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Criados para criar

Vida cristã

Deus é criativo. Vemos claramente esse atributo em Gênesis 1:1 quando Ele criou céus e terra.

“No princípio, Deus criou os céus e a terra.” Gênesis 1:1

 

Não havia nada, mas pelo poder da sua palavra, algo passou a existir. Em resumo, porque Ele é um Deus criativo, criatividade tem sido o ponto central a partir do qual todas as coisas hoje existem.

Então Deus olhou para tudo que havia feito e viu que era muito bom.” Gênesis 1:31a

Somos participantes do plano divino quando nós, Criaturas, fazemos algo bom com a sua criação. Somos chamados a criar. Muitas vezes não entendemos o motivo pelo qual vivemos, pois não entendemos nosso papel como cooperadores de Deus para com a criação. Fazemos todas as perguntas erradas, quando na verdade deveríamos nos perguntar em que lugar estamos nesse processo. 

A questão central não é sobre o que faremos, mas sim se temos tido medo de fazer aquilo que Deus determinou para nossas vidas. Muitos de nós sabem o que fazer, mas tem medo de fazê-lo. 

Talvez a problemática dessa questão seja imaginar o Criador de todo o universo perguntando a nós, Criatura, o que queremos fazer com nossas vidas. E sim, Ele tem nos perguntado: o que você ama fazer? 

“Mas, se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e isso lhes será concedido! Quando vocês produzem muitos frutos, trazem grande glória a meu Pai e demonstram que são meus discípulos de verdade.” João 15:7-8

O que você ama?

O que você ama a ponto de dizer “eu faria isso pelo resto da minha vida, até mesmo de graça!”? 

Existe uma comunhão única quando pegamos as coisas que Deus criou e entendemos o que fazer com ela. E nessa comunhão podemos experimentar o amor de Deus, quando Ele não apenas criou todas as coisas para nos mostrar sua grandiosidade, mas também quando nos fez participantes, nos chamando para fazermos algo ainda maior com elas!

Se a criação é algo bom, e nós somos muito bons, então o que devemos fazer com o aquilo que é bom? Precisamos responder a esse chamado e interagir de forma intencional transformando o bom em muito bom. 

Esse é o nosso trabalho, é isso que significa estar vivo. Antes da queda, era isso que estava acontecendo! Adão e Eva estavam andando com Deus, e eles se deleitavam em tudo que estavam fazendo. (Gênesis 1:26:29) 

Muitos de nós tem medo de trabalhar, de dar o primeiro passo, mas precisamos entender que nosso chamado necessita de trabalho, que precisamos crescer em nossos conhecimentos e habilidades. 

Ser criativo faz parte da nossa natureza

Nós, por natureza, somos criativos. Se você está em Cristo, você é nova criatura. O que foi perdido em Adão, foi restaurado em Cristo. 

Lembre-se: todos somos artistas naquilo que trabalhamos, e aos olhos de Deus somos verdadeiras obras de arte!

Todo ser humano é criativo, pois ele é criado à imagem do Criador, que é Aquele que cria. 

“Assim, Deus criou os seres humanos à sua própria imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1:27

Deus te criou para ser diferente, Ele te fez de forma diferente de todas as outras pessoas.

Então vá, e faça algo totalmente diferente do que as outras pessoas estão fazendo! 

Como fazer isso? 

Adorando a Deus com seu trabalho.

 

A Igreja é a embaixada do Reino do Céu. Ela representa uma nação dentro de outra nação. A Igreja são pessoas que confessam sua fé, que falam, que cantam, que pregam, que leem. 

“E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Respondeu Jesus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu darei a você as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus”. Mateus 16:15-19

O propósito de testemunhar é tornar manifesto algo que está oculto. Calvino disse que é tarefa da igreja tornar visível o reino invisível.

Também fazemos isso modelando o reino de Deus, demonstrando justiça no mundo, demonstrando misericórdia no mundo e mostrando ao mundo como é o reino de Deus. Isso significa que a igreja deve viver Cristo, viver pelo Espírito de Deus em tudo o que faz para que suas obras reflitam o caráter dEle. Devemos dar testemunho da presença de Cristo e do Seu reino no mundo. 

A Igreja caminha em amor

Quando Paulo escreve Efésios 1:15 ele reconhece a fé daqueles crentes por duas coisas: a fé que há entre vocês no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos.

“Por essa razão, desde que ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor que demonstram para com todos os santos.” Efésios 1:15

Existem 59 “uns aos outros” no Novo Testamento. Amem uns aos outros (17 vezes). Cumprimente um ao outro. Considerem uns aos outros melhores que você. Vençam um ao outro em honra, etc.

