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Minha história missionária

Vida cristã

Que bom poder compartilhar com você um pouco de minha história missionária. Praticamente cresci na igreja, pois os meus pais se converteram quando eu tinha uns dois aninhos. Desde criança, aprendi sobre Jesus e como Ele se entregou na cruz por nós. De Gênesis ao Apocalipse, Ele nos ama.  

Nas escolas bíblicas que eu frequentava ouvia sobre as histórias de missionários e missionárias. E, até mesmo cantávamos sobre missões. Foi nesse ambiente infantil que, pela primeira vez, respondi ao apelo de dedicar minha vida para ir a outras nações falar do amor de Deus. Além disso, meus pais cultivavam em nosso coração o amor pelo próximo. Muitas vezes, acolhemos em nossa própria casa pessoas excluídas e à margem da sociedade.

Na medida em que eu fui crescendo e apesar das crises de fé, meu amor por Deus foi sendo cristalizado. Em um tempo de intensa restauração pessoal em que orava, eu via o mapa do mundo à minha frente. Era uma visão bem clara e meu coração queimava diante desse amor pelas nações e do desejo de que Jesus seja adorado em todas as línguas e culturas. Um dia todos os povos se prostrarão diante d’Ele.

“Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos; e clamavam com grande voz: Ao nosso Deus, que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro pertencem a Salvação.” Apocalipse 7.9-10

O tempo de espera para ser uma missionária

Em fevereiro farei 10 anos como missionária e há algo que desejo te confessar. Nada tem sido como eu imaginei! E isso, necessariamente, não é algo ruim. Às vezes, Deus “fere” as nossas expectativas a fim de nos curar. Além disso, Ele sempre tem me surpreendido.

Fiz meu primeiro treinamento em JOCUM em 2005 (ETeD- Escola de Treinamento e Discipulado) no Paraná. Porém, ao fim da escola, entendi que era preciso voltar para casa dos meus pais. Então, fui morar no interior do Mato Grosso em uma cidade chamada Pontes e Lacerda onde meu pai pastoreava uma Igreja local. Ali eu considerava meu primeiro campo missionário.

Foram quase seis anos, em que tive bons momentos e também muito questionamento sobre não ir para outros países. Em Pontes e Lacerda me dediquei especificamente ao mercado de trabalho e a igreja local. Apenas em 2011 voltei a servir na JOCUM. E acredite, a única nação estrangeira que fui até hoje, foi à Bolívia e isso na minha ETeD. Mas, ainda continuo crendo e confiantemente esperando pelo cumprimento das promessas de Deus. Sei que meus pés pisarão em outras nações.

Missão e sociedade: Qual é a sua vocação?

Uma das coisas que aprendi em JOCUM foi sobre as áreas de influência da sociedade e como Deus nos chamou para exercer liderança em cada uma dessas esferas. Você sabia que nem existe o termo missionário e missionária na Bíblia? Nós somos ordenados: IDE! Independentemente de onde estamos plantados, somos chamados para iluminar e salgar os ambientes em que Deus nos colocou.

“Vós sois a luz do mundo. Uma cidade edificada sobre um monte não pode ser escondida. Igualmente não se acende uma candeia para colocá-la debaixo de um cesto. Ao contrário, coloca-se no velador e, assim, ilumina a todos os que estão na casa. Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5.14-16

Entender nossa vocação, propósito e valores é de suma importância para desenvolvermos o IDE com amor e alegria. Não importa onde você e eu estejamos desde que estejamos em obediência a Cristo. Leia sobre as características de um discípulos. 

Mas, o que são as esferas da sociedade?

Todas as sociedades, seja na África, na Europa ou em qualquer outro lugar do mundo, independentemente de sua forma de organização e cultura, possuem pilares fundamentais que fazem parte de sua estrutura. E esses pilares se encontram em todas as civilizações criadas pelos homens, mesmo em meio a tantas diferenças culturais.

As Esferas ou as Áreas de Influência da Sociedade são:

  •         Família (lar)
  •         Religião (igreja)
  •         Educação (escolas)
  •         Mídia (comunicações)
  •         Artes (entretenimento e esportes)
  •         Economia (negócios e comércio)
  •         Governo (política)

Deus colocou dentro de cada um de nós dons e habilidades, nós podemos desenvolver um trabalho excelente em uma ou mais de uma dessas áreas. Onde Deus plantou você? É nesse lugar onde Ele te convida a resplandecer a beleza e Glória de Jesus.

“pois é Deus quem produz em vós tanto o querer como o realizar, de acordo com sua boa vontade.” Filipenses 2.13

Entendendo o meu papel como missionária

Quando crescemos em nosso conhecimento de Deus e em nossa identidade em Cristo somos tomados por autenticidade e liberdade. E, esta é uma jornada para todos os nossos dias. Eu tenho conhecido a Deus e me visto através de Seu olhar. E isto caro amigo e amiga, tem me enchido de paz.

Sabe, fui uma pessoa bem quebra-galho e com certa facilidade de adaptação. Servi na igreja a minha vida toda em tudo o que era necessário. Do departamento infantil, ao louvor, a cozinha e isso não foi diferente em JOCUM. Mas, o tempo na fhop me levou a um novo nível em meu relacionamento com Deus e como uma missionária do Reino.

A jornada que se iniciou em JOCUM se tornou muito plena quando me juntei a Casa de Oração de Florianópolis. Ali, fiz escolhas desafiadoras quanto ao meu chamado, aprendi a dizer não a algumas funções mesmo tendo medo de ser rejeitada pela liderança, não que esse medo fosse um medo real. Eu não fui rejeitada, mas lançada a fluir nos meus dons e habilidades.

