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Semana de Páscoa: Jesus, a Cruz e um caminho

O que as pessoas a nossa volta pensam a respeito de Jesus? Por que foi necessária a Cruz? Para além da moral e da ética,Jesus veio nos resgatar da condenação eterna. Você entende a profundidade disso? São sobre essas questões que o texto de hoje, da série de Páscoa, irá abordar.

“E saiu Jesus, e os seus discípulos, para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: João o Batista; e outros: Elias; mas outros: Um dos profetas. E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo.
E admoestou-os, para que a ninguém dissessem aquilo dele. E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria.” Marcos 8:27-31

Qual a visão popular sobre Jesus?

A percepção popular sobre Jesus era de um profeta, um dos grandes homens enviados por Deus com um bom ensino, apoiador de boas causas, um mestre que realizava milagres. De semelhante modo, essa continua sendo a forma com que Jesus é visto pelas pessoas em nossa sociedade.

A Cruz não era uma opção

O sofrimento de Jesus não era uma opção, era algo necessário (v. 31). A vontade do Pai era que o Filho do Homem passasse por um sofrimento intenso. Esse sofrimento envolvia ser rejeitado pelas pessoas mais influentes da sociedade, ser maltratado e morto.

Pedro repreende Jesus por falar sobre a Sua morte (v.32). Isso mostra que Pedro queria o Jesus dos milagres, o Jesus adorado pelas multidões, mas não o Jesus da cruz.

Ainda nos dias de hoje, muitos querem um Jesus sem a cruz. Porque sempre haverá aceitação para um Jesus que oferece um bom ensino ético e moral.

Isso ocorre inclusive dentro da igreja: querem um Jesus que ensine uma boa mensagem, que tenha um bom diálogo com a sociedade, que aceita a todos e não incomoda ninguém, um Jesus que se encaixe nas vidas dessas pessoas. Porém, uma igreja que segue um Jesus sem cruz não consegue lidar com o pecado do homem.

Mas qual é o problema de um Jesus sem cruz?

Em outras palavras, se as pessoas vivem uma vida melhor, aprendem moralidade e boas condutas e tem suas necessidades supridas, qual é o problema? Jesus responde de forma direta (v.33): nós ficamos entretidos demais com as coisas dos homens e deixamos de cuidar das coisas de Deus. Não compreendemos que a maior enfermidade que Jesus deseja curar é o pecado que está dentro de nós.

Devemos ser gratos pelas provisões, curas e milagres, mas entender que eles podem trazer a solução e conforto para hoje, mas não para o dia do grande encontro que teremos com o Senhor.

O homem pode questionar a economia e a saúde pública, estar apreensivo sobre o futuro e tentar antecipar uma solução para os problemas. Mas quando colocamos nossa mente nas coisas de Deus, começamos a entender a grande necessidade que temos do Jesus da cruz: um Salvador que nos lave dos pecados e faça paz entre o homem e Deus, criando um caminho que nos levará de volta a Ele.

Assim, quando entendemos a gravidade da doença que existe dentro do homem, compreendemos a importância de abraçar a cruz e viver os ensinamentos de Cristo.

Jesus veio nos resgatar

O objetivo de Jesus não era curar as doenças do corpo ou alimentar uma multidão. Ele pode nos saciar momentaneamente, mas através de seu momento de sofrimento e rejeição, o Pão da Vida nos seria dado e nossa fome, para sempre aplacada, a doença do pecado, para sempre retirada dos corações.

O Jesus da cruz está disponível para aqueles que o amam e desejam. Para os que querem encontrá-lo além da boa ética moral e das bençãos, só existe um Jesus, que é o Jesus da cruz.

Quando colocamos a mente nas coisas de Deus, percebermos que tudo o que fazemos não muda a condição humana ou compra nossa salvação. A única esperança que temos é permitir que a mensagem de Cristo rasgue nosso coração, nos arrependermos de nossos maus caminhos e nos encontrarmos com Jesus na cruz.

Qual é o impacto da Páscoa para nós, seguidores de Cristo? Aqui, nesse terceiro texto da série da Páscoa, vamos compreender o ministério da reconciliação em Jesus Cristo, por meio da Cruz do Calvário, e refletir sobre qual deve ser o nosso papel hoje diante dessa realidade.

“E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” 2 Co 5:18-21

A gloriosa doutrina da reconciliação é digna da nossa atenção pois trata da obra de Cristo.

Vemos que a entrada do pecado resultou numa morte prematura, a separação de Deus e o que era totalmente harmonioso e unido foi quebrado.

Porém, Deus estende sua graça e estabelece reconciliação, e portanto, é glorioso ver o ofendido procurando o ofensor. E isso somente foi possível por meio Cristo. Além do mais, Ele foi o único capaz de reconciliar a humanidade e toda a criação com Deus.

Assim, reconciliar significa a troca de valores equivalentes. Portanto, Deus olhou para o Seu Filho com valor supremo e trocou Jesus por nós, para Ele foi uma troca equivalente.

Além disso, a dívida que nós tínhamos era impagável, mas o ofendido chega até nós e limpa a nossa dívida – o que é colocado sobre nós é a justiça de Deus.

Então, na cruz, Deus trata Jesus como se ele tivesse vivido a nossa vida de pecado, e agora Ele nos trata como se vivêssemos a de Cristo.  Já pensou em que magnífica a obra da substituição?

Fomos reconciliados num lugar em que éramos inimigos e agora somos da família de Deus e filhos de Dele!

O significado da Páscoa

Assim, a Páscoa é a grande oportunidade para que aqueles que são inimigos de Deus, se tornem amigos de Deus. Além do mais, na reconciliação, alguém nos substituiu, alguém morreu por nós. E assim, Jesus é o único e vivo caminho para redenção. É essa mensagem da reconciliação que o mundo precisa conhecer.

Assim, não é compatível carregamos uma mensagem de reconciliação e não sermos reconciliadores.

Portanto, todo cristão tem o ministério da reconciliação, por isso precisamos anunciar que Deus quer se reconciliar com o mundo.

Qual o significado da obra de Jesus na Cruz?

“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se
cumprisse, disse: Tenho sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre
uma esponja, e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre,
disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” João 19:28-30 

Portanto, se quisermos ver toda a extensão do amor de Cristo, certamente a encontraremos olhando para a Cruz.

