Meditando sobre a igreja de Éfeso em Apocalipse 2, podemos refletir sobre a figura de um casamento que chega a um triste fim como o divórcio. Afinal, o que faz um casal chegar ao divórcio não é uma perda repentina do amor (mesmo que para alguns pareça que seja). Mas sim, um amor que se desvanece aos poucos.
É como uma pequena embarcação que tem sua rota mudada apenas alguns milímetros para o lado. No final, ela acaba chegando totalmente perdida do destino que deveria estar. Logo, é necessário escolher amar diariamente. Pois, afinal, são as pequenas coisas que fazem com que um casal se afaste e o amor se perca. Dessa forma, o resultado pode ser o rompimento do relacionamento.
“Entretanto, tenho contra ti o fato de que abandonaste o teu primeiro amor. Recorda-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras. Porquanto, se não te arrependeres, em breve virei contra ti e tirarei o teu candelabro do seu lugar.” (Apocalipse 2:4-5)
Uma decisão
Seguindo essa analogia, aquela decisão de se esforçar para amar e ser amado do começo do relacionamento pode acabar sendo engolida. O passar dos anos, as rotinas, distrações, filhos, contas a pagar, trabalho e tantas outras coisas boas e ruins. Portanto, essas coisas fazem dois corações que um dia se encontraram, se perderem um do outro. Mas aonde queremos chegar com essa reflexão? Se pararmos para pensar, nosso relacionamento com o Senhor é exatamente assim! Além do mais, Ele nos chama e nos lançamos Nele (primeiro amor), mas é necessário cuidado, zelo e cultivo desse amor, pois o nosso coração é enganoso e dia após dia. Portanto, muitas vezes com pequenas escolhas, pequenos ídolos ou outras prioridades, podemos nos perder Dele.
O que é amar?
Amar é e sempre será uma escolha. Ele escolheu nos amar e ao recebermos essa revelação escolhemos amar a Ele de volta ou escolhemos viver longe dele. Todavia, independente da escolha, ela acontece de forma gradativa. Pois amar é uma construção! Logo, a partir do momento que temos uma revelação do amor de Deus, nos dedicamos a conhecer mais desse amor e dessa revelação. Fazemos isso gastando mais horas do dia orando, buscando por mais do Senhor, queimando pela sua palavra, adorando sua majestade ou simplesmente desfrutando desse amor que encontramos. À medida que amadurecemos, Deus nos chama a parcerias com Ele, muitas vezes por meio de atividades e ações, que envolvem os planos do Seu reino.
Assim, nos tornamos obedientes e temos prazer em aprender da sua lei e praticá-la. No entanto, todas as nossas movimentações precisam ser diligentes no que diz respeito a manter o lugar do cultivo do amor diário, pois isso ainda está sendo construído dentro de nós. E, aos poucos, se isso não for mantido, podemos cair no erro de movimentar coisas (até mesmo grandiosas no reino) vazias de amor. O amor cresce aos poucos, mas cuidado: aos poucos ele também se vai!
Em que ponto caímos?
É neste contexto que a igreja de Éfeso se encontrava quando João escreve esta carta: uma igreja marcada por relatos da sua fé, perseverança e boas obras. A igreja de Éfeso se encontrava em uma queda gradativa do lugar de amor dos primeiros dias que lhes foi revelado. No capítulo 2 de apocalipse, são tecidos vários elogios para essa igreja que, mesmo depois de cerca de quarenta anos de sua fundação, seguia com boas obras e perseverantes na fé.
Mas existia um pecado que estava colocando tudo aquilo que foi elogiado ao chão: o tempo passara e eles acabaram transmitindo à nova geração da igreja apenas o trabalho, a fé e a perseverança, mas sem o primeiro amor que os havia encontrado. A cada serviço prestado à igreja é natural desenvolvermos habilidades para executá-lo com cada vez mais facilidade e isso pode nos conduzir para um lugar de “costume”, um lugar ritualístico onde fazemos as coisas no automático e, por vezes, acabamos perdendo o sentido do por que estamos fazendo.