Assim, comecei a escrever, redescobri minha arte e me lancei em alguns sonhos a muito tempo esquecidos. Me tornei interdependente em meu ministério, entendendo que Deus me chamou para ensinar seus mandamentos através da escrita, para produzir conteúdo que firme a fé no coração dos meus irmãos. Deus tem me conectado a algumas áreas de influência e não a um único ministério. Tenho sido uma missionária criadora de conteúdo no tempo em que vivemos. O Senhor tem confirmado a obra de minhas mãos.

“Que a graça do Senhor, nosso Deus, pouse sobre nós; faze prosperar as obras das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos!” Salmos 90.17

Conclusão

Enfim, após ler este breve testemunho desejo que você seja encorajado a ser uma carta viva de Cristo. Um missionário e missionária onde você estiver. Que sejamos como aqueles que viram o mundo de cabeça para baixo não por obrigação, mas por uma paixão intensa por Jesus. Missões, sobretudo, tem a ver com nosso DNA como Igreja. É nosso privilégio proclamar as boas novas da salvação. Este não é um chamado de alguns com ações missionárias esporádicas, mas uma ordenança de Cristo para sua Igreja. Leia mais sobre Igreja Missional na série Ekklesia. IDE! Fazei discípulos de todas as nações!

Um coração satisfeito em Deus é abundante na obra do Senhor. Aquele que possui esse coração trabalha sem se cansar, sendo firme e constante.

“Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”. “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil.” 1 Coríntios 15:54-58

Todo aquele que pertence à família de Cristo é chamado para colocar a mão no arado. Sendo assim, devemos nos doar abundantemente para a Sua obra. O Senhor nos garante que o tempo empregado para trabalhar na Sua obra não é em vão.

Através do ensino da doutrina da ressurreição (a ressurreição de Cristo, a ressurreição dos santos e o corpo glorificado que haveriam de receber), Paulo lembrava constantemente a Igreja de que deveriam viver o presente tendo o entendimento e a esperança do dia que estava por vir – o dia da nossa glorificação.

Assim, aquele que reconhece Cristo como Senhor e crê em Sua morte e ressurreição, possui a promessa da restauração de todas as coisas. A promessa do dia em que não haverá mais lágrimas ou dor. Graças a Deus pela vitória que foi concedida por meio de Jesus Cristo.

No texto, temos quatro pontos que nos orientam a ser uma Igreja firme, constante e abundante na
obra do Senhor:

1. A grande transformação

Estamos sujeitos a feridas físicas e emocionais; somos reféns do cansaço, da tristeza, da frustração, das dores e tudo o mais que tenta nos desanimar e tirar o nosso foco.

Portanto, é necessário se ater à Palavra de Deus a fim de lutar constantemente contra tais coisas, até que chegue o grande dia em que será glorificado com Cristo e não mais sentirá os sintomas e efeitos da morte e do pecado.

Jesus sabia que era necessário vigiar e orar, meditando no caminho a ser seguido até chegar à esperança gloriosa que o aguardava do outro lado da cruz. Assim, também nós devemos fazer para nos sustentarmos e nos fortalecermos.

2. O grande triunfo

Devemos colocar nossos olhos na grande vitória prometida por Cristo; viver essa antecipação é algo tão glorioso quando aquele dia vindouro. Vivendo sob essa perspectiva, temos a chave que nos ajudará a permanecer firmes, sem sermos entregues aos sintomas da morte e do pecado.

3. A grande gratidão

Cristo já nos deu a vitória sobre a morte. Assim como Paulo, devemos caminhar tendo o coração grato. Podemos esperar e viver em gratidão para, assim, vencermos os inimigos de nossa alma – a Lei, o pecado e a morte.

4. O grande “portanto”

Visto que se vive em luz da ressurreição, creia que tudo o que fizer na obra do Senhor será recompensado. Assim, você é convidado a viver em antecipação àquele grande Dia. Por isso, seja firme, constante e abundante na obra do Senhor.

Somos firmes quando as circunstâncias da vida não nos param e continuamos tendo as mãos no arado;

Constantes quando seguimos em frente, sem distrações, vivendo a maturidade da fé;

Abundantes quando nos doamos além dos nossos limites para trabalhar na obra do Senhor.

Assim devemos viver, comprometidos com Sua obra e fazendo o Seu nome conhecido.

Ter alguém que o acompanhe na fé é importante para lidar com os diversos desafios da caminhada cristã ajudando em uma transformação de dentro para fora. Essa caminhada envolve buscar uma espiritualidade vibrante e saudável que toca no interior de modo a iluminar o mundo.

Para que isso seja possível, como a Bíblia descreve essa caminhada conjunta? O cristão está sendo transformado para qual objetivo?

Estamos percorrendo uma corrida

A Bíblia descreve que a caminhada cristã é semelhante a uma corrida para ser feita com perseverança (Hebreus 12:1), enfrentando um combate e uma luta (2 Timóteo 4:7) e que na linha de chegada há uma coroa da vida (Tiago 1:12, Apocalipse 2:10), incorruptível e eterna (1 Coríntios 9:24,25), de justiça (2 Timóteo 4:8) e de glória (1 Pedro 5:4).

Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus. Atos 20:24

Esta corrida é como nenhuma outra e de mais ninguém. O significado de percorrer esta corrida é que ela é com Jesus. Assim, com suas próprias lutas, próprias batalhas.

