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O jejum que muda história

Uma das histórias mais famosas que encontramos na bíblia é a da rainha Ester. Ela foi uma mulher que encontrou favor do rei ao entrar em sua presença sem ser chamada. A atitude que poderia ter a levado a morte, trouxe vida não somente a ela, mas a todo o seu povo.

A narrativa parece tão simples que mal conseguimos perceber a tensão daquele momento, a aflição que Ester sentiu enquanto aguardava a hora de estar entre a vida e a morte ao entrar na sala do rei, sem ser por ele convidada.

Ela enfrentou medo, provavelmente deve ter pensado em como ter vivido até aquele momento tenha valido a pena, quão de repente sua sorte fora mudada. Provavelmente ela sentiu a aflição da morte e tudo que deixaria para trás, mas ao contrário disso, ela também pode ter pensado que o rei poderia suspender a lei e deixar que ela e seu povo vivessem.  Vamos pensar que ela teve apenas três dias para processar e assimilar seja qual fosse a resposta do rei. O que fez com que a rainha hesitasse estar em sua presença, negando inicialmente o pedido de seu primo Mordecai. O fato é, que a sentença já estava lançada e os judeus estavam condenados a morte e a única forma de a situação ser revertida era que a rainha Ester entrasse diante do rei e esse lhe concedesse favor.

Ester convocou todos os judeus que habitavam em Susã e juntos entraram em jejum. Durante três dias e três noites não comeram nem beberam, humilharam-se diante do único que tem poder para mudar tempos e estações, aquele que poderia reverter a sentença estabelecida contra os judeus.

Depois desses dias Ester se apresentou diante do rei e naquele momento crucial de sua história, o rei poupou a sua vida e lhe concedeu favor. O que ocorreu foi que os judeus puderam lutar por suas vidas e a condenação dada contra eles passou a estar sobre seus inimigos. Hamã mandou construir uma forca para matar Mordecai, mas ele mesmo foi enforcado nela e quem se preparava para matar os judeus sofreu em seu lugar. Assim todos em Susã e as províncias sob o governo do rei Xerxes passaram a temer os judeus.  Ester alcançou favor diante do rei e trouxe livramento ao seu povo

Isso seria suficiente para nos ensinar acerca do jejum. É uma poderosa ferramenta dada a nós por Deus que muda sentenças. Ao invés de nos lamentarmos e entrarmos em desespero o Senhor nos convida a entrar em jejum. Circunstancias interna e externas podem ser mudadas, portas são abertas e livramento é liberado, seja para uma pessoa, uma família ou uma nação.

Ester só pode entrar naquela sala porque ela habitava naquele palácio, fazia parte daquele reino, ela tinha vestes apropriadas para estar diante do trono do rei.  E assim como ela, nós fazemos parte da família real, fomos ressuscitados juntamente com Cristo e assentados nos lugares celestiais (Ef. 2:6), nossas vestes foram mudadas e nós podemos entrar com confiança diante do trono, nós alcançaremos misericórdia, encontraremos graça e seremos ajudados em tempo oportuno.

O jejum abre portas que nem sequer imaginamos, ele é a expressão da nossa fé e essa sempre gera uma resposta. Nós podemos aplicar nossa fé a uma sentença e creditarmos tanto poder a ela até que mine nossa esperança ou podemos usá-la para colocar em prática as escrituras. Não importa qual seja a situação, apenas entre com confiança diante do Rei. Deus não mudou, Ele continua trazendo livramentos, liberando respostas, abrindo portas e quebrando sentenças. Ele nos convida a entrar em parceria para que desejos do nosso coração sejam concedidos e Ele possa manifestar em nós o seu poder, assim como fez com Ester e seu povo. A nós foi dada uma arma poderosa para alcançar promessas e mudar destinos e ela se chama jejum.