A Cruz é o centro da fé cristã, por isso é importante lembrarmos do que aconteceu naquele momento.

No caminho da Cruz

A História conta que Jesus é pregado na cruz às 9 horas da manhã de sexta-feira. Entre 9 e 12h, Jesus está preso na cruz e durante esse período de 3 horas de sofrimento Ele fala apenas três vezes. (Lc 23:34, 43 e Jo 19:26-27)

Logo, Ele morreu em silêncio “como um cordeiro levado ao matadouro”, como o profeta Isaías havia dito. (Is 53:7)
Portanto, depois de 6 horas de silêncio, Jesus clama “estou com sede”.

Em algum momento de nossas vidas, teremos um ponto de sofrimento onde pensaremos estar no limite do nosso sofrimento, de extrema dor. Todavia, podemos lembrar que Jesus também já esteve em um lugar onde Ele já não mais aguentava o peso da dor e Ele clama por ajuda. Assim, o nosso Senhor chegou no limite da mais profunda dor, não só física, mas de abandono, de solidão, de traição.

Em todas as religiões do mundo, nenhuma apresenta um Deus que sofre, um Deus que conheceu a dor. Mas, podemos correr para um Deus que sofreu uma dor que nunca imaginaríamos. E além disso, uma dor não somente física, mas a dor do abandono que Deus Pai inflige sobre o Filho. Logo, não há ninguém como Ele a quem podemos nos achegar.

Jesus conscientemente cumpriu as profecias do Antigo Testamento. Afinal, Ele conscientemente sofre e passa pela cruz sabendo que havia uma profecia em que o Filho de Deus clamaria por sede, cumprindo assim as Escrituras.

Na cruz, Jesus mostra que Ele cumpre cada detalhe do que foi prometido nas Escrituras. E assim, Ele não tinha só uma sede física, mas uma sede por cumprir o que estava escrito. Não só no Antigo Testamento, mas o que o próprio Jesus havia prometido (João 7:37).

Está consumado

E sabendo Jesus que estava cumprindo o que prometeu, declarou “está consumado”.

Ser cristão é ter acesso a fonte inesgotável de água, Jesus. Além do mais, Ele foi ferido como Moisés feriu a rocha para que nós pudéssemos ter água, e também, para termos o Espírito Santo e caminho que leva de volta ao Pai.

Jesus tinha sede de viver novamente a conexão com o Deus Pai que Ele tinha momentos antes, Ele deseja trazer as pessoas que Ele redimiu à presença do Pai, Ele tem sede de ver o fruto do seu sofrimento.

A obra de Jesus na Cruz

Quando entendemos a obra pascoal, Jesus é glorificado e o seu sofrimento não é em vão.

Que possamos viver o fruto do sofrimento de Cristo, que suportou a cruz pela a alegria que estava proposta (Hb 12:2).

Da primeira à última Páscoa. O que de fato era a Páscoa e como foi sua primeira celebração?   

Antes de mais nada, acho importante compreendermos o que Jesus fez na sua última Páscoa com seus discípulos, a luz do que aconteceu na primeira Páscoa no Antigo Testamento. A Páscoa que se instituiu nos capítulos 11 e 12 de Êxodo. 

A palavra Páscoa está relacionada ao termo hebraico Pessach que significa “passar por cima, passar sobre” se referindo ao livramento que o povo de Israel recebeu. A Páscoa é a primeira das três principais festas que o povo celebrava. 

A Páscoa precede a libertação

A saber, o povo hebreu estava sendo escravizado no Egito. Então Deus enviou dez pragas a fim de mostrar seu poder perante Faraó e libertar o seu povo. Por trás de cada praga que Deus enviou antes da libertação do povo do Egito, era com o propósito de humilhar uma divindade daquele lugar. Todavia, quando Deus envia a última praga era com o intuito de humilhar o próprio Faraó. 

À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; E todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que haveria de assentar-se sobre o seu trono, até ao primogênito da serva que está detrás da mó, e todo o primogênito dos animais. E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, como nunca houve semelhante e nunca haverá”; Êxodo 11:4-6.

 Esse momento final, da última praga, está ligado ao tanto que Faraó tinha feito o povo sofrer então, ele tinha que sentir na pele a morte de seu primogênito e também de todo o seu povo. 

Logo, Faraó era visto como um ser divino e seu filho seria seu sucessor nesse papel divino humano. Mas, todos os primogênitos estavam sujeitos à morte com o envio da última praga, a não ser  que algo fosse feito. 

Nesse sentido, um cordeiro sem defeito teria que ser imolado e seu sangue colocado nos umbrais das casas dos hebreus. Então, o anjo passaria e não mataria o primogênito dessas casas marcadas. Por isso a Páscoa precede a libertação e passa a ser  a celebração da última praga que Deus livrou seu povo, porque obedeceram a sua ordem de colocar sangue nos umbrais das portas. Essa foi uma forma de mostrar que nessas casas haviam pessoas de aliança com Deus. 

A festa da primeira Páscoa

Deus estabelece a festa da primeira Páscoa nessa ocasião da libertação do povo de Israel do Egito. O capítulo 12 mostra isso: “O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito. Este dia será um memorial que vocês e todos os seus descendentes o comemorarão como festa ao Senhor. Comemorem-no como decreto perpétuo”. Êxodo 12:13,14.

Dessa forma, o final do capítulo 12 mostra as recomendações de como a primeira Páscoa deveria ser celebrada dentro da comunidade de Israel quando eles, de fato, receberam a grande libertação. 

A libertação mostra a superioridade de Deus sobre outros deuses falsos, os poderios humanos e a força tirana dos governantes maus. E assim como Deus mostrou justiça, misericórdia e poder trazendo a maior libertação da história do povo hebreu da escravidão egípcia, Ele continua agindo hoje poderosamente produzindo grandes libertações e, sobretudo, libertação espiritual. 

A última Páscoa

Assim, em sua última Páscoa com seus discípulos, na noite antes de sua morte, Jesus diz: “Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer. Pois, eu lhes digo: Não comerei dela novamente até que se cumpra no Reino de Deus”.Lucas 22:15,16. 

Portanto, muitas instruções foram  dadas para a primeira Páscoa. Ela apontava para a última Páscoa. Eles precisavam de um cordeiro sem defeitos antes de saírem para um êxodo. 

