Fhop Blog

Desde quando o mundo está de cabeça para baixo?

Atos dos apóstolos é cheio de histórias de grandes feitos, milagres, pregações que atraíram multidões e pessoas que viraram o mundo de cabeça para baixo (At 17:6). Talvez você seja uma pessoa com grande anseio de fazer a diferença, transformar o mundo ou mesmo inspirar sua pequena zona de influência. E pensar sobre essas histórias te enchem de desejo por imitar esses que viraram o mundo de cabeça para baixo. Mas antes de nos tornarmos como aqueles homens, precisamos saber o porquê, qual o âmago de toda a questão.

AQUELES QUE OFENDERAM O MUNDO

“Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui, ” (Atos 17:6)

Imagina o cenário: Paulo e Silas chegam em Tessalônica, e o fato de por três sábados lhe apresentarem na cidade as escrituras, trouxe alvoroço, transtorno, confusão e divisão. A mensagem que ofendia a mente dos judeus e dos gentios, era: JESUS É O CRISTO! (Atos 17:1-3)

Eles estavam virando o mundo de cabeça para baixo, na perspectiva humana, claro. Mas, por dois motivos: Primeiro, Jesus era Deus, mas não se parecia com o Deus que os judeus haviam idealizado ou construído na sua mente. Jesus, ser o Cristo de Deus ofendia a sabedoria judaica. Não era esse tipo de Cristo que eles esperavam, por isso o rejeitaram. Segundo, Jesus era Rei; os gentios não aceitavam que houvesse outro governante, além de César. Eles não entendiam que Jesus não se tratava de um rei político, mas do rei majestoso de toda a realidade.

O confronto ali revela a guerra de cosmovisões, existente e inevitável. De um lado a mentalidade humana, caída, gentílica e judaica. E do outro a apresentação de um reino que foi inaugurado em Cristo, controverso e difícil de engolir para eles.

QUAL MUNDO ESTÁ DE CABEÇA PARA BAIXO?

É importante voltar onde tudo começou. O problema começa bem antes da vinda de Jesus e dos apóstolos e se estende não só até o livro de Atos, mas até nós, hoje.

Todos conhecemos a história. Pelo poder de sua palavra Deus criou todas as coisas e do pó da terra Ele fez o homem, a sua imagem, conforme a sua semelhança (Gn 1:26-27). Adão aprendia de Deus o bom, belo e verdadeiro. Sua inteligência e razão eram cultivadas a semelhança do Criador. Mas, o pecado entra na história, a ambição por ser como Deus e o desejo de independência, o arrasta para a rebelião (Gn 3:6-7). E sua visão agora é desconectada da fonte original.

A visão, percepção e maneira de ver o mundo e a vida agora, para o homem, se tornava cada vez mais antagônica a de Deus. O mundo vira de cabeça para baixo no Éden. A cosmovisão distorcida, tira Deus do centro, motivo e fim de todas as coisas e coloca o homem (Gn 3:10-11)

Esse é nosso problema. Nossa natureza caiu em tamanho abismo e distância do plano original. O que antes Deus chama bom, belo e verdadeiro, o homem passa a questionar e passa ele mesmo ditar seu veredito, sobre o bom e o mau (Gn 3:23 e 23)

ANTES DE MUDAR O MUNDO

Essa é a primeira consciência que deve nascer em nós, antes de querermos revolucionar o mundo. Precisamos perceber a necessidade de redenção, nossa e de toda criação (Rm 8:22-23). O mundo precisa de um salvador que o reconcilie com o Criador, que alinhe o sentido e o filtro pelo qual enxergamos e vivemos a vida.

O contraste é necessário. Quando o Espírito abre os olhos do nosso coração para conhecer e ver o Senhor, a primeira coisa que deve surgir é arrependimento da nossa condição caída. Ele é o padrão. Ninguém melhor que o Criador do mundo para fornecer uma visão correta de propósito, funcionamento e destino de mundo e criação.

Vale lembrar o que isso custa. Como dito anteriormente, é uma guerra. Esses homens e o próprio Jesus foram perseguidos e odiados pelo seu alinhamento com a verdade eterna, portanto não podemos esperar coisa diferente disso. Virar o mundo de cabeça para baixo não é um status quo do cristão moderno, é revolução! Revolução que começa por dentro, transtorna e confronta nossa mentalidade, e quando se torna ações certamente trará, no mínimo, desconforto a nossa volta.

 

Os anseios de um futuro ou de algo que desejamos realizar geralmente nos inclinam para a dúvida e a tristeza. Os anseios geralmente controlam a nossa vida e tudo o que valorizamos. 

Jesus, por outro lado, revela o coração humano do público de seu tempo através de suas parábolas e ensinos. O ministério dele era comunicar o Reino de Deus como eles nunca imaginaram, por mais que fossem até mestres.

Muitos ali estavam sob o jugo de suas próprias práticas religiosas. Precisavam ser aceitos e bem vistos na sociedade para talvez, conseguirem oportunidades entre os nobres. Mas seus corações eram corrosivos, antídotos para que outros frutificassem. Os procedimentos deles não eram coerentes o suficiente com o interior de seus corações, ou seja, com o que acreditavam. 

E quando Jesus trouxe à tona os pensamentos desses mestres, também se apresentou como resposta verdadeira para a alma humana necessitada.

 

Os anseios tanto podem, quanto não podem ser respondidos 

É interessante pensar que os planos e vontades estão no coração, mas não possuem veredicto máximo para serem respondidos. Eles apenas fazem parte da vida das pessoas. As pessoas sentem ausência de algo que elas desejam, almejando-o como objeto capaz de valorizar suas próprias vidas.

Mas como cristãos é importante ter em vista que a única coisa capaz de ser realizada por sua simples existência é a vontade de Deus. A vontade de Deus é a única que prevalece, e, portanto, é a única que alguém pode ter a certeza de que irá se cumprir. 