E mesmo que você falhe durante o percurso, Jesus já garantiu a vitória para você no final. Por isso, quando alguém se torna um novo habitante do céu, ela recebeu o convite para um relacionamento com Deus. Esta caminhada é uma obra trinitária (Pai, Filho e Espírito Santo) na vida do pecador.

É uma transformação conjunta

A corrida da fé é para todo o corpo de Cristo. Assim, enquanto um membro executa determinada função, o outro faz o que lhe foi designado, porque em Cristo somos muitos, formando um corpo e cada membro ligado a todos os outros (Romanos 12:4-5).

Cristo decidiu formar a sua igreja através da lógica de um corpo, em que um membro dá honras ao outro e não a si mesmo. Esta lógica de dar e receber vem do amor trinitário de Deus. Deus deseja formar uma comunidade de amor, porque ele é a fonte do amor.

A lógica do “dar e receber” funciona comente através do poder do Espírito Santo operando nos corações de cada membro. Somente Deus é capaz de tornar o cristão menos individualista e mais comunitário.

Discipulado cristão

O objetivo desta corrida conjunta é compartilhar de uma transformação recíproca das pessoas envolvidas. Isto é possível através do exemplo de Jesus aqui na terra. Qual é o objetivo do discipulado, então?

O objetivo do discipulado cristão é percorrer a corrida que Cristo percorreu. Ele foi rejeitado, negou a si mesmo, morreu na cruz e ressuscitou. Da mesma Ele nos convida a seguir seus passos: sofrendo rejeição pelo mundo e gloriar-se quando isso ocorrer. Morrer para os desejos da carne, negar a si mesmo e ser ressuscitado com Cristo no fim dos tempos.

Essa transformação de dentro para fora só pode ser vivida à companhia de Cristo e de seus irmãos na fé. Em todo o tempo, Deus convida os seus filhos a desfrutar deste banquete, porque todo o sofrimento presente terá um fim.

Enquanto isso, o cristão percorre o caminho sendo lapidado à semelhança de Cristo e levando outros a viverem isso também. “Até que Cristo seja formado em vós” (Gálatas 4:19). E como parte do percurso, aprenda a ser confrontado, a esperar, e a viver com um coração grato. Porque enquanto a última batalha não chegar, a transformação continuará sendo feita de dentro para fora.

Quando nos referimos a um contexto eclesiástico em nos reunir com os santos e cantar as verdades a respeito de quem Deus é, isso é muito importante, porque necessitamos cantar a partir de um lugar de entendimento de quem Deus é. 

Qual a importância de cantar a Palavra?

Não são apenas as nossas emoções ou simplesmente fazer arte. Por mais que a arte seja válida, Deus aprecia a arte, Ele faz arte e nos deu criatividade. Mas, é diferente quando nos reunimos como igreja para cantar para Ele a respeito de quem Ele é. Precisa ser a partir de um lugar da revelação da Palavra, pois podemos cair na tentação de cantar as nossas emoções e impressões sobre quem o Senhor é. 

Tudo começa no lugar secreto 

Ao compormos uma canção, uma letra e melodia, não é somente na técnica musical que devemos nos apegar. 

Tudo começa na busca pelo Senhor no lugar secreto. E de repente, aquilo que recebemos no lugar secreto, o Senhor nos dá inspiração para traduzir através de canções. 

Quando ninguém está olhando, em nosso quarto, nos alimentamos das Escrituras. E essas canções, que carregam as verdades da Palavra, surgem e tem o real poder de alcançar os corações. 

Então, quando cantamos, não estamos colocando nossa subjetividade no centro, mas tentamos focar nas verdades da Palavra. 

Escrevemos letras a partir desse entendimento bíblico. 

O canto congregacional 

Quando estamos reunidos como corpo de Cristo em torno da palavra, independente se tivemos um dia bom ou mal, se estamos seguros ou com muitas dúvidas no coração, a Palavra de Deus é o que nos trará para o centro da vontade Dele novamente.  

Nós alinhamos o nosso coração com o coração de Deus. Assim, conectamos nossas emoções com a verdade da Palavra. 

“De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de habilidoso escritor.” Salmo 45:1 

O que seriam essas boas palavras?

Podemos pensar que essas boas palavras não são só as nossas propriamente. Mas, são aqueles que o próprio Deus coloca dentro de nós. 

No restante do versículo o salmista continua declarando que “a minha língua, que a minha boca seja pena como um habilidoso escritor”. Deus está nos atraindo, levando líderes de adoração e compositores a compor a partir do entendimento das Escrituras. Não apenas histórias pessoais, que também é válido, mas de um lugar de ensino. 

Como disse o apóstolo Paulo: ensine uns aos outros com cânticos, com hinos, então cada canção deve carregar um ensino.

Por isso é importante entender o que Salmo 45 diz; Deus está trazendo essa habilidade para nós. 

Portanto, cabe nos esforçamos e permitir sermos esticados neste lugar de amar a Palavra. Entender que não existe nada mais profundo do que a própria palavra. 

Nós conhecemos Ele, por isso cantamos 

A medida que vamos conhecendo Deus, seus atributos, os seus feitos e planos, fica mais fácil de cantarmos sobre Ele. Quando mergulhamos nas Escrituras vemos o quão bom Ele é, santo, digno, e isso gera em nosso coração confiança  e entendimento. 

Assim, ao cantarmos nos lembramos quem é o nosso Deus para a nossa mente e coração. Quando as situações adversas surgirem, nós lembramos da sua bondade e o do seu caráter soberano. Então, é fundamental conhecermos o nosso Deus e Sua Palavra. São peças básicas para começarmos a compor. 

