinas espirituais pessoais mais importantes são a absorção da Palavra de Deus e a oração – e nessa ordem. Pois é muito mais importante ouvir de Deus através da Sua Palavra do que Deus ouvir de nós em oração.” Donald Whitney

O que é a Palavra?

Primeiramente precisamos encarar a verdade da motivação e consciência do nosso coração. A grande dificuldade que temos em nos apegar com firmeza às escrituras é pela baixa consciência sobre seu Autor. A Bíblia é a Palavra de Deus! Mas a resposta motivadora deve ser: Quem é Deus para mim? Essa resposta precisa ganhar força e a consciência da grandeza e majestade de Deus precisa ser expandida para que a valorização da Bíblia também seja.

Mas como eu posso ter mais consciência sobre a pessoa de Deus e assim me apegar mais a Bíblia? “A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus.” (Rm 10:17).

Logo, precisamos ler a Bíblia para conhecer a Deus e quanto mais conhecemos a Deus mais queremos ler a Bíblia.

A palavra de Deus é a mesma que criou todas as coisas, pela sua palavra tudo que existe foi feito e agora mesmo todas as coisas são sustentadas pela palavra do seu poder. (Jo 1:1-3; Hb 1:3). Essa mesma palavra se revelou a nós em forma encarnada em Cristo e também nos deixou um livro. 

Certamente, precisamos orar como o Salmista pedindo “Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei.” Salmos 119:18. Insira na sua rotina de oração fazer esse pedido, assim como pedir

“que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele. […] que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua poderosa força.” (Ef 1:17-19)

9 DICAS PARA A CONSTÂNCIA NA LEITURA BÍBLICA

Vamos para ações práticas que te ajudarão a melhorar sua relação com as Escrituras. Talvez  não há nada de novo para você nessas dicas, de fato elas só têm efeito se forem colocadas em prática. Então, a medida que você lê, te convido a ter em mãos um bloco de notas para fazer resoluções para a aplicação de cada uma delas, preparado?

Essas dicas servem para 3 coisas: 1) Constância na leitura; 2) Estruturar um rotina de alta exposição às Escrituras e 3) Introduzir a isso a estudo bíblico.

  1. Tenha um plano de leitura para se organizar;

Ter um plano de leitura torna mais sustentável ao longo dos dias sua rotina. Logo, você não precisa perder tempo diariamente escolhendo o que ler ou por onde começar, basta seguir o plano. O plano pode ser anual, semestral, por livro ou por tema. 

     2.  Faça um compromisso com um bom local e horário;

Defina qual o melhor momento do seu dia para a leitura. Autoconhecimento é importante nessa decisão, se você sabe que sua rotina ao longo do dia é agitada sem intervalos bons, escolha de manhã antes de começar o dia.

Assim, preciso deixar uma advertência aqui: muitas vezes travamos em seguir esse ponto por romantizamos ou colocarmos expectativas e idealizações irreais ou insustentáveis. Todavia, não comece se comprometendo a passar duas horas em um jardim com céu azul e sua bíblia e uma caixinha de som todos os dias se isso não for algo palpável no seu dia-a-dia. Seja simples e prático. Facilite sua vida. O objetivo central é ler a Bíblia – foque em cumprir isso, não se prenda no perfeccionismo dos meios.

    3. Esforce-se para cumprir o planejamento e leia.

 Sim, exige esforço! Alguns dias mais que outros. Mas a verdade é que nós somos os únicos responsáveis em guardar e zelar pela efetividade disso. Então, se você abrir mão e trocar seu momento por qualquer coisa, ninguém será levado a respeitar. Deixe as pessoas que moram com você cientes do seu compromisso. 

Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.”  Tiago 1:25

4. Esteja preparado para fazer anotações

Não é um requisito obrigatório, mas com certeza é muito útil, tanto para aprendizagem e fixação quanto para o registro da sua jornada com o Senhor. Assim, esteja lendo atento às perguntas, orações, percepções e insights que possam surgir durante a leitura. 