Então, após a libertação deles, um êxodo foi necessário para prepará-los para a tão aguardada terra prometida. E nessa peregrinação, nesse êxodo em que Deus fez  coisas maravilhosas por meio de Moisés, vemos que o que Ele  fez por meio de Jesus é muito maior. Você percebe? Temos um novo Moisés, um que liberta o povo definitivamente. Cristo está nos liderando para um novo êxodo, nós precisamos ser libertos também e preparados para à terra prometida.

A Páscoa é necessária para o êxodo, sem Páscoa não há êxodo. Sem cordeiro não há libertação. Assim como os hebreus precisaram comer e estar preparados antes da peregrinação, nós também estamos em jornada, sendo preparados para uma terra que não conhecemos ainda, mas que já cremos.

Assim, Jesus é nosso cordeiro sem defeitos, Ele foi analisado por autoridades e nenhuma falha foi encontrada. Mas eles precisavam condená-lo. O sangue está disponível, Ele foi morto. O cordeiro que vinha sendo anunciado pelos profetas agora está ali com seus discípulos anunciando que as profecias são  sobre Ele. Nós precisamos de um novo êxodo e de salvação. Nós necessitamos de uma Páscoa e um cordeiro. 

A ordem de Deus é para celebrarmos a Páscoa

Sem dúvida a Páscoa não é simplesmente um feriado em nosso calendário.  Ela aponta para nossa necessidade maior. Precisamos de uma libertação e de um êxodo. A Páscoa das Páscoas já aconteceu e agora temos nosso cordeiro perfeito. E a partir dessa realidade, precisamos ter consciência da  nossa necessidade de um cordeiro sacrificado por nós. Um cordeiro que ressuscitou e nos garante a esperança de um último êxodo definitivo.

Assim como Jesus disse que não mais cearia até que se cumpra no reino de Deus, nós celebramos a Páscoa justamente para lembrar essa promessa. A primeira Páscoa marcou a libertação do povo de Deus do Egito. A última Páscoa com Jesus presente marca a libertação dos filhos de Deus da escravidão do pecado, pela morte e ressurreição de Jesus. O verdadeiro cordeiro perfeito. Por isso ceiamos, pois celebramos a vitória de Cristo.

Por fim, a ordem de Deus é para celebrarmos a Páscoa. Esse é um memorial perpétuo que deve permanecer em nossa prática. Isso significa que devemos nos lembrar dos grandes feitos de Deus na história em favor do seu povo e nos reunir em família, em comunidade e como igreja e comemorar com o espírito correto aquilo que Deus ordenou. 

Mas se a Páscoa não for uma realidade em nossa vida, se Deus não trouxe libertação ao nosso coração então, nossa comemoração será vazia. Observe, hoje, se seu coração foi libertado por Cristo Jesus e se você já está em comunhão com Deus. Então sim! Sua Páscoa será verdadeira e completa.

Pai, obrigada, porque devido ao cordeiro uma Páscoa foi possível.

As disciplinas espirituais são praticadas pelo povo de Deus há muito tempo. Para os patriarcas, Deus aparecia, se manifestava e os orientava em como prosseguir, como orar e jejuar. Naquela época a palavra era transmitida oralmente, então vemos Deus orientando como ensinar aos filhos e como memorizar a palavra (Dt 6: 4-10). Ao longo de toda a história do povo de Deus,  nós vemos que esses recursos ajudavam as pessoas a se relacionarem com ele. Depois foi ficando mais estruturado.

Acompanhando a narrativa bíblica, vemos que as sinagogas e os cultos surgem. E depois, com Jesus, fica ainda mais claro, pois ele mesmo praticava essas disciplinas no seu dia a dia. Ele se retirava para orar sozinho, participava na sinagoga (Mc 1:21), ouvia a leitura do pergaminho, dos rolos e meditava nessas palavras. Vemos os próprios discípulos perguntando a ele como deveriam orar. Nas cartas de Paulo temos muitas orientações para nos esforçarmos em ter uma vida de devoção, na meditação, na oração, no ensino da palavra, no servir ao próximo e por aí em diante (Col. 1:9-12). Dessa forma, percebemos que as disciplinas estão presentes e são necessárias na vida dos cristãos desde sempre.

A prática das disciplinas espirituais enquanto esperamos em Deus

A maioria de nós pensa erroneamente que Deus irá nos transformar e que nós não precisamos fazer nada. E é por pensar assim que vemos tantos cristãos infrutíferos, imaturos e com uma fé superficial. Precisamos ver a relação que há na vida prática com a nossa fé.  E é aqui que as disciplinas entram. Para nos ajudar a trazer o foco do nosso dia a dia para Deus e a nos lembrar de uma maneira muito mais intencional que Ele existe. E nesse processo, o Espírito Santo irá nos transformar, mas agora conosco intencionalmente buscando isso. Você percebe a diferença?

As disciplinas espirituais nos ajudam em nossos momentos de espera. O que fazemos enquanto esperamos em Deus? As disciplinas são recursos que nos ajudam a ver que Deus está conosco enquanto esperamos nele. Estamos sendo formados a imagem de Cristo nessa espera. E as disciplinas espirituais são recursos que nos colocam intencionalmente em contato com Deus. Então enquanto esperamos nele, nós não ficamos sem fazer nada e apenas esperamos a ação do Espírito Santo. Não! É uma espera ativa.

Usamos nosso tempo, nossa energia, nossa mente. Nós nos submetemos à ação do Espírito Santo, consciente disso. Qual é o mínimo que se espera de um cristão? Que ele ao menos leia a bíblia e tenha uma vida de oração. Essas duas são as principais disciplinas espirituais de onde todas as outras se desenvolverão.  Não há desculpas para o exercício das disciplinas espirituais. 

Disciplinas Espirituais individuais e coletivas

Existem disciplinas que praticamos individualmente, como o silêncio. Para uma boa leitura e meditação da palavra, precisamos do silêncio. A solitude, onde nos retiramos para um tempo de oração a sós. Vemos no evangelho de Lucas, Jesus fazer muito isso. Uma disciplina que eu acho muito interessante é a simplicidade. Ela tem a ver com escolhas que fazemos. Porque temos a tendência de complicarmos e nos ocuparmos com tantas coisas ao invés de simplificar. O descanso é também uma disciplina que muitas vezes ignoramos.  

