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Cultivando uma vida de oração

Cultivando uma vida de oração

“Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; Mateus 21:13

Qual é a imagem que vêm à sua mente ao ler e ouvir sobre ser casa de oração? Na prática, como é para você cultivar uma vida de oração? Talvez o estereótipo que vem à mente é de alguém que vive numa bolha ou realidade paralela e seja super espiritual. E talvez se você acompanha os nossos turnos de oração, pode ser que já tenha tido uma ansiedade misturada com frustração, pela vontade de também ter a oportunidade de passar longas horas do dia num ambiente assim.

Não vou negar que é fantástico o privilégio de poder interceder com parte do Corpo de Cristo e ter um ambiente, como a sala de oração, para isso. Além disso, acredito que o Senhor chama pessoas para viverem integralmente e ministrar a Ele e ao seu povo, num contexto de sala de oração. Mas, até mesmo os missionários intercessores precisam ter uma vida de oração e intimidade com o Senhor que vai além da sala de oração, precisa ser expressada em sua vida diária.

Está acessível para todos nós.

Então, o ponto central da minha conversa com você hoje é que uma vida de oração está acessível para todos nós, cristãos, não é um chamado para pessoas super espirituais ou para vivermos em uma bolha. Porém, é um convite do Senhor em sermos os seus amigos, estarmos atentos a Sua voz e mantermos o diálogo com Ele em meio às nossas rotinas. 

Sem dúvidas, para cultivar uma vida de oração é preciso diligência. No entanto, não deve ser confundida com um estilo de vida impossível de ser alcançado ou para um grupo seleto de cristãos. Mesmo agora, enquanto escrevo esse texto, estou enfrentando dificuldades em cultivar uma vida diária de oração. Estou ainda lutando para ter mais diligência e descobrindo como me relacionar com o Senhor nessa nova fase.  – Após quase três anos servindo em uma sala de oração, agora estou vivendo num contexto de missão transcultural em um país com uma língua e cultura diferentes.

Além disso, não tenho mais disponível a mesma quantidade de horas para simplesmente focar em orar com meus amigos numa sala de oração e em minha casa no meu tempo a sós com o Senhor.

Não é sobre a nossa força

Mas o que tenho ouvido do Senhor nesse tempo, é que nunca foi sobre quantidade de horas, mas o quanto o meu coração é sincero e está rendido a Ele. Mais importa a qualidade e a intenção do coração. Porventura, você também esteja passando pela mesma situação. Talvez você esteja tentando equilibrar e conciliar diferentes funções e trabalhos, talvez seja universitário, missionário, está no mercado de trabalho ou acabou de se tornar mãe, por exemplo. Enfim, não importa muito se você acredita que as condições estão cooperando a seu favor ou não, o Senhor quer nos encontrar em meio às nossas rotinas caóticas. Porque uma vida de oração acontece no ordinário: aqui e agora. 

Devemos nos lembrar que é o próprio Senhor que sustenta o nosso relacionamento com Ele. Ele não pode ser baseado e apoiado em nossa própria força. Mas é o Espírito Santo que nos ajuda e guia a toda a verdade. Isso não exclui que precisamos ser intencionais em nosso tempo com o Senhor, porém creio que Ele nos dá estratégias e sabedoria em como lidar com as nossas rotinas.

Eu poderia dar uma lista de dicas de como você pode priorizar o seu tempo com o Senhor, mas na verdade não existe uma receita. Mas se você e eu pedirmos sabedoria ao Espírito Santo, Ele dará.

Em meio a rotina, mantenha o seu diálogo com o Senhor, abra o seu coração e exponha os seus sentimentos. Esteja sensível à voz Dele, pois o Senhor é extremamente criativo em falar conosco. Ele deseja nos encontrar no contexto em que estamos inseridos e nos nossos afazeres. 

Chamados para comunhão

Então, peça ao Senhor que retire o peso da religiosidade dos seus ombros e comece a olhar para Ele, para aquele que sustenta todas as coisas e que anseia se relacionar conosco. O próprio Senhor plantou em nós o desejo pela comunhão.

A Palavra é clara, você e eu somos Casa de Oração. Então, por que não apropriar-se dessa verdade e começar a viver a partir dessa realidade de onde você estiver? 

“Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles,

para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti.

Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. “João 17:20,21

 

“Pedi uma coisa ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na casa do SENHOR
todos os dias da minha vida, para contemplar o esplendor do SENHOR e meditar no seu templo”. Salmos 27:4

Contemplar a beleza de Deus e inquirir no seu templo deve ser o objetivo central de nossas vidas. Neste lugar de fascínio e contemplação é onde temos diálogos com o Senhor e entramos em um relacionamento com Ele.

No verso acima, vemos riquezas nas palavras declaradas pelo rei Davi. O poder desta passagem está em sua simplicidade. Trata-se de um texto muito simples, mas que requer uma mudança de vida radical. Mesmo em meio às nossas imperfeições, devemos buscar inspiração na Palavra de Deus e Sua instrução para corrigir o nosso caminhar.

Neste texto, Davi não falava apenas dos anos em que viveu, mas também da era vindoura em que Cristo
irá reinar. Ele fala de uma realidade eterna para o povo de Deus. Portanto, ao contemplar a beleza de Deus e ser fascinado por Ele, estaremos focando agora naquilo que iremos fazer por toda a eternidade adiante de nós.

Contemplar a beleza de Deus

Em Apocalipse 4, João é levado aos céus e adentra a sala do trono de Deus, onde seres viventes contemplam o divino hora após hora, minuto após minuto, e o adoram sem cessar (Ap 4:8).

A realidade à qual Davi responde é uma realidade experimentada ao redor do trono de Deus constantemente. E é ali que se encontram os nossos destinos.

Assim como João contemplou o trono de Deus, nós também contemplaremos a beleza e o fascínio que, por milhões de anos, fascinam anjos.

Quando afirmamos que o nosso desejo é contemplar a beleza de Deus, estamos colocando os nossos olhos em algo eterno. Hoje podemos experimentar parcialmente aquilo que faremos por toda a eternidade.

A confissão de Davi em Salmos 27:4 é o resultado de uma vida inteira de escolhas e decisões. Davi não afirma que este era um único desejo do seu coração, mas expressa que o seu objetivo principal era viver uma vida sincera de devoção e piedade diante de Deus. É então que essas palavras deixam de ser apenas um objetivo e se tornam uma realidade.