      5. Ouça a Bíblia ao longo do dia

Pode parecer estranho, mas lembra do versículo de Romanos 10:17, ”a fé vem pelo ouvir”? Portanto, precisamos nos expor às verdades da palavra ao longo do dia, isso nos ajudará a voltar para o Senhor constantemente. Você pode fazer isso com bíblia em áudio, os aplicativos da bíblia no seu smartphone tem essa opção, ou até mesmo ouvindo músicas bíblicas que são feitas baseadas em trechos da bíblia por exemplo. Sendo assim, escolha bem o que você consome durante o dia.

Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Josué 1:8

    6.  Use a Bíblia para orar

A leitura Bíblica não pode estar desacompanhada da oração. Você já deve ter ouvido que cada uma é a asa de um pássaro, precisamos das duas para voar na vida cristã. Logo, as Escrituras podem servir de linguagem e direção sobre o que orar e como orar. Sendo assim, pegue o trecho que você leu, coloque nas suas palavras e devolva para Deus em oração ou em louvor. 

     7 .  Converse sobre o que você está lendo 

Você sabia que a melhor maneira de aprender é ensinando? Aproveite isso e comente com alguém, um amigo ou na mesa de jantar em família sobre o que você leu e o que Jesus falou com você. Afinal, isso vai enriquecer de várias maneiras possíveis sua absorção dessas verdades.

   8.  Separe um dia para estudo

A leitura bíblica devocional é diferente do estudo. Sendo assim, para esse último você também precisa separar um tempo local e ter um plano. No estudo você vai mergulhar em questões mais profundas sobre o texto, vai buscar observar: o autor, o destinatário, a geografia, a história, o tipo de narrativa, os personagens, o cenário, cada um desses elementos fornecem uma chave para o entendimento do que o autor quis comunicar. Aqui você pode contar com bons panoramas bíblicos, comentários, dicionários. Mas pode começar usando e selecionando apenas as informações que a própria bíblia já nos dá.

O Método Indutivo do Estudo Bíblico pode ser feito em três fases: Observação (o que o texto diz); Interpretação (o que o texto significou para os ouvintes primitivos); e Aplicação (o que o texto significa para nós hoje).

  1. Conte com o Espírito Santo

Não poderia deixar de ser clara quanto a isso. Nós temos um ajudador e auxiliador para a Verdade o Espírito Santo de Deus. Então, não tente fazer isso sem a Sua companhia, Ele é o maior guia e a pessoa ideal para nos ajudar a usar bem as ferramentas que são as Disciplinas Espirituais. Ele também te sinalizará o caminho de volta quando as coisas não saírem como o planejado.

Lembre-se diariamente

Todas as Disciplinas Espirituais não são nosso castigo ou nossa “cruz”, elas são os meios graciosos do Senhor nos tornar parecidos com Eles, ou seja, voltarmos ao nosso projeto original. Então, comece a desfrutar desse presente logo.

Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.  Salmos 1:2,3

Você tem o costume de meditar na palavra? Eu tenho quase certeza de que você que está lendo esse texto conhece a maioria das histórias da Bíblia. Você já deve saber que no princípio, Deus criou todas as coisas. Assim como já deve saber a história de Adão e Eva, sabe como o pecado entrou no mundo, certo?

E a história daquele pastor de ovelhas que derrubou um gigante? Você também deve conhecer os belos salmos e os provérbios, as histórias dos reis e dos profetas. Como também a vida de Jesus na terra e sua morte e ressurreição.

Portanto, não tenho como objetivo aqui fazer uma checklist de todas as histórias e textos bíblicos que você conhece, a questão que tento levantar aqui é: o quanto da Bíblia você conhece profundamente?

Se aprofundando na Bíblia

Quando falamos de conhecer a Palavra de maneira profunda, isso vai muito além de adquirir conhecimento para se tornar “expert” naquilo. É portanto, sobre aprofundar o relacionamento com as Escrituras e Aquele que se faz conhecido por meio de sua Palavra.

A Bíblia nos diz que o homem que tem o seu prazer na Lei do Senhor e nela medita dia e noite será como uma árvore plantada junto a fontes de águas, tal árvore que frutifica no tempo certo e suas folhas jamais caem (Salmos 1). Deste modo, gostaria de trazer aqui três motivos para você começar a meditar na Palavra hoje.