João fala o seguinte:

“Não fale pra mim que você ama Deus, que você não vê, se você não ama nem sua igreja que você vê. Não fale pra mim que você vai dar sua vida para Deus em serviço, se você não faz nada na sua igreja local.”

Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus; e também quem não ama seu irmão. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo. Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.” 1 João 3:10-11, 14-18

O significado de amor ao próximo

Ser parte de uma igreja local é um pacto que estabelecemos diante de Deus e dos nossos irmãos de amar sacrificialmente como Cristo aquela igreja local em particular. Ao nos desgastarmos em servi-los, ao suar em amá-los, é onde nós obedecemos os mandamentos “uns aos outros”. É muito fácil você falar que ama o seu irmão quando o seu irmão não tem uma cara, quando o seu irmão não pisa no seu pé. Amar ao próximo é amar aquele chato da sua igreja, assim como você também é chato.

Nós precisamos de um compromisso que não é baseado em conforto, mas baseado em chamado. O mundo faz o seguinte: “eu vou me envolver com vocês, mas vou colocar um pé atrás. Eu vou ver como é. Se for bom eu gosto, eu fico. Enquanto é vantajoso pra mim eu fico. Me cutucou saio fora!” Isso não é amor. Isso é egoísmo. 

Ou, “não, eu vou me envolver de pouquinho em pouquinho. Vou amar vocês de pouquinho em pouquinho.” Imagina que você fosse casar com alguém e você vira para a sua excelentíssima: “olha, eu não vou me comprometer muito com esse casamento. Eu vou amar você de pouquinho em pouquinho, tá?” Você acha que ela iria gostar? Você acha que isso é amor? Isso é interesse! Isso não é comprometimento! E muitas vezes a gente pensa assim da igreja.

Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” 1 João 4:7,8

Comunhão custa

Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós. ” 1 João 4:11,12

Já cansei de ouvir pessoas reclamando que a igreja dela é fraca em comunhão, só que eles nunca convidaram uma pessoa para irem na casa deles. Já vi pessoas lamentando: “nossa, na minha igreja não tem comunhão verdadeira. As pessoas não se importam umas com as outras.” E nunca chamou alguém para tomar um lanche em casa. Saiba: comunhão custa!

Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão.” 1 João 4:20,21

Se você não está disposto a servir, você não tem buscado comunhão em sua igreja, você tem buscado ser servido. Você quer seu psicólogo particular. Você não quer uma igreja. E qual é o exemplo do nosso Senhor? Que ele veio para servir e não para ser servido. Porém, quando o mundo ver o empresário gastando duas horas sendo discipulado por um senhor idoso, que capinou terreno a vida inteira, mas extremamente piedoso, isso o mundo não consegue entender. 

Nossa identidade como filhos do Pai

Quando um jovem abdicam da saída de sexta-feira para visitar uma senhora doente no hospital, esse mundo que despreza idosos, não consegue entender. Quando nós somos pacientes com aqueles que são diferentes de nós, com aqueles que nos incomodam – quando a própria pessoa chega perto e você fica incomodado – quando você demonstra paciência e amor, isso o mundo não consegue entender. Porque o mundo é feito de relações líquidas, fúteis e vazias. 

Só que a tristeza no meio de nós é que nossos irmãos muitas vezes somem e nós nem estamos aí. Nosso irmão está sofrendo e a gente nem sabe. O irmão está com uma dificuldade na família e não falou pra ninguém, e ninguém perguntou também. A gente até pergunta: “ei, tudo bem?” E o que a gente quer ouvir é: “Tudo tranquilo.” e passar reto! A gente não quer que a pessoa fale: “Não, na verdade eu preciso conversar com alguém, estou precisando de ajuda”, porque isso nos tira do lugar de conforto, nos traz para perto da vida da pessoa. 

Mas quando nós entendemos nossa identidade como filhos do Pai, a consequência disso deve ser fraternidade com os filhos, com os irmãos.

Lembre-se, você é representante de Cristo na terra. E a igreja é a embaixada do Reino.

“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos.” (…) Salmo 139:1

“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;” Salmo 139: 7-8

“Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me (…) formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem.” Salmo 139:1-2,7-8, 14

Você já parou para refletir nas declarações de Davi contidas no Salmo 139?

