Desde o início da minha conversão ao Senhor, por graça e misericórdia Dele, empreendi uma busca incessante em servi-lo, reunindo todas as minhas forças em prol das tarefas ministeriais que Ele me confiara e até em prol daquelas que eu abraçava por vontade própria. Eu usava o serviço como maneira de afirmação e vivia sob a austera e avassaladora sensação de me sentir útil e bem somente quando servia, ao contrário disso, sentia culpa e acusação.
Sob essa mesma ótica “jurídica” avaliava meu irmão, se não servisse na mesma intensidade que eu entendia que eu servia, desferia golpes de desamor por meio de cobranças incoerentes e incompatíveis, ainda que tais golpes não se ouviam e não se viam mas estavam lá, escondidos dentro de mim, e por isso me separavam do outro impedindo-me de amar e consequentemente de ser amado.
O mais trágico é que isso também alcança e influencia nossa perspectiva a respeito do próprio Deus, esse código deformado nos leva a enxergar o Senhor apenas em sua essência servil, que quando não se manifesta da maneira que nós entendemos que deveria, nos ofendemos e nos afastamos nutrindo assim uma perspectiva equivocada do Senhor, do outro e de nós mesmos.
Ocorre que, mesmo na nossa imaturidade espiritual o Pai ama os corações zelosos e desejosos por mais Dele, e ainda que esse desejo seja pequeno aos nossos olhos é o suficiente para Ele nos arrebatar e nos conduzir a iluminação do entendimento, a fim de ajustar nossos conceitos e nos presentear com a suprema fonte de prazer e revelação do Seu Amor.
Creio que todo Cristão zeloso passa por esse processo de descoberta, que os leva a feliz conclusão de que o nosso real chamado consiste em desfrutar do Amor que o Senhor tem por nós e a partir daí compartilhar desse amor com o próximo. O que faremos para ele em nosso ministério deve ser o mero resultado dessa relação de profundo amor. O que achamos ser o nosso chamado é na verdade nosso destino profético, que é a linha pontilhada a ser preenchida pelos sucessivos passos de amor. As escrituras testificam disso quando Jesus condensou tudo em Dois grandes mandamentos: amar ao Senhor sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Em seu evangelho, João nos ensina que o Senhor Jesus enquanto estava cumprindo sua missão a cumpriu de forma perfeita, amando os seus que estavam no mundo e os amando até o fim. (Jo 13:1). Esse enfim, é o nosso chamado: Amar sempre. É a partir do amor que carregamos que o mundo conhecerá Jesus; nosso amor pelo Senhor traduzido e reproduzido em nosso amor pelas pessoas, convencerá o mundo de que Jesus é vivo, que é real e que somos seus discípulos (Jo 13:35).
É válido lembrar que o nosso Deus deu a si mesmo a definição de amor (1 Jo 4:8b). Ele nos amou primeiro; Dele foi a iniciativa e dele vem a graça que precisamos para continuar O amando e amando uns aos outros; é esse amor que validará se de fato O Conhecemos ou não; e a nossa resposta deve ser cumprir o voto solene do Amor.
Quando tornamos essa revelação nossa cosmovisão todo o resto faz sentido, tudo se encaixa. É partir da busca dessa revelação que receberemos doses sucessivas e progressivas de plenitude (Ef 3:14-21). Pessoalmente amados, posso dizer que essa revelação provocou uma revolução dentro de mim e me introduziu a um processo de amadurecimento que perdura até hoje. Considero que tudo foi importante a fim de que eu alcançasse o ponto de transição. Fato é, que quando nosso entendimento é iluminado nos encontramos com o propósito da nossa existência e somos muito mais eficazes naquilo que nos é confiado como serviço.
Dentre as últimas instruções do Senhor Jesus aos seus discípulos,estava a de que eles tinham que permanecer no seu amor (Jo 15:9). Esse é o nosso voto solene: PERMANECER NO AMOR DO NOSSO MESTRE, DO NOSSO AMADO.
Eu creio numa geração que permanecerá nessa revelação, uma geração selada com o selo de amor ardente.
Já foi ensinado que naquele dia é o tamanho do nosso coração que importará; já foi ensinado que é a nossa capacidade de amar como Ele amou que importará; já foi dito que eu posso ter tudo na terra, mas se não tiver amor, não serei nada.
Concluo lembrando da cena de Jesus com Pedro após a ressurreição (Jo 21). Pedro depois de ter jurado fidelidade até a morte a Jesus e tê-lo negado três vezes como predito pelo Mestre, é interpelado pelo Senhor por três perguntas inesperadas. Pedro esperava tudo, menos que Jesus o perguntasse: Pedro, tu me amas? Sim, o modo de reintroduzir Pedro no seu destino profético foi reformando as bases do amor no seu coração. O Mestre continua fazendo a mesma coisa comigo e com você. E quem escreveu essa cena foi aquele discípulo a quem Jesus amou, assim como quem escreve esse texto é o discípulo a quem Jesus ama (…)