 

 

Eu gosto de definir o Jejum, como uma maneira de expressarmos externamente  aquilo que já está em nossas almas: a fome por Deus. A grande verdade é que todos nós, por mais completos em obras que sejamos somos como terras desérticas, secas que não podem produzir fruto de si mesmos se não formos tocados pelos mananciais das águas de Deus.  Essas águas geram vida e nos ensinam a fluir em parceria com o Espírito Santo.

Olhe para esta grande trecho da passagem de 1 Reis 18:

 

“Depois de um longo tempo, no terceiro ano da seca, a palavra do Senhor veio a Elias: “Vá apresentar-se a Acabe, pois enviarei chuva sobre a terra”. E Elias foi. Como a fome era grande em Samaria, Acabe convocou Obadias, o responsável por seu palácio, homem que temia muito ao Senhor… “Vá e olhe na direção do mar”, disse Elias ao seu servo. E ele foi e olhou. “Não há nada lá”, disse ele. Sete vezes Elias mandou: “Volte para ver”. Na sétima vez o servo disse: “Uma nuvem tão pequena quanto a mão de um homem está se levantando do mar”. Então Elias disse: “Vá dizer a Acabe: Prepare o seu carro e desça, antes que a chuva o impeça”. Enquanto isso, nuvens escuras apareceram no céu, começou a ventar e começou a chover forte, e Acabe partiu de carro para Jezreel…”. 1 Reis 18:1-3, 43-45

 

Eu não acredito, de forma alguma, que o jejum é um método para barganharmos o favor de Deus. Mas eu acredito que, assim como a oração de Elias atraiu a chuva quando não restava nem sombra de nuvens, o nosso Jejum pode atrair os mananciais das águas do Senhor que nos levam a romperes significativos. Que apontam para a natureza de Deus de forma prática e palpável.

Neste mesmo sentido, eu gostaria de continuar falando sobre persistência. Lembrar que o permanecer, na grande maioria das vezes pode ser um momento de pura obediência, sem arrepios ou sentimentos; mas essa atitude tão simples aos nossos olhos é tudo o que o Senhor precisa para agir em nós e produzir frutos sinceros em nosso interior.

Olhe para o próprio Elias. Ele não insistiu com o seu servo uma, nem duas, nem três vezes, mas foram SETE TENTATIVAS, cheias de fé e convicção até que a chuva viesse. Até que começou a vislumbrar uma pequena nuvem, que encharcou a terra inteira!

Isso realmente gera algo em meu interior: Toda a prática espiritual que é movida por fé, transforma a nós mesmos e a realidade ao nosso redor. Atrai torrentes fortes vindas diretamente do trono.

Que você possa ser movido a não simplesmente se abster de alimentos, mas que ao jejuar sua vida de oração possa ser elevada à lugares mais profundos. Que nesse tempo de consagração o Senhor te dê fé, coragem e persistência para orar as sete vezes necessárias, crendo que as águas estão prestes a romper e encharcar seu coração. Acredite, isso gerará impacto!

Nem sempre é fácil manter nosso coração em fé, pois os desafios podem se “agigantar” diante de nós. Confesso que comecei esse jejum com muitas expectativas. Mas para mim este tem sido dias muito difíceis em que parece que tenho dado tão pouco ao Senhor. Na verdade, quase nada porque, afinal, eu conheço as minhas limitações. Talvez, alguns de vocês também se sintam assim, em meio a um turbilhão de emoções, sem saber direito o que pensar.

Pode até ser que muitos de nós  temos sido assolados por doenças das mais diversas e quando nossa saúde falha, nossa mente nos deixa vulnerável. E quando aquilo que planejamos fazer não dá muito certo, nos sentimos um tanto frustrados. E, mais uma vez, tudo isso nos  faz perceber que dependemos da graça para nos aproximarmos de Cristo. Porque não é pela nossa “obra”, mas é pelo Seu próprio amor que temos livre acesso a Ele. Então, uma vez mais escolho manter meu coração em fé.