O teólogo Karl Barth elucida isto perfeitamente neste trecho de sua obra (Comentário da Carta aos Romanos):

A vontade de Deus tem a primazia; a realização do desejo humano tanto pode ser como deixar de ser concedida. O que deverá acontecer em conformidade com a vontade de Deus virá quando essa vontade for cumprida. E enquanto ou se Deus não conceder segundo o desejo dos corações de seus servos, a estes compete cultivar a confiança mútua e buscar a vontade de Deus com singeleza de coração; quando a situação interna e a externa coincidirem genuinamente com a visão cristã do que seja reto; então o cristão compreenderá qual seja a vontade de Deus. (12. 2).

 

Com isto, os anseios humanos revelam a necessidade que o ser humano possui de Deus e da sua graça. A falta de poder controlar o tempo e as situações impedem as pessoas de serem donas da história de suas vidas e de outras, porém ensina sobre quem é o verdadeiro Senhor. 

Enquanto aquilo que se almeja não é tangível, o mais eficaz é se curvar em entender e buscar conhecer o Senhor e seus propósitos, independente da nobreza de seus objetivos humanos.

 

Provem a perfeita vontade de Deus

O cristão é convidado a fazer o quê diante das tristezas e ansiedades no tempo presente? Ele é convidado por Jesus a descansar nEle todos os seus temores e fardos para que não se sobrecarregue com as mentiras e ímpetos do próprio coração humano e da maldade do mundo.

Em contrapartida, o coração humano encontrado por Jesus é engrandecido pela paz e alegria desfrutadas nele. Jesus é a resposta para seus corações vazios. 

A Palavra de Deus afirma que o coração humano possui caminhos tortuosos por si só. Assim, só o poder de Deus é capaz de freá-los. Por isso, é importante não lutar contra a vontade de Deus, mas se submeter em obediência a Jesus. 

 

Deus tem um compromisso pessoal com os seus 

O compromisso de Deus é visível na cruz e ressurreição de Cristo. Deus está interessado em transformar os corações dos homens em corações misericordiosos, não em robôs que fazem barganhas para conseguir algo de Deus. 

Portanto, provem do Senhor como filhos que são, confiando no Senhor de todo o coração, não se apoiando em seu próprio entendimento, mas reconhecendo-O em todos os seus caminhos, e Ele endireitará as suas veredas. (Provérbios 3:5-6)

O compromisso de Deus é genuíno e belo com seu povo. Apenas o Senhor pode transformá-los pela renovação da mente, para que então seja possível compreender sua boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2) 

Fica aqui o ensinamento: em meio às ansiedades, submeta-se ao Senhor.

 

Esperar em Deus. O que, de fato estamos esperando em Deus? Quando dizemos isso, será que estamos pensando sobre respostas de orações, desejos, e que Deus realize nossos sonhos e vontades? Não estou dizendo que Ele não o faça, Ele é o Emanuel sim, Ele é um Deus presente e pessoal. Mas quero te ajudar a mudar a perspectiva  dessa espera hoje.

Sim, existe mais, existe uma obra sendo realizada, apesar de nós e além de nós. Deus, em toda narrativa Bíblica, nos deixa claro que existe uma história com começo – Criação – existe um meio –  Queda e Redenção – e existe um fim – Consumação. Então, o que realmente vale a pena esperar em Deus? Esperar essa obra se completar, confiantes em um Deus Criador, que está sustentando Tudo conforme seus propósitos. E que, por sua infinita graça, nos permite ser participantes.

Entendendo a narrativa da espera 

Primordialmente, o início dessa história, a Criação, nos mostra que Deus não fez separação, mas que tudo que Ele criou era bom. Em Gênesis 1, conhecemos sobre um Deus único e ali vemos que tudo é obra de suas mãos. Ele dá origem à criação ex nihilo, “a partir do nada”. Mostrando assim uma fundamental distinção entre Criador e criação. Logo, apreciar as coisas da terra é um exercício espiritual onde, através da visão cristã, desfrutamos dessas coisas sem as idolatrar. Há bondade de Deus ao desfrutarmos da vida. Somos mordomos de Deus, não com a ausência Dele, mas sim em constante comunhão com Ele. Assim, temos a criação como dádivas vindas Dele que devemos responder em amor, gratidão e alegria. (Gênesis  2:15)

Semelhantemente, o meio dessa história, onde estamos atualmente, é também onde ainda sofremos pelos efeitos que a Queda causou não só aos homens, mas também sobre toda a realidade criada. Ao lermos Gênesis do capítulo 3 ao 11, vemos como o mundo tornou-se tão rapidamente sombrio como resultado do pecado de Adão e Eva. Temos a tendência em diminuir o alcance que o pecado tem. Mas ele contamina e desfigura cada milímetro da criação. O pecado é a nossa recusa em reconhecer a bondade e o amor de Deus. Somos nós dizendo que sabemos o que é melhor para nós mesmos. Mas, graças a Deus, nós também hoje experimentamos da Redenção, que é a obra de Cristo na nossa salvação. A centralidade de Jesus na Redenção é contínua, pois estamos sendo transformados e santificados. Estamos vivendo o “já” da redenção, pois Cristo já morreu e ressuscitou, mas “ainda não” estamos totalmente redimidos. Há um processo, uma jornada que nos levará ao final, ao Grande Dia da Consumação.

Existe fé ao esperar em Deus

Bom, esse é o ponto que quero trazer a sua memória, para que entenda que é para esse dia que vivemos. Nossa fé nos manterá até esse dia. Por isso, esperamos  em Deus. Pois sabemos que Ele é o único governo confiável, e Ele tem sido imutável de geração em geração. Ele pretende retomar nada menos que a criação inteira, o mundo inteiro como seu reino.

Por certo, as Escrituras nos deixam claro que a redenção não diz respeito só a pessoas isoladas, mas ela abrange também a criação não humana. Veja o que Paulo disse: “Porque foi da vontade de Deus que nele habitasse toda a plenitude e, havendo feito paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão no céu”.    ( Colossenses  1:19-20). A ressurreição de Jesus foi o Alvorecer da era vindoura em que Deus transformará todo o cosmo. Nele, iniciou o domínio de Deus sobre toda a criação.

