Antes de ser encontrado pelo Senhor no caminho para Damasco, Paulo demonstrava grande zelo por seu povo. Logo, ele era um fariseu muito diligente, observador da lei, instruído pelo grande rabino Gamaliel. Mas depois do poderoso encontro, o zelo de Paulo foi transformado em uma incessante angústia pela condição de Israel, pelo véu que continuava sobre seu povo e os impedia de ver a sua profunda necessidade de salvação. Assim, a angústia divina tornou-se a dor de Paulo pelo que estava no coração de Deus em relação ao seu povo.
A carta de Paulo aos romanos
Os primeiros oito capítulos de Romanos enfatizam a fé. Os capítulos 9-11 enfatizam a esperança. Os capítulos 12 a 16 enfatizam o amor.
Por outro lado, vemos que um grande problema referente à justiça de Deus surge diante do ponto que Paulo destaca sobre Deus: Se Deus é por Seus eleitos e nunca removerá Seu amor deles, por que Ele rejeitou Seu povo escolhido, os judeus?
Certamente parece que algo os separou de Seu amor. Por exemplo, Ele permitiu que eles experimentassem o Holocausto. Sendo assim, se Deus se afastou de Israel, os cristãos estão realmente tão seguros?
O problema se concentra na forma justa com que Deus lida com a humanidade e, portanto, era algo com o qual Paulo precisava lidar nesta epístola, que trata da justiça de Deus. Todavia, do capitulo 9-11 O apóstolo aos gentios passou a mostrar que Deus não havia removido Seu amor dos judeus. Nada os havia separado de Seu amor.
Deus não abandonou o seu povo
A forma de Deus tratar com Israel não indicam que Ele os abandonou, mas
devem ser vistos à luz de Seus planos futuros para a nação. No futuro, Deus
glorificará Israel. Portanto, no contexto da predestinação e na ênfase da soberania de Deus, Paulo nos oferece um olhar mais profundo sobre como Deus lida com seu povo e cumpre seus designíos.
Em Romanos 8:29-39 quando Paulo fala sobre a predestinação podemos
acabar chegando a conclusão de que oração é inútil, uma perda de tempo, que
simplesmente não faz diferença. Mas não é bem assim…
Se o Deus soberano faz tudo soberanamente para que orar?
Claramente, Paulo discorda dessa ideia. Ele afirma a eleição eterna de
Deus e sua determinação de salvar seu povo. No entanto, Paulo obviamente acreditava que um dos principais meios pelos quais Deus realizaria seu propósito eterno é por meio das orações de seu povo.
Afinal, nós sabemos o FIM dessa história, o povo judeu dirá: bendito é o que vem em nome do Senhor. Ou seja, o fim ordenado por Deus, a salvação dos eleitos, não ocorrerá à parte de seus meios ordenados, a oração intercessória.
O Senhor nos chama a concordar com Ele. Esse é o verdadeiro proposito da
intercessão dos santos diante do trono. Nós vamos moldar a história com Deus inclinando nossos ouvidos para o que Ele sente e pensa. Fazendo da angústia divina a nossa também.
Paulo: apóstolo aos gentios
Como dito anteriormente, Paulo demonstrava grande zelo pelo seu povo, e este zelo, foi transformado em uma dor pela condição de Israel. Ele era o homem perfeito para causar impacto entre os judeus. No entanto, o desejo de Deus era que Paulo tivesse um entendimento mais completo do seu coração.
Deus ama Israel e as nações, ou seja, não é uma luta sobre quem é o favorito de Deus, como vemos em Gálatas 3:28
Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. Gl. 3:28
Portanto, a eleição de Israel não é a rejeição das nações e nem o contrario; é o meio que Deus escolheu para cumprir o seu propósito de levar todas as nações, incluindo a nação de Israel, de volta para o Éden. E o mais lindo é que ele escolhe um povo para demonstrar isso, e sua demonstração de amor e afeto serviria de cordas de amor que nos envolveria de tal forma nessa história maior.
Deus foi fiel com Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi, e assim como Ele usou um povo judeu para comunicar seu coração, nós também seremos instrumento. Pois, se Ele usou um judeu aos gentios, por seu ministério e apostolado. Hoje, o Senhor chama e usa gentios para amarem os judeus por meio de suas orações.