A nossa geração precisa crescer no amor as Escrituras, só assim nossas canções terão impacto. Não é o nosso nome sendo espalhado, mas a revelação de quem Cristo é, enchendo os corações e a nossa nação. Isso gerará a real transformação.

Fazer discípulo é um privilégio para todos os seguidores de Jesus. Não é apenas uma tarefa para um tipo especial de cristão ou alguém mais dotado teologicamente, mas temos a oportunidade de participar da Grande Comissão. 

O nível de intimidade dos discípulos com Jesus era mais profundo do que o relacionamento nutrido com a multidão. Pois, os discípulos permaneciam próximos e eram ativamente participantes da vida do Senhor, mas a multidão sempre precisa voltar para casa. E essa é uma característica muito importante: um discípulo permanece junto ao Mestre enquanto a multidão se vai.

Jesus deu uma ordem contundente aos seus melhores amigos, geralmente associamos à palavra CHAMADO! Mas repito, não foi apenas um chamado, mas uma ativa ordenança de como os discípulos deveriam viver.

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mateus 28:18-20

Gosto muito dessa passagem de Mateus e tenho uma conexão pessoal com este texto. Pois, em 2014 eu estava fazendo um treinamento em JOCUM Fortaleza, o Shine, e ali eu questionei ao Senhor: “Mais um curso, Senhor? Para quê mais um curso?” E foi aí que eu ouvi: “Mateus 28.18”. Então, abri minha Bíblia e senti grande paz  ao ver o Senhor me respondendo.

Mas, o que é ser um discípulo? Quais as características de um verdadeiro e comprometido seguidor de Jesus? Neste devocional, buscaremos conhecer o coração de Deus e o que a Bíblia diz a respeito desse tema.

1. O discípulo tem comunhão com o Pai

“E, em seu amor, nos predestinou para sermos adotados como filhos, por intermédio de Jesus Cristo, segundo a benevolência da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos outorgou gratuitamente no Amado.” Efésios 1.5-6

Fomos adotados por meio de Jesus e por isso nos tornamos filhos. Deus nos amou primeiro e nos escolheu para sermos conforme a sua imagem. À medida que o conhecemos somos transformados pela sua glória. O Breve Catecismo de Westminster afirma que “o fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.” O que esta afirmação te faz pensar? Leia o que diz o Salmista:

“Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.” Salmos 73:25

Nosso fim principal é DESFRUTAR do Senhor, é ter nosso prazer Nele. É contemplar a sua beleza, toda a sua grandeza e a sua bondade. Como discípulos podemos ter comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo e passamos a ser testemunha viva de quem Jesus é. Nos tornamos parecidos com Jesus e resplandecemos à sua glória.

E como acontece essa comunhão? Através de uma vida de oração, adoração, meditação e estudo da Palavra. Não de forma esporádica ou casual, mas diariamente crescemos em buscar o Senhor e perseveramos nesse valor.

2. O discípulo faz parte da família de Deus

“Portanto, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,” Efésios 2.19

Além de termos comunhão com o Pai, agora somos membros da família de Deus. Não precisamos mais andar sozinhos, solitários e independentes. Porém, podemos contar com muitos irmãos na família da fé. Ainda, em Atos 2.42 é possível observar algumas atividades daquela igreja local que estava começando a nascer. Eles perseveravam:

Na doutrina dos Apóstolos: Eles obedeciam os ensinos dos Apóstolos.

Na comunhão: Eles insistiam no relacionamento entre os irmãos. Tinham tudo em comum e vendiam as suas posses para dividirem o que possuíam entre todos.

No partir do pão: Eles celebravam a Ceia do Senhor relembrando o significado do sacrifício de Jesus. O pão simboliza o seu corpo partido na cruz e o vinho o sangue derramado pelos nossos pecados. Assim, eles anunciavam a morte de Cristo em nosso lugar e que um dia Ele retornará para nos buscar.

Nas orações: A Igreja perseverava em oração e orar é uma forma de ouvir a Deus e compreender seu coração.

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” Atos 2:42

3. O discípulo é um servo amoroso

“Antes de tudo, exercei profundo amor fraternal uns para com os outros, porquanto o amor cobre uma multidão de pecados. Sede hospitaleiros uns para com os outros, sem vos queixar. Servi uns aos outros de acordo com o dom que cada um recebeu, como bons administradores da multiforme graça de Deus.” 1 Pedro 4.8-10

Que realidade maravilhosa é saber que o amor cura a nossa alma e nos leva a um patamar de liberdade sobrenatural. O profundo Ágape de Cristo é a fonte de nossas vidas, pois o seu amor cobre uma multidão de pecados. E agora, somos convocados a continuar liberando a vida de Deus através de nossas ações mais simples. Não somos exigidos naquilo que não podemos dar, mas exortados a servir com os dons recebidos de Deus, isso é sabedoria e boa administração da multiforme graça do Senhor.

4. Somos testemunhas de Cristo

“Então, convocando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem, tampouco ensinassem em o Nome de Jesus. Contudo, Pedro e João propuseram-lhes: “Julgai vós mesmos se é justo diante de Deus obedecer a vós mais do que a Deus. Pois não podemos deixar de falar de tudo quanto vimos e ouvimos!” Atos 18-20

Um discípulo verdadeiro não consegue esconder sua luz, mas é impulsionado a falar tudo quanto viu e ouviu. Então pense: o que você tem vivido com o Senhor? Assim como Pedro e João, você também não consegue deixar de falar?