Íntimos da Palavra

Não há como conhecer a Deus sem conhecer o Deus da Bíblia. Aqueles que querem sinceramente ser pessoas que buscam “uma coisa”, devem embarcar na jornada de conhecê-Lo através da Sua Palavra – ela é a principal ferramenta e uma dádiva do Senhor para que o conheçamos.

Não podemos substituir o estudo rigoroso da Bíblia. É preciso ler e permitir que as palavras se tornem vida dentro do coração. Muitos mantém um relacionamento simplesmente místico com Deus, falando palavras bonitas e românticas, mas se esquecem que contemplá-Lo é de fato conhecer o Deus que está por trás das Escrituras.

Um lugar de fascínio não é um suplemento nutricional da vida espiritual. Viver o reino de Deus em primeiro lugar exige uma total reorganização da vida inteira em torno deste objetivo.

Jesus prometeu algo para aqueles que buscam primeiro o Seu reino e a Sua justiça, em outras palavras, aqueles para quem a busca pelo fascínio e a beleza são o ponto central de suas vidas, e a promessa é que Ele cuidaria de acrescentar todas as demais coisas (Mt 6:33).

Essa é a experiência do reino de Deus: somos servos do Rei quando nossas prioridades e decisões são centradas na sua orientação, e nossas vidas são vividas em prol do Seu reino.

Deuteronômio 28, 29,30 

Confie na liderança de Deus

Deuteronômio conta com uma série de sermões pregados por Moisés em seu último mês de vida. Quando paramos para analisar o livro de Deuteronômio, temos um apanhado de reuniões nacionais que Moisés estava tendo com o povo. E no capítulo 28 Moisés fala suas últimas palavras para o povo de Israel. 

E se você soubesse que está falando com seus entes queridos pela última vez, aqueles que você ama, que investiu sua vida, dedicou seu esforço, seu dinheiro, que alerta você daria a essas pessoas em seus momentos finais de vida? O que realmente importa nessa hora final?

Uma instrução divina

Moisés termina o capítulo 29 do livro de Deuteronômio dando uma instrução divina:

As coisas encobertas pertencem ao Senhor, ao nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei.” – Deuteronômio 29:29

Essa passagem parece simples, mas é muito profunda. Ele está dizendo: Israel, as coisas que não foram da vontade de Deus dar um motivo, um destino, essas coisas não pertencem a nós conhecê-las, elas pertencem ao nosso Senhor. Mas, tem algumas coisas que Deus intencionalmente quis revelar a nós, e essas são nossas. Porque Deus as fez reveladas. 

A soberania de Deus

Depois de anos liderando o povo, essa foi a mensagem que Moisés deixou para eles – Existem duas maneiras para se viver, um caminho no qual a nação será abençoada e um caminho onde a nação será amaldiçoada.

Imagine que você faz parte desse povo e está ouvindo essa pregação final de Moisés. O que provavelmente todos nós pensaríamos neste momento: Moisés, qual será o futuro da minha família agora que vamos entrar na terra prometida? Como será a vida dos meus filhos, o futuro da nossa nação? Que tipo de mundo eles vão herdar, que tipo de nação teremos? 

Precisamos lembrar que a soberania divina se manifesta em duas formas: momentos em que você entende, e momentos que não entende. Momentos que o Senhor revela a nós os seus propósitos, e outros momentos que não nos é revelado. 

As coisas secretas pertencem ao Senhor

A verdade declarada de forma tão simples em Deuteronômio 29:29 é que as coisas secretas pertencem ao Senhor e as reveladas pertencem a nós, e nossa vida inteira é dividida nessas duas partes – coisas que Deus manteve em segredo, e outras que Deus lhe revelou e ele confiou a nós.

Como cristãos enfrentamos situações e fazemos perguntas para as quais não temos respostas. Além disso, pessoas ao seu redor, por sermos cristãos, farão perguntas esperando respostas, e você não terá. E com isso, podemos cair em uma armadilha muito perigosa – inventar e dar as respostas erradas, tentar ser como Deus, mas não nos compete ter todas as respostas. Nunca tenha medo de dizer “eu não sei”, principalmente se você é alguém que ensina a Bíblia. Não faz parte da fé fingir ter uma resposta para cada pergunta. Não faz parte da vida cristã elaborar eloquentemente todos os motivos. 

É maduro abraçar o desconhecido de Deus, e saber que ele manteve coisas ocultas, porque a fé está nisso. Seguir a Cristo e seguir o Deus da história é sobre abraçar também os caminhos desconhecidos Dele, os caminhos que Ele não quis fazer conhecido a você. 

A fé é convidada a se curvar

A fé é convidada a se curvar diante do mistério daquilo que Deus manteve oculto de nós. Simplesmente confiar que o Deus da promessa tem o controle daquilo que não temos. As coisas reveladas, Moisés diz, elas são dadas para que você siga o Senhor. Para que depositemos a fé com incertezas em um Deus que não é abalado. Mesmo quando nos sentimos perplexos e não entendemos. Se há coisas não reveladas que você não entende, que sacodem sua vida, olhe para o lado e veja as coisas então reveladas, entenda-as como um convite para permanecer ancorado em Cristo. 

A Bíblia diz em 2 Coríntios 5.7Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.” Em outras palavras, Paulo está dizendo – nós vivemos pelo o que cremos e em quem cremos, não vivemos porque temos todas as respostas das nossas dúvidas e temores.  Vivemos e caminhamos não porque temos como alvo as respostas para tudo, mas pelo Senhor que orquestra todas as coisas. 

Medo e incerteza do futuro

Chegará o dia em que a fé se transformará em algo que poderemos ver. Chegará o dia em que nós o conheceremos, como por Ele somos conhecidos. Já parou pra pensar que quando estivermos face a face com o Senhor, esse elemento tão fundamental da vida Cristã, chamado Fé, não será mais utilizado. Você não precisará mais da fé, porque tudo que esperava se materializou. Mas, esse dia ainda não chegou e até aquele dia, a fé é convidada a se curvar diante do mistério que Deus manteve oculto. 

A incerteza do futuro estava sobre o povo de Deus naquela época. E muitas vezes nós também somos assolados pelo medo e incerteza do que virá. As perguntas que temos a respeito da nossa vida e daqueles que amamos de fato não pertencem a nós, mesmo quando achamos que sim.