Perseverar em meio a perseguições e adversidades é difícil, cansativo, doloroso e até mesmo exaustivo. Persevera-se em fé, mas ela não está ao todo ligada ao amor, pois podemos crer sem necessariamente estar intimamente ligados em amor ao Deus que cremos. No entanto, à medida que os sofrimentos aumentam essa fé se torna frágil caso não esteja firmada em um amor profundo e acaba não resistindo na caminhada. Além disso, como Paulo fala para a igreja de Corinto: o único que permanece para sempre é o amor.
Como manter o primeiro amor em chamas?
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria (…) O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:1,2,4-7)
Em 1 Coríntios 13 Paulo menciona que o amor nunca morre, ou nunca acaba. Quando pensamos neste amor, pensamos em um amor profundo, forte e verdadeiro que é o do Senhor por nós. No entanto, como podemos ver em Éfeso, um descuido pode nos fazer deixar o amor ir gradativamente se acabando, se enfraquecendo, acostumado com um nível raso até que desaparece sem que se perceba. Mas as escolhas diárias nos direcionam ou para um lugar de amor mais profundo, ou para o apagar da chama. Podemos escolher colocarmos o Senhor como prioridade em nossos dias e escolhermos a boa parte, mas todas as escolhas exigem certas renúncias. Será que estamos dispostos a renunciarmos outras coisas em prol de mantermos essa chama acesa?
Nós temos um mandamento muito claro e específico: ‘’Amar o Senhor teu Deus sobre TODAS as coisas.’’ (Lucas 10:27). Se TODAS as coisas tomam o tempo e o lugar Dele, estamos desobedecendo um mandamento, estamos abandonando um amor, deixando de lado uma prioridade. Em resumo: PECAMOS! Por este motivo o versículo 5 do capítulo 2 de apocalipse solicita que a igreja de Éfeso se arrependa, se LEMBRE de onde caiu e VOLTE ao amor das primeiras obras. Volte a fazer tudo com amor, volte a perseverar nisso, volte a AMAR de todo coração, alma e entendimento.
Lembre-se do primeiro amor
A chave de tudo está nisso: ‘’Lembre-se de onde caiu’’. Lembre-se do amor!
A igreja de Éfeso estava caminhando como igreja, mas seu amor desaparecia a cada dia que passava. Assim, dia após dia tudo se tornava um costume ao invés de uma devoção. E Deus adverte que se eles não mudassem seu percurso logo já não seriam igreja do Senhor. Ele removeria seu candelabro, pois afinal de contas, para que serve um candelabro se ele está apagado, não é mesmo?
Por isso “lembre-se disso, Éfeso” reacenda a chama dos primeiros dias, gaste tempo queimando novamente e em TUDO que fizer lembre-se do amor. Na nossa caminhada não é diferente, nos distraímos tão facilmente, nos acostumamos tão facilmente e nos deixamos apagar tão facilmente. Que possamos renunciar aquilo que nos afasta do Senhor, trazendo à memória o que traz esperança e nos lembrando de quem é o amor que incendeia nossos corações. Por este motivo, nossa busca é sermos selados num amor que é como o fogo. Aquele que águas não podem apagar nem afogar, e queimar até sermos achados enfermos de amor por Ele.
Nossa oração é por um amor que permanece e que não se esquece dos primeiros dias, não deixa o primeiro mandamento sair do primeiro lugar e não coloca outros amores como prioridade em seu lugar. Que por toda nossa vida peçamos, busquemos, desejemos e ansiamos apenas uma coisa: amar ao Senhor de todo o coração!
Luana Mathia – Aluna do Fascinação Turma 19
No Intensivo Fascinação, nossos alunos têm a oportunidade de compartilhar suas meditações na “track de proclamadores” como uma forma de se desenvolverem no estudo e na interpretação da Palavra. Leia mais outros textos dos nossos alunos:
Rendição: uma resposta de adoração e louvor
O altar que estamos construindo