Um cântico que expressa quem o Senhor é

Este salmo demonstra que Davi sabia para quem estava prestando culto. E, por diversas vezes, ao lermos esse texto não percebemos a profundidade desses versos e o quanto eles revelam os preciosos atributos de Deus. Mas antes de prosseguirmos, gostaria de perguntar: você sabe o que significam esses atributos?

O Deus triúno possui diversas qualidades e características através das quais Ele escolhe revelar-se a nós. Conforme o teólogo Bavinck, “seus atributos coincidem com o seu ser”. Portanto, os atributos expressam quem Deus é. E Ele não muda. Seus atributos não se alteram e não se perdem com o tempo. 

Ao estudarmos o Salmo 139, podemos conhecer alguns dos atributos de Deus, tais como: onisciência, onipresença e onipotência. E sobre essas três características é que iremos observar aqui. Então, te convido a fazer um breve mergulho comigo para descobrirmos juntos o que o Salmo 139 diz sobre quem Deus é.

Não pretendo esgotar o assunto, mas trazer reflexões iniciais para que, em seu momento de devocional, você se aprofunde nesse texto e transforme esse salmo num diálogo com o Senhor. E a medida que a Palavra encher seu coração e você compreender mais quem o Senhor é, isso gere confiança, cura e liberdade em seu interior. 

Ele conhece tudo

“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos.” (Salmo 139:1-2) 

A primeira palavra expressa por Davi: “Senhor”,traduzida do hebraico “Yahweh”, significa “aquele que existe”, o único Deus verdadeiro”. Em outras palavras podemos escrever que o salmista expressa nesse primeiro verso que Deus é único e verdadeiro, portanto, aquele que é soberano nos sonda e nos conhece. 

O grande Deus é também “Senhor de perto”. Aquele que esquadrinha nossos corações e que nada está oculto diante Dele. Ele sabe todos os nossos pensamentos, desde os pequenos até os grandes. Como disse o salmista nos versos seguintes: “Antes mesmo de eu falar, Senhor, já sabes tudo o que vou dizer”.

A onisciência do Senhor

Em outro trecho das Escrituras, Isaías 66:18, também confirma que o Senhor vê todas as coisas que fazemos e o que pensamos. Isso significa que nossa natureza é completamente conhecida por Ele. A onisciência do Senhor, seu saber absoluto, nos gera temor. Além disso, nos remete ao fato de que podemos descansar Nele. Podemos confiar que nada está fora do controle, porque Ele está vendo todas as coisas e as intenções dos corações dos homens.

No verso 139:6 ainda diz que “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; é sobremodo elevado, não o posso atingir.” Ou seja, diante de poderosas verdades é como se faltassem palavras para o salmista expressar o quão incrível é saber isso. De fato, a mente humana não consegue compreender completamente e precisamos que o Espírito Santo nos revele a profundidade dessa verdade, que os olhos do Senhor estão sobre o nosso coração

Ele é onipresente

“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;” Salmos 139:7-8 

Ao lermos essas frases, o salmista declara que não há nenhuma maneira de escapar do olhar do Senhor. Estamos a todo momento diante de Deus e, a partir disso, cabe a nós vivermos um estilo de vida consciente de Sua onipresença. 

Muitas vezes a reação que temos ao pecarmos é a de nos afastarmos do Senhor diante de Sua tamanha grandeza e santidade. Realmente, em nós mesmos não há nada de bom. Por isso, devemos nos voltar ao Senhor. Somente através do sangue de Cristo, através da Sua graça e ao arrependermos é que obtemos perdão do Senhor. É pela graça que somos salvos.  Podemos nos lançar ao amor do Senhor mesmo que estivermos passando por densas escuridões. 

“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus , sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.” Romanos 8:24

Conscientes da Sua onipresença

Viver consciente da onipresença do Senhor enche nosso coração de esperança, coragem e fé, porque podemos ter a plena convicção de que Ele não nos desamparará e que não há escuridão tão grande que a luz Dele não brilhe. Ele é Deus Emanuel. 

“Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem.” Salmos 139:14

O salmista começa este verso louvando e agradecendo ao Senhor por ter sido obra das mãos do criador. A trindade em perfeita comunhão, como um habilidoso artista, planeja e arquiteta toda a criação. Davi louva ao Senhor, porque ele reconhece que tudo o que Deus faz é bom. A sua criação é bela.

Toda a criação é a manifestação do poder de Deus, é isso que Davi também expressa com essas declarações. E por ser obra das mãos do Senhor, toda a criação está submetida a sua autoridade (Romanos 11:36). 