Oswald Chambers afirma que “perseverança é mais que resistência”. Se pensarmos em fé podemos perceber que não é apenas um sentimento que temos a fim de realizarmos os nossos desejos e sonhos. Fé serve para firmar o nosso caráter em quem Cristo é e Ele é sobretudo amor. E a verdade é que Ele nos ama e pagou um alto preço pelas nossas vidas. E, juntamente com isso, Ele tem um propósito perfeito para cada um de nós.

Então, se você está animado ou desanimado, quero convidar a voltar os teus olhos para Cristo. E se lembrar que Ele é Fiel para completar aquilo que começou. Ele é Fiel pra terminar a boa obra em nossa vida e a cumprir as promessas feitas a mim e a você. Ele é Aquele que renova as nossas forças quando nos sentimos de fato cansados e sem esperança. Ele é Aquele que nos anima quando o desânimo bate em nossas portas. Ele é Aquele que nos dá força quando nos sentimos cansados e sem rumo ou perspectiva. Ele nos  renova em fé.

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1.6

 

É algo realmente difícil permanecer. Estar Perseverando quando percebemos sequidão ou simplesmente quando não conseguimos mensurar resultados práticos e palpáveis.

Em meio a tempos de jejum, constantemente somos conduzidos ao lugar de desânimo, mas hoje gostaria de te lembrar: essa prática espiritual é um propósito que nos convida à uma real parceria com Deus e com o que Ele deseja fazer na terra!

Meu desejo é para que nesses dias, ainda que não consigamos observar resultados visíveis, possamos permanecer com fidelidade diante do propósito do jejum. Que sejamos fortes e corajosos, com a convicção de que estamos gerando impacto eterno ao unirmo-nos com o coração do Pai.

Quando nos colocamos neste lugar de vulnerabilidade e quebrantamento, certamente poderemos ouvir a voz do Senhor e ainda que não pareça aos nossos olhos naturais, estaremos caminhando para mais perto dEle.

Que fé seja liberada sobre cada coração. Que a verdade de que estamos tocando não somente em desejos individuais, mas em propósitos eternos seja gravada em nosso homem interior!

Que possamos tomar como base o exemplo da viúva persistente. Ela estava diante de um juiz iníquo, mas por sua insistência fora atendida com justiça. Como não será de maior resposta o permanecer em fidelidade diante de um Deus tão justo?
“…Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum; todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me. Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça…” Lucas 18:4b-8a

Pode ser difícil, estar no deserto, não é mesmo? Com isso gostaria que você soubesse, que durante a jornada cristã, desertos são inevitáveis.

Na comunidade que participo, estamos em um jejum corporativo. E, preciso confessar que esses têm sido dias difíceis. Diria dias secos, onde parece que o Senhor não está falando ou agindo.

 Quando estamos em propósitos assim, onde muitos jejuam no mesmo período, é natural notar o agir o mover do Senhor na vida das pessoas. Você percebe que os corações estão tenros e sensíveis, todos estão com sede e fome do Senhor. Mas, sabe o que acontece? Sua natureza carnal entra em competição. Sim, sua alma entra em julgamento sobre a vida de seu irmãos. Como pode, o Senhor falar com todos e comigo não?

Desertos, sequidão no espírito. Estações assim surgem durante nossa vida. Mas, pela bondade e graça do Senhor, algo que  não poderia ser diferente acontece: Deus fala.

“Portanto, agora vou atraí-la; vou levá-la para o deserto e vou falar-lhe com carinho”.  – Oséias 2:14

O Senhor nos atrai e, no deserto, lá as palavras de amor são ditas aos nossos corações. Quem diria, não é mesmo? Em meio aos dias secos, onde seu coração está endurecido, o Pai ministra com carinho e zelo.

