Este mês, conversaremos sobre o perdão. Uma palavra tão pequena com uma importância gigantesca, capaz de colocar pessoas por anos em um tormento sem fim pela falta do perdão. Talvez você conheça alguém que, por falta de perdoar, não consegue nem ficar perto da pessoa que lhe causou mal. E isso a faz mergulhar em culpa, raiva, ódio e vários sentimentos ruins. Sim, a falta de perdão pode causar tudo isso e muito mais.
Por outro lado, o perdão pode te libertar de sentimentos tão profundos e te proporcionar uma leveza de vida imensurável. Incrível não é mesmo?
O que Jesus disse sobre a medida para o perdão
Neste sentido, no evangelho de Mateus, temos uma cena que retrata bem o que queremos saber sobre a medida do perdão. Jesus e seus discípulos estão conversando sobre ser grande no reino de Deus. Pedro, pergunta a Jesus: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” (Mateus 18:21).
Primeiramente, precisamos entender que apenas Mateus, dos quatro autores dos evangelhos, cita esta parábola. Porque Mateus era judeu e estava escrevendo para os judeus. Então, no entendimento judaico, o que Pedro pergunta já está acima do pensamento deles. Pois na lei judaica, os rabinos limitaram o perdão até três vezes, a quarta já não precisaria mais. Então Pedro já está se colocando acima disso. Usando o número sete como o símbolo judaico da perfeição ele estaria sendo bem acima da média, ainda assim, Pedro está limitando o perdão, percebe?
Surpreendentemente, Jesus vai além. Veja que esta parábola está elevando o nível do perdão. Jesus diz: “setenta vezes sete” Ora, quem vai ficar contando, anotando quantas vezes já perdoou para chegar na 491ª vez, então não perdoar mais? Veja que o que Jesus faz é dizer-nos que precisamos perdoar, quantas vezes forem necessárias.
Ademais, Jesus está também se referindo às setenta semanas descritas em Daniel (Dn 9). Em que essas semanas se referem à consumação de tudo. Ou seja, devemos perdoar até o fim de nossas vidas.
A medida do perdão não olha valores
“Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos”; Mateus 18:23,24
Nesta parábola a quantia que aquele servo do rei devia era também uma quantia impagável. Ele devia tanto, que mesmo ele dizendo para o rei que pagaria, o rei sabia que não tinha como realizar isso. “Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida”.(Mateus 18:26,27)
Porém, o foco de Jesus ao contar esta parábola não está na quantia. Então, não precisamos ficar focando em quanto seria essa quantia que foi perdoada, mas sim focar no perdão sem medidas. O perdão não mensura o valor ou o tamanho da dívida. O perdão deve ser praticado e ponto. Sim, independente do que seja. E eu sei que agora você está pensando em um monte de atrocidades que já aconteceram ou podem acontecer e sim, a resposta é: deve-se perdoar.
Da mesma forma, Deus não mediu a nossa dívida para então nos perdoar. Ele perdoou e nos perdoará até a consumação dos séculos. E nós, devemos fazer o mesmo. Era isso que Jesus estava demonstrando nesta parábola, de que não há limites para o perdão.
Perdão é uma questão de misericórdia
Definitivamente, o fim desta parábola não é animador. Ao ser perdoado, o servo do rei não teve a mesma atitude com o seu companheiro. Então, o rei sabendo do que o servo tinha feito, ele o entrega aos atormentadores até que a dívida fosse paga, ou seja, até o fim da sua vida. E o versículo seguinte é um pouco preocupante: “Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”.(Mateus 18:35)
O rei teve misericórdia do servo para com sua dívida. Sim, perdão é uma questão de misericórdia e não de justiça. Sabemos disto, pois obtivemos misericórdia da parte de Deus para conosco. Pois o justo seria a nossa condenação. O que Deus quer de nós, então, é que tratemos o próximo como ele nos trata. Se somos perdoados, devemos perdoar.
“Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também”. Colossenses 3:13
Deus nos capacita a perdoar
Como resultado, o que acontece quando não fazemos isso? Exatamente o que Jesus demonstra nesta parábola. O servo foi atormentado. A ausência do perdão faz isso conosco, se torna um tormento e coloca a alma em uma prisão. Perdoar é uma questão de conservação de sua vida. Por isso perdão é uma graça de Deus. E Ele é quem nos capacita a perdoar.
Por fim, podemos concluir que além de não haver medidas para o perdão, devemos perdoar sem olhar a quem e nem o tamanho da dívida. Para não sermos atormentados e vivermos em uma prisão em vida. Se não perdoarmos, não receberemos perdão. Veja o que o rei fez com o seu servo ao vê-lo não perdoando seu companheiro. Só teremos comunhão com Deus e com nosso próximo, perdoando.
Assim, que Deus nos conceda essa graça de perdoarmos uns aos outros e de recebermos seu perdão eterno.