A angústia de Paulo era a angústia divina
Não seria nenhum exagero considerar Romanos 9–11 a passagem mais importante do Novo Testamento para a compreensão da conexão entre Israel, a Igreja e a Grande Comissão.
Alguns podem ter pensado que Paulo odiava os judeus, visto que havia se afastado do judaísmo e agora pregava um evangelho livre da lei. Portanto, ele se esforçou para afirmar seu amor por seus irmãos judeus – com um juramento triplo.
Paulo não poderia ter sido mais taxativo no verso 1: “Digo a verdade em Cristo (1), não minto, e a minha consciência (2) confirma isso por meio do Espírito Santo (3)”.
Em uma curta afirmação, ele enfatiza por três vezes que o que ele estava para dizer não era simplesmente uma emoção ou um sentimento passageiro; era genuíno, profundo e constante, testemunhado pelo próprio Espírito. Portanto, sentimento de Paulo sobre esse assunto é algo tão impressionante que só pode ser comparado ao de Moisés, no episódio do bezerro de ouro, e ao de Jesus, quando chorou pelo povo de Jerusalém, em uma angústia divina e quando enfrentou a cruz:
Ó Jerusalém, Jerusalém, cidade que matas os profetas e apedrejas os que a ela são enviados! Quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos, como a galinha ajunta seus filhotes debaixo das asas e não quiseste! (Lucas 13:34)
Logo, Paulo estava aflito, inconsolável, agonizando pela tristeza que o consumia ao pensar na condição dos seus irmãos judeus. Isso me faz questionar a minha falta de angústia pelo que está no coração de Deus comparada à profunda angústia que Paulo sentia. Seu coração ardia pela salvação de Israel.
Paulo estava disposto a perder tudo, inclusive sua própria salvação para que Israel e as nações sejam salvas. E isso demonstra grande maturidade. Pois, maturidade é quando tudo se torna menos a respeito do eu e mais respeito do outro.
Oração e intercessão por Israel
BH Palmer, em seu livro sobre oração, disse que:
intercessão é apropriadamente chamada de “linguagem do amor” porque “em nenhuma parte da oração nos aproximamos tão grandiosamente do ofício sacerdotal como quando rompemos a crosta do egoísmo e esquecemos nossos próprios desejos e pecados. Podemos abraçar os cuidados e infortúnios dos outros – colocando nossa alma no lugar de suas almas, para que com fervor sacerdotal possamos colocá-los diante do coração de Deus.
Se não intercedermos em oração em favor de outros, pode ser que tenhamos entendido tudo errado o que é a intercessão. Ou seja, a intercessão não é primeiro eu colocando meus fardos no coração de Deus, mas sim Deus colocando seus fardos em nossos corações.
Portanto, em nossa geração, quando a controvérsia sobre Israel e o destino do povo judeu têm tomado proporções globais, com aumento do ódio e de práticas antissemitas, a Igreja precisa urgentemente ser batizada no coração de Deus e sentir o que ele sente pelo seu povo, Israel.
O fruto da angústia de Paulo
Paulo estava nos muros de Jerusalém, como dito em Isaías 62: “nos teus muros, ó, Jerusalém…”. Vemos isso em Romanos 10:1: “Irmãos, o desejo do meu coração e minha oração a Deus por eles é para a sua salvação.” O fruto da angústia de Paulo pelo seu povo que foi afastado de Cristo é desejar a salvação deles e orar para que sejam salvos.
Portanto, não devemos seguir o raciocínio de homens céticos aqui: “Não há razão para orar pelos pecadores se Deus é soberano para salvar.” Em vez disso, devemos pensar assim: “Porque Deus é soberano para salvar, orarei pelos pecadores com esperança.”
Paulo orou pela salvação de Israel, Cristo orou na cruz pela salvação deles, portanto, eu também orarei. Que a angústia divina se torne a angústia em meu coração.
O Senhor nos convida a se alegrar com os que se alegram, e a chorar com os que choram, mas hoje Ele enfatiza para que nos acheguemos a ele para chorar pelo o que Ele chora e se alegrar com o que Ele se alegra ( a menina dos seus olhos, Israel).