  1. A Palavra nos santifica

“Santifica-os pela verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17)

Sabe quando você se olha no espelho em um lugar bem iluminado e ali você observa todas as imperfeições do seu rosto que você não gostaria de ver? Eu costumo dizer que quando meditamos na Palavra nos damos conta dos nossos erros e falhas, porque ali está o padrão que devemos seguir. A Bíblia nos mostra onde não estamos, onde deveríamos estar e onde vamos chegar. Em Salmos 119:9 vemos “Como o jovem guardará puro o seu caminho? Vivendo de acordo com a tua Palavra”, e o verso 11 nos diz “Guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti”.

Ademais, ao meditarmos na Palavra estamos contemplando as verdades de quem Deus é, seu caráter perfeito, seus atributos, glória e santidade. E quando meditamos na beleza do Senhor nos tornamos cada vez mais parecidos com Ele, e começamos a caminhar rumo a sua vontade para nós de sermos santos e irrepreensíveis

“Para que aproveis as coisas superiores, a fim de serdes sinceros e irrepreensíveis até o dia de Cristo” (Filipenses 1:10)

 

  1. A Palavra nos sustenta no dia mau

“Este é o consolo da minha angústia: tua promessa me vivifica” Salmos 119:50

Lembro-me de uma estação em minha vida em que as circunstâncias estavam realmente difíceis, o mundo estava no início de uma pandemia e as incertezas e a angústia me rodeavam. Em meio às lágrimas, e antes que pudesse entrar em desespero senti o Espírito Santo soprando em meu coração: “você sabe o final da história!” Neste momento abri a minha Bíblia nas últimas páginas.

Sabe quando você está lendo um livro ou vendo um filme e o personagem principal está em meio a uma situação impossível? Eu não sei você, mas geralmente eu pesquiso logo o que vai acontecer, e isso me deixa mais tranquila. Foi o que eu fiz quando abri a Bíblia nas últimas páginas, eu encontrei a tranquilidade que eu precisava ao me lembrar de que no final:

“Ele enxugará dos olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram; O que estava assentado sobre o trono disse: Eu faço novas todas as coisas!” (Apocalipse 21:4-5a)

Portanto, meditar na palavra que é fiel e verdadeira é o que nos sustenta quando as estações difíceis chegam. Além disso, saber que a tribulação leve e passageira produz para nós uma glória de valor incomparável (2 Co. 4:17) nos ajuda a perseverar e a entender os tempos difíceis em uma perspectiva bíblica.

  1. Existe prazer em meditar na Palavra

“Alegro-me tanto no caminho dos teus testemunhos quanto em todas as riquezas” (Salmos 119:14)

Acredito que um dos maiores prazeres é poder ouvir a voz do Senhor. A meditação é uma forma de entrarmos na alegria da presença de Deus, uma vez que em sua presença existem delícias eternas, e vale mais um dia com Ele do que mil outros dias em outro lugar. Quando nos debruçamos sobre as Escrituras, ali está a oportunidade de um encontro com o próprio Deus e não há nada mais prazeroso do que isso.

Logo, quando meditamos na Bíblia, estamos meditando nas palavras de vida eterna, neste lugar descobrimos que essa é a melhor parte assim como Maria que escolheu se assentar aos pés de Jesus e ouvir os seus ensinamentos.

Conclusão

A meditação na Palavra nos leva a um lugar mais profundo no conhecimento de Deus, logo precisamos encontrar o prazer de estar nesse lugar. Quando meditamos e oramos as Escrituras estamos construindo a nossa história com Deus, nesse lugar Ele fala a nosso coração. E uma vez ouvi alguém dizer que a Bíblia é o único livro em que o autor está conosco 24 horas por dia, então se surgir alguma dúvida, basta perguntar!

 

Qual é o impacto da Páscoa para nós, seguidores de Cristo? Aqui, nesse terceiro texto da série da Páscoa, vamos compreender o ministério da reconciliação em Jesus Cristo, por meio da Cruz do Calvário, e refletir sobre qual deve ser o nosso papel hoje diante dessa realidade.