Temos disciplinas que praticaremos em conjunto, como o servir e a submissão. Praticamos elas quando ajudamos e nos submetemos uns aos outros no serviço mútuo. A memorização  e o estudo da palavra também são disciplinas que praticamos no coletivo. Enfim, são muitas opções para nos ajudar a abranger uma vida de devoção para todo o nosso dia, para toda a nossa semana. E não apenas no domingo ao irmos para o culto, por exemplo. Tem a ver com a nossa rotina de vida. Afinal, somos cristãos em tempo integral e não apenas aos domingos.

Exercer as disciplinas de forma errada

O que dá sentido ao nosso tempo? Como enxergamos a realidade de nossa vida? O que buscamos para trazer felicidade à nossa vida? Se essas questões não estiverem baseadas na revelação de Deus na palavra, tudo o que fazemos ao longo do nosso dia estará distorcido. E a nossa prática das disciplinas estará também. Sabe como? Quando praticamos as disciplinas como barganha com Deus. Por exemplo: vou fazer jejum porque eu quero que Deus faça tal coisa por mim.  

Essas distorções nas práticas espirituais estão ligadas a uma compreensão errada. Talvez hajam pensamentos assim: eu sou uma pessoa boa, então vou fazer tal disciplina porque Deus vai se comprometer comigo no que eu quero. Em retorno ao que eu faço, Ele me dá algo. Como se as nossas obras mudassem a ação de Deus e o desejo dele em nos abençoar ou não. Corrija esse pensamento. Pois as disciplinas são recursos que usamos para nos moldar ainda mais a imagem de Cristo. Jesus é o nosso exemplo. Ele nos ensinou como nos relacionarmos com o Pai através de sua vida aqui. 

A prática das disciplinas nos molda à imagem de Cristo

A palavra nos ensina que Deus é Senhor sobre tudo e que Ele está agindo agora mesmo, redimindo todas as coisas, inclusive a nós mesmos.  Que Jesus veio, invadiu nossa realidade, morreu e ressuscitou e está à direita do Pai já reinando com poder sobre todas as coisas. Deus não está distante. Então até a redenção total, cada ação nossa importa porque está relacionada com a ação de Deus no mundo hoje. 

Por isso, praticar as disciplinas no dia a dia, nos molda à imagem de Cristo. Deus está conosco ao longo do nosso dia. Compreender isso é o primeiro passo para uma grande mudança em nossa renovação de mente. Não fazemos isso sozinhos, isso nos leva ao segundo passo, a nossa participação em uma comunidade de fé. A comunhão dos santos, pessoas que compreendem essa narrativa, essa realidade de vida, que ensinam umas às outras e incentivam umas às outras. Com o encorajamento mútuo, o carregar os fardos uns dos outros. Nos levando às práticas das disciplinas espirituais e assim estamos sendo moldados à imagem de Cristo. Refletindo a sua imagem ao servir a ele e ao próximo.

Que Deus ajude todos a viverem de forma digna ao chamado dele. Que possamos refletir sua imagem, sendo moldados pelo Espírito Santo. Deus está ativo nesse processo de nos transformar. Que alegria saber disso.

Originalmente publicado em 06 de Agosto de 2021

Qual o objetivo de se praticar as disciplinas espirituais uma vez que já estamos salvos em Jesus Cristo? A resposta para este questionamento já levou muitos de nós para algum desses caminhos diferentes em um momento da nossa vida: o de condenação e o de espiritualidade sadia.

O caminho da condenação nos fez acreditar que poderíamos ser salvos e justificados pelas nossas próprias obras, ao praticar as disciplinas espirituais. Nos sentimos orgulhosos e poderosos, porque “parecíamos” mais santos do que os outros. Isso é semelhante aos fariseus que Jesus descreveu, orando e jejuando com um coração cheio de orgulho pelo seu sacrifício espiritual.

Por outro lado, podemos aprender com o Senhor Jesus que nos tornamos cada vez mais maduros em nosso relacionamento de intimidade com Deus quando praticamos as disciplinas espirituais, diferentemente dos fariseus que usavam as  disciplinas com o interesse de se autopromover.

 

Disciplinas espirituais: um caminho para a maturidade

 

Quando pensamos na palavra “disciplina”, geralmente, o que vem à nossa mente de imediato é uma ideia de sacrifício e perseverança. E logo nos lembramos da disciplina empenhada por atletas que precisam de alta performance para alcançar seus objetivos.

Eles se exercitam para que seu corpo seja capaz de corresponder ao máximo em curto tempo e sob pressão. Sua alimentação é balanceada e sua rotina é bastante abnegada, para serem capazes de ganharem um prêmio.

Nesse caso, eles entendem que o resultado não será imediato, mas demandará tempo e repetição no secreto, longe dos olhos das pessoas. Exigirá mudança de hábitos e constância para se aperfeiçoarem a cada dia. 

Aprendi com um querido pastor que assim também funciona a nossa vida espiritual. As disciplinas espirituais funcionam como esse preparo físico do atleta. Ela é o caminho para a maturidade. A maturidade espiritual não é medida pelo muito saber, mas pela obediência, por um coração que ouve as palavras de Cristo e as pratica.

Da mesma forma que ocorre com os nossos músculos ou com novos hábitos que desejamos agregar e que exige repetição, assim também a precisamos exercitar a nossa vida espiritual. Mas para qual objetivo?

 

Disciplinas espirituais: fortalecidos em nosso homem interior

 

Jesus tinha uma vida exterior e pública capaz de atender aos necessitados e de conversar com os doutores da lei, nutrida por uma vida interior prática. Ele só poderia fazer milagres e transmitir a sabedoria e a salvação do Reino de Deus, depois de anos praticando sua espiritualidade no secreto, ou até mesmo antes de tomar algumas decisões ou de falar. 

Pois Eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me deu ordens sobre o que Eu deveria dizer e o que proclamar. João 12.49

Ele nos ensinou a ouvir as suas palavras e as praticar comparando com alguém que constrói a sua casa na rocha. Os cristãos que não praticam as suas palavras constroem sua casa na areia. As tempestades da vida virão e eles estarão suscetíveis a cair por qualquer vento.

O objetivo de praticar as disciplinas espirituais é fortalecer nosso homem interior.