Meus queridos, tenho aprendido muito com o Senhor e esse tem sido um tempo precioso. Tenho permanecido no jejum. Aparentemente nada está acontecendo. Mas o amor do Pai tem me feito seguir em frente. Ele mesmo está nos instruindo. As palavras Dele estão sendo ditas todos os dias e agora elas estão escritas em nossos corações.

Existe beleza no deserto. A minha oração hoje é para que nós, como corpo de Cristo no Brasil, venhamos permanecer. Não desista de buscar ao Senhor, mesmo que esteja difícil. Suas orações parecem não estar sendo ouvidas? Permaneça.

O Senhor está falando com amor em meio ao Deserto. Seja forte e corajoso e creia no que Deus está fazendo, preste atenção. Deus está falando com seu povo.

“Eu me casarei com você para sempre; eu me casarei com você com justiça e retidão, com amor e compaixão. Eu me casarei com você com fidelidade, e você reconhecerá o Senhor”. – Oséias 2:19,20

Esta é a maravilhosa graça que nos alcançou, pois onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. Fomos alcançados por seu grande amor e isso inunda de paz as nossas vidas. Nossos lábios se encheram de alegria e agora podemos experimentar o verdadeiro amor que transforma um coração partido.

Deus escreve para nós uma nova história, e não apenas de momentos bons. Sim, neste mundo passamos por tribulação. Mas, assim como Ele venceu o mundo, Ele também nos faz vencer. E mais que momentos bons, Ele nos fez uma promessa. Ele sempre estará conosco e sua maravilhosa graça continua a nos alcançar.

Apesar de conhecermos tais verdade, às vezes, a primeira coisa que sentimos ao tirar os pés da cama é o desejo de voltarmos a nos deitar. Porque são dias de lutas, e nossos corações podem parecer estar secos e sem vigor. Mesmo assim, precisamos nos lembrar que temos acesso ao Pai pelo sangue de Jesus.

Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo. Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus. Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura. Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel.” Hebreus 10.19-23

A maravilhosa graça que se derramou sobre nós torna terno o nosso coração. Passamos a ser acessíveis pelo amor que Cristo nos tem. Passamos a nos aproximarmos d’Ele com um coração sincero e plenos de convicção de fé. Pois descobrimos que não seremos rejeitados mesmo quando nos sentimos distantes. Ele derrete o nosso gelo com o calor do seu amor.

Então, hoje quero te convidar a afiar sua lança e a fortalecer os seus braços. Quero te convidar a se aproximar do Senhor como você está em plena confiança e fé no amor que Ele te tem. Quero te convidar a orar pedindo ao Senhor que Ele entre nos lugares escuros de seu coração. Pois essa também vai ser a minha oração. E que hoje possamos experimentar a maravilhosa graça que Ele nos dá, e que ela transborde alegria em nós.

Sem dúvida alguma o estudo bíblico é uma das ferramentas mais preciosas que podemos desfrutar. Enquanto cristãos é a partir deste fundamento tão importante que desenvolvemos habilidades associativas que “desenham” os traços que formam nossa maneira de ser e viver, direcionando nossa cosmovisão¹ de vida.

A Bíblia é um elemento eterno e merece que debrucemos completa atenção em compreendê-la e colocá-la em prática. Contém as verdades que nunca passarão, tendo em cada nova leitura fôlego para nos surpreender e transformar.

É justamente com essa perspectiva que gostaríamos de te convidar a embarcar nas próximas linhas, tratando o nosso “objeto de estudo – A Bíblia”, como algo espiritual e não simplesmente natural. Como a própria inspiração divina entregue a nós não somente para que conhecêssemos à Cristo, mas para sermos aperfeiçoados em toda a boa obra!

    “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. 2 Timóteo 3:16-17

O propósito desta reflexão é compreender que muito além de um estudo aprofundado para conclusões lógicas, nas escrituras encontramos poder, vida e força capazes de desvelar nossos corações com exatidão, permitindo-nos construir um estilo de vida cristão comprometido. Denunciando todos os desajustes que nos impedem de ver e conhecer a Deus com clareza.