Provavelmente, já tenha lido na Bíblia que Jesus era diferente em seu ensinar, pois ele não ensinava como os mestres da lei, mas tinha autoridade para falar. Isso é a respeito da vivência acima das palavras. Há uma música da Banda Fruto Sagrado que diz: “O que a gente faz fala muito mais do que só falar.” Em nosso estilo de vida, somos desafiados a viver além do mero falar do evangelho, mas principalmente ser em essência cheios de amor, retidão, justiça e piedade.

Conclusão

Como aprendemos, a Grande Comissão não é apenas um chamado, mas uma ordem dada aos discípulos pelo próprio Jesus: IDE! Fomos convocados a ensinar e obedecer  tudo que o Senhor nos ordenou. Nos tornamos parecidos com Jesus quando desfrutamos de sua presença, o buscamos de todo o nosso coração e perseveramos no estudo da Palavra, na comunhão dos Santos, na oração, no partir do pão.

Nossa maior missão como Igreja é fazer discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando com o nosso estilo de vida mais do que com as nossas palavras. Então, vamos ampliar a nossa visão? Pois o Senhor, quer nos usar para levar boas novas, então alargue o espaço de sua tenda e firme bem as estacas.

“Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda…” Isaías 54:2-3a

Ser um discípulo cristão consciente, o que isso exatamente quer dizer? Todos nós que viemos a Cristo pela fé somos seus discípulos, pois não tem como ser um crente em Jesus e não ser seu discípulo. O que acontece é que às vezes nós podemos não ter a consciência do que implica ser um discípulo cristão autêntico. Ou até mesmo, com o passar do tempo, nós podemos estagnar, retroceder, não ser mais ativo, não amadurecer nosso chamado. Ou no extremo caso, podemos “simular” uma vida de discipulado cristão.

Afinal, somos discípulos ou fingimos ser, eis a questão. Uma coisa é “imitar” a fé, outra bem diferente é de fato vivê-la. Apesar de parecer estranho, sinto lhes dizer que infelizmente sim, é possível simular a vida cristã. Podemos simplesmente “assumir” um papel de discípulo cristão ou podemos permitir sermos transformados em uma pessoa diferente. Pois o papel de discípulo cristão verdadeiro exigirá de nós mudança de vida. Exigirá um processo de regeneração e santificação efetuado pelo Espírito Santo. Que nos fará viver uma natureza humana restaurada.

Por isso, Jesus será duro com quem simula uma vida de discípulo: “Como sepulcros caiados, bonitos por fora, mas por dentro cheios de toda imundícia” Mateus 23:28. Então, é possível ser um discípulo hipócrita ao simular a vida cristã. E ao simular, deixamos de alcançar a identidade cristã verdadeira. Como um impostor, pois não enganamos apenas aos outros, mas também porque prejudicamos a nós mesmos, sendo o próprio hipócrita.

O Chamado Do Discípulo Cristão

Desse modo, em Cristo, por meio do Espírito Santo, somos chamados a ser seus discípulos. Não para fingirmos ser algo que não somos, pelo contrário, mas para sermos o que realmente somos: novas criaturas em Cristo. Realizar e desempenhar nossa verdadeira identidade. A identidade de pessoas criadas e recriadas em Cristo é a nossa santa vocação de discípulos cristãos, essa é a nossa formação espiritual. Para isso se faz necessário conhecer a história da qual fomos inseridos. A fim de desempenhar ou realizar com consciência nosso papel de discípulos cristãos. Pois só seremos formados espiritualmente por meio da Palavra e do Espírito.

Para isso, os discípulos cristãos precisam cultivar hábitos santos. A nossa jornada de discípulos cristãos exige muito. Não é um chamado para qualquer pessoa e uma pessoa que tenta simular não aguenta por muito tempo. Renúncias fazem parte do nosso chamado de discípulos cristãos. Os discípulos cristãos foram chamados a uma vida de santidade e esse chamado requer hábitos diários sagrados. Nós devemos ficar em forma, isto é, manter-nos santos. A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou (João 4.34).

De fato, nós, como discípulos cristãos, devemos crescer em nossa nova identidade e desempenhar nosso papel em público com paixão e verdade. A Bíblia nos dá muitas instruções para que o nosso modo de viver seja de um discípulo cristão consciente, como por exemplo:

“enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18); “acrescentai virtude à vossa fé, e conhecimento à virtude “(II Pedro 1:15); “crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor” (II Pedro 3:18) e ainda “sereis santos, porque eu sou santo. Andai com temor” (I Pedro 1:16-17).

Esse é o papel que temos a desempenhar nesta jornada.

Sendo um Discípulo Consciente

Ao passo que o nosso chamado de discípulos cristãos é bem específico, nós nunca apontamos nosso discipulado para nós mesmos. Mas para Cristo, “a cabeça do corpo, que é a igreja” (Colossenses 1:18). Nós não caminhamos sós, mas vivemos em comunhão. A nossa jornada como discípulos cristãos é para ir além do que é comum, além do óbvio para o mundo. Somos sal e luz justamente como exposição da realidade que Cristo nos revela. É por meio de uma vida de renúncia a nós mesmos, amando a Deus acima de tudo e servindo aos outros que faremos a diferença em um mundo de trevas. Todo discípulo cristão deve acordar e tomar consciência do seu chamado para ser luz e trazer a realidade, ou seja, apontar para Cristo nesse mundo errante.

Como podemos então ser discípulos cristãos conscientes?