Por isso, sim, confie nEle sobre suas questões pessoais, mas também amplie seu conhecimento sobre o que Deus está fazendo, além de nós, Ele é maior e muito mais poderoso. Nós experimentamos a salvação de modo concreto na obra presente do Espírito Santo. Saber e buscar conhecer o todo, traz a nós, meros mortais, uma fé inabalável, uma confiança não vacilante de que Ele está não só no controle de nossas vidas, mas também no controle de TUDO.

Nele, também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança, para a redenção da propriedade de Deus, para o louvor da sua glória”. (Efésios 1:13-14.)

“Multidões, multidões no vale da decisão! Pois o dia do Senhor está próximo, no vale da decisão.” Joel 3:14.

Em seguida, ele continua declarando. Leia atentamente:

“O sol e a lua escurecerão, e as estrelas já não brilharão. O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém levantará a sua voz; a terra e o céu tremerão. Mas o Senhor será um refúgio para o seu povo, uma fortaleza para Israel.Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que habito em Sião, o meu santo monte. Jerusalém será santa; e estrangeiros jamais a conquistarão.

Naquele dia os montes gotejarão vinho novo; das colinas manará leite; todos os ribeiros de Judá terão água corrente. Uma fonte fluirá do templo do Senhor e regará o vale das Acácias. Mas o Egito ficará desolado, Edom será um deserto arrasado, por causa da violência feita ao povo de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente. Judá será habitada para sempre e Jerusalém por todas as gerações. Sua culpa de sangue, ainda não perdoada, eu a perdoarei. O Senhor habita em Sião!” Joel 3:15-21 

O que esses versículos revelam?

Quero repartir com você essa palavra que tem estado no meu coração nestes últimos tempos. O começo desta passagem bíblica tem queimado no meu coração. O autor estava falando ali sobre uma revelação e acredito que vemos os sinais nos dias de hoje do que ele quis nos dizer. 

Estou convencida de que chegou o tempo de nos posicionarmos em Deus, aproveitarmos que um novo ano se inicia e realmente nos colocarmos diante do Senhor de todo o coração. 

Falo isso para minha própria vida em primeiro lugar. Essa palavra tem me moído cada dia destes últimos tempos. 

Quero que você imagine esse dia do qual Joel estava falando e pense em multidões. 

Jesus sempre atraiu multidões, desde o começo da história. E no futuro breve não será diferente. Acredito que essa passagem acima fala do seu retorno, onde novamente Ele juntará multidões a sua volta. 

Estamos hoje diante de um tempo de vale de decisões. Isso significa que chegou o período de nos posicionarmos, talvez mais hoje como em nenhum outro tempo na história. 

Quem sabe você nem imagine o que estou querendo falar com esse texto, mas eu tenho cada dia mais observado os sinais, sejam através dos tempos ou dos acontecimentos a minha volta. 

A terra e as criaturas têm clamado pelo Seu Criador, e Ele nunca deixou de escutar aqueles que clamam. 

Guerras e rumores de guerra, pecados e trevas cada dia mais tem tomado pessoas e lugares, enquanto fechamos nossos olhos e continuamos com nossa vida como se nada estivesse acontecendo. 

Como nos posicionar

Precisamos nos posicionar como filhos de Deus, nos santificando. Precisamos orar mais e deixar que uma vida de consagração toque as circunstâncias à nossa volta. 

“A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados.” Romanos 8:19

Sua vida e a minha precisam apontar para Aquele que nos criou. Até mesmo sem usar palavras, as pessoas precisam saber que você serve  ao Deus Todo-Poderoso.

Quero repartir alguns pequenos testemunhos para explicar melhor sobre o que estou falando:

Sempre achei que havia sido chamada para fortalecer os que já estavam no caminho, e fiz isso durante anos com todo o meu coração. 

Hoje, estou morando na Europa e diante da realidade de falar de Jesus para pessoas que nunca escutaram sobre Ele e professam outra fé e religião. De uma forma incrível Deus tem me feito luz no meio de povos que não O conhecem. Ouvir de pessoas que professam fé muçulmana, por exemplo, que querem que você as leve a igreja porque veem a luz em sua vida e querem ouvir do seu Deus e do que você acredita, isso é revelar Jesus a esse mundo que aparentemente, está sem rumo. 

Enquanto pensamos duas vezes antes de irmos às nossas igrejas aos domingos, alguns nunca experimentaram o prazer de ter comunhão com o Criador.  Jesus reuniu multidões e deu de comer a elas um alimento que mudou suas vidas. 

Seja aquele que revela Jesus a todos a sua volta. Faça isso através de uma vida de retidão, e assim a luz de Jesus brilhará através de você!

E lembre-se, Jesus é o mais interessado dessa missão.

Deus te abençoe.

 

Hoje, o tema de justiça é mais relevante do que nunca antes. Com o crescimento da tecnologia e a globalização das nossas comunidades locais conectados aos mercados globais, nunca fomos tão cientes das dores, caos e sofrimento humano que invadiu o nosso mundo hoje. Imagine que uma bomba cai na Síria e momentos depois tem pessoas no Brasil assistindo, em seu feed do Facebook, essas imagens de um pai caindo em meio às ruas, destruído, carregando o corpo de seu filho, cheio de sangue e sem vida. Quando foi um tempo que tivemos tanta exposição e acesso, em tempo real, às injustiças que invadem as comunidades globais?

Assumindo a responsabilidade

Tem crescido o entendimento de que nós, como seres humanos, temos uma responsabilidade de lutar pela justiça, falar contra corrupção e ser parte de uma mudança positiva na nossa geração e a igreja precisa estar na linha de frente liderando esse movimento para uma mudança social. Mas, a maneira que caminhamos nisso é crítica à integridade da nossa fé e à promessa da glória de Jesus enchendo a terra como as águas cobrem o mar (Habacuque 2:14). 