Pois essa promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, isto é, para todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar. Atos 2:39

 

Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. Romanos 8:18

 

Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor. – 2 Coríntios 5:8

Não se preocupe com a sua vida, com coisas que você não controla e não pode mudar. Viva de acordo como alguém que vive para o reino e a justiça de Deus. Deixe o amanhã de fato nas mãos de Deus. Sua vida dedicada ao Senhor não será em vão. 

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. – 1 Coríntios 15:58

Como encaramos as dúvidas do agora? 

Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. – 1 João 3:2

Em meio a sua jornada de luta e resistência sobre o pecado, coloque seus olhos no Senhor e no dia em que você se parecerá mais com o que Ele é. E enquanto isso não acontece, aceite o convite de permanecer e confiar Nele, com uma fé rendida e que abraça a crença na soberania deste Deus. 

Neste mês aqui no Blog, temos conversado sobre o nosso DNA, quem somos e quais os motivos para fazer o que fazemos. Me pego revisitando a história e lembro do primeiro texto que escrevi neste espaço, ele fala do Amor Voluntário da Noiva

Abro o site e leio o texto produzido há mais de seis anos. Muitas coisas aconteceram ao longo do tempo e esta história de amor continua a crescer. O amor de uma noiva para com o noivo, o amor da Igreja pelo seu Senhor.

O clamor da noiva apaixonada

“Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas.” Cânticos 8.6

Uma noiva apaixonada deseja o noivo sempre por perto. Se o noivo precisar se ausentar, ela não irá se conformar com a distância. Sente saudade que dilacera a alma. Pois, seu amor é como o fogo, é como intensas labaredas. Este amor não é passageiro ou superficial, é um amor que conduz ao compromisso mesmo em meio a necessidade de espera. Ela clama para que o noivo volte e permaneça eternamente ao seu lado.

O noivo lhe fez um pedido. Que ela o tenha como um selo em seu coração. O selo era um sinete feito de metal ou de pedra usado em torno do pescoço (sobre o coração) ou do braço. Podemos ler em Gênesis 38.18ª um trechinho da história de Judá e Tamar a respeito desse ornamento: “Respondeu ele: Que penhor te darei? Ela disse: O teu selo, o teu cordão…”.

A noiva transborda de amor e mantém a esperança de que o noivo logo retornará. Mas, ela não fica passiva, parada, esperando que o acaso o traga para casa. Doente de amor ela se prepara com seus enfeites e perfumes. E é intencional em espalhar sua mensagem. Ela quer que todos saibam que seu coração pertence ao amado de sua alma.

“Filhas de Jerusalém, jurem: se encontrarem o meu amado, digam que estou morrendo de amor.” Cânticos 5:8.

O casamento

Talvez você esteja ou já esteve apaixonado. Consegue se lembrar de como é a sensação? Do sentimento de que nada mais importa do que estar nos braços do seu amor e desfrutá-lo com intensidade e prazer? Quando se está perto o tempo passa rapidamente. Porém, quando se está distante é como uma cena em câmera lenta, isso sem falar na perda do apetite. Não se pensa em outra coisa, se não no objeto de devoção.

A Bíblia enfatiza a analogia do casamento, a Igreja é a Noiva que se casará com Cristo, o Noivo. Ela sente saudade, se prepara para o casamento, é intencional em sua forma de viver. Ela espera pelo amado de sua alma e conta a todas as Nações a mensagem do amor de Deus pelos pecadores. Enquanto espera, ela se junta ao Espírito e clama para que o Noivo venha.  

 “O Espírito e a noiva dizem: — Vem…” Apocalipse 22.17

 Mas como se preparar?

“Jesus respondeu: “Como podem os convidados do noivo ficar de luto enquanto o noivo está com eles? Virão dias quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão.” Mateus 9:15

A Igreja apaixonada ama a Deus de todo o coração e acima de qualquer coisa. Por isso oramos dia e noite e por isso jejuamos e nos preparamos para as bodas do Cordeiro. Pois, queremos ser como as virgens prudentes da Parábola contada por Jesus. As insensatas possuíam lamparinas, mas o óleo não era suficiente para uma espera um pouco mais demorada. As prudentes, porém, além de suas candeias, tinham porções a mais de óleo, suficientes mesmo que o noivo demorasse. (Mateus 25.1-13).

“Amarás o Senhor, o teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.” Marcos 12.30

Acima de qualquer ato religioso, a Igreja do Final dos Tempos será extremamente amorosa. Em primeiro lugar para com Deus e depois para com o próximo. E aqui não falo de placas denominacionais e instituições organizadas, mas de uma Igreja invisível espalhada pela face da terra. Igreja a qual as portas do inferno não subsistirá (Mateus 16.18).

Como povo de Deus, nosso chamado é viver o primeiro mandamento, amar a Deus acima de todas as coisas. E este é um dos preceitos do porquê somos Casa de Oração. Como noiva de Cristo, amamos o Senhor sem reservas, entendendo o nosso papel e propósito e clamamos pela sua volta. Uma coisa é certa. A história não acabou e no final teremos um casamento.

A forma como os cristãos lidam com a saúde mental importa e nós precisamos falar sobre isso. Se a nossa espiritualidade tem nos desumanizado, ela precisa ser revista. Desumanizar significa tentar camuflar ou hiper-espiritualizar um problema ao invés de trazer redenção para ele. 

Quando nos convertemos, a nossa conversão significa que entramos em um processo de santificação e não de desumanização. A conversão não é nos tornamos meta humanos ou seres humanos mais angelicais.  Nossa conversão é na verdade adentrarmos no caminho de sermos seres humanos como fomos criados para ser. Isso implica que não fomos blindados de certas coisas intrínsecas a humanidade, mas diz que existe um padrão divino de humanidade que o Senhor está nos atraindo.

Três perspectivas

Dentro disso eu quero te trazer três verdades, para uma nova perspectiva a respeito de saúde mental.

  1. A consciência de Deus sobre o homem

Primeiramente, Deus ele é consciente do nosso estado e da nossa natureza. No Éden, Deus criou o primeiro Adão como ser humano perfeito, o plano original do que ele deveria ser, mas o pecado entrou e deformou muita coisa além da moralidade, todo o cosmo sofreu o prejuízo da queda. Porém, Deus tem consciência da nossa natureza pré pecado e da nossa natureza pós pecado. Ele nunca foi e nem será surpreendido.

