Na série especial do mês de julho, temos estudado a Epístola de Colossenses e neste estudo bíblico vamos falar mais especificamente sobre a obra da Cruz. Antes de mais nada, é importante nos lembrarmos do contexto histórico deste livro.
Colossos se encontrava no sudoeste da Ásia Menor, esta cidade ficava próximo ao rio Lico. Nos dias antigos, ela tinha sido abundante, pois desfrutara de uma indústria próspera de lã e tinha uma localização estratégica na rota comercial entre Éfeso e o rio Eufrates. Mas, nos dias de Paulo, com o crescimento de Laodiceia e Hierápolis, Colossos se tornou uma cidade mercado totalmente irrelevante.
Paulo foi o escritor desta carta. Ela foi dirigida aos cristãos de Colossos para combater as heresias da época. Pois, havia um falso ensino judaizante mesclado com a filosofia grega cultural. Isto é, uma devoção sincrética: em parte judaica e em parte pagã.
Sendo assim, existia uma influência de pensamento sobre aqueles irmãos, afirmando que eles estavam sujeitos às diversas forças espirituais que precisavam ser apaziguadas através da veneração. Além disso, havia uma pressão da parte dos judeus para a observância das leis do Torá, quanto à alimentação e os dias santos.
A partir da mitologia é possível perceber o quanto os deuses influenciavam no dia a dia da cidade. A deusa Cibele, por exemplo, era considerada a mãe de todos e aquela que protegia a população. Além disso, também possuía a chave da cidade, onde ela dominava. Cibele era a deusa de toda região da Fúgia (compreendia várias províncias Romanas).
Neste contexto é que Paulo escreve, inclusive sobre a obra da Cruz. Pois independente de qualquer atributo que os deuses poderiam ter, Cristo é antes de tudo e superior a tudo. Por isso não havia o que os Colossos temerem.
Jesus nos reconciliou com o Pai
“agora, porém, ele os reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,” Colossenses 1.22
Mediante a morte de Cristo fomos reconciliados com Deus. Reconciliação só é possível por causa da obra da Cruz. O pecado que ferozmente nos assombrava e separava do Pai, perdeu sua força porque Jesus derramou sua vida por mim e por você. Os sofrimentos de Jesus foram reais, na cruz Ele padeceu para que nós encontrássemos a real liberdade, até mesmo sobre o pecado.
Saiba de uma vez por todas que a sua principal realidade não é a de ser um fraco pecador que vive por aí pecando. Há reconciliação para que, eu e você, sejamos apresentados diante de Deus como: santos, inculpáveis e irrepreensíveis.
Santos, inculpáveis e irrepreensíveis
Santos – “A todos os amados de Deus que estão em Roma, chamados para ser santos…” (Romanos 1:7). Este não é apenas um título dado aos cristãos, mas é o cerne do nosso chamado. Sermos santos como Deus é Santo. Além disso, somos exortados a nos abstermos das coisas que possam nos corromper:
“Pois a vontade de Deus é a santificação de vocês: que se abstenham da imoralidade…” 1 Tessalonicenses 4:3. Sabemos que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. A Imoralidade corrompe o nosso coração e os nossos relacionamentos. Não somos um corpo descartável, mas somos chamados a pureza.
Esta santidade não é meramente humana ou de aparência. Você deve conhecer pessoas que até mudam a tonalidade de sua voz quando vão orar, não é mesmo? Mas, que no fundo são como sepulcros caídos. A santidade a qual nos referimos aqui é aquela replicada pelo próprio Deus através do agir de seu Espírito em nós.
Inculpáveis – No grego é a palavra amomos que quer dizer: sem manchas. Este era o adjetivo usado para os animais sem defeitos que seriam sacrificados. Também foi aplicado a Cristo o Cordeiro sem defeito:
“mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula.” 1 Pedro 1:19. No sentido moral significa aquilo que não pode ser criticado por estar livre de culpa.
“muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” Hebreus 9:14
Irrepreensíveis – No grego é a palavra anegkletos que quer dizer inculpável, irrepreensível. Como cristãos, devemos estar livres de qualquer acusação de injustiça. Isto significa que somos chamados para viver com integridade. Quem realmente somos quando ninguém está olhando? Somos justificados em Cristo e nossa vida precisa ser um testemunho vivo desse sacrifício para que em nada sejamos repreendidos.
Champlin, afirma que: “Trata-se de um alvo extremamente elevado, mui além da capacidade de um homem atingir sozinho. Por essa razão é que o Espírito Santo é o agente santificador.” Ou seja, não podemos alcançar a santidade sem a graça de Deus. Mas ela já foi liberada na Cruz.
A Superioridade de Cristo:
Cristo é o Homem ideal – Não há outro modelo a ser seguido. Cristo é quem regulamenta toda a conduta cristã. “Aqui não pode haver mais grego e judeu, circuncisão e incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo é tudo e está em todos.” Colossenses 3:11
Cristo triunfou – Ele é o vencedor de todo o mal e dá liberdade aos homens:
“Cancelando o escrito de dívida que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, cravando-o na cruz. E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando sobre eles na cruz. Portanto, que ninguém julgue vocês por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.” Colossenses 2:14-17
Cristo é o reconciliador – Ele nos trouxe de volta ao Pai. Que maravilhosa graça que nos alcançou. Nada nos impede de nos relacionarmos com Deus, nada mais poderá nos separar do amor de Cristo Jesus. Nem as trevas, nem a morte, nem as forças espirituais do mal. Não somos apenas servos, mas amigos de Deus.
“E vocês que, no passado, eram estranhos e inimigos no entendimento pelas obras más que praticavam, agora, porém, ele os reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,” Colossenses 1:21,22.
Cristo nos fez casa – Jesus habita em nós através do Espírito que ele nos outorgou. Somos os seus pés e as suas mãos para amar ao próximo assim como Ele nos amou. Testemunhamos da fé e esperamos pela sua volta, sabendo que nele temos a esperança da glória. Nossos olhos estão fixos na Eternidade.
“A estes Deus quis dar a conhecer a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vocês, a esperança da glória.” Colossenses 1:27
Cristo nos dá liberdade – Cristo nos liberta dos conceitos humanos. “Se vocês morreram com Cristo para os rudimentos do mundo, por que se sujeitam a regras, como se ainda vivessem no mundo? Não toque nisto”, “não coma disso”, “não pegue naquilo”. Todas estas coisas se destroem com o uso; são preceitos e doutrinas dos homens. Colossenses 2:20-22
A obra da Cruz – Conclusão
“se é que vocês permanecem na fé, alicerçados e firmes, não se deixando afastar da esperança do evangelho que vocês ouviram e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.” Colossenses 1.22-23
Você já parou para pensar em como a obra da Cruz tem marcado a sua história de vida? Paulo exortou aos Colossos a permanecerem na fé, alicerçados, firmes e a não se afastarem da esperança do evangelho. O desvio acontece quando deixamos o primeiro amor e nos distanciamos de Deus.
O sincretismo religioso estava conduzindo os Colossos a um grande engano, mas Paulo os conduziu à verdade de que Cristo era antes de tudo e superior a tudo. A verdadeira fé e esperança estão em Cristo e não em outro lugar. Nosso chamado é viver como Jesus viveu e o poder para isso, Ele já liberou na Cruz.
Você pode ler mais sobre A Imagem do Deus Invisível em nossa série sobre a Epístola de Colossenses.