Respondendo à injustiça:

Como que respondemos à injustiça? Quando olhamos os evangelhos e vemos os ensinamentos de Jesus, de todas as coisas que Ele poderia falar sobre justiça ele disse isso:

E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” Lucas 18:7-8

Nessa parábola, Jesus podia ter nos dado um texto sobre como escrever uma legislação de Deus, como eleger líderes justos ou como criar respostas sociais estratégicas. Mas, ele não fez isso. Jesus conectou a liberação de justiça rápida ao Corpo de Cristo, que persistentemente clama em oração dia e noite. Oração é o fundamento para a justiça ser liberada na nossa sociedade. 

O poder da oração

Há duas coisas que a oração faz que nada mais consegue fazer: 

  1. Oração conecta o nosso coração ao Deus da Justiça. No lugar de oração nós encontramos, em Isaías 42, o Rei Servo que “não mostrará fraqueza nem se deixará ferir, até que estabeleça a justiça na terra.” (Isaías 42:4). Enquanto contemplamos Jesus, entramos em comunhão e ouvimos seu coração, então oramos isso de volta a Ele e concordamos com o que Ele quer fazer na terra. 
  2. Oração nos engaja na batalha espiritual que está acontecendo atrás dos sistemas da injustiça, atos de abuso e das guerras que invadem nossa sociedade hoje. A injustiça está prosperando porque o inimigo está lutando contra aqueles que carregam a imagem de Deus. Neste lugar de oração abrimos nossas bocas, declaramos a Palavra e lutamos contra esse fatores espirituais (Efésios 6:12).

O Segundo Mandamento

Precisamos ser uma igreja que não desvia o olhar da depravação e injustiça do nosso mundo hoje. Temos quer ser um povo que vê a injustiça da mesma forma que Deus vê e que está engajado em oração para que justiça divina seja derramada. E sermos aqueles que mantêm os corações vivos em esperança e que são dispostos a ir aos pobres e aos oprimidos com uma mensagem e ações de esperança, cura e restauração. 

À medida que amamos o Senhor nosso Deus com todo o nosso coração, mente e força, tendo comunhão com Ele, o transbordar natural é que Jesus comece a compartilhar seu coração conosco, em amizade. Enquanto oramos por justiça em nossa cidade, Jesus começa a abrir nossos olhos ao sofrimento em nossa cidade e, então, Ele nos compele a ir. Amar o nosso próximo, o segundo mandamento, se torna um resultado direto e natural do primeiro mandamento. 

A verdadeira justiça

Nos evangelhos vemos 12 vezes onde Jesus foi “movido por compaixão”. Compaixão não é uma emoção que passa rapidamente, uma pena momentânea ou simpatia. Compaixão literalmente significa entrar no sofrimento do outro. Quando Jesus foi movido por compaixão, a fonte de toda vida foi movida e a ternura inesgotável e insondável amor de Deus foi revelada. Corpos foram curados, mortos se levantaram e Jesus foi visto como o Messias. 

Justiça para o pobre e oprimido nunca vai ser algo à parte de Jesus. Sim, nós podemos ver leis mudadas, programas sociais financiados, os necessitados sendo vestidos e alimentados. Mas, até que os necessitados conheçam o amor de Deus, sua salvação, e tenham suas vidas transformados por essa revelação, a justiça é incompleta. 

A Encarnação

Que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Filipenses 2:6-8

Na encarnação vemos a natureza verdadeira da compaixão no nosso Rei lindo. Ele se dispôs a entrar em nosso sofrimento e em nossa condição como homens fracos. Ele deixou as alturas da glória com seu pai, para se humilhar e caminhar conosco. Jesus pagou o preço final para entrar em nosso sofrimento. Ele viveu uma vida sem pecado e redimiu a humanidade na cruz. 

O maior exemplo

À medida que Jesus se humilhou e redimiu nossa humanidade, Ele nos chamou para fazer igual. Nos chamou para também abrir mão da nossa reputação, nosso conforto, finanças e  tempo, a fim de nos humilharmos para sofrer com aqueles que sofrem. Nossa disponibilidade a fazer isso nos faz ser canais para revelar a sua beleza, poder e a salvação de Jesus a um mundo quebrado e machucado. 

Não há justiça fora de Deus

Nós, desesperadamente, precisamos de justiça nessa hora, no Brasil. Como povo de Deus, temos que entender que não há justiça fora de Deus. Sua presença, transformando nossa condição humana, de caídos a redimidos, é central à justiça. O humanismo abraça soluções para a justiça dentro dos recursos, razões e ingenuidade dos homens. Mas, fora de Jesus, embora essa resposta seja útil, não nos faz alcançar a justiça por completo.

A Igreja tem que tomar uma atitude no lugar de oração para contender para justiça. Tem também que ser enviada, nessa hora, como povo embaixador, representando a revelação de Jesus, o único Justo, e seu reino. Temos que influenciar as áreas chaves, que são necessárias para trazer uma mudança na sociedade, algo multifacetado, que começa com oração e que cresce para causar efeito na cultura, nos políticos, no governo, na mídia e etc. Finalmente, nós temos que caminhar como Jesus caminhou e ser um testemunho de seu grande amor nos lugares escuros, onde a injustiça prospera. 

Os desafios de ser uma mulher no século 21 são significantes. Eu sou uma mulher há quase 50 anos e acho que é mais difícil agora do que era antes. Por que eu acho isso? Por causa da pressão constante e comparação em que nos colocamos.

O que você não vê no instagram

Mulheres têm mais oportunidades agora do que nunca antes, mas a natureza das nossas vidas públicas aumentou e agora tem uma luz destacando a nossa necessidade de provar o nosso valor. O jogo da mídia social é intenso. Eu sou grata pois não havia Instagram quando eu era uma mãe jovem, por exemplo. Eu tinha tantos momentos que não eram viáveis de postar e que, com certeza, não iam ganhar curtidas. 