Quando Jesus veio, como o segundo Adão, ele estabelece de novo o novo padrão. Não um padrão de super espiritual mas de um ser humano como Ele desejaria que nós fossemos humanos. O que desagrada a Deus é o nosso pecado e independência contra Ele. Nossa natureza é caída e vulnerável em todas as áreas. Somos vulneráveis nosso corpo a doenças e cansaço, em nossa alma a sentimentos e emoções bagunçadas, nos nossos relacionamentos, na forma como nós lidamos com a gente e com as outras pessoas. Absolutamente  tudo isso está vulnerável e atingido pela queda. 

Essa perspectiva pode remover a culpa exacerbada exercida pelo acusador, pela mente, pelas pessoas sobre quem está assumidamente em um momento de fragilidade e adoecimento mental, ou sofrimento de qualquer âmbito. Nada disso fugiu da soberania de Deus.

2. O Evangelho é a boa-nova para todas as coisas criadas

Partindo disso, o segundo ponto é que o evangelho tem resposta para todas as áreas. Ele é a boa notícia para o seu corpo, ele é a boa notícia para sua alma e para seu espírito. Assim como ele é a boa notícia até mesmo para a natureza que vai ser redimida. Nós usarmos o evangelho apenas para trazer respostas para o mundo espiritual é desperdiçar uma parte dele tão preciosa e que nós precisamos para a nossa saúde. E constantemente fazemos isso.

Como ser humano, somos seres integrais e essas áreas (material e imaterial de quem somos) se conectam de forma tão bela e tão misteriosa, que muitas vezes nós nem conseguimos discernir qual é a raiz do problema, porque nós não sabemos se começou no nosso corpo ou nas nossas emoções ou no nosso espírito, pois elas estão integradas. Sendo assim elas merecem e precisam de atenção de maneira integrada também.

O convite é a ouvir o evangelho que tem poder de abraçar toda a realidade. Ele não fica do lado de fora de num quartinho da nossa existência. 

3. O que nos qualifica diante de Deus

E a terceira verdade é que a dor não te desqualifica, porque o que te qualifica em Deus é Cristo e não a tua performance. O que isso significa? A nossa mentalidade muitas vezes acredita que ser espiritual é apresentar para Deus uma performance perfeita, mas é a fé em Cristo que nos dignifica diante do Senhor. 

Então espiritualidade saudável é o voltar-se ao Senhor. É o buscá-lo, é conhecê-lo e é refleti-lo e não necessariamente uma performance, uma atitude que sempre acerta, porque Ele é o Deus conosco mesmo no vale da sombra da morte. mesmo no momento que você cai que você precisa lidar com áreas de pecado e se arrepender. Porque ser Cristão não nos blinda da dor, do sofrimento, do adoecimento. Mas nos garante um Redentor, um Consolador e um Criador que caminha conosco em todos esses momentos. 

Então está tudo bem, quando não estiver tudo bem, porque isso não te desqualifica como cristão, isso não anula o teu amor por Jesus. A graça preciosa disponível no trono da graça nos absorve de nossas culpas e nos dá poder para Cristo ser gerado em nós. 

A dor é passageira, mas a glória será eterna

E agora falando para você que está sofrendo e passando por momentos de depressão, transtorno de ansiedade ou até mesmo pensamentos suicidas. O que você sente hoje não te define. Jesus vai aproveitar todas as oportunidades, até mesmo a dor e a doença para te ensinar e ser pedagógico em te ensinar sobre consolo, graça, arrependimento e como viver. E existe esperança em Cristo para essa era e para o dia que definitivamente toda lágrima ele enxugará. O agora é passageiro, mas a glória reservada com Cristo será eterna.

E para todo o corpo de Cristo e seres humanos o convite é aprender com o Senhor Jesus a consolar e estender graça, como temos sido consolados e recebido graça dEle. O ambiente cristão, o ambiente da igreja como corpo de Cristo, precisa ser um ambiente seguro, para que as pessoas cheguem e depositem sua dor com vulnerabilidade, tendo a certeza que ela não vão ser qualificadas ou desqualificadas, no corpo de Cristo por causa da sua dor ou por causa da sua doença. Mas que a semelhança da obra do Espírito se levantarão para lutar pela redenção e consolo delas.  

A JORNADA DE APRENDER A VIVER

O Senhor quer ensinar a viver a vida como ele deseja que seja vivida, com mais saúde mental, cada vez mais humana, e assim cada vez mais parecida com Jesus. Isso para lidarmos com a nossa saúde mental e do próximo que precisa de empatia.

Por isso, esse é um convite a redefinição, ao encontro coração com Deus Criador, Redentor e Consolador. Primeiro para ser consolado com a verdade que Ele sabe lidar com nossa fraqueza, sabe nos santificar do nosso pecado e tem poder para nos curar nosso corpo e nossa mente. Segundo, para aprender a olhar para dor do outro como o Senhor olha, chorando com os que choram e consolando como fomos consolados.

Nós somos a Igreja de Jesus Cristo e somos chamados à comunhão. Ainda assim, sabemos que ao longo da história temos passado por diversas situações e muitos desafios para vivermos em koinonia. Particularmente, temos experimentando nas últimas gerações o aumento dos “desigrejados”. Isto é, aqueles que almejam viver o evangelho sem o compromisso com uma Igreja Local.

Certamente, apesar do aumento dos desistentes, reconhecemos que este problema não é algo novo. Na verdade, a esse respeito, há um conselho no livro de Hebreus o qual é preciso nos lembrarmos. Seremos tentados a olhar todos os problemas de viver em comunidade. E, como pode ser desgastante quando nosso coração não consegue amar da forma que Jesus nos ensinou. Ou mesmo quando não nos sentimos amados como gostaríamos. Ainda assim, não devemos desistir do privilégio de sermos Corpo de Cristo.

“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns, antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” Hebreus 10.25

Acima de tudo, independente dos desafios que possamos enfrentar para viver em comunhão. Não temos justificativa para não o fazer. Porém, é preciso pensar nas marcas de uma Igreja que cumpre o chamado à comunhão. Então diga-me: “O que significa viver em comunhão?”

Participando da Família de Deus

E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar. ” Atos 2.42-47

Jesus andou com seus discípulos e em meio as multidões. Sempre olhou os perdidos com compaixão, sempre conduziu as pessoas em amor. E esmo sabendo que iria ser negado e traído, ainda assim, permaneceu em total lealdade. Quando o Espírito de Deus foi derramado em Jerusalém enquanto seus amigos obedeciam a ordem de esperar. Tudo o que Jesus ensinou fez mais sentido ainda. E seus discípulos foram envolvidos por mais unidade e comunhão.

