“Quero ser como criança, Te amar pelo que és…” Essa letra é parte de um cântico de David Quinlan. Lembro-me da primeira vez que ouvi…fez muito sentido pra mim. Acrescentou significado às lições que o Espírito Santo me ensinou naquela estação de minha vida.
Jesus disse:
“Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.” Mt 18:4
“Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.” Mt 19:14
A pureza das crianças atraía Jesus. O comportamento delas contrastava com a hipocrisia dos fariseus e com a religiosidade de Israel. Elas não tinham pudor, por isso, não usavam máscaras. Era assim naquela época, continua sendo assim em nossos dias.
A vontade de crescer esmaga hábitos infantis que deveriam ser incorporados à vida adulta. As responsabilidades subtraem nossa empolgação. O medo nos impede de correr sem reservas para os braços do Pai. Os sonhos são esvaziados de intensidade, já que sonhar exige doses de confiança e entrega.
As grossas camadas de independência asfixiam a possibilidade de simplesmente pedir socorro. As conquistas carregam uma falsa sensação de autossuficiência e alimentam nossa autonomia. A fluência da linguagem impõe um rigor na comunicação que reprime a autenticidade. O “ter” ocupa com facilidade o lugar do “ser”.
Brincar passa a ser tolice, por isso, a naturalidade das perguntas sucumbe a preocupação com a imagem. Enquanto a inocência é afogada pela malícia, pretensamente classificada como sensatez, perdemos a espontaneidade. Não é à toa que Jesus inúmeras vezes usou-as como exemplos.
Nosso Deus se empolga com espontaneidade, porque ama a vulnerabilidade peculiar das crianças. As perguntas que revelam simplesmente a vontade de saber. A ousadia dos sonhos que não conhecem limites. Ele ama as palavras mal pronunciadas, o cantar desafinado, os passos trôpegos. Enquanto aprecia a imaturidade que admite o aprendizado, gosta da facilidade com que os erros são cometidos e admitidos. Ele admira e é atraído pelo desembaraço com que buscam afeto.
Ele ama a criança que carregamos em nosso interior, já que é nosso Pai. Como todo pai, se emociona quando despretensiosamente nos relacionamos com Ele como filhos. Ousamos crer em Seu amor, quando nosso relacionamento com Ele é carregado de fluidez, porque baseia-se em aceitação incondicional e não em performance.
Nunca foi projeto de Deus que a vida adulta sufocasse a criança que fomos. Por isso, corra para os braços dEle hoje. Declare seu desejo de ser como criança mais uma vez, de novo e de novo. Nossa maturidade é medida por nossa capacidade de ser como criança.
“Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.”
Lc 9:48