A palavra revelada tem a capacidade de “atravessar” nossas almas, transformando-nos tão profundamente a ponto de discernir e julgar nossas intenções mais escondidas. Ela nos leva à obras reais e visíveis que poderão ecoar por toda a eternidade!

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Hebreus 4:12

O estudo das escrituras nos leva a esse contato direto e individual com a voz de Deus. À medida que nos relacionamos com as sagradas escrituras que sejamos conduzidos à uma ação dupla: de lermos as frases de vida e ao mesmo tempo sermos revelados por elas. Que o processo de meditação bíblica não se resuma à mera retratação, mas na concretização de práticas que nos levarão aos sinceros e necessários frutos da fé!

O Livro de Tiago: A Palavra de Deus desenvolvendo os frutos de nossa fé

O contexto do livro de Tiago

O autor da carta é mencionado apenas como Tiago “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tiago 1:1), sem maiores referências sobre sua origem.

Devido a algumas teorias teológicas o escritor fora identificado como sendo Tiago, o próprio irmão de Jesus que em concordância com o texto de João 7:5 (“Porque nem mesmo seus irmãos criam nele”), fora considerado um descrente durante todo o ministério de Cristo. Posteriormente, após a morte de Jesus teria se convertido radicalmente e conforme as escrituras relatam, tornado-se um influente líder da igreja em Jerusalém. (Atos 12:17 e 15, Gálatas 1:19 e 2: 9-12).

Embora não possamos ser imperativos em afirmar, podemos especular pelos dados históricos levantados por Flávio Josefo², que essa carta tenha sido escrita entre 48 a 62 d.C, um pouco antes do concílio da igreja relatado no capítulo 15 do livro de Atos dos Apóstolos.

Esse compacto livro das escrituras é identificado como um convite para uma vida piedosa. Seria como um “guia” prático da conduta cristã direcionado para aqueles (irmãos na fé), que diziam estar em Cristo.

O conteúdo desta epístola gira em torno de desenvolver a temática da fé genuína, fundamentada não somente no estudo da palavra ou da “lei perfeita”, mas na prática da vida cristã, como uma forma essencial de testemunhar o amor e a salvação de Cristo. Apresentando-nos as obras como elementos originais que vivificam a fé (Tiago 2: 26), como os frutos da maturidade da compreensão de Cristo e da voz de Deus.

Após contextualizar a porção das escrituras que estudaremos durante essa explanação, focaremos especificamente em alguns versículos do primeiro capítulo do livro de Tiago.

Esse capítulo certamente carrega a revelação da importância sobre não sermos apenas ouvintes ou estudantes da palavra, mas em complemento a tudo isso, sermos praticantes fiéis e responsáveis. Com uma linguagem nada polida somos confrontados e levados ao sentido original do cristianismo.

A Bíblia é o espelho para nossas almas: O Compromisso com a revelação é a manifestação dos frutos

Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. ” Tiago 1:22-23

É incrível como as definições mais sutis de conceitos mudam por completo o sentido de um texto. Por exemplo, na primeira frase do versículo 22, que diz: “Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante”, percebemos a diferença essencial entre receber e estudar as escrituras, entre ouvi-la e praticá-la.

Neste contexto, somos lembrados de que na maioria das vezes, um ouvinte é aquele que se coloca voluntariamente na posição de aprendiz. Como alguém disponível para receber novas revelações, mas essa predisposição não significa de fato um compromisso com a verdade.

Ao pensar sobre este texto é como se um alarme de alerta soasse em nosso interior com a necessidade de que fujamos da negligência cristã, do descompromisso enquanto seguidores de Jesus.

A negligência está totalmente ligada com a procrastinação, com o fato de deixarmos de colocar em prática uma função vista como necessária, ainda que reconheçamos a urgência para tal atitude (Tiago 1:25).