Andando na Luz

Primeiramente, em Atos, podemos observar o que foi gerado no meio do seu povo. Eles perseveravam em comunhão, no ensino da Palavra, no partir do pão e na unidade entre tantos outros aspectos do amor. Assim, comiam juntos, repartiam seus bens, tinham tudo em comum. Havia entre eles, alegria, ternura e singeleza de coração.  Isto é, Koinonia. Este vocábulo grego tem o sentido dê: associação, companheirismo, relação íntima. Indica compartilhar, participar. E foi assim que a Igreja primitiva nasceu e viveu em seus primeiros dias, andando na luz.

“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I João 1.7

Alguns aspectos da comunhão

  • A comunhão é possível somente porque Jesus, o Filho de Deus se tornou homem como nós. Ele identificou-se conosco na encarnação. Sofreu em nosso lugar. E nos faz comungar de sua própria vida, da vida do Pai e do Espírito Santo.
  • A comunhão começa neste mundo, mas ela será totalmente plena e perfeita na eternidade.
  • Há comunhão perfeita na Trindade e os filhos de Deus compartilham da imagem e da natureza dessa filiação.
  • A comunhão é intrínseca ao amor. Eles caminham juntos. A comunhão não subsiste sem o amor.

O problema da Igreja: falta de comunhão

Certamente, como Igreja e como liderança precisamos assumir nossas responsabilidades diante das falhas e pecados cometidos. Precisamos ser fiéis à Palavra. E também devemos encorajar os irmãos a participarem do Corpo de Cristo com bom ânimo. Além disso, as pessoas precisam saber que elas não estão perdendo tempo.

“…. Os pregadores podem insistir que as pessoas vão à igreja regularmente; mas, mas a menos que lhes dêem sólida nutrição espiritual, muitas pessoas sentirão, intuitivamente, se não mesmo conscientemente, que estão perdendo o seu tempo. A razão pela qual muitos não vão à igreja, entre os quais se acham aqueles que antes a frequentavam regularmente, é que aquilo que a igreja tem a oferecer é tão fraco que, com frequência, não tem utilidade alguma na inquirição espiritual, sendo mais uma provação de fé ir à igreja do que permanecer em casa.” R. N. Champlin

Portanto, nenhum cristão deve estar na igreja por algum tipo de obrigação legalista. É preciso saber que além de serem parte, cada pessoa tem importância para o todo. Cada um de nós tem um papel nesse Corpo. E apenas nos tornamos maduros quando entendemos que não vamos a Igreja para receber algo, mas vamos para nos doarmos.

Não ande só

Sendo assim, é preciso destacar que: não somos chamados para andarmos sozinhos. Devemos nos lembrar que o cordão de três dobras não se rompe com facilidade. Também precisamos ser generosos para perdoarmos uns aos outros e andarmos uma milha a mais com aqueles que chamamos de irmãos.

Como é para você andar em comunhão “uns com os outros”? Como é a Igreja que você sonha fazer parte? E o mais importante: como você tem trabalhado para que ela exista? Não esqueça de nos contar o que pensa. E hoje, se houver algo para perdoar, não deixe para amanhã. Pois o amor não perde a esperança. Deus abençoe.

 

Originalmente publicado dia 17 de Setembro de 2021

Como igreja, temos alguns termos para nos ajudar a compreender nosso papel no reino de Deus. Hoje trataremos sobre sermos chamados de Corpo de Cristo. Esse termo foi utilizado pelo Apóstolo Paulo no Novo Testamento como uma metáfora para transmitir verdades muito significativas sobre a igreja e para nos ajudar a entender melhor o valor da nossa diversidade dentro da igreja.

Vale lembrar também, que a igreja muitas vezes é associada a um edifício, construção. Porém, a igreja a qual a Bíblia se refere é sobre um agrupamento de pessoas. Biblicamente, a igreja é todo o grupo de cristãos individuais que professam fé em Cristo, em nenhum lugar da Bíblia a igreja é equiparada a um edifício ou estrutura. E a fé em Jesus é o único requisito para se tornar parte do Corpo de Cristo.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.

Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. (Efésios 2:8-10)

Entendo o significado da União com Cristo

Primeiramente, precisamos tirar toda a expectativa de compreender em plenitude esse conceito, o próprio Apóstolo Paulo nos diz que é um mistério: “Esse mistério é grande, me refiro a Cristo e à igreja” (Ef. 5:32). Temos dois lados dessa união, de um lado a que estamos em Cristo: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação, as coisas velhas já passaram, e surgiram coisas novas” (2 Cor. 5:17). Do outro lado dessa união temos Cristo em nós: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27).

Do mesmo modo, Jesus também fez uma analogia falando dessa união quando disse que ele era a videira e nós os ramos: “Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:4-5). O elo dessa união que nos une a Cristo é o Espírito Santo logo, não é uma união de pessoas em uma essência, ou seja, não é um vínculo físico: “Aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos há de dar vida também aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito, que em vós habita” (Rm 8:9-11).

Igualmente, Paulo vai usar a analogia do marido e esposa, porém ainda assim é difícil compreendermos essa união em sua plenitude. Mas sabemos que ela se refere tanto a igreja em todo mundo quanto às igrejas locais. O Espírito Santo desempenha um papel importante em unir indivíduos a Cristo através da habitação, batismo e o seu selo em nós. Assim, somente aqueles que foram batizados pelo Espírito Santo, ou seja, salvos pela graça por meio da fé, podem se unir à igreja.

A igreja como Corpo de Cristo

Com efeito, essa expressão enfatiza a ligação entre a igreja, como um grupo de cristãos, e Cristo. A nossa salvação é grande parte resultado dessa união com Cristo. Essa imagem da igreja como Corpo de Cristo remete também à interligação entre todas as pessoas que constituem a igreja. Como já vimos a igreja sendo esse conjunto de pessoas e não a estrutura construída. As Escrituras usam distintamente a frase “Corpo de Cristo” para demonstrar a identidade e unidade dos cristãos em Cristo.

Desse modo, quando a Bíblia diz que somos o corpo de Cristo, a metáfora começa com uma imagem de Jesus como a cabeça do corpo. Significando que ele é o Senhor encarnado. Ele é aquele que literalmente veio do Céu para este mundo, tomando um corpo para si. Em sua vida encarnada, Jesus nunca deixou de ser Deus, mas tomou totalmente para si nossa humanidade. Nós, cristãos, seguimos a Cristo, ouvimos a Cristo e deixamos Cristo guiar nossos passos, assim como a cabeça do corpo faz. Da mesma forma, este termo para a igreja reconhece a diversidade dentro do corpo de Cristo e como isso é bom para a igreja. 