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia. 2 Coríntios 4:16

 

Disciplinas espirituais: uma vida de intimidade com Deus

 

Praticar as disciplinas espirituais não é uma caminhada solitária, mas intencional. É uma jornada que percorremos na companhia do Espírito Santo de Deus nos levando à estatura do varão perfeito que é Cristo.

Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Efésios 4:13-15

Não se trata de práticas para obter salvação, porque já somos filhos amados de Deus. Também não se trata de uma tentativa de sermos mais amados por Deus, porque já fomos comprados pelo seu sangue. Trata-se de uma graça divina, que apesar de gratuita, é de alto preço. 

Praticar as disciplinas espirituais é um convite de Cristo para todo cristão que deseja seguir os passos de seu Mestre e vivermos a vida abundante, pisando em cada pegada deixada pelo caminho, até nos tornarmos como ele e nos encontrarmos na glória.

 

Conclusão

 

A prática das disciplinas espirituais não tem o objetivo de nos tornar introvertidos ou alienados do mundo, mas de despertar nosso interior para saborearmos melhor a realidade que Deus criou. Neste processo, a Shalom de Deus equilibra os amores do nosso coração para buscarmos a Deus acima de todas as coisas e amarmos o nosso próximo como a nós mesmos.

Não percebemos o quanto os amores constantemente moldam nossos desejos. Por mais que saibamos o quanto nossa cultura imediatista preza pelo consumismo, não nos damos conta do quanto nosso interior é orientado por esses padrões. As disciplinas espirituais vão na contramão disso. Quanto mais buscamos viver os passos de Jesus, mais encontramos nele o tesouro da vida.

Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Gálatas 6.14

 

O principal objetivo das Disciplinas Espirituais é nos fazer parecidos com Jesus. A verdade é que não precisamos “adivinhar” quem Deus É, como Ele age e qual é o seu caráter. Mas podemos conhecê-lo se andarmos com Ele. As Disciplinas Espirituais ajudam nesse processo, que também é possível chamar de santificação.

Boa parte de nós teme a palavra disciplina! Talvez por ela ter sido aplicada em um contexto de injustiça. Por exemplo, quando eu era criança, levei algumas surras e era natural ouvir minha mão dizendo: “Estou te disciplinando porque te amo e não quero ver você sofrendo!”. Sim, eu sei que essa era a verdade profunda do coração dela, mas isso não anula as surras que foram dadas de forma injusta. Por outro lado, posso dizer que em outros momentos, a disciplina aplicada trouxe grande ensino e me fez crescer em maturidade.

Antes de mais nada, é importante entender que a disciplina não é um castigo e nem precisa ser um suplício. Afinal, quantas pessoas têm sido extremamente disciplinadas quanto a sua vida profissional a fim de realizar seus objetivos particulares e de negócios? E por que boa parte dos cristãos encontram grande dificuldade para se esmerar em sua vida com Deus? Simples: a luta contra carne continua por aqui! Saiba, porém, que as Disciplinas Espirituais é um meio de graça que o Senhor nos deixou para crescermos em nosso relacionamento com Ele.

 Quais são as Disciplinas Espirituais?

“Disciplinas Espirituais são as disciplinas pessoais e corporativas que promovem crescimento espiritual. São hábitos de devoção e cristianismo experimental que têm sido praticadas pelo povo de Deus desde os tempos bíblicos.”  Donald S. Whitney

Quando nos referimos a este termo, estamos falando a respeito de: leitura e estudo da palavra, oração, jejum, solitude, doar generosamente, comunhão e adoração. São ações práticas da fé que motivadas por amor profundo a Deus gera transformação pessoal.

Segundo Donald S. Whitney, “Deus usa três catalisadores básicos para nos mudar e nos conformar à semelhança de Cristo, mas somente um pode ser amplamente controlado por nós.”

Catalisadores de transformação:

O primeiro catalisador destacado por Donald são as pessoas: “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro (Provérbios 27:17). O Senhor usa os relacionamentos nos ensinando a amar até mesmo os nossos inimigos. Somos aperfeiçoados e crescemos através da comunhão dos santos. Aprendemos a receber perdão e a perdoar.

O segundo, são as circunstâncias: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8:28). Nada acontece sem a permissão do Senhor e mesmo em meio às pressões do dia a dia e aos problemas que enfrentamos, temos esperança e convicção de fé. Entendemos que nada pode nos separar do amor de Deus e sabemos que o Senhor está sempre conosco.  

Estes dois catalisadores são externos e não é possível ter controle sobre eles. Porém, quando se trata do terceiro, das Disciplinas Espirituais, Deus age em nós de dentro para fora. Além disso Donald afirma:

“As Disciplinas Espirituais também diferem dos outros dois métodos de mudança porque Deus nos concede uma medida de escolha a respeito do envolvimento com elas. Nós muitas vezes temos pouca escolha em relação às pessoas e circunstâncias que Deus traz às nossas vidas, mas podemos decidir, por exemplo, se iremos ler a Bíblia ou jejuar hoje.”

 Buscando santidade através das Disciplinas Espirituais

“Não devemos simplesmente esperar pela santidade, devemos buscá-la.” Donald S. Whitney

Não podemos pensar que a santidade cairá de paraquedas sobre nós ou que fluirá milagrosamente do nosso interior sem que Cristo seja a nossa primazia. Em The Cost of Discipleship (O Custo do Discipulado), Dietrich Bonhoeffer deixa claro que a graça é grátis, mas não é barata. Além disso, existe um propósito para a manifestação da graça.

“Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos. Ela nos educa para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos neste mundo de forma sensata, justa e piedosa, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. Ele deu a si mesmo por nós, a fim de nos remir de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, dedicado à prática de boas obras. Tito 2:11-14

Jesus pagou um alto preço para que tivéssemos acesso ao Pai. Nós podemos nos relacionar com o Senhor e isso acontece através da meditação (estudo e leitura da Palavra), da oração, da adoração, e de uma vida de fé condizente com as escrituras. Sim! Não é pelo nosso esforço humano que chegamos a Deus, é pela fé, e pelo mover do Espírito Santo em nós. Mas, é neste lugar de ligação que o Senhor deseja nos manter.

Jesus afirmou que só daremos frutos se permanecermos ligados na videira (João 15). Mas lembre-se, o propósito de seu coração é que sejamos seu povo exclusivo e dedicado à prática de boas obras. As Disciplinas Espirituais são importantes para crescimento em santificação. Por este motivo, apresentarei algumas delas neste devocional.

