ESPERANÇA É A PALAVRA FINAL

A esperança é a palavra final – Maio Laranja

Estamos chegando ao fim do Maio Laranja, porém esse assunto não se esgota em importância e em conteúdo. Depois de um mês orando e agindo em prol da defesa das nossas crianças é inevitável ignorarmos um fato: E quando já houve o abuso? O que será do coração que já foi dilacerado pelo trauma? A guerra foi perdida para essa vítima? Quero te levar a crer que se Deus insere o coração quebrado no Seu roteiro, a esperança é a palavra final.

 

QUEM UM DIA FOI A CRIANÇA VÍTIMA

Quero hoje falar com você que um dia foi a criança abusada e violada, ou com você que lida com a impotência de acompanhar um pequenino que sofre tamanha dor. Como psicóloga já trabalhei e acompanhei casos de crianças e adolescentes com diversas histórias que causam indignação e dor de compaixão. É inegável que há muita injustiça e maldade envolvidos em todo processo e tratamento, mas de fato Deus nos “criou de modo especial e admirável”, além de ter nos feito como alvos de sua preciosa bondade e misericórdia, que superam toda capacidade do mau.

 

UM TRAUMA, UMA MARCA IRREPARÁVEL

De fato, um trauma pode ser visto com uma rachadura, uma marca irreparável. Imagine um vaso de porcelana que cai e quebra. Posso recolher os pedaços e colocá-los uns nos outros mais uma vez, ele volta a ser um vaso, porém, não como antes. Assim pode ser visto o trauma. Porém, mesmo depois do trauma ainda pode haver funcionalidade e beleza. O vaso reconstruído ainda é um vaso. 

Você já reparou que na profecia messiânica em Isaías 61 é falado a respeito de Jesus que ele transforma as cinzas em uma bela coroa? Como o resto de pó de algo que foi completamente queimado pode servir de beleza?

O que quero dizer com isso é também o que não quero que saia da sua mente enquanto ler esse texto: O abuso sexual não é o fim da história!

 

IMPACTOS DA VIOLÊNCIA

Psicologicamente listamos que as consequências da violência sexual atingem o nível físico, comportamental, psicológico/emocional, além do social considerando o impacto desta nas pessoas envolta da vítima. 

Dentre alguns impactos do abuso estão: disfunções alimentares (perca ou excesso de apetite), alteração no sono, passividade, agressividade, isolamento, dificuldade para se relacionar, retração, comportamento sexual adiantado para a idade, masturbação precoce frequente e descontrolada, consumo de álcool e drogas, condutas suicidas, insegurança, sentimento de culpa, baixa autoestima, sentimento de traição, tristeza constante, vergonha, ansiedade, rejeição ao próprio corpo (sentir-se suja), depressão, desconfiança, e outros.

Certamente é importante saber e reconhecer esses sintomas até mesmo para conhecer a raiz deles e estar consciente de como cada vítima foi afetada. Todavia, o alvo da nossa conversa aqui hoje não são as consequências, mas a esperança.

 

POR QUE O ABUSO NÃO É O FIM DA HISTÓRIA?

Certamente, alguns dos impactos quando alguém se torna a vítima estarão diante dos seus olhos por anos. Então, como lidar com isso e enxergar possibilidade de redenção nessa história?

 

  • COMO DEUS CRIOU O HOMEM

Uma das habilidades que Deus colocou sobre o homem que me fascinam, é a nossa capacidade de adaptação e resiliência. Mesmo depois de episódios traumáticos ou submetidos a situações extremas, somos capazes de nos adaptarmos para conseguir viver da melhor forma possível com aquele item novo. 

A resiliência é a capacidade de superar, de conseguir voltar a funcionar. O homem não precisa ser cristão para ser resiliente e adaptado, é uma característica humana. Ele de fato nos criou de forma especial e admirável (SL 139:14). 

Não ser resiliente significaria que o mesmo nível de dor que a vítima sentiu no dia do abuso ela sentiria anos depois na mesma intensidade. Consegue perceber como seria insustentável? Mas não é assim que acontece, a tendência dos mecanismos psíquicos é encaminhar o indivíduo para a diluição dessa dor de maneira que o indivíduo consiga viver com ela em um nível menor.

Essa habilidade pode ser desenvolvida, treinada e melhorada principalmente com ajuda de uma boa rede de apoio familiar e profissional. Nesse ponto, terapia e acompanhamento psicológico em qualquer momento da vida são extremamente importantes. Vejo aqui, a graça comum do Senhor em usar nossa própria estrutura humana e a ciência para abrir uma porta de esperança.

 

  • QUANDO O HOMEM ENTRA NA HISTÓRIA DE DEUS.

Nesse momento só posso falar com quem reconheceu Jesus como seu Salvador. Isso significa crer que sua mão está estendida para derramar bondade, crer que sua soberania nos faz bem ainda que coisas ruins aconteçam na nossa história. 

Quando a nossa pequena história se cruza e se une no fluxo da história de Deus a possibilidade mais linda que nos é apresentada é a Redenção. A redenção nada mais é do que pela obra de Cristo todas as coisas convergirem na sua vontade, ou seja, o homem caminhar na jornada de retorno ao plano original para o qual foi criado. Se você me entende, estou falando que quando somos redimidos mergulhamos na jornada de nos parecermos com Jesus, Ele como o representante de uma humanidade perfeita, o segundo Adão, como a Bíblia o chama.  

Nesse processo tudo o que o pecado causou vai sendo durante toda nossa vida desconstruído e limpo para se tornar cada vez mais puro, bom e belo outra vez. Atente que não há promessas para essa era de algo instantâneo em todas as situações. Mas há promessas que Cristo vai sendo formado em nós (Gl 4:19), há promessa que ele em nós é a esperança da glória (Cl 1:27) e há promessa que quando ele voltar a Terra mais uma vez enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 21:4).

 

A TRANSIÇÃO DE VÍTIMA PARA REDIMIDO

O que Deus faz com o coração do homem que deixa sua história nas mãos Dele é mudar a categoria e quebrar o estereótipo. De uma história de trauma Ele faz um história de redenção.

Ele faz com que o clímax e o protagonista da história não seja o momento da violência, mas a jornada onde ele lhe dá  “[…] uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Em lugar da vergonha que sofreu, porção dupla, e ao invés da humilhação, se regozija em sua herança; pois herdará porção dupla em sua terra, e terá alegria eterna. ‘Porque eu, o Senhor, amo a justiça e odeio o roubo e toda maldade. Em minha fidelidade os recompensarei e com eles farei aliança eterna’.” (Isaías 61:3, 7,8)

 

E ASSIM, A ESPERANÇA TEM A PALAVRA FINAL SOBRE A HISTÓRIA.

Espero que se você um dia foi uma criança vítima da violência sexual após ler esse texto você consiga se ver como um alvo da bondade e amor de Pai que te persegue para derramar esperança e cantar sobre você um canção de redenção. Que ao olhar para sua história você coloque como personagem e momento principal Jesus e obra da Cruz, transformando uma história de pecado e dor em uma história de graça, redenção e esperança.

Sobre o autor

Gabriella Conde

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