O oleiro dos oleiros sabe como nos moldar e fazer novamente. A bíblia nos diz que somos pó, criados a partir do barro (Gn. 2.7). O barro é uma substância maleável, até que seja submetido à alta temperatura. Essa exposição altera sua estrutura molecular de forma permanente transformando-o em cerâmica.
Enquanto flexível o barro permite que o oleiro estabeleça a forma que deseja dar ao objeto. Jeremias foi convidado a descer até a casa do oleiro e lá observou o trabalho de suas mãos:
“E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas. Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” Jr. 18:3-6
O profeta foi encorajado em relação a habilidade que o oleiro tem de ajustar a aparência do barro enquanto ele está sobre a roda. Mas o que dizer daqueles vasos que já se transformaram em cerâmica, que estão rígidos, lascados, trincados e quebrados? Será que eles também podem ser refeitos?
Obviamente, porém o procedimento empregado na restauração é diferente, os japoneses desenvolveram uma técnica chamada kintsukuroi. A técnica consiste em juntar as peças quebradas com uma mistura de laca e pó de ouro. Por isso, o objeto depois de finalizado, possui um valor muito superior ao que possuía originalmente.
São as altas temperaturas da vida que geram as rachaduras que carregamos. Tais rachaduras são legítimas e carregam beleza quando revestidas de ouro. Mas é a vulnerabilidade de cada um que determina o nível de exposição que queremos conferir a elas. Parte de quem somos constitui-se daquilo que tentamos esconder com mais determinação: as nossas fragilidades e defeitos.
Por isso, qualquer um que anela ser um vencedor nesta era lidará com subidas íngremes e imersões profundas. São as mudanças de pressão atmosférica presentes nos mergulhos e nas alturas que nos quebram. Muitas vezes, sucumbimos diante destas circunstâncias. Está implícito na valentia envolvida na entrega de quem somos, a existência destas marcas. Todos os que não economizam a si mesmos, mas doam o que são e não apenas o que possuem, carregam sinais desta entrega em sua alma e físico.
Tanto a figura do barro sobre a roda, como da cerâmica restaurada com ouro, são exemplos que traduzem a capacidade que o oleiro e artesão de nossas vidas possui de nos transformar. Já que Ele é o autor de técnicas infalíveis que modificam nossas imperfeições e removem nossas arestas cortantes.
Essa metamorfose acrescenta valor em nossa vida, transformando-nos em obras de arte. Ao invés de nos envergonhar de nossas mazelas, deveríamos voluntariamente permitir que esses vestígios fossem embelezados com ouro. As marcas que carregamos são o selo de Deus em nossa jornada quando ousamos confiar em Sua capacidade de nos restaurar.
Jesus possuía essas cicatrizes, já que Ele foi um homem de dores, que aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (Hb. 5.8). Ele é nosso oleiro eterno, comprometido com nossa causa que enxerga beleza e reveste com ouro nossas cicatrizes e rachaduras. Permita que hoje Ele revele a você a beleza de suas marcas e não desista de continuar seguindo Seus passos. Ele é e será sempre nosso maior exemplo.