O ato de Jesus lavar os pés dos discípulos, antes da última ceia, já foi retratado em quadros e ainda hoje é uma prática comum no meio da igreja. Certamente está relacionada com humildade. Pode, igualmente, ser um gesto simbólico do desejo que temos de servir uns aos outros no corpo de Cristo.
Sabe-se que nos dias de Jesus os trajetos eram percorridos, em sua grande maioria, a pé. Raras eram as ocasiões em que contavam com auxílio de algum animal ou outro meio de transporte.
Portanto, o acúmulo de poeira e sujeira nos pés era diário. Era costume da época, quando se queria ser hospitaleiro, oferecer água para lavagem dos pés. O que ainda na atualidade, propicia uma sensação de relaxamento e conforto.
Esse foi o pano de fundo sobre o qual Jesus tomou a bacia e lavou os pés dos discípulos:
“Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim? Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.” Jo. 13:6-10
Entretanto, a cerimônia do “lava pés”, como também é conhecida, oculta outras verdades igualmente siginificativas. Além da humildade evidente do gesto de Jesus em relação a seus discípulos, existe um convite para um relacionamento diário com Ele.
Quando reconhecemos que, diariamente, poeira se acumula em nossa trajetória, corremos para Ele. É nosso relacionamento cotidiano com o Mestre, que permite que a poeira e o cansaço sejam substituídos por limpeza e refrigério.
A impetuosidade de Pedro, mais uma vez, gera oportunidade para que Jesus introduza um ensino profundo a respeito da salvação. Esta verdade precisa ser destacada pelo Espírito Santo em nossa caminhada. A limpeza original, profunda e definitiva, foi realizada na cruz. Ela é incorporada em nossa história em nossa conversão, no ato do batismo.
A partir deste momento, não importa o que tenha sido nossa experiência, somos transportados do império das trevas para o reino de Seu Filho amado. (Cl. 1.13). É bem verdade que os frutos desta nova vida não são instantâneos, como muitas vezes gostaríamos que fossem. O processo de santificação inicia-se na conversão e só se extingue no dia que nossa jornada aqui acaba.
Chegar-se a Jesus, diariamente, para que Ele remova a poeira de nossos pés, é sábio. Apropriar-se do entendimento, de que o preço que Ele pagou na cruz, é suficiente para nos enxertar na videira, é decisivo para nossa maturidade e avanço.
Entenda que fomos comprados e limpos pelo poder de Seu sangue. Busque uma vida de comunhão diária com o Espírito Santo, para que Ele remova a poeira que se acumulou. Faça diferença em meio a sua geração, através do entendimento das duas verdades contidas neste gesto.
Permita sim que Ele lave seus pés. Entretanto, jamais esqueça que já fomos limpos de uma vez por todas. Essa limpeza nos dá acesso a seu trono como filhos e herdeiros de um reino eterno.