Trarei apenas alguns pontos iniciais para nossa reflexão:

  • Tenha uma vida privada de devoção. Isso refletirá quando você estiver em alguma reunião coletiva. Tendo uma vida de devoção privada, impedirá você de cultuar a Deus no coletivo de forma mecânica. Em seu livro sobre Oração, Timothy Keller fala de forma formidável em como a vida de oração privada e a oração pública crescem juntas. E claro, ao priorizarmos a vida interior, nós nos privamos de nos tornarmos hipócritas, ou seja, não seremos capazes de simular uma vida de discípulo;
  • Crescer em conhecimento de Deus. Desempenhar nosso papel de discípulo cristão envolve além da devoção privada, a comunhão na igreja e  a participação na adoração comunitária. Quando estamos em comunhão, celebramos a boa notícia de que Cristo nos encontrou. Quando nos reunimos com outros discípulos de Jesus, isso nos ajuda a ter consciência de nosso chamado em sermos corpo de Cristo;
  • Instrução na Bíblia por meio de pequenos grupos. Quando lemos os evangelhos, nós vemos Jesus muitas vezes ensinando para multidões, mas vemos também ele ensinando em casas, para grupos pequenos. Precisamos ter essa prática de juntos estudarmos sobre os ensinamentos Bíblicos. Além de ser saudável, nos faz crescer em convivência e relacionamentos;
  • Ter a prática de pedir ajuda a lideranças a respeito de pecados e dificuldades pessoais. A prática de confessar pecados, por exemplo, cultiva em nós virtudes que nos conduzem à verdade, como humildade, paciência e honestidade e nos livra de viver uma vida hipócrita. Confessar os pecados é confessar-se pecador.

Vivendo de maneira digna do chamado de ser discípulo

Por fim, ser um discípulo cristão consciente é ser alguém que entendeu seu papel de conhecer a Deus que é amor, participando de seu amor por outros. Ser discípulo de Cristo é ser testemunha de seus feitos. Assim como Cristo, os discípulos devem concentrar-se tanto em seu chamado, que venham a esquecer-se de si mesmos. Nós como discípulos de Jesus Cristo, não precisamos segui-lo exatamente da mesma forma. Tanto Pedro quanto João foram discípulos exemplares, mas cada um projetou a si mesmo no seu papel e assim o desempenhou de formas distintas. É o Espírito Santo que nos capacita a viver o mesmo papel de discípulos, de diferentes formas. De modo que cada um de nós acrescenta algo único e assim contribuímos para a riqueza do seu reino.

Que nós possamos viver de maneira digna desse chamado tão grandioso. Nós como discípulos cristãos conscientes, precisamos dessa clareza que tem a superioridade do que recebemos como discípulos de Cristo em relação a todas as outras coisas. Sem isso, não teremos essa consciência e não alcançaremos sucesso em nossa jornada de discípulos. Não seremos capazes de cumprir nosso chamado e nos aprofundar na vida do reino de Cristo. Um discípulo cristão consciente sabe que nada possui e por isso segue Aquele de quem tudo recebeu.

“Os discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado”. Mateus 21:6

 

*Algumas partes foram utilizadas com base no livro: ” O Drama da Doutrina” de Kevin J. Vanhoozer.

 

Uma das perguntas mais importantes da fé cristã é: Quem é o Espírito Santo? Primeiro de tudo, ele é essencial nas nossas vidas. Opera em nossos corações de modo a nos revelar o Pai.

E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. Ef 5:18-21

Quem é o Espírito Santo?

O Espírito Santo não é um poder ou força impessoal, um sentimento ou uma energia, mas uma pessoa. Ele não é um aspecto ou uma característica de Deus; Ele é o próprio Deus. Portanto, o Espírito não é menor ou menos importante, mas é plenamente Deus.
O Espírito é um ser pessoal. Ele fala e se relaciona conosco, nos encorajando e fortalecendo. Ele é quem nos ensina e testemunha a respeito de Cristo.

Ao subir aos céus, Jesus enviou o Seu Espírito para habitar em nosso meio. Com isso, temos o espírito do próprio Deus conosco. Todo aquele que está em Cristo e é, portanto, filho de Deus, tem o Espírito Santo em sua vida (Gálatas 4:6). Não há como ser um cristão e não ter o Espírito Santo (Romanos 8:9).

Por isso, assim como os discípulos de Jesus tiveram o Espírito Santo como seu companheiro de vida e jornada, também nós temos esse privilégio. Não andamos sós; temos o espírito do Senhor presente em nossas vidas, nos guiando e nos ajudando. Ele nos salva, nos justifica e santifica, através de um relacionamento de comunhão e intimidade.
Encher-nos do Espírito é uma ordenança, e não algo opcional. Também não se trata de uma única experiência, mas de algo contínuo de que necessitamos diariamente. O apóstolo Paulo nos exorta a viver esta realidade.

Como o Espírito Santo nos transforma?

A evidência de que temos vivido uma vida cheia do Espírito são os frutos de transformação e santidade. Não permanecemos estagnados, mas somos impulsionados pelo seu poder. Ele nos santifica em um processo que dura por toda a nossa vida; somos transformados de glória em glória.

Além disso, quando recebemos o Espírito Santo, não recebemos apenas parte dele; a plenitude do Espírito já está em nós. Mas à medida em que cresce a nossa comunhão com Ele é que vivemos este processo de transformação. Por isso é importante compreendermos que temos um papel e uma responsabilidade neste processo, que é: vivermos uma vida rendida a Ele, esvaziando-nos e crucificando o nosso eu, para que Ele viva em nós.

Uma vida cheia do Espírito tem Jesus no seu centro. Quando Cristo é o centro das nossas vidas, Ele detém o senhorio sobre todas as áreas.

Dessa forma, ser cheio do Espírito não é algo estático, é algo que muda nosso viver. Influencia o nosso dia a dia, nossos relacionamentos com Deus e também com o próximo. Encorajamos uns aos outros; a Palavra habita em nós de tal forma que está presente em nossas conversas.