“E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Co 5:18-21

A gloriosa doutrina da reconciliação é digna da nossa atenção pois trata da obra de Cristo.

Vemos que a entrada do pecado resultou numa morte prematura, a separação de Deus e o que era totalmente harmonioso e unido foi quebrado.

Porém, Deus estende sua graça e estabelece reconciliação, e portanto, é glorioso ver o ofendido procurando o ofensor. E isso somente foi possível por meio Cristo. Além do mais, Ele foi o único capaz de reconciliar a humanidade e toda a criação com Deus.

Assim, reconciliar significa a troca de valores equivalentes. Portanto, Deus olhou para o Seu Filho com valor supremo e trocou Jesus por nós, para Ele foi uma troca equivalente.

Além disso, a dívida que nós tínhamos era impagável, mas o ofendido chega até nós e limpa a nossa dívida – o que é colocado sobre nós é a justiça de Deus.

Então, na cruz, Deus trata Jesus como se ele tivesse vivido a nossa vida de pecado, e agora Ele nos trata como se vivêssemos a de Cristo.  Já pensou em que magnífica a obra da substituição?

Fomos reconciliados num lugar em que éramos inimigos e agora somos da família de Deus e filhos de Dele!

O significado da Páscoa

Assim, a Páscoa é a grande oportunidade para que aqueles que são inimigos de Deus, se tornem amigos de Deus. Além do mais, na reconciliação, alguém nos substituiu, alguém morreu por nós. E assim, Jesus é o único e vivo caminho para redenção. É essa mensagem da reconciliação que o mundo precisa conhecer.

Assim, não é compatível carregamos uma mensagem de reconciliação e não sermos reconciliadores.

Portanto, todo cristão tem o ministério da reconciliação, por isso precisamos anunciar que Deus quer se reconciliar com o mundo.

As disciplinas espirituais são praticadas pelo povo de Deus há muito tempo. Para os patriarcas, Deus aparecia, se manifestava e os orientava em como prosseguir, como orar e jejuar. Naquela época a palavra era transmitida oralmente, então vemos Deus orientando como ensinar aos filhos e como memorizar a palavra (Dt 6: 4-10). Ao longo de toda a história do povo de Deus,  nós vemos que esses recursos ajudavam as pessoas a se relacionarem com ele. Depois foi ficando mais estruturado.

Acompanhando a narrativa bíblica, vemos que as sinagogas e os cultos surgem. E depois, com Jesus, fica ainda mais claro, pois ele mesmo praticava essas disciplinas no seu dia a dia. Ele se retirava para orar sozinho, participava na sinagoga (Mc 1:21), ouvia a leitura do pergaminho, dos rolos e meditava nessas palavras. Vemos os próprios discípulos perguntando a ele como deveriam orar. Nas cartas de Paulo temos muitas orientações para nos esforçarmos em ter uma vida de devoção, na meditação, na oração, no ensino da palavra, no servir ao próximo e por aí em diante (Col. 1:9-12). Dessa forma, percebemos que as disciplinas estão presentes e são necessárias na vida dos cristãos desde sempre.

A prática das disciplinas espirituais enquanto esperamos em Deus

A maioria de nós pensa erroneamente que Deus irá nos transformar e que nós não precisamos fazer nada. E é por pensar assim que vemos tantos cristãos infrutíferos, imaturos e com uma fé superficial. Precisamos ver a relação que há na vida prática com a nossa fé.  E é aqui que as disciplinas entram. Para nos ajudar a trazer o foco do nosso dia a dia para Deus e a nos lembrar de uma maneira muito mais intencional que Ele existe. E nesse processo, o Espírito Santo irá nos transformar, mas agora conosco intencionalmente buscando isso. Você percebe a diferença?

As disciplinas espirituais nos ajudam em nossos momentos de espera. O que fazemos enquanto esperamos em Deus? As disciplinas são recursos que nos ajudam a ver que Deus está conosco enquanto esperamos nele. Estamos sendo formados a imagem de Cristo nessa espera. E as disciplinas espirituais são recursos que nos colocam intencionalmente em contato com Deus. Então enquanto esperamos nele, nós não ficamos sem fazer nada e apenas esperamos a ação do Espírito Santo. Não! É uma espera ativa.