O texto segue referindo-se ao estado de contemplação “assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla…”, quando somos levados a conhecer a nós mesmos diante do espelho mais poderoso e impactante disponível à humanidade: A palavra da verdade! Aquela, que como já mencionado, é responsável por ler nosso caráter, nossas atitudes (imagem natural) e nossas intenções (que revelam as profundezas do coração).

O grande problema não é a contemplação em sí, mas a decisão por não permanecermos diante da palavra, diante desse espelho: “e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.”. A função de sermos retratados é justamente que isso culmine em uma transformação. Em uma quebra de orgulho que nos transicione de “ecos” finitos, sem profundidade para um reflexo permanente da imagem perfeita de Cristo (2 Coríntios 13).

O reflexo daquilo que somos só será intenso ao estarmos escondidos n´Aquele que é eterno. Quando decidimos nos tornar discípulos genuínos: Como aqueles que permanecem (João 8:23-31) e se permitem ser transformados por inteiro!

Mas o que é permanecer? Como nos comprometermos com a verdade?

Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei de liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem- aventurado no que realizar” Tiago 1:25

O permanecer em Jesus pode ser definido justamente pelo fato de nos tornamos responsáveis pelas revelações que recebemos, ao nos conectarmos com a verdade de que precisamos aceitar a santificação como um constante estilo de vida. Operar de um modo prático é o que caracteriza esse movimento essencial de colocar as verdades das escrituras para fora de nós mesmos!

Essa prática de fé não deixa de ser um tipo de santificação, aquilo que nos habilita para o reino, justamente como a poda que retira de nossos corações os galhos secos que nos impedem de ver a Deus (João 15).

Deste modo estamos deixando para trás um relance natural e passando a refletir o próprio mistério revelado: Jesus a verdadeira e fiel imagem dos atributos de Deus, antes invisíveis (Colossenses 1:26).

Segundo essa reflexão dos versículos de Tiago, percebemos que o cristão sincero, comprometido com as obras é aquele que não reflete a si mesmo. Ele revela os traços de Seu mestre com uma mescla perfeita entre humildade e ousadia, simplicidade e realeza, miserabilidade (um coração que reconhece suas necessidades) e esperança.

Podemos ter alegria ao saber que o reconhecimento de que nossa vida de fé é uma jornada composta por diversos processos, certamente nos levará aos frutos, às obras de justiça enquanto um reflexo sincero produzido pelo único e verdadeiro agricultor (João 15/ Tiago 2:17-20).

A nossa imagem natural é ofuscada e superada quando permanecemos diante do espelho (não fugimos dele, como o texto base indica), quando desejamos tocar o sobrenatural pelo simples fato de nos escondermos nEle.

E sobre as obras da fé?

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Tiago 2:14-18

Esses versículos são realmente profundos e revelam que os frutos da fé precisam superar em obras o peso das revelações que recebemos. Em outras palavras, a identidade de nossa fé é manifesta com atitudes práticas que desenvolvam a nossa natureza em Cristo e não a partir de discursos reproduzidos.

A questão das obras é muitas vezes confundida com atitudes grandiosas ou ações consideradas dignas de serem contempladas, porém, a grande verdade é que esse não é o padrão bíblico.

Por todas as escrituras encontraremos indicações sobre os verdadeiro frutos da espiritualidade e de fato percebemos que não são um produto da capacidade humana. Eles são um mero transbordar daquilo que o Espírito já produziu em nosso interior. (Gálatas 5).

Ao pensar sobre isso é quase impossível não relacionarmos as obras com o capítulo de João 15, onde os frutos são realçados como aqueles que demonstram a quem de fato estamos ligados e que essencialmente o processo de frutificar, apresentar obras dignas, só é possível quando estamos em íntimo contato com Deus. Aquele que pode nos tocar com suas próprias mãos e pessoalmente se compromete com as atitudes que poderemos produzir.

