A correria frenética por satisfação, prazer e felicidade nos cerca e é bem conhecida por nós. A todo instante postagens e textos aparecem na nossa frente, de como podemos viver mais felizes ou aumentar nosso bem-estar e satisfação com a vida. A sensação bem presente nessa busca, porém, é muitas vezes a de correr em círculos. Nunca se alcança a plenitude dessas coisas com os recursos que temos disponíveis para isso.
PEÇAS QUADRADAS PARA O ESPAÇO REDONDO?
Primeiramente, vamos pensar um pouco. Parece um tanto sádico pensar que Deus, nosso Criador, idealizador dos nossos anseios, tenha nos criado com anseios que ficarão sem resposta. Imagina só se Deus tivesse criado nosso estômago, decretado que funcionaríamos para sentir fome, mas não tivesse inventado o alimento. Não faz sentido, certo? Soa cruel.
Da mesma maneira, não faz sentido sermos dotados de anseios de prazer, amor, relacionamento, apreço, alegria e não haver uma maneira de sacia-los.
O problema que quero trazer aqui não é exatamente com o que saciamos esses anseios, mas uma maneira sadia de saciá-los. Qual o plano original que Deus teceu para nos saciar?
A FÁBRICA DE ÍDOLOS x SER SATISFEITO
Certamente, aquilo que nos sacia têm uma boa parte do nosso coração. O coração humano vaga em busca daquilo que o transcenda. E essa tem sido uma preocupação do meu coração ultimamente. Pois, não falo de pecados necessariamente, mas de coisas legitimas e boas. Qualquer coisa, que não é o Deus verdadeiro, que ganhe o nosso coração, nos motiva, nos controla, servimos, ou onde buscamos esperança é um ídolo em potencial.
“O coração humano é uma fábrica de ídolos” (João Calvino)
Obviamente, nós temos nossos meios de nos prover satisfação. Na verdade, muitas vezes a um click encontramos alguns segundos de aparente alegria. O problema reside em fazermos das coisas a fonte que nos sacia. O fato é que, Deus, o criador de todas as coisas (Dt 10:14; Sl 24:1), é também a fonte da vida. Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17:28).
Ele criou as boas dadivas, como a comida, os relacionamentos, a beleza, arte, música, esporte, trabalho, a natureza e tantas coisas. Mas, todas as dádivas são meios de desfrute e não o fim ou a fonte do nosso prazer e alegria. Nosso coração tende a colocar as coisas criadas no lugar do Criador, fazendo delas ídolos e não instrumentos para glorificá-lo.
A FONTE
Portanto se nossa fonte for Senhor, e encontrarmos deleite, prazer e completude Nele, estaremos com o coração no lugar correto para desfrutar de relacionamentos profundos sem idolatrá-lo, beber e apreciar comidas deliciosas sem fazer disso uma compulsão, trabalhar diligentemente sem fazer do serviço nossa fonte de significado e identidade. Servir outros com a motivação correta. Cuidar do nosso corpo sem cultuá-lo.
É certo que, consumir e abusar do uso dessas coisas para nos satisfazer e encontrar prazer, apenas nos expõe não só a idolatria, mas a encontrar o vazio que não se preenche. A sensação de correr em círculos que falamos inicialmente. Certos que mesmo fazendo qualquer dessas coisas, compulsivamente, não seremos plenamente saciados.
POR QUE BUSCAR SATISFAÇÃO?
Diante disso, me resta pensar que o inicio e o fim da nossa satisfação é o Senhor. Pois, Dele, por Ele e para Ele existimos, fomos criados e seremos satisfeitos. Dele sai a verdadeira fonte e quando encontramos a fonte Nele, nós nos voltamos para Ele.
Uma vez que nos encontramos com esse ponto, faz sentido o que John Piper diz: “Deus é mais glorificado em mim quando sou mais satisfeito nEle.” Adoração, ações de graça, e louvor fluem de um coração que encontrou contentamento. E a própria adoração nos trás deleite. Por isso devemos caminhar em satisfação. Fomos criados para sua glória. Um coração satisfeito vive integralmente em adoração, seja caminhando, se divertindo, conversando, comendo, descansando, trabalhando. Essa é a vontade do Senhor.
Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado.
Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranqüilo,
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita.
(Sl 16:8-11)