Disciplinas Espirituais: Meditação na Palavra

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” 2 Timóteo 3:16,17

A Bíblia é o Livro de Deus. Com ela podemos conhecer o Senhor. Podemos aprender sobre o caráter e o coração do Pai e a respeito do Filho. A Bíblia exorta, mas também consola. Ele refrigera a nossa alma e nos ensina como proceder em amor. 2 Coríntios 3:6 nos diz que a letra mata, mas o Espírito vivifica. Não se pode compreender a Palavra sem a revelação do Espírito Santo.

Para ter consistência no relacionamento com as Escrituras é importante encontrar tempo para a leitura. Sabia que se ler 15 minutos por dia, terá lido a Bíblia toda em menos de 1 ano? E se ler 5 minutos por dia, lerá a Bíblia toda em menos de três anos. Ter um plano de leitura te ajudará a manter o foco. Além de lê-la, aprenda a meditar nela. O que isto quer dizer? É preciso parar para refletir sobre o ensino.

Saiba, porém, que a Bíblia foi escrita por homens usados por Deus, em um determinado tempo e para pessoas e situações específicas. No Método Indutivo do Estudo Bíblico, por exemplo, aprendemos a:

  • Observar – o que o texto diz
  • Interpretar – o que o texto significou para os ouvintes primitivos e,
  • Aplicar – o que o texto significa para nós hoje.

Apenas se lembre que, como descrito no Salmo 1, aquele que tem prazer na lei do Senhor e nela medita de dia e de noite, será como uma árvore plantada junto a corrente de águas, que dará fruto.

Disciplinas Espirituais: Oração

“Dediquem-se a oração” Colossenses 4:2

“Orem continuamente”1 Tessalonicenses 5:17

Orar é uma forma de amar. Pois, quando nos colocamos diante do Senhor, nós falamos sobre o que pensamos, sentimos, desejamos, mas também aquietamos a nossa alma para ouvir o Pai, e aprendemos a orar com o Espírito Santo. Além disso, Jesus já esperava nossas orações, assim como os nossos jejuns. Afinal, está escrito:

“E quando vocês orarem…” Mateus 5:5

“Mas quando você orar…” Mateus 6:6

“E quando orarem…” Mateus 6:7

“Vocês, orem assim…” Mateus 6:9

 “Por isso lhes digo: Peçam;… busquem;… batam…” Lucas 11:9

“Então, Jesus contou aos seus discípulos… que eles deveriam orar sempre…” Lucas 18:1

Mais que uma imensa lista de pedidos egoístas, a oração nos dá oportunidade de entrar em parceria com Deus para orarmos segundo a sua vontade e conforme a sua Palavra. Falamos de volta para Ele o que Ele já tem falado sobre nós.

Disciplinas Espirituais: Jejum

“Quando vocês jejuarem, não fiquem com uma aparência triste, como os hipócritas; porque desfiguram o rosto a fim de parecer aos outros que estão jejuando. Em verdade lhes digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, a fim de não parecer aos outros que você está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa.” Mateus 6:16-18

Outra Disciplina Espiritual é o jejum, o que não é apenas se abster de alimentos para perder alguns quilinhos. A abstinência voluntária tem um propósito espiritual. Na Bíblia, existem jejuns particulares, congregacionais e até nacionais, chamados por uma liderança e com o fim de arrependimento, por exemplo.  Mas, existem outros exemplos bíblicos de jejum e te encorajo a pesquisar sobre eles.

Jesus disse que os seus discípulos jejuariam quando chegasse a hora. Ele também nos ensinou um padrão de jejum, que como tudo que diz respeito às Disciplinas Espirituais, tem a ver com a motivação do coração. Se orarmos, lemos a palavra ou jejuarmos apenas para sermos vistos pelos homens ou para cumprir uma regra, então, já recebemos a nossa recompensa. Entretanto, tudo que for feito em secreto será recompensado pelo próprio Deus.

Originalmente publicado em 13 de agosto de 2021

“Quem creu na nossa pregação? A quem se manifestou o braço do Senhor?” Isaías 53:1

 

Isaías 53 já começa sugerindo que a incredulidade é a resposta natural do homem ao evangelho. Ou seja, o motivo pelo qual nós precisamos de um Salvador é porque a natureza humana naturalmente não crê em Deus. Isso não serve apenas para aqueles que não conhecem Jesus. Por isso precisamos entender que a incredulidade é tragicamente normal. 

 

A vinda de Jesus ao mundo foi anunciada por anjos, as boas novas que traziam alegria. Logo, era esperado que todos abraçassem essa notícia com alegria. Mas a verdade é que ao redor do mundo, em toda cultura, a resposta dominante ao evangelho é a incredulidade. 

 

Um jovem universitário que prega para seus colegas, um pastor que abre uma igreja em lugares onde ninguém quer ir, irão enfrentar a incredulidade do coração humano, pois naturalmente as pessoas não querem Jesus. 

 

O homem natural não aceita as coisas de Deus

O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são absurdas; e não pode entendê-las, pois se compreendem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14

 

Nós vivemos em um mundo de incredulidade e isso não deveria nos surpreender, pois o homem natural não consegue aceitar as coisas de Deus pois elas são absurdas. Se um homem debaixo da inspiração direta do Espírito Santo, como Isaías, teve a sua mensagem rejeitada, quanto mais o ministério da pregação nos dias de hoje.

 

Como disse o profeta Isaías

Quando Paulo vai a Roma pregar o evangelho ele diz, “Quão belos são os pés daqueles que anunciam as boas novas”  (Romanos 10:15b). Mas Paulo, mesmo sendo o principal missionário de seu tempo e pregando o evangelho debaixo do poder do Espírito, ainda assim percebeu que a resposta imediata à sua pregação era a incredulidade. Assim, ele cita o texto de Isaías:

 

“Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa mensagem?” Romanos 10:16

 

Até mesmo Jesus, no capítulo 12 de João vai dizer que mesmo tendo feito tantos sinais, as pessoas não creram nele, para que assim, pudesse se cumprir o que o profeta havia dito.

 

Logo, ninguém poderia ter ouvido de forma mais convincente do que os que ouviram Isaías. Assim como ninguém poderia ter percebido o evangelho do Reino de Deus de maneira mais convincente do que os que viram os milagres pelas mãos do próprio Cristo e também, ou até mesmo os que ouviram a pregação do missionário Paulo. Contudo, mesmo diante disso, a resposta dominante ao Ministério desses três homens foi a incredulidade.

