Se alguém te perguntasse de forma bem direta “o que é o evangelho?”, o que você responderia? Ou talvez essa pergunta te provoque uma enxurrada de explicações, ou um certo mal-estar. Quem sabe até mesmo um sincero “não sei”. Seja lá qual for a reação uma coisa é certa: as Escrituras nos instruem a fim de estarmos prontos para responder e proclamar as boas novas de Jesus Cristo com fidelidade. Dessa forma é exatamente na Bíblia que vamos encontrar autoridade sobre o que é o evangelho além do melhor modo de comunicá-lo.
Quando olhamos para as escrituras o apóstolo Paulo argumenta em cima de quatro questões centrais com o intuito de apresentar o evangelho em sua carta aos Romanos:
- Quem nos criou e diante de quem somos responsáveis?
- Qual o nosso problema? Por que estamos em dificuldade?
- Qual a solução de Deus para esse problema? O que ele fez para nos salvar de tal situação?
- Como é possível ser incluído na salvação de Deus?
Assim, as respostas desses quatro dilemas da humanidade é que didaticamente nos orientarão pelos pontos a serem tratados na proclamação do evangelho.
Deus, o Criador Santo e Justo.
Antes de tudo há um Deus que criou todas as coisas e esse Deus é Santo e completamente Justo. O fato de Deus ter criado o homem implica em algo: o homem não é um ser autônomo e livre de seu Criador mas totalmente responsável por seus atos e deve responder ao seu Criador. Esse Criador é Santo e Justo de tal forma que tem uma natureza pura e reta. Os seus atributos não são compartimentos do seu ser mas são o seu próprio ser, logo Deus é tão amor quanto é justiça. Por sua vez, isso quer dizer que Deus odeia o que é contrário à sua natureza e portanto é totalmente justo que um Deus Santo traga justiça sobre os que se rebelam contra Ele.
Homem, o pecador.
Nem sempre o homem foi assim, na verdade ele foi criado por Deus a sua imagem e semelhança. Primordialmente o homem deveria refletir os atributos e a imagem de Deus à toda a criação. Entretanto, o homem se rebelou contra Deus. Não se engane, não foi uma simples mordida num fruto mas literalmente o desejo de ser autônomo e independente de Deus.
A palavra pecado significa “errar o alvo”, mas permita-me ilustrar o que realmente isso significa. Deus criou o homem e deu um arco e uma flecha para acertarem um alvo na qual Deus mesmo iria orientá-lo. Porém ao atirar, o homem não apenas erra o alvo proposto por Deus, mas se vira e atira contra o próprio Deus numa tentativa de ser independente. De novo não se engane: não foi uma escorregada. Nós deliberadamente nos rebelamos contra o nosso criador e agora está em nosso DNA. O pecado alterou nossa natureza a tal ponto que tudo o que nos resta é esperar pela nossa sentença: morte e justo juízo.
Jesus Cristo, o salvador.
Até aqui o evangelho parece ser somente más notícias porém, pela soberana misericórdia de Deus, ele não fez daqui o fim da história. Deus tinha um plano de redenção e salvação e esse plano só foi possível por um fato: A ENCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS. Quando o Verbo se fez carne aquilo representou que Deus não havia abandonado sua criação. A encarnação, a vida, a morte e a ressurreição de Jesus sacramentaram o plano redentor de Deus. Só Jesus poderia trazer salvação e redenção pois só ele é totalmente divino e humano. Dessa forma dois pontos são enfáticos e essenciais: A sua morte na cruz e sua ressurreição.
A cruz é o âmago do evangelho. É na cruz que ocorre o sacrifício vicário de Cristo, isto é, Cristo sofre e morre em favor do pecador. Só ele poderia fazer essa propiciação pois só ele foi um homem de vida perfeita. Se havia um homem que sua vida valia algo esse homem é Jesus Cristo. E ainda assim, ela foi derramada na cruz por pecadores.
Mas Cristo não permaneceu morto e esse é outro ponto importantíssimo. Posteriormente Ele ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia. Somente a ressurreição de Cristo poderia nos trazer esperança e nos livrar do poder do pecado. É apenas por meio de sua ressurreição que é possível alcançar a vida eterna pois “se Cristo não ressucitou é em vão a nossa fé”. (1Co 15:17)
Fé e arrependimento.
A princípio nós podemos chamar de cristãos aqueles que são incluídos na salvação de Cristo. Mas como alguém poderia ser incluído em tamanha salvação divina? A Bíblia fala que o evangelho exige do homem duas respostas: fé e arrependimento. A fé genuína significa confiar de forma única e exclusiva em Jesus Cristo como Salvador de seus pecados e Senhor. Portanto ter fé é crer, confiar e depender exclusivamente dele para a salvação.
Crer em Jesus Cristo é central para a salvação, no entanto o arrependimento também deve ser entendido como necessário. Antes de mais nada o arrependimento verdadeiro não vai tratar de uma perfeição estética nem remorso emocional. O arrependimento é um estado de guerra e violência contra o pecado. O cristão verdadeiro até peca mas seu posicionamento quanto ao pecado é sempre de guerra, e não de consentimento, de tal sorte que no meio desse conflito, Cristo nos dá poder para vencer o pecado. Arrependimento é um estado de um coração que conhece a Deus. Desse modo quem crer e se arrepender terá a vida eterna em Cristo Jesus.
O Evangelho do Reino
Quando Jesus começa a pregar seu evangelho ele o chama de evangelho do reino. Sua mensagem era: “Arrependam-se pois é chegado o Reino dos céus”. Em si, a salvação não é uma mera anulação de uma sentença, mas um resgate para o reino de Deus. O reino de Deus não está falando de um espaço geográfico onde impera uma monarquia nem mesmo de um povo sobre qual um rei governa. O reino de Deus é o governo de Deus sendo manifesto em abundância, plenitude e harmonia. É por isso que é impossível alguém ser salvo para viver para si mesmo ou viver de forma leviana. Ele agora tem um Rei, na verdade é O Rei.
Duas das coisas que mais tem me impactado quando eu contemplo o evangelho de Jesus Cristo é sua simplicidade e seu poder. O evangelho é tão simples que pode ser entendido por uma simples criança e ele é tão poderoso que é capaz de salvar o maior dos pecadores. O mundo às vezes zomba do evangelho, mas aqueles que nele se apegam encontram uma vida e uma paz que o mundo jamais poderia dar. Diante disso eu tenho duas palavras para você leitor: Creia e pregue!
“[…] não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; […]” (Rm 1:16)
Referências bíblicas:
Romanos 1-8; Efésios 2:1-10; Colossenses 1:13-20; 1 Coríntios 15;
Referências bibliográficas:
GILBERT, Greg. O que é o evangelho? São José dos Campos-SP: Editora Fiel, 2011.
Originalmente publicado em 25 de setembro de 2019