“Torno a trazer isso à mente, portanto tenho esperança. A benignidade do Senhor jamais acaba, as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.” (Lamentações 3:21-24)
No meio da agitação do dia a dia, das várias atividades que requerem a nossa atenção e das preocupações que nos vêm à mente, aparece na nossa cabeça uma frase “trazer à memória aquilo que me dá esperança”.
Às vezes a rotina e as atividades ordinárias não nos permitem desfrutar do extraordinário. É por isso que, como Jeremias, podemos escolher em cada momento recordar aquilo que nos traz esperança.
Como podemos lembrar-nos daquilo que dá esperança?
Jeremias foi conhecido como o profeta “chorão”, o seu temperamento melancólico somado ao que lhe tocou viver, o imergiu numa profunda tristeza e, no entanto, naquele momento ele declarou: “Ainda ouso, porém, ter esperança quando me recordo disto: O amor do Senhor não tem fim!” (Lamentações 3:21-22 NVT)
Agora bem… lembrar-se da fidelidade de Deus, é suficiente para suportar tudo o que Jeremias estava experimentando? (perseguições, exílio, desenraizamento)
Evidentemente que sim. Certamente, podemos confiar que apesar das nossas dúvidas, dos nossos erros e das circunstâncias que nos tocam viver, a sua fidelidade permanece para sempre.
É comum que nos questionemos quando as coisas “não estão certas”. “Porque é que Deus permite isto? Porque é que isto me acontece?”
Porém, e se olhássemos em outra perspectiva? E se mudarmos uma palavra só e perguntar a nós mesmos: “Para que é que Deus permite isto? Para que é que isto me acontece?”
Muitas vezes acreditamos que por sermos filhos de Deus somos imunes à dor e são nesses momentos que as palavras de Paulo chegam e chocam todo o nosso ser “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória” (2 Coríntios 4:17)
Quanto temos de aprender com estes homens! Pessoas que se mantiveram firmes no propósito de Deus apesar da adversidade.
Agora, é fácil de dizer, mas difícil de praticar. Somos humanos e nossa natureza tende à auto-suficiência e ao controle das coisas. Portanto, “Ousar a ter esperança” torna-se um desafio diário.
Conselhos que retiro da vida de Jeremias:
1. Ter esperança
Primeiramente, a esperança está intimamente ligada à espera. Mas, esperar o quê? À espera de um resultado favorável, Ela está unida à fé. Esperamos que algo aconteça. Acreditamos que uma circunstância vai mudar. Em meio às dificuldades, ter esperança é ter certeza de que Deus está no controle da situação e podemos descansar em Sua “boa, agradável e perfeita vontade”.
2. Lembrar
a) Da Fidelidade de Deus: ela não radica num estado, senão em uma característica própria de Deus: Ele é fiel em tudo tempo. As circunstâncias não influenciam os seus planos. Ele não deixa de ser fiel quando a dor atinge as nossas vidas. A Sua fidelidade é eterna e nunca nos abandona.
b) A Sua misericórdia: estas são renovadas todas as manhãs. Nós merecíamos a morte, Ele nos deu a vida, éramos seus inimigos e Ele nos chamou de amigos. Éramos órfãos e Ele nos adotou dando-nos uma nova identidade, a de filhos amados. O Seu amor nos atrai a Ele com laços eternos. Ele nunca nos abandona.
3. Declarar
Jeremias declarou “me recordo disto”. Declarar neste caso é dizer a nós mesmos o que Deus já fiz nas nossas vidas e focar em Quem Ele é (fiel, misericordioso) e não no que Ele nos pode dar ou nas circunstâncias. Lembrar em alta voz como Deus agiu no passado nos ajuda a superar as dores, as provações e incertezas do presente. Melhor ainda, recordar a essência de Deus nos ajuda a entender o seguinte: Ele nunca muda mesmo quando as circunstâncias mudam. Como disse Jeremias, Deus é a nossa porção, não há nada fora d’Ele que possa satisfazer nossa alma.
4. Eesperar
Talvez esta é a parte mais difícil. Fomos programados para ter tudo em pouco tempo, cada vez mais vivemos numa sociedade voraz que odeia esperar. As pessoas procuram o imediato e recusam-se a viver o processo. Odiamos esperar, porém Deus ama agir em tempos de quietude e incerteza porque é nesses momentos onde valorizamos a sua bondade e fidelidade.
Portanto, ousemos, como Jeremias, a ter esperança, a trazer à memória o que Deus fez, faz e fará!