Nós usamos as mulheres dos anos 50 como uma referência de mulheres que eram cobertas de deveres domésticos e nos sentimos mal por elas. Nós ainda sentimos essa pressão, mas, como mulheres, nos colocamos debaixo de maior pressão ainda através do postar sobre tudo. Quando eu cozinho uma refeição deliciosa e posto, me divirto nas curtidas e nos comentários de como realmente parece estar saborosa e de “como que eu acho tempo para conseguir cozinhar essas criações incríveis”, e blah blah blah. A verdade é que já fiz refeições que até um cachorro morrendo de fome não iria sequer tocar, muito menos postar uma foto para o mundo inteiro avaliar.

A vida real

A versão Instagram das nossas vidas é incompleta, mas ainda continua sendo o padrão pelo qual nos avaliamos. Você já entrou no seu Instagram e viu a vida perfeita de todo mundo só para se sentir desencorajada, sozinha e batalhando com fracasso? Eu sei que eu já. Uma mulher incrível uma vez me disse: “Você não pode ser super bonita, fazer uma janta incrível, arrasar no trabalho, ter uma casa limpa e ter crianças perfeitas no mesmo dia”.  Me lembro de me sentir, ao mesmo tempo, aliviada e frustrada enquanto ela me dizia isso. Além disso, pensava que se tentasse mais iria conseguir, mas sabe o quê?  Eu tentei mais, só que não consegui. Todos os seus seguidores do Instagram e amigos também não estão fazendo tudo perfeito. De uma certa forma Instagram é uma mentira. Ele tira um print de um momento de 10 segundos e agora o tempo parou bem naquele momento e foi elevado acima da realidade e colocado o padrão mais alto para alcançar a perfeição. Meus amigos, isso é um lixo. 

Mudando a perspectiva

A vida é sobre ritmos e não avaliando cada dia como se fosse um único dia. É sobre ver as nossas vidas num prazo maior.  Eu creio que Deus nos avalia de uma forma bem diferente do que imaginamos. 

Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.” – 1 Samuel 16:7  

Eu vivo de maneira diferente quando estou ciente de que Deus está olhando meu coração e não a aparência externa ou o sucesso definido pelos outros. Então, estou falando para desistir do Instagram? Não, nenhum pouco. Eu estou dizendo para viver com um olhar diferente, para um audiência de um só. Deixe que aqueles olhos olhem para você ao longo dos vários dias da sua vida para te definir.

A bíblia é um presente que graciosamente nos foi dado. Ela contém tesouros preciosos a serem descobertos. Foi escrita por homens como nós, cheios de inspiração divina. Nunca houve um livro tão antigo que fosse tão atual.

Há tantos capítulos e personagens com os quais é possível nos identificarmos. Um dos meus favoritos é Davi, o pastor de ovelhas que sentiu a rejeição de sua família ao ser esquecido no dia em que o profeta Samuel foi à sua casa para ungir o novo rei sobre Israel e, para a surpresa de todos, Davi era esse homem. Escondido aos olhos de todos mas, na mira dos olhos de Deus.

Salmos está repleto de canções, orações e súplicas

Ali, Davi também descreve a experiência de caminhar sob a liderança do Senhor. Um dos salmos mais famosos encontramos a seguir:

“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” (Sl 23:1-4)

Vejam, Davi não estava falando de algo que era estranho para ele. Durante sua adolescência o pastoreio fora seu ofício. Ele usava o cajado e levava suas ovelhas a pastos verdes e ainda que tivesse que passar por vales, como líder, ele sabia o destino final de suas ovelhas.

No vale, as nossas muletas são removidas

Em uma estação de minha vida me conectei especialmente com o último verso descrito. Há poucos anos fui diagnosticada com câncer de mama. Era uma situação nova e desafiadora, posso descrever esse processo como, no mínimo, doloroso. Fiz mais exames nos últimos anos do que já fiz ao longo de toda a minha vida. Lidar com a quimioterapia e seus efeitos colaterais, tais como, náuseas, cansaço mental e físico e com a carga emocional que toda essa informação acarreta. Considerando minhas experiências, nesse período, posso dizer com propriedade que o vale é real. Porém, é tão necessário quanto as águas tranquilas e pastos verdejantes.

Nesse tempo também provei a cura em algumas outras áreas da minha vida. Sabe aquelas coisas que guardamos tão bem que esquecemos que estão lá? Aquelas que ficam dentro de gavetinhas muito bem trancadas? Em tempos como esses elas são abertas, o pó é retirado e o que não serve mais é lançado fora. Esse não é um trabalho meu, mas do Espírito Santo e como sempre tem sido muito bem executado! O vale é o lugar onde nossas muletas são removidas, nossos pés são fortalecidos e assim, reconhecemos que a força que vem do alto é capaz de nos sustentar.

Um lugar de vulnerabilidade

O vale é o lugar de maior vulnerabilidade, porém, maior segurança, de maior fraqueza, contudo experimentamos maior força, onde nossa visão transcende o visível. É o lugar onde conhecemos novas facetas a respeito da liderança de Jesus, e acima de tudo, o nosso entendimento se expande acerca de quem Ele é.

Há pérolas escondidas no vale e, somente aqueles que estiverem dispostos a passar por ele, as encontrarão. Talvez você, assim como eu, esteja passando por um vale agora mesmo, e eu quero te encorajar a permanecer caminhando. Persista! Há uma mesa preparada para você, e seu líder perfeito, Jesus, te honrará diante dos seus inimigos. 

Aqueles que olham para Ele ficarão radiantes e seus rostos jamais mostrarão frustração (Sl 34:5)

Todas as coisas estão cooperando para o nosso bem. Ele está nos liderando como um bom pastor e, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, não precisamos temer mal algum, pois Ele estará conosco, o zelo Dele nos protegerá. Então, sigamos com confiança. Nós podemos, com a força do Espírito Santo, fazer desse vale um manancial.

Bem aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos para Sião. Passando pelo vale Baca, fazem dele um manancial; a primeira chuva o cobre de bençãos (Sl 84:5-6)

O que você pensa a respeito de oração? Será que você sabe orar?