Usamos nosso tempo, nossa energia, nossa mente. Nós nos submetemos à ação do Espírito Santo, consciente disso. Qual é o mínimo que se espera de um cristão? Que ele ao menos leia a bíblia e tenha uma vida de oração. Essas duas são as principais disciplinas espirituais de onde todas as outras se desenvolverão.  Não há desculpas para o exercício das disciplinas espirituais. 

Disciplinas Espirituais individuais e coletivas

Existem disciplinas que praticamos individualmente, como o silêncio. Para uma boa leitura e meditação da palavra, precisamos do silêncio. A solitude, onde nos retiramos para um tempo de oração a sós. Vemos no evangelho de Lucas, Jesus fazer muito isso. Uma disciplina que eu acho muito interessante é a simplicidade. Ela tem a ver com escolhas que fazemos. Porque temos a tendência de complicarmos e nos ocuparmos com tantas coisas ao invés de simplificar. O descanso é também uma disciplina que muitas vezes ignoramos.  

Temos disciplinas que praticaremos em conjunto, como o servir e a submissão. Praticamos elas quando ajudamos e nos submetemos uns aos outros no serviço mútuo. A memorização  e o estudo da palavra também são disciplinas que praticamos no coletivo. Enfim, são muitas opções para nos ajudar a abranger uma vida de devoção para todo o nosso dia, para toda a nossa semana. E não apenas no domingo ao irmos para o culto, por exemplo. Tem a ver com a nossa rotina de vida. Afinal, somos cristãos em tempo integral e não apenas aos domingos.

Exercer as disciplinas de forma errada

O que dá sentido ao nosso tempo? Como enxergamos a realidade de nossa vida? O que buscamos para trazer felicidade à nossa vida? Se essas questões não estiverem baseadas na revelação de Deus na palavra, tudo o que fazemos ao longo do nosso dia estará distorcido. E a nossa prática das disciplinas estará também. Sabe como? Quando praticamos as disciplinas como barganha com Deus. Por exemplo: vou fazer jejum porque eu quero que Deus faça tal coisa por mim.  

Essas distorções nas práticas espirituais estão ligadas a uma compreensão errada. Talvez hajam pensamentos assim: eu sou uma pessoa boa, então vou fazer tal disciplina porque Deus vai se comprometer comigo no que eu quero. Em retorno ao que eu faço, Ele me dá algo. Como se as nossas obras mudassem a ação de Deus e o desejo dele em nos abençoar ou não. Corrija esse pensamento. Pois as disciplinas são recursos que usamos para nos moldar ainda mais a imagem de Cristo. Jesus é o nosso exemplo. Ele nos ensinou como nos relacionarmos com o Pai através de sua vida aqui. 

A prática das disciplinas nos molda à imagem de Cristo

A palavra nos ensina que Deus é Senhor sobre tudo e que Ele está agindo agora mesmo, redimindo todas as coisas, inclusive a nós mesmos.  Que Jesus veio, invadiu nossa realidade, morreu e ressuscitou e está à direita do Pai já reinando com poder sobre todas as coisas. Deus não está distante. Então até a redenção total, cada ação nossa importa porque está relacionada com a ação de Deus no mundo hoje. 

Por isso, praticar as disciplinas no dia a dia, nos molda à imagem de Cristo. Deus está conosco ao longo do nosso dia. Compreender isso é o primeiro passo para uma grande mudança em nossa renovação de mente. Não fazemos isso sozinhos, isso nos leva ao segundo passo, a nossa participação em uma comunidade de fé. A comunhão dos santos, pessoas que compreendem essa narrativa, essa realidade de vida, que ensinam umas às outras e incentivam umas às outras. Com o encorajamento mútuo, o carregar os fardos uns dos outros. Nos levando às práticas das disciplinas espirituais e assim estamos sendo moldados à imagem de Cristo. Refletindo a sua imagem ao servir a ele e ao próximo.

