Geralmente não temos dificuldades em ver Deus como o ser superior que rege o universo, sustentador de todas as coisas, aquele que estabelece ordem ou permite o caos. Sabemos que Ele é soberano sobre tudo e que ao som de sua voz o que era sem forma e vazio se tornou pleno e belo.
Conhecemos o Deus criador, mas será que conhecemos o Aba Pai? Sabemos que Ele se importa com seu povo, sua igreja mas será que também sabemos que Ele se importa com cada um individualmente? Eu gosto de como a paternidade de Deus é descrita por Jesus na parábola do filho pródigo. Sempre presto atenção na reação do irmão mais velho diante da alegria do pai ao ordenar que se prepare uma festa ao seu filho que está retornando ao lar. Seu filho mais velho estava tão ocupado trabalhando, que nem mesmo sabia o quanto o pai havia sonhado com aquele dia.
Ele poderia se assentar com o pai todos os dias, havia para ele um lugar à mesa. Como filho, poderia entrar no quarto do pai sem pedir autorização. Sim, ele poderia ter desfrutado de ótimas conversas, nas quais conheceria um dos anseios do coração do pai – o retorno de seu filho mais novo – e também tornar conhecido os seus próprios anseios. Mas ele estava tão ocupado que não pode usufruir desse relacionamento. Eis o que ele diz: “Te sirvo a tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para me alegrar com meus amigos”. (Lc 15:29) Eu posso imaginar o pai respondendo calmamente e com um sorriso no rosto: “Filho tu sempre estás comigo e todas as minhas coisas são tuas”. (Lc 15:31).
Assim como esse rapaz nós muitas vezes buscamos de Deus aceitação através do nosso trabalho, nós sabemos que Ele é bom, mas não acreditamos que temos acesso ao coração Dele como filhos. Isso nos leva a uma relação patrão e empregado, nós cobramos de Deus o que achamos justo que recebamos, conforme nossas obras. Esquecemos que não podemos subir mais no conceito de Deus, que Ele não pode nos dar uma medida maior de amor, simplesmente porque Ele já nos deu tudo através de Jesus.
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. (Rm 8:15-16)
Nós somos filhos! Deus não está ocupado demais resolvendo a desordem do mundo que não possa te ouvir. Deus se importa com você, não importa se você se identifica mais com o filho que ficou e buscava o amor por meio de serviço ou com o filho pródigo, que deixou a casa do pai . Há um lugar a mesa para você, Ele deseja conhecer os anseios do seu coração. O teu pecado ou o seu serviço não te definem, porque a sua dignidade e filiação já foi concedida através da cruz e por meio do Espírito.
Assim como Jesus você tem acesso direto, os céus conhecem o seu nome. O Pai pode identificar a sua voz mesmo em meio a uma multidão de vozes. Você não é órfão, nem escravo, o amor te tornou filho, você faz parte da família de Deus. Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fossemos chamados filhos de Deus (I Jo 3:1)