Dependendo do contexto no qual você cresceu coisas diferentes podem vir à sua mente quando se pensa em oração. A senhorinha do coque, saia até o joelho e palavras de conhecimento tão certeiras que você tinha até medo de olhar nos olhos dela diretamente… Por que, vai que ela diz algo, né? Ou, talvez, aquele grupo que se reunia todas as quarta-feiras, às 6 da manhã, e que orava incansavelmente item por item da lista (interminável).

Seja qual tenha sido sua experiência, e sejamos sinceros, usei exemplos extremos aqui, a oração é um assunto que gera muitas emoções. Mas, será que essas emoções e noções se alinham com as verdades bíblicas? Será que nossas experiências têm mostrado a realidade eterna da oração?

Jesus ensina orar

Jesus veio para trazer salvação e a esperança de um futuro brilhante. Em seu período na terra participou da experiência humana de forma plena (Filipenses 2) e viveu como um de nós. Hebreus 4:15 diz que foi tentado em todas as coisas, porém, não pecou. Pense nisso! Jesus, o homem, experimentou as dificuldades, desafios e frustrações que você e eu passamos… E NÃO PECOU!

E algo que sempre me fascinou foi que na sua vida humana – não quando estava no céu, não quando tinham conferências, não quando havia uma campanha especial – no seu dia a dia havia sempre oração. Fossem momentos íntimos quando Ele se retirava, quando levava alguns mais próximos com Ele ou ensinando sobre isso, acima de tudo, a oração estava presente. Assim, Jesus, o filho de Deus, Estrela da Manhã, Primogênito dos Mortos, Testemunha Fiel (devo continuar?) acha relevante ensinar sobre algo em específico, e não apenas ensinar com palavras, mas ser modelo vivo disso, eu acredito que devemos prestar atenção. Portanto, vemos nos evangelhos seus exemplos de dia a dia, mas também, observamos momentos nos quais escolheu ensinar sobre isto. 

Em Mateus 6:6:

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”

Orando no secreto

Ele nos fala sobre o princípio de ter uma vida de oração e usa um adjetivo meio incomum: secreta. Porém, isso não significa apenas trancar-se no quarto (mesmo isso sendo muito legal e, às vezes, mais produtivo para evitar distrações), mas ter um diálogo interior entre você e Deus. Algo que ninguém tem como medir ou contabilizar na sua vida – algo secreto entre você e Aquele que sonda e conhece o coração.

E Jesus no seu ensino não para por aí! Ele fala sobre recompensa.

Se você viver um diálogo contínuo com Deus e falar com Ele no teu coração durante o dia, antes daquela reunião, depois daquela prova de 28 questões que te deixou até sem saber o seu próprio nome. Se você orar em línguas (ou tomar frases de versículos e declarar de volta para Ele), se você conversar com Ele parado no “maravilhoso” trânsito, Ele diz que haverá uma recompensa. E não é qualquer tipo de recompensa – ela será PÚBLICA, visível e externa. Não para jogar na cara de ninguém ou para demonstrar a sua profundidade, mas a tua vida se torna tão irresistível para Deus que as bênçãos que Ele derramará e as mudanças que serão geradas no teu interior, pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus, serão visíveis. Então, você quer crescer? Ore. Você quer aquela ideia de um milhão de dólares? Ore. Você quer ver transformação real? Ore.

Orar sem cessar

Por isso tudo, as regras do jogo forma mudadas. Dessa forma, a oração passa a ser parte do meu dia a dia e não apenas uma tarefa semanal eclesiástica. De repente, Deus está em todo momento, e eu não mais deixo-o para trás no domingo na Igreja ou no meu quarto depois da minha leitura bíblica… E, sem perceber, vivo orar sem cessar. Chocante? Sim, e totalmente alcançável. Como eu sei disso? Foi dica de Jesus.

A ideia de discipulado é clara desde a antiguidade. Os discípulos não queriam apenas saber o que um mestre sabia, eles queriam ser como seu mestre e viver como ele vivia.

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, ide e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Mateus 28:18-20 

Nessa passagem conhecida como “a grande comissão” podemos entender nosso chamado para o discipulado – fazer discípulos para Jesus. 

Isso foi o que Jesus fez quando chamou os discípulos para segui-lo. Ele os convidou para uma jornada em eles pudessem vê-lo caminhando em amor, retidão, justiça e piedade. Este é o desejo que Jesus, que o sigam, aprendam e andem como Ele andou. 

Ensinando a obedecer

Sim, é extremamente importante e parte essencial do discipulado ensinar as Escrituras, as verdades bíblicas e ensinar a interpretá-las. Até porque, se não entendermos de fato o que está escrito e se interpretarmos de forma equivocada os ensinamentos, como iremos obedecê-lo? Portanto, isso é da mais alta importância! Mas o ponto é que precisamos ir além disso. Jesus falou sobre “ensinar a obedecer tudo o que Ele nos ordenou” e isso vai além da parte teórica do estudo. Ele fala de levarmos outras pessoas a seguirem os passos Dele. Assim, obedecer o que Ele ordenou é feito de forma prática no dia a dia das nossas vidas.

Ele disse que deveríamos viver essa realidade, por isso não basta dizermos que Jesus mandou perdoarmos. Precisamos perdoar e mostrar como se perdoa. Desta forma, precisamos ser pessoas que andam com Cristo por tanto tempo, que se tornam parecidas com Ele, e assim, levamos outras pessoas nesse mesmo caminho. Precisamos ser aqueles que demonstram as atitudes Dele, que refletem o caráter Dele e isso deve ser feito na caminhada diária. Não se trata de uma mera transmissão de conteúdo, mas sim de ensinarmos com a nossa própria vida, o que é viver em Cristo. 