Como resultado, o corpo precisa de muitas partes, ou seja, muitos dons, talentos e habilidades para funcionar. Nós precisamos trabalhar juntos para cumprir a missão que Jesus nos deu. Em vez de tentar fazer a mesma coisa, cada um de nós pode contribuir com aquilo que Deus nos chamou para fazer e ser. O corpo deve estar unido. Todas as barreiras étnicas e sociais foram removidas, como Paulo disse: “Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos. (Colossenses 3:11).

 Por que chamamos a igreja de Corpo de Cristo?

Por fim, podemos dizer que chamamos a igreja de Corpo de Cristo pela grandiosidade que é esse mistério. É muito mais do que apenas uma metáfora. É literalmente quem fomos constituídos pela verdade do Evangelho, pelo Espírito que habita em nós e pelos dons que recebemos. Portanto, devemos nos alegrar e devemos nos concentrar em como vivemos à luz do dia em que ele voltará para terminar de fazer novas todas as coisas.

Sem dúvida, Cristo em nós é a base da fé e esperança. Ele é a cabeça de seu corpo, logo somos guiados por ele. Estamos unidos a ele, o cabeça, e somos nutridos por meio de Cristo. Como o corpo de Cristo, nós somos a extensão do ministério do cabeça, Cristo Jesus. Ele enviou seus discípulos para evangelizar, batizar e ensinar e devemos continuar a fazer o mesmo: ”Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”. (João 14:12).

Por fim, a obra de Cristo para ser feita, precisa ser realizada pelo seu corpo, a igreja. Cada um de nós é importante para a igreja e cada cristão é uma parte necessária do Corpo de Cristo. Essa diversidade é algo a ser festejado e reconhecido como parte do grande projeto de Deus para a sua igreja. Temos diferentes habilidades, propósitos e dons espirituais, mas cada cristão é igualmente importante para o pleno funcionamento, missão e eficácia da igreja.

“Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo”. (1 Coríntios 12:18-20).

A parábola do filho pródigoLucas 15:11:32

As parábolas de Jesus contidas em Lucas 15 nos ensinam verdades eternas do coração de Deus. Nos últimos cultos conversamos com nossa igreja sobre a parábola da ovelha perdida, a parábola da dracma perdida e a parábola do filho pródigo. 

Hoje vamos compartilhar sobre a mensagem ministrada através de Lucas 15:11-32 – A parábola do filho pródigo. Se você perdeu alguma das ministrações anteriores, confira em nosso canal do Youtube essa série de pregações e seja abençoado por essa mensagem. 

Aquele que se assenta e come com os pecadores.

Lucas 15 é uma narrativa sobre os perdidos mas também uma narrativa a respeito daquele que se assenta e come com os pecadores, que tem o anseio de revelar o seu amor para os perdidos. 

Em todas as parábolas temos expressões e simbologias para os perdidos, A ovelha, por exemplo, representa a pessoa que não foi encontrada pelo salvador, que sequer sabe que foi perdida. Temos também a dracma, que simboliza aquele que se perde dentro da própria casa, por descuido, por acidente, E por último o filho pródigo, que é aquele que já fez o caminho até a casa, já se assentou à mesa com o Pai, e por escolha própria deseja se afastar do corpo e ir para longe de casa. 

A última parábola representada em Lucas 15 não fala apenas do filho pródigo, fala de dois filhos perdidos, e um terceiro pródigo, que é o próprio pai. Assim como o filho mais novo esbanjava e desperdiçava seu dinheiro com coisas que não eram importantes, vemos descrita a graça e misericórdia do Pai gasta com filhos pecadores. Vemos um pai dando lugar na mesa do banquete e perdão para os filhos que não mereciam. Um pai que expressa seu amor, graça, misericórdia e bondade. Dois filhos com imagens erradas de si mesmos – um dos filhos achava que merecia algo do pai, e outro acreditava que não merecia nada. Assim como eles não viam o Pai da maneira que deveriam enxergar. 

O caminho da Conformidade moral e do Autoconhecimento

Jesus está usando aqui os dois filhos de maneira geral como dois caminhos que usamos para encontrar felicidade e realização na nossa vida. Os dois caminhos são: Conformidade moral e Autoconhecimento ou auto realização, e ambos são uma lente pela qual enxergamos nossa história. O Caminho da conformidade moral é como o filho mais velho, que acredita que irá alcançar salvação por seguir estritamente a lei. Conformistas, responsáveis, julgam os que não respeitam a lei. E o caminho do autoconhecimento é representado pelo filho mais novo – julgam os fanáticos, os de mente fechada e falam que eles são o problema do mundo.

O procuramos para receber o que queremos.

O filho mais novo é aquele que já trilhou o caminho até a casa do pai, já teve seu encontro com Jesus, mas que em algum momento permite que seu coração esfrie e toma a decisão de sair da casa do pai, ceder aos seus desejos, aos pecados. Ele desejava as riquezas do pai, mas não desejava por seu pai. Não tinha o desejo de se relacionar com o pai, mas desfrutar da herança prometida a ele.

O grande problema do filho mais novo, e muitas vezes o nosso, é que queremos nos sentar à mesa com o pai apenas quando há interesse de receber algo em troca, não para criar relacionamento.

Quantas vezes nós nos aproximamos de Deus com interesse que ele nos dê algo ou responda nossas orações.

Uma jornada de imprudência

A partir do versículo 13 de Lucas 15, até o versículo 17, o filho mais novo entra em uma jornada de miséria, de desgraça em sua vida. Ele pede ao pai sua herança, e o pai divide suas riquezas. O filho mais novo toma posse de suas coisas e toma seu caminho, vivendo sua vida de forma pródiga. Ele gasta até o momento de não sobrar nada e as coisas começarem a piorar na sua vida. 

Constantemente entramos nessa jornada de imprudência e como consequência disso acabamos nos sentindo sozinhos, sem poder contar com ninguém. Essa é a hora de reconhecer nossa condição, nossa realidade e o único caminho para deixar de comer com porcos é voltar para o Pai. 

Quando o filho cai em si (versículo 18 e 19), ele começa a traçar um plano para retornar a casa do pai. Tudo que ele planejou falar demonstra uma coisa: ARREPENDIMENTO. O arrependimento é o convencimento de que precisamos voltar aos braços do Senhor. Muito além de uma dor interior, uma vergonha pelas nossas escolhas, o arrependimento genuíno sempre deve gerar em nós um movimento.