Que Deus ajude todos a viverem de forma digna ao chamado dele. Que possamos refletir sua imagem, sendo moldados pelo Espírito Santo. Deus está ativo nesse processo de nos transformar. Que alegria saber disso.

Originalmente publicado em 06 de Agosto de 2021

Ter perseverança é de extrema importância para a nossa jornada de vida, e como cristãos, recebemos um convite continuo e diário a perseverar diante do Senhor.

Ao falar sobre esse assunto, Deus me lembrou da jornada do povo de Israel após a saída do Egito. Aquele povo estava peregrinando pelo deserto rumo a terra prometida. Sendo guiados por uma nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.

E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite. (Ex 13:21,22)

Em primeiro lugar, o povo estava sob a direção de Deus e só poderia se mover a medida que a nuvem se movia. Quando a nuvem (ou a coluna) paravam, eles também paravam e ali tinham que permanecer.
Fiquei imaginando como foi essa viagem e acredito que houveram momentos onde o tédio tomou conta do povo. E se a nuvem demorasse muito para se mover? E se demorasse meses ou anos pra eles saírem do lugar?
Por fim, eles estavam em uma jornada buscando chegar em um lugar específico, uma terra prometida e ali iniciar uma nova vida. É muito provável que no coração deles havia pressa em viver tudo isso.

Perseverança também fala de permanecer fiel 

Assim como o povo de Israel no deserto foi chamado a obedecer a Deus e Suas direções, da mesma maneira devemos ter perseverança e sermos fiéis ao Senhor durante a nossa jornada.
De maneira idêntica isso ocorre conosco hoje, Deus nos chama a permanecermos fiéis a Ele independente de situações, lugares ou circunstâncias pela qual passarmos ou onde Ele nos levar. Devemos florescer onde o Senhor nos plantar, isso nos trará uma recompensa futura.

“O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção.” (Rm 2:6,7)

Como podemos permanecer?

Talvez você se pergunte, mas o que eu posso fazer para conseguir permanecer em momentos de dificuldade? Assim como devemos cuidar de nossa saúde para não adoecermos, também precisamos cuidar da nossa vida espiritual e de intimidade com Deus, em nossa rotina diária de oração e leitura bíblica. Certamente isso nos fortalecerá e nos ajudará a continuarmos fiéis quando circunstâncias contrárias surgirem.
Ademais, devemos seguir o exemplo do Apóstolo Paulo que perseverou até mesmo em suas prisões. Ele foi fiel ao seu encargo, e mesmo muitas vezes preso ou em tribulações, evangelizou, ensinou e doutrinou várias igrejas no primeiro século, bem como a igreja dos dias atuais com seus escritos.

No final da sua vida, vemos Paulo fazer a seguinte declaração:

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2 Tm 4:7,8

Devemos perseverar nos lugares onde Deus nos colocar

Visto que o povo que entrou na terra prometida, foi o povo que perseverou e foi fiel durante toda a trajetória pelo deserto podemos assumir que essa é a chave essencial que nos liga ao cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas. Pois aquele povo enfrentou adversidades durante caminho, e somente aqueles que não murmuraram e honraram a Deus desfrutaram do cumprimento da Sua promessa.
Independente do local onde estamos, se no início, meio, ou quase no fim da nossa jornada rumo a terra prometida, devemos permanecer fiéis e honrar ao Senhor em cada ciclo da nossa vida.

Por consequência, chegará o momento onde a nuvem irá se mover, e estaremos aptos a continuar a caminhada pois lições preciosas foram aprendidas na estação passada. Afinal de contas, são as lições dos lugares onde o Senhor nos coloca que vão nos dar força e capacidade para entrarmos em nossa “Canaã”.

Assim também, que possamos perseverar na nossa jornada cristã, e viver os nossos dias aqui na terra, com os nossos olhos no porvir. Nossa esperança é certa, e aquele que foi fiel até a morte espera que permaneçamos fiéis até o fim!

Apocalipse 2:10b: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

 

Thais Neves –  missionária intercessora e facilitadora da Fhop School