 

A incredulidade é ofensiva para Deus

Mas, quanto aos covardes, incrédulos, abomináveis, homicidas, adúlteros, feiticeiros, idólatras e todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte. Apocalipse 21:8

 

A grande verdade é que aqueles que permanecerem na incredulidade estarão perdidos para sempre. Assim, não importa o quão perfeita seja a minha conduta, o incrédulo não herdará o Reino de Deus, pois a incredulidade é ofensiva para o caráter de Deus.

 

Em 1 João 5:10 vemos que aquele que não crê no testemunho do Filho torna o próprio Deus mentiroso, pois não crê no testemunho que Deus dá de seu Filho. Aquele que não crê, diz em outras palavras “não creio, porque acho que a sua mensagem é mentira”. 

 

Sendo assim, a incredulidade é ofensiva para Deus porque desafia o mandamento de Deus por meio do Evangelho:

 

“Ora, seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e amemos uns aos outros, assim como ele nos ordenou”. 1 João 3:23

 

A incredulidade não muda o caráter de Deus 

A incredulidade manterá milhões de pessoas fora de uma eternidade redimida com o Senhor. Ninguém pensa na “incredulidade” quando a palavra “pecado” é mencionada, portanto ela vai manter mais pessoas fora do céu do que o homicídio e o adultério, por exemplo. Logo, nenhum veneno é mais mortal do que a incredulidade, pois o mentiroso pode vir a crer, o homicida e o adúltero podem vir a crer, mas para o incrédulo não há saída. 

 

Portanto, não importa o quão intensamente alguém habite na intensidade, isso não mudará nada a respeito de Deus. Isaías 53 começa perguntando “quem vai acreditar”, mas termina dizendo que no fim, Cristo triunfará. Assim, depositando a fé nele, ou não depositando, Ele triunfará.

 

Então, como crer?

Como podemos ter fé em Cristo Jesus e crer que ele é capaz de mudar circunstâncias na nossa vida? Como crer que Ele é capaz de trazer redenção para o coração do pecador? A resposta está também no versículo 1:

 

A quem se manifestou o braço do Senhor?” Isaías 53:1b

 

Precisamos entender que a fé é formada pelo braço do Senhor. Ele é quem trabalha em prol do seu povo e é o braço do Senhor que nos ajuda a crer na Sua obra.

Antes de tudo, nós sabemos – teologicamente – que Deus é Espírito. Então, isso quer dizer que Deus não tem literalmente um braço como o meu ou o seu. Logo, quando Isaías fala sobre manifestar o braço do Senhor, na verdade, nós estamos sendo agraciados por Deus ter escolhido falar em uma linguagem que nós pudéssemos entender.

 

O braço do Senhor

Nós temos referência do braço do Senhor várias vezes na Bíblia, todas apontando para poder, força, cumprir a vontade de Deus. Por exemplo, quando Deus libertou seu povo do Egito, Deus diz a Moisés:

Portanto dize aos filhos de Israel: Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, e vos livrarei da servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes juízos. Êxodo 6:6

 

Assim, Deus falou com Moisés em uma linguagem que o povo pudesse entender. E isso significava que Deus faria algo, e que se Ele não fizesse, seria impossível sem o seu intermédio.

Quando Isaías fala do braço do Senhor nesse capítulo, ele está claramente descrevendo o que Deus faria por meio do Filho.

 

 A obra do servo sofredor

Os próximos versículos de Isaías 53 vão nos contar sobre a obra do servo sofredor. O Pai executaria a força do forte braço Dele por meio do Filho. Isaías 53 é sobre como o Filho abraçaria a vontade do Pai.

Então, quando o povo crê em Jesus, isso acontece porque o Espírito Santo revelou o braço do Senhor.

 

Peça por fé

Assim, quem luta com a incredulidade, saiba que o braço do Senhor está estendido, e a salvação vem do Senhor.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Efésios 2:8

Logo, se a salvação é por meio da fé, o que acontece com a pessoa que tem incredulidade para crer? Acontece que a  é um presente, é um dom, é algo que Deus dá. Isto é, a fé é algo que Deus oferece para que possamos vir a Cristo.

Então, se a incredulidade é a nossa resposta natural, resta-nos pedirmos ao Senhor: “Dá-me o dom da fé”, assim poderemos ter a capacidade de crer.

Peça ao Senhor que Ele estenda o Seu braço sobre sua vida, e peça por fé, pois o Espírito de Deus é capaz de lidar com a nossa incredulidade.

 

Que Deus te abençoe!

 

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Eu gosto de uma frase de Spurgeon em seu estudo de Isaías 53 onde ele chama este capítulo de “uma Bíblia em miniatura”. Essa é uma ótima descrição pois podemos visualizar toda a mensagem da Bíblia condensada neste capítulo.

Assim, nenhum outro capítulo da Bíblia explica tão bem porque Jesus deveria vir, sua morte, ressurreição e ascensão como esses breve 12 versículos. Dessa forma, as boas novas, isto é, o evangelho segundo Isaías 53 pode ser pregado.

 

De quem o profeta está falando?

Nós sabemos que Isaías 53 fala de Jesus, pois em Atos 8 há uma história interessante sobre um homem que se apresenta como oficial da Rainha dos Etíopes. Alguns chamam esse homem de eunuco ou superintendente do Tesouro da rainha. 

 

Então, Deus envia Felipe a esse eunuco e a Bíblia relata que esse homem tinha nas mãos o livro de Isaías. Logo, nós vemos pelo diálogo entre Felipe e o eunuco que ele estava lendo exatamente os versículos que nós temos aqui, isto é, o capítulo do servo sofredor.

 

O eunuco então pergunta a Felipe: “De quem está falando o profeta?”. Aqui temos um homem que está vindo à fé em Cristo Jesus, e está perguntando de quem Isaías estava falando, se era dele mesmo ou de um outro homem. 

 

Em Atos 8:35 vemos que Felipe responde a esse homem e como um proclamador da obra de Cristo, conta o evangelho de Jesus a partir da leitura de Isaías 53, em uma época onde ainda não haviam os escritos dos evangelhos ou até mesmo as cartas paulinas. Logo, vemos claramente que o Novo Testamento chama Isaías 53 de um capítulo a respeito de Jesus e da obra que Ele cumpriu na cruz.