O filho volta e começa a dizer o que tinha preparado, fala para o pai o aceitar como um empregado. Nosso senso de justiça própria nos faz dividir a graça. Pensamos em uma graça presente para sermos perdoados, mas uma graça ausente para sermos restituídos ao lugar que o Senhor planejou para nós. Cremos que Deus pode nos perdoar, mas esquecemos que nosso Deus é pródigo e derrama sobre nós o seu amor mesmo sem merecermos. Ele nos devolve nossa identidade de filho mais uma vez, nos chama a sentar com Ele junto a mesa.

3 elementos para seu filho.

O pai não deu uma oportunidade sequer para o filho pedir para ser um dos seus empregados. O pai estava na verdade restituindo a autoridade do filho de ser amado. E isso está expresso nos 3 elementos que o pai mandou trazer para dar ao seu filho. 

  • A melhor roupa: A roupa tem a ver com um indicativo da classe social. Jesus, enquanto contava essa parábola, estava revelando a graça de Deus aqueles que o ouviam. E Isaías 61:3 fala sobre isso, o Senhor nos veste com veste de justiça e santidade. 
  • Anel: a maior das restituições. O filho pegou toda a riqueza do pai e gastou. Quando dá o anel, o pai está restituindo ele ao lugar de administrador dos seus bens. Ele está restituindo o filho ao lugar de que nunca deveria ter saído.
  • As sandálias: os escravos não usavam sandálias. Provavelmente o próprio pai pegou sua roupa e sua sandália e colocou no seu filho mais novo. O Senhor continua restituindo ao seu povo o poder de ser chamado de filho amado, resgatando seu filho.

Senhor continua restituindo ao seu povo o poder e a autoridade de ser filho amado. 

Isso foi algo que o filho mais velho não entendeu. O filho mais velho era dedicado aos afazeres do seu pai, mas muito mais pecador do que imaginamos. Representa as pessoas que se sentem ofendidas quando as coisas não saem como elas queriam, que veem Deus agir e acham injusto, se sentem ofendidos com Deus ou com as pessoas. 

Você já se sentiu assim? Nos sentimos ofendidos por ver Deus abençoar outra pessoa enquanto em nossas vidas não acontece nada. Esse é o perfil do filho mais velho. Ele traça todo um plano de vida e quando as coisas não acontecem do seu jeito, ele se ira. O filho mais velho é justo aos seus próprios olhos, tem uma linguagem humilde, mas o coração está cheio de orgulho. 

Vemos no versículo 27 de Lucas 15 que quando ele escutou sobre o retorno do seu irmão para casa, ele ficou furioso. Da mesma forma que o filho mais novo fez o pai sentir vergonha, agora o filho mais velho teve atitudes de vergonha para com seu pai. O pai estava exultante ao celebrar a volta do seu filho, e o filho mais velho decide ficar do lado de fora da festa, com uma postura de não concordar com seu pai. Muitas vezes nos portamos dessa maneira, ficamos do lado de fora olhando o que Deus está fazendo porque não concordamos.

Precisamos lembrar que somos pecadores

O filho mais velho olha para aquela festa e não consegue celebrar a vida do irmão. No versículo 28 o texto diz que o coração dele se encheu de ira. O pai chega até ele e suplica para que seu filho volte para a celebração e esse filho mais velho justifica todo o seu sentimento, diz que se sentiu injustiçado. 

Constantemente pensamos que Deus tem alguma divida conosco e que ele precisa nos consultar para fazer algo. Esse sentimento é muito mais comum do que pensamos, pois nosso coração é tentado a achar que merecemos alguma coisa. Precisamos lembrar que somos pecadores e pedir por misericórdia todos os dias. 

No versículo 29 o filho questiona o amor do Pai. O filho mais velho é aquele tipo de pessoa que tem dificuldade de sentir o amor de Deus. Nós muitas vezes somos assim, gastamos nosso tempo com orações cheias de petições, gastamos nosso tempo com afazeres ministeriais, mas não temos tempo de relacionamento com o Senhor. 

O Senhor nos faz um convite hoje.

O Senhor nos faz um convite hoje, para entrarmos no banquete e deixarmos de ser como esses filhos. Ambos os filhos queriam o que o pai tinha, ambos queriam as riquezas e autoridades para serem senhores de si. E o que nós precisamos fazer diante dessas algemas da nossa própria perdição?

Precisamos entender que o pai de Lucas 15 está conosco. Que podemos nos arrepender e correr para os braços do Senhor, pois ele nos receberá. 

O nosso convite hoje é para o arrependimento, para colocarmos o Senhor no lugar que lhe é devido, em um lugar de relacionamento.

Você aceita esse convite?

Há muitas histórias inspiradoras sobre os movimentos de oração mundo afora  E nós estamos vivendo um tempo tão precioso onde há um número crescente de movimentos de orações surgindo. Isso faz parte do tempo que se caminha para o fim. Fim do mundo? Não. Fim desta era corrompida para uma era onde Deus voltará a habitar conosco em plenitude.

Nós, com certeza, não temos a capacidade de reproduzir esses despertamentos espirituais registrados na história, mas podemos aprender muito com eles. Como na história dos morávios juntamente  com o Conde Zinzendorf  onde eles mesmos reconheceram que este acontecimento foi obra da graça de Deus. Assim como Paulo também escreveu reconhecendo a graça de Deus em I Coríntios 15:10: “ Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”.

O  casal Zinzendorf e os irmãos Morávios

O conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf era de uma família da alta sociedade da Alemanha de origem luterana e um cristão muito dedicado. Após estudar direito e teologia na Universidade de Wittenberg, casou-se com a condessa Erdmuth Dorothea Reuss. Erdmuth seria uma ajudadora incansável do seu marido e da igreja. No seu túmulo, os refugiados morávios gravaram os seguintes dizeres: “Mãe Adotiva da Igreja dos Irmãos.”

Conde Zinzendorf adquiriu de sua avó a vila de Berthelsdorf e, sendo um proprietário feudal, instalou seu amigo João Rothe como pastor. Prometeu a ele  que ajudaria a transformar a vila numa verdadeira comunidade de crentes, sem ainda saber como Deus responderia a esse desejo mais profundo do seu coração. Essa vila, anos mais tarde, serviria de abrigo para cristão perseguidos da Morávia e Boêmia, cidades pertencentes ao que seria hoje a atual República Tcheca. 

