“Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.” Jo. 14.18
Sempre gostei muito do evangelho de João, especialmente dos últimos capítulos, pois, encontro neles uma narrativa detalhada de conversas e orientações de Jesus aos doze. Antes e depois de sua morte e ressurreição, Jesus preocupou-se em deixar-lhes diretrizes claras.
Penso que uma pessoa que está para morrer não escolhe falar sobre futilidades com seus familiares e amigos. Embora nenhum dos diálogos de Jesus pode ser considerado banal, suas últimas palavras são especialmente poderosas.
Quando Ele garante que não nos deixaria órfãos, estava prevendo um sentimento que brotaria no coração dos discípulos. Não acredito, no entanto, que a orfandade deles seja diferente da nossa, ou que tenha atingido seu ápice com a morte de Jesus.
Inegavelmente, todos carregam medidas variadas de orfandade em seus corações que precisam ser confrontadas. Na oração do Pai nosso, Jesus reparte o Pai conosco. Ele nos convida a um relacionamento de intimidade com o Criador que até então não era compreendido e nem usufruído na totalidade.
Os órfãos espirituais são todos aqueles que não se sentem filhos. São aqueles que lidam com conflitos internos que os afastam de um relacionamento de intimidade com o Pai. Eles podem ou não ter tido pais naturais, já que a verdadeira orfandade acontece no coração.
Por vezes, a ausência dos pais naturais contribui para que os graus de orfandade se intensifiquem, mas é mais do que isso. A revelação da filiação e da adoção em Jesus acontece de dentro para fora e é obra do Espírito Santo.
“Pai para os órfãos e defensor das viúvas é Deus em sua santa habitação.” Sl. 68.5
Atribuo muito de nossos sofrimentos à falta de revelação desta filiação. Por vezes, os sinais são sutis e quase imperceptíveis, mas possuem raízes na orfandade. Não gostamos de admitir muitas vezes o quão órfãos nos sentimos, mas o reconhecimento de nossa real condição é o primeiro passo na direção de nossa cura.
“Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.” Jo.1.12
Quando desejamos maior revelação de nossa filiação temos que ir direto na fonte, o próprio Deus. Ele tem prazer em revelar seu amor por nós em medidas maiores a cada dia. Não se envergonhe de clamar por mais revelação. Pessoalmente, não creio que ela se esgota nesta era.
Busque hoje maior clareza a respeito do lugar que ocupa diante do Pai. Usufrua de sua posição de filho e não permita que qualquer circunstância o diminua ou remova deste lugar. Existe vida abundante à sua disposição. Não conforme-se com nenhuma posição inferior a de filho, pois o Pai também é nosso. Ele anela viver conosco esse relacionamento que um Pai tem com seu filho.