Busque a comunhão

Por fim, não se trata de algo profundamente místico, e sim, muito simples: manter a comunhão com o Senhor através da oração e da Palavra. Quando mais a Palavra habita em nós, mais somos cheios do Espírito, mais transformados somos, maior é o Seu controle sobre as nossas vidas.

Assim, que possamos nos encher da Palavra até que nossas vidas sejam moldadas de forma que agradem ao Senhor. Sejamos como um veleiro movido pelo vento do Espírito. Ele se moverá em nossas vidas e nos guiará à medida que o buscarmos através da oração e da Palavra.

A regeneração do coração humano é uma obra do Espírito Santo, e também uma promessa de Deus. O Senhor promete tornar o nosso coração de pedra em um coração de carne: um coração vivo que sente, reage e responde ao Seu convite.

Também vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne.
Também porei o meu Espírito dentro de vós e farei com que andeis nos meus estatutos; e obedecereis aos meus mandamentos e os praticareis. Ez 36:26-27

O milagre da transformação ocorre na mente, no coração e na vontade humana. Portanto, quando Cristo traz luz à mente do homem, Ele traz luz também ao seu coração e à sua vontade.

A regeneração do coração

Quando somos tocados por Cristo, somos 100% regenerados — estamos em Cristo não em partes, mas por inteiro. Tudo o que pensamos, sentimos e desejamos, e aquilo que fazemos como resultado disso, estão totalmente interligados.

Deus brilha a Sua luz no coração do homem, trazendo cura ao coração para que cesse a cegueira (falta de compreensão) da mente (2 Co 4:4,6).

Aquele que se entrega ao pecado tem o entendimento obscurecido. Por trás de toda escuridão há um coração endurecido (Ef 4:18-19).

Não há como o Evangelho fazer sentido à mente, mas não tocar o coração do homem (Mc 12:30). Se alguém afirma conhecer o Evangelho, mas que ele ainda não alcançou seu coração, há uma grande probabilidade de que em sua mente exista uma versão errada do evangelho. Podemos afirmar que conhecemos o Evangelho, mas se não provarmos dele, não teremos de fato o experimentado.

Ainda que estejamos em Cristo, podemos encontrar em nós características de que o nosso coração está se tornando endurecido. Quando o coração humano esfria, ele está se tornando um coração de pedra (Mt 24:12).

O que pode endurecer o nosso coração?

As pessoas que amamos podem se tornar pedras na nossa caminhada (Mt 10:37). Isso ocorre quando amamos nossos entes queridos mais do que a Deus, quando entregamos o coração para alguém que não possui os mesmos valores.

Outra pedra que nos impede de seguir Jesus é o dinheiro (Mc 10:25). Se o coração está voltado para o dinheiro e para aquilo que ele pode comprar, a pessoa não pode entrar no reino de Deus, pois não se encontrará apta, qualificada para ser um discípulo de Cristo.

Pecados de estimação (Jo 3:19-20): Muitos cristãos tratam o pecado como algo que não afeta suas vidas, mas com o tempo o pecado se torna um deus para essas pessoas. Quando manter o pecado é mais importante do que aquilo que Deus pensa a respeito do pecado, isso se torna uma pedra no coração do homem. O amor pelas trevas cresce porque suas obras são ruins.

Quando o coração está empenhado em ter uma vida de conforto, existe aí um impedimento para seguir Jesus (Lc 14:27). Muitas pessoas desejam ouvir palavras que acomodem sua experiência mundana do que é o Evangelho. Porém, não há conforto fora de Cristo; o único conforto que Jesus nos oferece é nele próprio.

O “eu” pode se tornar uma pedra na caminhada com Cristo (Gênesis 3:5). Quando o “eu” está determinado a ser o seu próprio deus – ter o controle da própria vida e decidir por si mesmo o que é bom ou mal – é impossível adorar a Deus. Não se pode adorar a Deus enquanto se é determinado apenas a cumprir seus objetivos terrenos e egoístas.

O espírito trava constantes batalhas contra a carne; é preciso pedir ajuda ao Senhor para não permitir que o coração seja petrificado. Portanto, é necessária uma autoanálise constante ao longo da caminhada para verificar se temos áreas em nosso coração que estejam prestes a petrificar.

Quando nos tornamos cristãos, o Senhor nos dá um novo coração. Então, o que antes era um coração de pedra, morto para as coisas de Deus, agora se torna um coração de carne, vivificado (Ez 36:26). Junto com este presente, recebemos também um mandamento: cuidar e zelar por este novo coração.

É importante cuidarmos do nosso coração, isto é, da nossa alma — o lugar onde residem nossos anseios, desejos e impulsos. Embora seja Deus aquele que cuida do nosso coração, existem práticas que nós, juntamente com a obra do Espírito Santo, precisamos ter em nossas vidas. Além disso, é responsabilidade e dever de todo aquele que se torna um cristão.

O processo da vida cristã

O pensador, John Flavel, afirmou que “a maior dificuldade na conversão é ganhar o coração para Deus; e a maior
dificuldade após a conversão é manter o coração em Deus”. Ou seja, a salvação não se trata de um momento específico somente – ela é desenvolvida com zelo ao longo da vida.

Como um instrumento musical que, de tempos em tempos, precisa ser afinado, assim também o coração precisa ser ajustado para que não emita “canções desafinadas” para o Senhor. Existe o potencial para coisas ruins em nosso coração, e é necessária uma análise constante para que o som que emitimos a partir dele seja um som agradável a Deus. Para isso, temos o Espírito Santo dentro de nós que é capaz de nos guiar neste processo de alinhar e reposicionar o coração.