Parecia o fim dos cristãos da Boêmia e Morávia com perseguições tão intensas. Mas Deus usou um jovem pastor da Morávia, chamado Christiano David, apelidado de “o servo do Senhor” para reanimar os irmãos.

Sua pregação causou um despertamento espiritual, o que provocou novamente muitas perseguições. Christiano foi apresentado então ao pastor Rothe, o qual levou-o para falar com Zinzendorf. Este concordou em receber os irmãos perseguidos em Herrnhut, sua propriedade. Cinco famílias da Morávia inicialmente aceitaram o desafio de se mudarem para Herrnhut e assim em 1722 chegaram à vila de Berthelsdorf.

O início do maior movimento de oração da história

No ano seguinte outros cristão perseguidos chegaram na propriedade do Conde Zinzendorf, dentre eles os irmãos da Boêmia e mais refugiados da Morávia. Após alguns ajustes por divergência étnicas e de visões teológicas, eles iniciaram todas as noites reuniões de oração, cânticos ou estudos bíblicos. O movimento era calmo e de regozijo no Senhor. Sem brigas e com a igreja reorganizada e unida na busca pela santificação, o pastor Rothe convidou toda a igreja para a Ceia do Senhor na igreja central de Berthelsdorf, num culto marcado para a manhã de uma quarta-feira no dia 13 de agosto de 1727.

Antes mesmo do culto começar, um senso de reverência era fortemente sentido. Durante o culto, quando o conde fez a oração de confissão antes da ceia do Senhor, todos foram tocados por um sentimento de arrependimento e muitos suplicaram perdão pelo sangue de Cristo. Houve um profundo senso de comunhão com Cristo e com os outros, e eles reconheceram: “Aprendemos a amar”.

 Sem perder esse toque celestial, duas semanas após aquela Ceia memorável, Herrnhut iniciou a “Intercessão de Hora em Hora”: durante 24 horas por dia havia oração e cada irmão ou irmã tomava o seu lugar nesse rodízio. Essa foi a reunião de oração mais longa da história, pois estendeu-se por mais de um século. Esse movimento de oração nos mostra que é possível com constância manter essa chama acessa.

O que podemos aprender com o movimento de oração dos  Morávios

Contei essa história para que possamos aprender com esse movimento. Sabe o que mais aconteceu depois desse dia? Um grupo de jovens solteiros começou a estudar a Bíblia, Geografia, Medicina e línguas. Sentiam que Deus estava preparando-os para uma obra maior. E Deus estava mesmo, pois nos anos seguintes se iniciaria o trabalho missionário dos morávios.

Aquela cidade da Alemanha, Herrnhut, em vinte anos enviaria mais missionários ao exterior do que qualquer outra igreja protestante em seus primeiros duzentos anos de existência. A igreja Morávia se tornou mais tarde maior que a própria igreja inicial. Podemos aprender com essa história que esses despertamentos começam com arrependimentos individuais e coletivos, o que resultam em grandes despertamentos para movimentos evangelísticos. Sim é natural o desejo por anunciar as boas novas para que mais pessoas façam parte do reino de Deus.

Movimentos de orações estão crescendo

Estamos vivendo um tempo único na história. Podemos comprovar um crescente número de movimentos de oração e adoração espalhados pelo mundo. Em muitos lugares há reuniões de adoração e intercessão 24 horas por dia e sete vezes na semana.

Talvez você esteja lendo isso e fique triste por não ter esse movimento de oração perto de você ainda, mas te encorajo a orar pedindo a Deus por um despertar em sua cidade. E enquanto isso não acontece, temos o privilégio de acompanhar transmissões online de movimentos que transmitem através da internet.

Deus é o mais interessado no movimento de oração. Ao passo que o dia do Senhor se aproxima, o Espírito Santo está iniciando um clamor em nossos corações para o retorno de Jesus. Pois o versículo diz: “O Espírito (primeiro) e a noiva (segundo) dizem “Vem”. (Apocalipse 22:17)

A consequência disso será movimentos de oração dia e noite se intensificando no clamor pelo desejo do retorno de seu Noivo, mais que qualquer outro desejo. É claro que no decorrer desse tempo experimentaremos o sopro sobrenatural de Deus nos sustentando e também teremos que lutar com nossa apatia e fraqueza tentando nos distrair.

Por certo devemos nos animar. Estamos tendo o privilégio de participar do início de um despertamento a respeito dos movimentos de adoração e oração. Com a finalidade de juntos clamarmos pelo retorno de nosso noivo.

E o Espírito e a noiva dizem: “Vem!” E quem ouve, diga: “Vem!” E quem tem sede venha. Quem quiser, receba de graça a água da vida. Apocalipse 22:17.

O que fazer, orar ou ir?

Isso não é um paradoxo! 

Ao mesmo tempo que o Senhor nos chama para o lugar de devoção, Ele também nos comissiona para ir para fora e pregar o Evangelho. Pode até parecer que esses são dois movimentos opostos, mas na verdade um não é possível sem o outro. Uma devoção saudável necessariamente se expressa em obras e, da mesma forma, o “Ide” jamais deverá ser feito às custas da nossa comunhão com Deus. Desligados da Videira não podemos realizar nada.

Então, o que fazer?

Imagine a realidade de ministrar a Deus (lugar secreto) e ministrar aos homens (evangelismos e atos de justiça) como uma porta giratória. No lugar de oração nós conhecemos a Deus e o Seu coração pela humanidade, e então, com o entendimento correto e um coração queimando, nós cruzamos essa porta e vamos de encontro aos perdidos.

Quando vemos a realidade do mundo, o pecado e a injustiça que o degrada, precisamos entrar por essa porta e dialogar sobre isso com o Senhor. Nós não somos a régua sobre o que é certo e errado, precisamos alinhar o que sentimos com o que a Palavra declara, para que o nosso coração não se ofenda contra os homens e contra Deus.

 

ORAR E IR⠀

Como Igreja, esse precisa ser o nosso movimento contínuo, ORAR E IR, não como dois passos diferentes, mas como duas faces da mesma ação. Nos dedicar ao Senhor no lugar de devoção e estudo das Escrituras não nos exime do dever e do privilégio de fazer parte da Grande Comissão e vice-versa.

Nós somos a Luz do Mundo e o Sal da Terra. Temos a essência, porém, precisamos nos posicionar da maneira correta, para que a nossa vida reflita Aquele que nos chamou.

 

Originalmente publicado em 20 de fevereiro de 2020