 

Os bastidores do sofrimento de Jesus

Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas maldades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e por seus ferimentos fomos sarados. Isaías 53:5

 

Quando olhamos para os evangelhos lemos muito a respeito do que homens fizeram para Jesus e de como homens responderam ou não a Ele. Lemos sobre a coroa de espinhos, sobre a crucificação no madeiro e todo o seu sofrimento e humilhação. 

 

Portanto, Isaías nos leva aos bastidores desse acontecimento nos mostrando o que Deus estava fazendo enquanto os evangelhos eram vividos. Esse capítulo nos mostra o motivo pelo qual Deus permitiu que Jesus fosse conhecido como o servo sofredor.

 

Deus entregou Deus em um madeiro

Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer; apesar de ter sido dado como oferta pelo pecado, ele verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Isaías 53:10

 

O versículo 10 nos deixa claro que foi da vontade do Senhor entregar Seu filho à morte. Porém, Ele foi entregue para reunir uma grande família e o texto diz que grande será a sua posteridade. Esses seriam os reunidos e redimidos de todas as nações que viverão para sempre, assim como Jesus vive para sempre!

 

Assim, Isaías 53 está falando não apenas da cruz, mas também nos conta sobre o Fim desta história apontando para o final dessa era, isto é, para a segunda vinda de Jesus. Logo, o plano de Deus para abençoar todas as nações da terra é esmagar o Seu filho e fazê-lo sofrer, pois de fato, Ele é a oferta pelo pecado.

 

As boas novas de Jesus

Por isso eu lhe darei uma porção com os grandes, e ele repartirá o despojo com os poderosos; porque derramou a sua vida até a morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e intercedeu pelos transgressores. Isaías 53:12

 

Aqui podemos notar o porquê deste capítulo ter sido usado para apresentar as boas novas ao eunuco da história de Atos 8. A Bíblia nos mostra que a partir deste capítulo, Felipe explica o que aquele homem estava lendo, e assim nós vemos uma conversão, um batismo e o entregar de um coração para crer no Senhor Jesus por meio de Isaías 53.

 

Assim, quando olhamos para a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo, nós de fato podemos receber da parte de Deus o que Jesus tem para oferecer. 

Minha oração é que você possa encontrar Jesus como aquele eunuco que tinha um livro em suas mãos, o qual ele não entendia. Mas, quando foi explicado para ele as boas novas, isso resultou em transformação.

Que Deus te abençoe!

 

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Ter perseverança é de extrema importância para a nossa jornada de vida, e como cristãos, recebemos um convite continuo e diário a perseverar diante do Senhor.

Ao falar sobre esse assunto, Deus me lembrou da jornada do povo de Israel após a saída do Egito. Aquele povo estava peregrinando pelo deserto rumo a terra prometida. Sendo guiados por uma nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.

E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite. (Ex 13:21,22)

Em primeiro lugar, o povo estava sob a direção de Deus e só poderia se mover a medida que a nuvem se movia. Quando a nuvem (ou a coluna) paravam, eles também paravam e ali tinham que permanecer.
Fiquei imaginando como foi essa viagem e acredito que houveram momentos onde o tédio tomou conta do povo. E se a nuvem demorasse muito para se mover? E se demorasse meses ou anos pra eles saírem do lugar?
Por fim, eles estavam em uma jornada buscando chegar em um lugar específico, uma terra prometida e ali iniciar uma nova vida. É muito provável que no coração deles havia pressa em viver tudo isso.

Perseverança também fala de permanecer fiel 

Assim como o povo de Israel no deserto foi chamado a obedecer a Deus e Suas direções, da mesma maneira devemos ter perseverança e sermos fiéis ao Senhor durante a nossa jornada.
De maneira idêntica isso ocorre conosco hoje, Deus nos chama a permanecermos fiéis a Ele independente de situações, lugares ou circunstâncias pela qual passarmos ou onde Ele nos levar. Devemos florescer onde o Senhor nos plantar, isso nos trará uma recompensa futura.

“O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção.” (Rm 2:6,7)

Como podemos permanecer?

Talvez você se pergunte, mas o que eu posso fazer para conseguir permanecer em momentos de dificuldade? Assim como devemos cuidar de nossa saúde para não adoecermos, também precisamos cuidar da nossa vida espiritual e de intimidade com Deus, em nossa rotina diária de oração e leitura bíblica. Certamente isso nos fortalecerá e nos ajudará a continuarmos fiéis quando circunstâncias contrárias surgirem.
Ademais, devemos seguir o exemplo do Apóstolo Paulo que perseverou até mesmo em suas prisões. Ele foi fiel ao seu encargo, e mesmo muitas vezes preso ou em tribulações, evangelizou, ensinou e doutrinou várias igrejas no primeiro século, bem como a igreja dos dias atuais com seus escritos.

No final da sua vida, vemos Paulo fazer a seguinte declaração:

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (2 Tm 4:7,8

Devemos perseverar nos lugares onde Deus nos colocar

Visto que o povo que entrou na terra prometida, foi o povo que perseverou e foi fiel durante toda a trajetória pelo deserto podemos assumir que essa é a chave essencial que nos liga ao cumprimento das promessas de Deus em nossas vidas. Pois aquele povo enfrentou adversidades durante caminho, e somente aqueles que não murmuraram e honraram a Deus desfrutaram do cumprimento da Sua promessa.
Independente do local onde estamos, se no início, meio, ou quase no fim da nossa jornada rumo a terra prometida, devemos permanecer fiéis e honrar ao Senhor em cada ciclo da nossa vida.

Por consequência, chegará o momento onde a nuvem irá se mover, e estaremos aptos a continuar a caminhada pois lições preciosas foram aprendidas na estação passada. Afinal de contas, são as lições dos lugares onde o Senhor nos coloca que vão nos dar força e capacidade para entrarmos em nossa “Canaã”.

Assim também, que possamos perseverar na nossa jornada cristã, e viver os nossos dias aqui na terra, com os nossos olhos no porvir. Nossa esperança é certa, e aquele que foi fiel até a morte espera que permaneçamos fiéis até o fim!

Apocalipse 2:10b: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

 

Thais Neves –  missionária intercessora e facilitadora da Fhop School