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O Paradoxo da Fé

De forma bem simples, podemos dizer que um paradoxo são duas ideias que se opõem em si mesma, duas afirmativas que aparentemente se contradizem. E, às vezes, é assim que nos sentimos quando estamos diante de situações que nos convidam a acreditar em coisas que ainda não podemos ver. No livro de Hebreus consta a afirmativa de que é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem.” (Hebreus 11.1)

Uma resposta que me faz lembrar desse paradoxo da fé foi vivida pelo pai de um rapaz possesso, o qual Jesus foi o único capaz de curar e expulsar o demônio. Essa história está registrada em Marcos 9.14-29 e quero poder refletir sobre esses ensinamentos com você.

“E, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas que disputavam com eles. E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada e, correndo para ele, o saudaram. E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles? E um da multidão, respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; E este, onde quer que o apanhe, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai definhando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.” Marcos 9.14-18

Podemos observar dentre a multidão um pai em meio ao desespero buscando respostas para a aflição de sua família. Ele deseja ver a cura de seu único filho que sofria há anos com convulsões lunáticas, sendo jogado no fogo e na água para ser morto pelos demônios que o perseguia (Mt 17.14-21 e Lc 9.37-43). Infelizmente, seus discípulos nada puderam fazer a favor daquele homem e seu filho e, por isso, uma discussão é estabelecida ali. Mas Jesus chama para si a responsabilidade e a opção de fazer algo por aquele rapaz e seu pai.   

“E ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo. E trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando. E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos. E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade.” Marcos 9.19-24

Agora, nos deparamos com o paradoxo na resposta desse pai a Jesus. O Senhor quis saber mais sobre a história do menino, há quanto tempo ele passava por todo aquele sofrimento e dor? E o pai lhe diz que desde a infância. O pai sentia esperança em ir procurar a Jesus e seus discípulos, mas acabara de passar por uma certa frustração já que nada os discípulos puderam fazer.

Você pode imaginar em quantas portas aquele pai teria batido? Quantos médicos ele já teria procurado ao longo daquela história? Quanto recurso ele já havia gastado? Quanta esperança ele já havia perdido? Será que nós também sentimos o mesmo quanto às nossas causas mais impossíveis? Quanta esperança nós já perdemos ao longo de nossas histórias?

Então, ouvimos aquele pai dizendo quase na forma de um sussurro: “Jesus, se você pode fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”. Você já sentiu medo de ter esperança para não se frustrar mais uma vez? Talvez, de alguma forma era assim que aquele homem se sentisse e, por isso, sua resposta foi envolvida em paradoxo. “Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!”

O paradoxo aqui consiste em reconhecer que havia uma crença, havia uma fé, mas também havia dúvida e havia medo. E talvez a fé fosse de fato pequena diante da história e dos desafios. Talvez a fé não fosse assim, tão suficiente como gostaria que ela fosse para o resultado tão desejado, ver seu filho livre das garras de satanás. Mas a resposta humilde daquele pai, demonstrando sua vulnerabilidade e limitação, ganha ao invés de perder.

Mesmo uma fé pequena pode ser acrescida de graça de Deus e podemos experimentar do seu grande favor. Jesus é tão lindo em nos ouvir e demonstrar compaixão para com as nossas vidas e nossas causas. E essa graça tão gentil que nos envolve não se relaciona apenas a recebermos coisas que anseiam o nosso coração, mas em principalmente experimentarmos do seu caráter de amor. A maior riqueza que podemos ter em fé é o conhecimento de sua pessoa, é o conhecimento de Deus. É compreendermos seus planos e propósitos e vivermos no centro de sua vontade perfeita e agradável.

Não tenha medo de dar respostas paradoxal ao Senhor, apenas confie em seu amor e se jogue em seus braços para viver com ele até a eternidade.

Sobre o autor

Nayla Cintra

Nascida em Mato Grosso, Nayla é missionária em tempo integral desde 2011, tendo já servido durante 4 anos na JOCUM (Jovens Com Uma Missão) e quase 2 anos como missionária intercessora no FHOP (Florianópolis House of Prayer). Nayla carrega um coração para pessoas em situação de vulnerabilidade social, ama o mundo artístico e criativo, é apaixonada por missões, mas tem como maior desejo ver o nome de Jesus sendo conhecido entre todos os povos e tribos da Terra.

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