O próprio processo nos levará a uma fé prática, que nos fará fugir da hipocrisia, tornando o nosso cristianismo completo de sentido e gerando a obra mais significativa da jornada cristã: uma transformação de dentro para fora.

As obras da fé necessariamente serão construídas como uma continuidade de nossa submissão ao Espírito e ao que Ele deseja fazer a partir de nossa salvação.

…colocai em prática a vossa salvação com reverência e temor a Deus, pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade”. Filipenses 2:12-13

Que sejamos amadurecidos em fidelidade, conduzidos à prática responsável de uma vida piedosa e íntegra. Que as nossas atitudes sejam correspondentes aos nossos discursos, assim como nos instrui essa preciosa epístola de Tiago!

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¹ Cosmovisão: A cosmovisão pode ser definida como uma maneira particular de vermos o mundo. “Uma cosmovisão é a moldura a partir da qual vemos a realidade e damos sentido à vida e ao mundo. É qualquer ideologia, filosofia, teologia, movimento ou religião que oferecem uma abordagem abrangente para a compreensão de Deus, do mundo das relações do homem com Deus e com o mundo” Dale Anderson.

² Flávio Josefo: Yosef ben Mattityahu, um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem sacerdotal e real, que viveu entre os séculos 37 d.C à 100 d.C. Seus escritos contam a história a partir de uma perspectiva judaica, destacando inclusive a separação definitiva entre o judaísmo e o cristianismo.

Existe algo maravilhoso que acontece quando jejuamos. Se olhamos para a Bíblia, vamos ver inúmeras ocasiões em que pessoas jejuaram e algo poderoso aconteceu. Jesus mesmo disse aos discípulos que existiam castas de demônio que somente saíam através do jejum e oração. Parece uma combinação poderosa que nos dá autoridade sobre as trevas. E isso é uma forma de liberar o Reino de Deus. Essa é uma forma de entrar em parceria com Deus.

Quando nós olhamos para o jejum como uma maneira de sermos parceiros de Deus na terra, nosso sacrifício ganha um novo propósito. Não se trata apenas daquilo que nós estamos buscando de Deus, o que é legítimo, mas se trata também de como nos alinhamos com o próprio Deus ao sermos agentes de transformação ao nosso redor.

Ester jejuou e entrou em parceria com Deus para a libertação do povo judeu. Daniel jejuou e viu o poder de Deus operando diante de Nabucodonosor. E assim como tantos outros homens que se colocaram no lugar de fraqueza e receberam revelações, sonhos e autoridade.

A grande questão é que o jejum nos alinha a ouvir Deus mais claramente e ter nossos corações sensíveis. Por isso, te convido a, neste tempo de jejum, pedir ao Senhor para que ele libere em você e através de você os propósitos dele. Talvez ele te dê canções novas, talvez seja uma estratégia em seu negócio, talvez ele dê sabedoria para agir em uma circunstância difícil ou criatividade para uma nova empreitada. Você pode imaginar o que Deus pode te entregar nesses dias?

Muitos jejuns não serão respondidos prontamente, mas muitos serão. Nós apenas faremos a nossa parte e estaremos diante de nosso Deus. Deixe seu coração sensível, deixe ele acessar os lugares que ele deseja e se abra para receber coisas novas que Deus entrega aos seus amigos.

Que hoje Jesus possa expandir sua fé ao te mostrar as grandes coisas que ele pode fazer. Deixe encorajamento encher seu coração e medite nas histórias daqueles que confiaram em Deus e com ele realizaram grandes feitos.

“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” – Hebreus 11:6

Quando nós estamos jejuando fazemos uma renúncia diante de Deus. Seja por 21 dias, por 3 dias ou apenas 1, ainda permanece sendo uma escolha de negar nosso apetite natural para nos nutrirmos de alimento espiritual. Posso dizer que é como se você despertasse seu homem interior, direcionando-o para a Bíblia e para Deus. É estar totalmente dependente de Deus.