As fontes de vida vem do coração; é a vida do próprio Deus fluindo de dentro de nós. Se essa fonte estiver bloqueada, não há como usufruirmos das bênçãos que ela pode trazer.

Como cuidar do nosso próprio coração?

Vigie cuidadosamente o seu coração. Jesus nos diz para vigiar e orar para que não entremos em tentação (Mt 26:41).

Visto que seguir Jesus não é uma experiência circunstancial. A obra completa do Espírito Santo acontece quando olhamos para dentro de nós mesmos e submetemos o nosso coração a Ele. Assim, ocorre a conversão e uma renovação de mente, uma metanóia.

Ninguém está em posição melhor para cuidar do nosso coração do que nós mesmos. Portanto, é necessário estarmos atentos aos impulsos da alma que tem a tendência de nos afastar de Deus: sentimentos como medo, orgulho, ganância, autocomiseração, ressentimentos etc.

O ímpeto do pecado sempre começa no coração. Ignorar os alertas do Espírito de que impulsos carnais estão urgindo em nossa alma é caminhar rumo à queda e a um colapso moral.

Confessar após investigar o que se passa em nossa alma (Salmos 139:23-24).

A confissão sempre vem em primeiro lugar. O Senhor irá nos ajudar, a partir do momento em que formos honestos a respeito de nossos erros e pecados. Um coração contrito que percebe e admite suas falhas, que se volta para Deus e confessa seus pecados, é capaz de alcançar o perdão do Senhor (1 João 1:9).

A cada alerta, para cada impulso carnal, temos que nos comprometer a mudar essa realidade em nossa alma. Isso acontece quando renunciamos ao pecado e o substituímos pela paixão e fascínio por Jesus; quando tornamos Jesus um objeto de adoração mais valioso aos nossos olhos do que o pecado. É assim que o crescimento cristão acontece: identificamos as áreas da vida que precisam de ajustes.

A alegria da salvação

A alegria da salvação vem sobre aquele que se separa das coisas do mundo e torna o pecado algo odiável em sua vida. Cristo se torna amado por ele; a verdade é valorizada e os erros, abandonados.

Podemos confiar na obra do Espírito Santo — Ele é o maior interessado em cuidar do nosso coração. Jesus nos oferece uma fonte de vida que desbloqueia nosso coração; através desta fonte, a vida de Deus começa a fluir de dentro de nós.

Chamando a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser preservar sua vida, irá perdê-la; mas quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, irá preservá-la. Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
Ou, que daria o homem em troca da sua vida? Mc 8:34-37

O valor da Cruz

A nossa alma possui um grande valor; ela é preciosa. Mas existe uma forma de preservá-la e uma forma de perdê-la. Jesus enfatiza o valor e a necessidade da alma ser preservada.
A maior tragédia é viver crendo que a salvação é conquistada por méritos pessoais ou por meio de uma falsa fé. Isso ocorre devido a distorções da Palavra que podem nos enganar a respeito da nossa saúde espiritual:

“Jesus já morreu por mim, então estou bem, independente de como eu viva.”

Esta declaração é uma distorção que leva a uma perda eterna. De fato, Jesus morreu por você. Ele suportou o
castigo da justiça divina em nosso lugar; o castigo que nos trouxe a paz estava sobre Ele (Isaías 53:5).

Porém, não há perdão sem arrependimento e sem mudança de vida. Há um motivo para o qual Cristo se entregou por nós: para que morramos para o pecado e vivamos para a justiça (1Pe 2:24-25). Jesus morreu por nós, pecadores, para que houvesse uma mudança; Ele carregou os nossos pecados para que hoje possamos morrer para o pecado.

“Deus não prometeu perdoar um pecado que você não está disposto a abandonar.”

Andando em submissão

Matthew Henry afirma que “nenhum homem pode confiar com segurança em Cristo tendo suportado seu pecado e expiado sua culpa, até que morra para o pecado e viva para a justiça”.
Não se trata de merecimento, mas de posicionamento. Não há nada que você possa fazer para merecer a salvação, mas há muito que se possa fazer para se posicionar diante de Deus, que lhe oferece a salvação.

“Houve um dia em que eu confessei Jesus, então agora já está tudo garantido.” Esta é outra leve distorção que pode se tornar uma verdade para muitos. Ser cristão é mais do que apenas afirmar que Jesus morreu pelos seus pecados. Ser cristão é mais do que acreditar no Salvador que morreu; é submeter-se ao senhorio de Jesus, oferecer-se a Ele em total devoção. Além disso, é uma entrega voluntária de si mesmo nas mãos deste pastor.

“Eu estou numa jornada espiritual”. Novamente, esta é uma distorção perigosa porque contém uma verdade, a de que nós todos estamos numa jornada de fé. Porém, tal jornada não levará à salvação se nessa caminhada não formos confrontados e exortados pelo Senhor.

O bom Pastor

A caminhada cristã começa em um definitivo retorno ao senhorio de Jesus: retornar a submeter-se e colocar sua vida debaixo da direção desse Pastor. Se hoje você não está sob a direção do Pastor da sua alma, você é uma ovelha perdida, desgarrada e confusa.

Existem duas coisas que podem acontecer com a nossa alma: ou nós a submetemos ao senhorio de Jesus, ou nós a perderemos. Nenhuma pessoa que vem a Ele será rejeitada; nenhuma alma que for confiada a Jesus se perderá. Deus não resiste a um coração quebrantado e humilde.