Em outra passagem bíblica podemos observar mais uma vez um homem se deparando com o poder e autoridade do Senhor. Nesse trecho a seguir o Senhor responde a Jó: 

“Onde você estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Diga-me, já que sabe tanto. Quem definiu suas dimensões e estendeu a linha de medir?” (Jo 38:4-5)

Onipotência: como viveremos? 

Diante então da onipotência do Senhor, o salmista não vê outra opção a não ser render louvores ao Senhor. Viver com base na consciência desse atributo de Deus gera, dentre várias coisas, gratidão e humildade, pois Ele nos formou no ventre de nossa mãe e em suas mãos reside o pleno domínio. 

Assim, primeiramente, podemos aprender com as declarações de Davi em salmos 139, que de fato ele sabia quem era Deus, e isso o levava adorá-lo. Além disso, Deus é aquele que detém o saber absoluto e está atento a todos os detalhes do coração humano. Ele é Deus Emanuel, por sua graça podemos desfrutar do seu amor. Por fim, de forma bela e demonstrando seu poder nos criou.

 

Uma reflexão sobre depressão e a vida que há em Cristo

Nos dias atuais muito se fala a respeito da depressão, doença classificada como “o mal do século” segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Por definição, trata-se de uma doença psiquiátrica crônica que afeta a área emocional e é caracterizada por sintomas frequentes, isolados ou combinados entre si, de tristeza profunda, pessimismo e baixa auto-estima. falta de apetite e de ânimo, distúrbios do sono. A ausência de prazer em coisas que antes faziam bem, assim como a grande oscilação de humor e pensamentos, podem acabar culminando em comportamentos e atos suicidas. Analogamente, a literatura médica e científica mundial associa a depressão a alterações fisiológicas como a baixa do sistema imunológico, o que acaba abrindo portas de entrada para outras doenças. (Fonte: Ministério da Saúde)

Diante de um quadro como o acima descrito, não encontrar valor na própria vida e nem sentido na própria existência são algumas das possíveis consequências reais. Da mesma forma, a alegria e a paz tendem a ser substituídas por grande dor e sofrimento e, por vezes, pelo desejo de não mais existir.

ONDE ENTRA DEUS NESSA HISTÓRIA E O QUE ELE TEM A NOS DIZER DIANTE DISSO?

Infelizmente, não é algo incomum ao conversarmos sobre o assunto com as pessoas ao nosso redor, independentemente do ambiente no qual nos encontramos, ouvi-las dizer que conhecem uma ou mais pessoas que passaram ou se encontram em uma condição depressiva. Ainda mais quando acabam descrevendo as próprias experiências com a doença e com os fortes medicamentos prescritos.

Como é possível que uma doença tão grave, que afeta a mente e todo o funcionamento do organismo, continue atingindo tantas pessoas quando entendemos que a autoridade suprema do universo pertence ao Senhor? Como ela continua sendo cada vez mais disseminada, ao mesmo tempo que a igreja também avança e cresce? E, principalmente, onde entra Deus nessa história e o que Ele tem a nos dizer diante disso?

É inevitável admitirmos que nosso mundo está atualmente entregue a Satanás, o príncipe do reino das trevas e, portanto, sob seu domínio. Todavia, aquele que entregou a sua vida por nós se sacrificando no madeiro para nos dar a salvação, Jesus Cristo, em breve voltará para buscar sua igreja gloriosa, santa, pura e sem mácula. Ele reinará sobre a terra, restaurará todas as coisas e entregará novamente o domínio deste mundo a Deus. Com efeito nós, aqueles que estamos em Cristo, fomos feitos novas criaturas nEle. Logo, não estamos mais subjugados ao domínio do pecado e da morte, mas nos submetemos voluntariamente à autoridade e à vida existentes em Jesus. Assim como descrito em 1 Jo 5:18-19:

“sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.”

COMO PODEMOS COMBATER A DEPRESSÃO NA PRÁTICA E ENCONTRAR VIDA NA PALAVRA DE DEUS?

Por este motivo precisamos constantemente lembrar a nós mesmos do que a Palavra do Senhor Jesus Cristo diz a nosso respeito. Somos chamados a combater todo o mal à luz da Palavra, inclusive doenças e todo tipo de adversidade. Precisamos aprender a renovar nossas mentes com o que diz a Sagrada Escritura e permitir que ela nos transforme de dentro para fora. Faremos isso meditando nela e declarando suas verdades sobre nossas vidas.