O jejum é uma disciplina espiritual poderosa. Em um momento como esse nós conseguimos ver nossa humanidade fraca e dependente. Nossa carne geme pela necessidade de um alimento que nos agrade. Nós, que antes estávamos tão firmes, nos vemos agora pedindo por misericórdia e graça para permanecer. Ah, como o jejum produz em nós essa consciência, de forma prática, da nossa dependência de Deus.

Em um período de jejum permita que Deus te revele ainda mais sobre sua condição diante dele. Permita que seus olhos sejam abertos e seu coração seja tocado. Muitas pessoas durante um jejum buscam por um ‘propósito urgente’ e se esquecem que essa disciplina em nada implica na troca de favores ou na auto mutilação em troca de um prêmio. Jejuar é sobre se posicionar diante de Deus em fraqueza, para se tornar mais tenro e sensível à voz do próprio Deus.

Uma postura correta durante um jejum é a de se aproximar de Deus e se render a ele. Não quero com isso dizer que seus propósitos no jejum não serão alcançados, muito pelo contrário. Realmente creio em respostas vindas após um jejum, que mudaram e mudam histórias em nossos dias. Mas entrar em concordância com o coração de Deus é uma forma de permitir que seu jejum seja dirigido por ele, para os propósitos dele.

Te encorajo a, durante um jejum, pedir que Deus sonde seu coração. Cada jejum que você fizer será diferente de outro. Então deixe Jesus te surpreender. E sim, creia nas respostas que ele pode te trazer neste tempo. Que você encontre o prazer do jejum ao estar diante de Deus em seu lugar secreto, tendo seu coração purificado e sua mente transformada.

Mesmo hoje, se você está no meio de um jejum, tenha fé. Deixe que seja mais do que apenas uma renúncia física, mas que seja uma renúncia de coração inteiro. Se permita ser tocado por Deus e confrontado pela palavra. Se permita ser renovado e encorajado. Não deixe esse tempo passar sem que você pressione por encontrar Deus no lugar de oração. Você realmente verá que o jejum se torna uma maneira de se posicionar em Deus e de esperar que ele venha.

“E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam.” – Isaías 58:11

Uma das coisas que me chama a atenção nas escrituras é como o conceito de reflexo se faz presente na maioria dos ensinamentos, mandamentos ou nas próprias atitudes de Jesus.

Nesses dias de jejum, essa “definição” tem se tornado tão evidente! Enquanto nos colocamos em um lugar de fraqueza voluntária, nossas próprias forças são apagadas. A necessidade de nossas almas de que o poder de Deus se manifeste em nós se torna totalmente latente. Passamos a refletir uma intensidade que naturalmente não poderíamos produzir: A força do Espírito Santo em nós.

Eu gosto de pensar na ideia de reflexo como um modelo. Como uma atitude que evidencia algo ou alguém sem transmitir a nós mesmos, escondendo nossa própria imagem natural.

Pense em como Jesus refletiu ao Pai. Como Ele viveu de maneira totalmente comprometida a apontar para o alto e traduzir a imagem perfeita do criador:

“Jesus tomou a palavra e disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz também semelhantemente o Filho”. João 5:19.

“Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou…” João 1:18

Isso realmente é desafiador! Ao viver desta forma Jesus nos entregou um padrão daquilo que devemos refletir ao aceitarmos o “brasão de cristãos”. Ao dizermos sim para que a transformação da glória do Senhor opere em nós dia após dia, estamos permitindo que  a nossa imagem natural seja completamente ofuscada, dando espaço à beleza dos céus.

Minha oração é que nesses dias de jejum possamos deixar com que a beleza dos céus seja refletida em nosso interior. Que a alegria de revelar ao Pai deixe de ser vista como fraca ou superficial, mas que assim como nos ensinou Jesus, ela tome nossas vidas, trazendo mais fome e sede de quem Ele é!