O custo do discipulado

Por isso, quando falamos de “ide e fazei discípulos”, estamos falando do ato de seguirmos a Jesus e do ato de ajudarmos outros a seguirem Ele. Há um custo para seguirmos a Jesus e ajudarmos outros a seguirem Ele. Isso é discipulado. É muito árduo você se encaixar na vida, nos planos e nas exigências de Jesus. O discipulado significa dizer que Jesus tem a primazia, que não mais vivemos nós, mas Cristo vive em nós. Em Cristo vivemos para a glória Dele e demonstrarmos isso através das nossas atitudes. Sempre que mostramos Cristo além de nós mesmos, estamos discipulando, levando outros a andarem como Jesus. Se, de fato, estamos em Cristo, somos seus discípulos, nunca deixamos de ser, e nessa jornada, temos o comando de ensinar aquilo que Jesus deixou para nós. Isso afeta diretamente tudo o que somos e como vivemos.

Que o Espírito Santo nos ajude a vivermos esse verdadeiro discipulado, caminhando juntos e ensinando a Palavra uns aos outros.

A igreja tem passado por grandes mudanças nas últimas décadas. Cristãos têm se movimentado de forma renovadora anunciando o evangelho. Cada vez mais círculos universitários são tocados por jovens apaixonados por Deus que não têm descansado até que todos à sua volta ouçam sobre o poder da salvação. Todos os dias ouvimos sobre novas mobilizações de evangelismo, treinamentos e envios missionários, temos impactado nossa “Judeia” e, quando digo isso, me refiro a estarmos alcançando aqueles que estão próximos a nós para, então, avançar e conquistar as nações. E, porque precisamos ter fome por Deus?

Assim como em Atos 1:8, quando Jesus ressurreto, prestes a ascender aos céus, disse àqueles que estavam reunidos com ele que eles seriam Suas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. E por todas essas iniciativas, somos felizes e damos graças ao Senhor. Porém, em contrapartida, em meio a tamanha oferta de alimento ao perdido, há algo essencial que pode estar nos faltando: A fome.

Veja essa conhecida frase de A. W. Tozer:

“Nós somos a soma da fome que temos”. Isso me faz pensar sobre o que é  que temos desejado, e como Deus tem respondido à sua igreja nesses dias. Estaríamos nós desejando e pedindo por fome? E, por que precisamos tanto assim da fome?

 Você, possivelmente, sabe que a falta de fome é um sinal de alerta. Quantas vezes já ouvimos nossos pais conversando preocupados a respeito do nosso estado de saúde ou de nossos irmãos ou irmãs, e eles dizem: “ele está sem fome, não quis comer nada o dia todo”.  A falta de apetite físico é um dos mais evidentes sinais de que algo não está bem com o estado físico de alguém. Essa mesma verdade se aplica à nossa vida espiritual. 

O que aprendi

Quando eu era criança, frequentemente buscava uma oportunidade de abrir um pacote de salgadinho antes das refeições ou tinha vontade de comer alguma “besteira” essa era a forma que minha mãe chamava os alimentos que não tinham o valor nutricional que eu precisava para me manter saudável, mas que, na minha opinião infantil, era a melhor refeição que eu poderia ter e, constantemente, nos comportamos da mesma forma na nossa vida espiritual, nos alimentando de “besteiras”, comendo de tudo, mas pouco sendo nutridos por um relacionamento profundo com Deus.

E esses falsos alimentos nos mantêm saciados e impedem que a fome exerça seu papel fundamental: fazer com que comamos aquilo que vai definitivamente nos sustentar e nutrir. A fome, quando não saciada, resulta em fraqueza. Portanto, ao ter fome nosso corpo naturalmente se encarrega de nos mostrar que precisamos nos alimentar. E, se nos sentirmos mal, é por conta da falta de alimento que pode ser altamente prejudicial às atividades relacionadas à sobrevivência. E mais que isso, a inanição pode dar fim à vida.

Continuando nosso paralelo com nossa vida espiritual, comumente estamos dentro da igreja rodeados de bons ensinamentos, lemos bons livros, temos acesso à informação e a pessoas que são boas influências para nós espiritual e intelectualmente. Temos um lugar saudável para crescer e, ainda assim, nos encontramos incompreensivelmente apáticos. Este é um enorme perigo na vida do cristão. Temos ao nosso alcance tudo que precisamos para nos satisfazer, mas escolhemos viver uma vida distante dos banquetes que a presença de Deus pode nos oferecer. Precisamos aprender a nos posicionar contra a apatia e a falta de ânimo. Precisamos clamar para ter fome por algo de Deus. 

Observe como é paradoxal:

Ao mesmo tempo que saímos da igreja em busca do perdido, intensificando trabalhos evangelísticos e investindo em mobilizações específicas em escolas, hospitais, orfanatos, casas de prostituição e em muitos outros lugares, para atender a todas essas pessoas famintas e oferecer-lhes a verdadeira comida, dentro da igreja experimentamos um aumento da frieza e indolência que só a falta de fome pode explicar.

Sei que pode parecer confuso, acredito que paradoxos geralmente têm essa característica: nos movem a pensar em busca de entendê-los no início e, depois que o compreendemos, terminam nos impactando por sua força contraditória. Observar algo que não corresponde à lógica ou ao senso comum deve rapidamente nos despertar para a realidade e nos impulsionar a caminhar com intencionalidade e clareza. O que está acontecendo que as pessoas chegam à igreja famintas, mas depois, contentam-se com a apatia?

Sempre que um ano chega ao fim eu começo a perguntar para Deus qual será o tema da minha vida na próxima estação e qual é a área em que eu devo focar no próximo ano. Peço um versículo bíblico que indique algum âmbito da minha vida em que Deus queira revelar mais do Seu caráter. Há alguns anos atrás, quando comecei a orar neste sentido, percebi que eu já vinha sentindo meses antes um desejo grande de ver uma manifestação maior dos dons do Espírito Santo, tanto na minha vida, quanto na das pessoas que eu liderava e na minha igreja. Era um clamor por avivamento, uma vontade de ver as evidências da manifestação do poder de Deus no meio do seu povo.

