“O maior prazer da raça humana é ter Deus revelado a nós na pessoa de Seu filho. Esta troca entre Sua revelação e a nossa compreensão é mais agradável, inebriante, maravilhosa e aterrorizante do que qualquer outra experiência no universo. Nós fomos feitos para desfrutar das profundezas de Deus, para procurar no vasto oceano da divindade, para explorar os tesouros que a criação anseia olhar.” (Allen Hood¹)
Há uma história conhecida na Bíblia, você certamente já leu, ou ouviu falar, sobre “os discípulos no caminho de Emaús”. Imagine a cena: você está seguindo sua viagem, depois de ver aquele em quem toda a sua esperança estava depositada morrer; algumas mulheres “tiveram um delírio²” de terem visto anjos declarando que a Esperança, ou seja, Jesus estava vivo; mas elas poderiam ter apenas delirado mediante o fato de não encontrarem corpo dele no sepulcro. Então, duas pessoas após esse acontecimento, e nesse mesmo dia, seguem para um povoado chamado Emaús.
“Nesse mesmo dia, dois deles seguiam para um povoado chamado Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios; e iam comentando tudo o que havia acontecido.” (Lc 24:13-14)
“Enquanto comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a acompanhá-los;” (Lc 24:15)
Antes de qualquer outra coisa é preciso deixar claro do que essa história não se trata: não é sobre homens que não conheciam a Jesus como, por incrível que pareça, muitos afirmam, é sobre homens que caminharam com Jesus, estavam presentes em Jerusalém, provavelmente na crucificação; também não significa que eles estavam no caminho errado ou se desviando do caminho por saírem de Jerusalém, nem buscando outras fontes, depois de terem se decepcionado com a Esperança do messias, eram pessoas seguindo sua viagem. Por que, então, eles não reconheceram Jesus quando ele apareceu? A resposta é clara e absoluta: seus olhos estavam fechados.
“mas os olhos deles estavam como que fechados, de modo que não o reconheceram.” (Lc 24:16)
Seguindo a história vemos Jesus perguntando a eles sobre o que estavam falando no caminho e eles respondem para ele: será que você é o único que não sabe o que aconteceu aqui em Jerusalém? Obviamente, Jesus sabia do que eles estavam falando, mas queria instigá-los a expor suas próprias conclusões. Eles então respondem:
“Ele [Jesus] lhes perguntou: Quais? E eles responderam: As que dizem respeito a Jesus, o Nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.” (Lc 19-20)
Nós esperávamos que fosse ele o que traria a redenção a Israel. Além disso, já faz três dias que essas coisas aconteceram.” (Lc 24:21)
Será que há algo errado no discurso deles? Jesus não foi profeta e poderoso em obras? A esperança de que Ele seria a redenção de Israel estava errada? Certamente eles não estavam errados em sua percepção e entendimento sobre quem Jesus era e o que ele representava. Porém, o que lhes faltava era um entendimento claro das Escrituras sobre Jesus. Pense comigo um instante, esses homens cresceram lendo a Torá, e ouvindo histórias e canções de uma Esperança que viria. Eles aguardavam e desejavam um Messias para restaurar a glória de Israel, mas sua compreensão das escrituras, como um todo, era fraca. Pois estava baseada em uma interpretação pessoal dedutiva de como o messias estabeleceria seu reino.
“Então ele lhes disse: Ó tolos, que demorais a crer no coração em tudo que os profetas disseram! Acaso o Cristo não tinha de sofrer essas coisas e entrar na sua glória? E, começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a seu respeito em todas as Escrituras.” (Lc 24:25-27)
Então após Jesus sentar a mesa e partir o pão, os olhos deles foram abertos e eles reconheceram que era Jesus que estava com eles e “por isso o coração deles queimava enquanto o ouviam falar”. Depois disso tudo, eles retornaram para Jerusalém e se encontraram com os discípulos, contaram tudo o que havia acontecido e “tcharam”:
“Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus apareceu no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.” (Lc 24:36)
“Depois lhes disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco: Era necessário que se cumprisse tudo o que estava escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras,” (Lc 24: 44-45)
É fácil para nós, hoje, ler Isaías 53 e entender que o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas feridas nós fomos sarados, porque nós já vimos como esta parte da história foi cumprida. Mas, será que com a mesma facilidade entendemos o que é o Reino de Jesus? Nós, assim como eles no caminho de Emaús, acreditamos que ele trará restauração, e esperamos que Ele volte, mas será que nosso entendimento sobre como essa restauração acontecerá é bíblico? Afinal para que Jesus irá voltar mesmo? O que Ele irá fazer quando voltar? Ele irá voltar ou iremos para o céu? O que faremos na eternidade? Mas o que é eternidade mesmo? Já entendeu onde quero chegar? Como está o nosso entendimento sobre as Escrituras hoje? Podemos ler essa história e ficar pensando: “como eles não viram?!”, “como eles não entenderam?!”. No entanto, ela se repete em nossas vidas hoje! E continuará se repetindo até que busquemos intencionalmente conhecer a lei de Moisés, os profetas e os salmos, pois a história de Jesus não começa a ser contada no novo testamento e sim “no princípio”, em Gênesis. O novo testamento é apenas parte do cumprimento daquilo que já estava determinado pelo Pai. Nossa esperança está no Cordeiro assentado à destra de Deus, com um livro em forma de rolo, escrito por dentro e por fora e selado com sete selos, em suas mãos, pronto para dar continuidade a história. E quanto aos mistérios ainda encobertos na escritura? E as respostas para essas e outras perguntas? Poderemos entender? Sim! Basta buscar!
