Vivemos hoje em um mundo que em todo lugar há algum tipo de barulho, onde é muito difícil encontrarmos um local silencioso para ficar em paz e sossego. Conservamos uma constante torrente de palavras mesmo que sejam ocas. Compramos rádios que prendemos ao nosso pulso ou ajustamos ao nossos ouvidos de sorte que, se não houver ninguém por perto, pelo menos não estamos condenados ao silêncio ou a solitude.
O que temos na verdade é medo! Mas exatamente medo do que? Por que temos medo?
Medo é um estado emocional que surge em resposta a consciência perante uma situação de eventual perigo. Esta é a questão, temos medo de ficarmos sozinhos ou, de estarmos sozinhos com nós mesmo? Isso seria um perigo?
SOLIDÃO v.s SOLITUDE
Paul Tillich, um dos mais importantes teólogos do século XX, escreve uma linda citação em seu livro The Eternal Now (O Eterno Agora):
“A linguagem (…) criou a palavra solidão para expressão a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho”.
A solidão é um vazio, a falta de algo em sua vida. Quando essa sensação está presente, as pessoas começam a buscar externamente o que deveria ser consertado internamente. É o momento que algumas coisas começam a entrar em nossa rotina, como por exemplo: festas para ter a sensação de nunca estar sozinhos, fazer compras de maneiras desnecessária para preencher um vazio que está dentro de si e ficar sozinho começa a ser uma tarefa muito difícil. Ou seja, você gera em seu interior uma dependência emocional com as pessoas ou objetos ao seu redor.
Já quem encontra a solitude, não sente receio de estar sozinho, mas encontra o prazer da sua própria companhia. É nesse momento que podemos desenvolver o autoconhecimento, de nos encontrar ao invés de tentar fugir e de nos aceitar como realmente somos, independentemente da aprovação do outro.
ENCONTRANDO PRAZER EM ESTAR SÓ
Temos que entender que todos nós passamos ou iremos passar por momentos de solitude na vida, e não precisamos ter medo desse tempo. A intenção não é nos afastarmos das pessoas, mas aprendermos a ouvir a nossa voz interior e a ouvir a voz de Jesus. Esse tempo nos leva a refletir e entender melhor todos os processos que estamos passando.
Jesus viveu em “solitude do coração” ou seja, no seu interior. Também freqüentemente experimentou solitude exterior. No inicio do seu ministério Ele passou quarenta dias sozinho no deserto (Mateus 4.1-11). Antes de escolher os doze, Ele passou a noite sozinho no monte (Lucas 6.12). Quando recebeu a notícia da morte de João Batista, Jesus “retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte” (Mateus 14.13). Após a alimentação miraculosa dos cinco mil, Jesus mandou que os discípulos partissem; então despediu as multidões e “subiu ao monte a fim de orar sozinho…” (Mateus 14.23). A busca de um lugar solitário era uma prática regular de Jesus, e conosco, não pode ser diferente.
Sem silêncio não há solitude. Embora o silêncio às vezes envolva a ausência de linguagem, ele sempre envolve o ato de ouvir. O simples refrear-se de conversar, sem um coração atento à voz de Deus, não é silêncio. A finalidade do silêncio e da solitude é poder ouvir a voz Dele.
ALGUMAS DICAS PARA SOLITUDE
A primeira coisa que podemos fazer é tirar vantagem das “pequenas solitudes” que enchem nosso dia. Podemos considerar a solitude aqueles primeiros momentos matutinos na cama, antes que a família desperte, tomar uma xícara de café pela manhã, estar em solitude momentos antes de começar a jornada de trabalho diária, em um sinal fechado durante o trânsito, ou até mesmo, quando viramos uma esquina e nos deparamos com uma árvore ou uma flor. Em vez de fazer uma oração audível na hora da refeição, considere a convidar a todos a ficarem em silêncio, mesmo que seja por alguns minutos. Contemple uma noite silenciosa antes de dormir. Podem ser poucos momentos, mas precisamos entender que eles são valiosos para as nossas vidas.
O que mais podemos fazer? Podemos encontrar ou criar um “lugar tranquilo” para silêncio e solitude. Constantemente estão sendo construídas novas casas. Por que não insistir que um pequeno cômodo seja incluído nas plantas, ou um pequeno lugar onde um membro da família possa estar a sós em silêncio?
O que nos impede?
Construímos belas salas de estar, e achamos que o custo vale a pena. Se você já possui uma casa, considere construir uma pequena parede na seção da garagem ou do pátio. Se mora num apartamento, seja criativo e ache outros meios de permitir-se a solitude, sempre tem um “quartinho da bagunça”. Existe uma família que tem uma cadeira especial; sempre que uma pessoa se assenta nela, é como estar dizendo: “Por favor, não me incomode; quero estar a sós”.
Esses pequenos passos que damos no dia-dia fazem toda a diferença na nossa caminhada com Cristo, à entendermos mais sobre nós mesmos e ficarmos mais sensíveis a voz Dele.
Este post tem um comentário
Aeluias,como é bom aprender??amo estar só…estou aprendendo cada dia mais:que o tempo de solitude na presença do Senhor é maravilhoso.