A fome por Deus como um presente

Então, senti claramente o Espírito Santo falar ao meu coração: “Peça por fome de Deus, esse é o melhor presente (dom) que você poderia receber”. Essa frase me deixou vulnerável diante de Deus. Eu comecei a perceber que, embora estivesse me alimentando nEle, precisava manter-me em um lugar de fome. E que isso não está relacionado ao meu tempo de devocional com Deus, a preparar meus estudos bíblicos ou manter uma vida cristã saudável. Mas a um desejo desesperado por mais de Deus que só Ele mesmo poderia gerar em mim. Do que adianta o poder sendo manifesto, pessoas sendo tocadas e milagres acontecendo, se estamos saciados?

Se não temos um intenso clamor por um encontro pessoal com Deus e nos contentamos em tocar apenas Suas manifestações externas, quando estamos espiritualmente desnutridos por estarmos nos alimentando somente do mover, é assim que, quando menos esperamos, a indiferença e mornidão são mascaradas por um senso de sucesso espiritual, porque vemos o Reino sendo manifesto. Em outras palavras, do que adianta este Reino se manifestar externamente enquanto em nosso interior permanecemos apáticos e inertes em nossa busca pessoal rumo ao coração de Deus? E eu não penso que desejar a manifestação do poder de Deus seja errado. Penso apenas que esse desejo deveria ser uma consequência de quem está desesperado por Deus e tem uma fome que transforma e reorganiza a intenção pela qual buscamos poder. 

Sermão do Monte

Muitos chamam o Sermão do Monte de constituição do Reino de Deus, isso significa que nele nós encontramos direções para viver um estilo de vida que aponta para esse Reino. Nesta mensagem, Jesus nos chamou à perfeita obediência e sua própria vida na terra é o modelo em que devemos nos espelhar. No sermão do monte Jesus menciona oito bem-aventuranças, que são direcionamentos para nós, além de servirem como parâmetros para analisarmos nossa jornada em Deus ao longo dos anos. Quero destacar uma dessas bem-aventuranças que está escrita em Mateus 5:6:

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados”. 

A fome por Deus

Trata-se primeiramente de um clamor no íntimo, um anseio ardente por uma vida que esteja alinhada com a santidade de Deus e de uma busca incansável por amá-lO com todo o coração, mente e forças. Quando Jesus declara que é bem-aventurado, feliz ou alegre aquele que tem fome e sede por JUSTIÇA, Ele não está se referindo à justiça no sentido de justificação ou salvação, nem de julgamento e condenação. Jesus diz por justiça a retidão moral, o desejo profundo por ter uma vida separada e de total entrega, estes terão seus anseios satisfeitos.

Entendemos justiça como um alinhamento, como a criação funcionando corretamente, da maneira que o criador a formou para estar. A justiça a qual aqueles que têm fome receberão é a da integridade em suas próprias vidas, nas vidas daqueles que os cercam e na sociedade. Sim, estes que têm fome estendem este desejo às pessoas que influenciam e aos ambientes que frequentam. A palavra “saciados” também tem neste texto uma conotação diferente daquela a qual estamos acostumados.

Quando, literalmente falando, temos fome de comida, comemos e então ficamos saciados, a fome passa. Diferente do “saciar-se” que recebemos como recompensa pela fome e sede de justiça, dito por Jesus, que tem em si a capacidade de gerar ainda mais fome. Você consegue entender como isso funciona? Você tem fome, é saciado, e em consequência, você fica com mais fome.

Por exemplo, sabe quando em um culto ou conferência você é tomado pelo Espírito e experimenta algo novo em Deus e tem um profundo encontro com Ele? E quando você volta para casa, você quer continuar vivendo aquela experiência em cada segundo da sua vida? Quer ler a bíblia todo o tempo, ouvir músicas que falem sobre Jesus e mudar tudo para viver só para Ele? É isso! Uma fome por Deus e por tudo dEle, nEle e para Ele que vai ser saciada. E isso, ao invés de diminuir a sua fome, vai aumentá-la.

É o que podemos chamar de saciedade insatisfeita: Você é saciado, mas não deixa de ter fome! 

Eu amo que estamos nos movendo, que temos em mente que precisamos de avivamento e falamos disso como nunca antes. Avivamento é o tema de conferências e o alvo de estudos. Quando buscamos a palavra “avivamento”. Mas o avivamento é apenas o fruto, sua semente é a fome. Seria viável obter o fruto sem a semente? Possivelmente há uma inversão de valores. Nosso anseio maior não deve ser o avivamento, mas a fome por Deus, e em consequência, o avivamento virá.

Quando cristãos famintos começarem a lamentar, clamar e se arrepender de seus pecados e dos pecados da sua geração, pedindo que a justiça e retidão de Deus invada sua sociedade, Deus se moverá para saciá-los, e Sua resposta será o verdadeiro avivamento esperado há tempos. Um avivamento que se inicia em corações quebrantados dá espaço para o Espírito de Deus agir. Então, a sujeira é lavada, o arrependimento é evidente. Um anseio para que a terra conheça Deus em verdade toca o povo tão profundamente, que homens são tomados por uma fome sem tamanho, não conseguem se conter e utilizam-se das plataformas para tornar Jesus conhecido. A fome gera o avivamento e o avivamento gera mais fome.

Por mais que você não possa produzir a fome em si mesmo, você pode posicionar-se para recebê-la do Senhor. Peça! É assim que você receberá a fome. Faça como aquela viúva persistente de Lucas 18 e bata até que a porta se abra. Persiga!

Minha oração

Que Deus aumente a fome pelo conhecimento de quem Ele é na igreja brasileira. Que o Seu povo tenha a certeza de que esta fome será satisfeita e a resposta trará um avivamento que resultará em retidão e alinhamento. Não só para a igreja, mas para nossa nação em todas as suas esferas. E se, porventura, a resposta não vier neste tempo, diante dos meus olhos, minha certeza é que mais cedo ou mais tarde ela virá. A promessa é sobremaneira encorajadora. Deus está dizendo que a fome será saciada, que este clamor será respondido e que o Seu povo receberá uma resposta às suas orações. Isso ocorrerá nestes dias ou no Reino que está por vir!