“Nenhum dos governantes desta era compreendeu essa sabedoria, pois se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração humano, são as que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém, revelou-as a nós pelo seu Espírito. Pois o Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. Pois, quem conhece as coisas do homem, senão o espírito do homem que está nele? Assim também ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Não temos recebido o espírito do mundo, mas, sim, o Espírito que vem de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus.” (1 Co 2.8-12)
Volte seus olhos para este texto citado acima e leia de novo, de novo, abra 1 Coríntios 2 na sua bíblia e leia de novo. Ore estes versos cante ao Senhor em agradecimento por isso. Oh! Que essas verdades profundas estejam enraizadas no seu coração e sejam a sua realidade! E que os mistérios ainda não revelados possam ser revelados a você que tem a mente de Cristo, enquanto você os busca compreender! Que assim como o entendimento deles foi aberto para compreender as escrituras o nosso entendimento seja aberto; e iluminado os olhos do nosso coração, para que saibamos qual a esperança do chamado que Ele nos fez, quais são as as riquezas gloriosas da nossa herança nos Santos e qual é a suprema grandeza do seu poder para conosco… até a plenitude daquele que preenche tudo em todas as coisas. Amém!
“Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá a toda a verdade. E não falará de si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, pois receberá do que é meu e o anunciará a vós. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, o anunciará a vós.” (Jo 16:13-15)
Para te ajudar nessa busca resolvemos compartilhar com você esta tabela com alguns salmos messiânicos que estão descritos em nossa apostila da Majestade de Cristo, do primeiro módulo da nossa escola. Agora é com você boa leitura!
Salmo 2 |
A Filiação e governo |
Salmo 8 |
O Domínio |
Salmo 16 |
O sepultamento e ressurreição |
Salmo 22 |
A crucificação |
Salmo 24 |
A entrada em Jerusalém na segunda vinda |
Salmo 29 |
A palavra como um trovão e gloriosa |
Salmo 31 |
A libertação da perseguição injusta |
Salmo 40 |
A obediência (citado Hb 10.5-10) |
Salmo 41 |
A traição |
Salmo 45 |
A divindade e casamento real |
Salmo 60 |
A libertação de Israel e conquista nações |
Salmo 68 |
A ascensão |
Salmo 69 |
O zelo pela sua casa |
Salmo 72 |
Reino milenar |
Salmo 102 |
A salvação de Israel |
Salmo 110 |
O governo ascendido e a volta do Rei |
Salmo 118 |
A pedra angular |
Salmo 149 |
O Rei que vem |
“A estratégia divina do fim dos tempos é revelar o esplendor de Seu Filho, de tal forma que paixão, sinceridade e obras de fé serão produzidas em seu povo. Que nós possamos vislumbrar a preparação gloriosa de Deus para a vinda de seu filho. Como os dois discípulos no caminho de Emaús tiveram revelação das escrituras devemos pedir ao Espírito Santo para nos levar a uma visita guiada pelas Escrituras, envolvendo tanto os sofrimentos de Cristo quanto as glórias advindas deles, sabendo que, ao fazermos isso, o Espírito Santo fará com que nossos corações queimem.” (Allen Hood¹)
Referências:
¹ Textos extraídos da apostila: “A majestade de Cristo”, matéria parte do currículo do primeiro módulo da FHOP School.
² Como relatado em Lucas, capítulo 24 e versículo 11.