Para combatermos a depressão, é importante nos lembrarmos e crermos que:

  1. Somos chamados a transbordar de uma esperança que não falha: “Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.” (Rm 15:13) NVI; “E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu.” (Rm 5:5) NVI
  2. O Senhor se importa conosco e jamais nos deixa sozinhos ou desamparados: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?” “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Sl 139:7;16) ARA
  3. Cristo habita em nós e o Seu amor nos é revelado: “e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3:17-19) ARA
  4. O Senhor se agrada, se deleita e tem prazer em nós: “O Senhor se agrada dos que o temem, daqueles que depositam sua esperança em seu amor leal e perene.” (Sl 147:11) KJA

ELE É A PRÓPRIA VIDA!

Te convido hoje a deixar que essas verdades inundem a sua mente e o seu coração. Independentemente do quão difícil a situação na qual você se encontra possa parecer, há esperança! Há amor! Nosso Jesus é tudo isso e muito mais: Ele é a própria vida! A sua vida tem tanto valor que Aquele que é a própria vida deu a vida dele pela sua. E tudo pelo que você está passando tem um propósito determinado para, ao final, glorificar o nome do nosso Salvador. Que você receba hoje a plenitude de vida que há em Cristo e tenha a convicção de que “[…] todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. (Rm 8:28) ACF

Um dia todos nós dissemos sim para Jesus, e com isso aceitamos Sua Palavra como sendo a verdade pura e libertadora de nossas vidas. Sendo assim, concordamos em buscar o primeiro e o segundo mandamento, e se relacionar com Ele por toda nossa vida. Mas, viver em Cristo exige de nós uma constante sondagem de nossos corações…

Em João 17:3 fala que: “E a vida eterna é isto: conhecer a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste ao mundo.”

Pensando nisso pergunto: como tem estado o desejo do seu coração para se relacionar com o Pai? 

Um Deus para se relacionar

A verdade é que o desejo do Pai em se revelar a nós é muito maior do que nosso desejo em se relacionar com Ele! 

Entretanto, precisamos nadar contra a correnteza todos os dias e buscar crescer nesse amor, visto que nós somos os grandes beneficiados desta relação. 

É nesse lugar de relacionamento que crescemos no verdadeiro amor, que aprendemos a viver como Jesus viveu, que criamos um profundo desejo em responder a esse amor com nossa obediência e devoção até que vejam em nós a bondade e a graça do Criador, o amor e o cuidado Dele. 

Acima de tudo, é sobre se apegar na soberania de que a vontade do Pai sempre será boa, perfeita e agradável, e que tudo isso tem nos preparado para seu Reino Eterno. (Romanos 12:2b)

O “vazio” que um dia todo mundo já sentiu

Servimos a um Deus que tem por uma de suas  principais características ser relacional. Dentre os infinitos pensamentos que Ele tem a respeito de nós, o desejo e prazer de relacionar conosco tem se mostrado uns dos mais fortes. 

Prova disso é o “vazio” que muitas vezes sentimos quando estamos longe desse lugar de intimidade com o nosso Criador. Este é apenas um sintoma de um desejo que o próprio Deus colocou em nós: o de estar próximo Dele. 

Antes da queda, o homem era frequentemente visitado pelo Pai, falava com ele e tinha seus momentos de comunhão diária. Até hoje esse desejo revela que no plano original, relacionamento com Ele seria o principal motivo pelo qual existimos. 

Um Deus acessível

Também servimos a um Deus de graça e misericórdia. Que se faz acessível mesmo que a gente tendo uma natureza caída, e permite que nós possamos ter um vislumbre de como é conhecer um pouco Dele.

Tão grande é seu desejo em se fazer conhecido que fez disso o chamado primordial da nossa vida. Ou seja, Ele quer ser simplesmente amado assim como sua Palavra orienta:

“Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de toda a sua mente e de todas as suas forças’.” Marcos 12:30

 

A correria frenética por satisfação, prazer e felicidade nos cerca e é bem conhecida por nós. A todo instante postagens e textos aparecem na nossa frente, de como podemos viver mais felizes ou aumentar nosso bem-estar e satisfação com a vida. A sensação bem presente nessa busca, porém, é muitas vezes a de correr em círculos. Nunca se alcança a plenitude dessas coisas com os recursos que temos disponíveis para isso.

PEÇAS QUADRADAS PARA O ESPAÇO REDONDO?

Primeiramente, vamos pensar um pouco. Parece um tanto sádico pensar que Deus, nosso Criador, idealizador dos nossos anseios, tenha nos criado com anseios que ficarão sem resposta. Imagina só se Deus tivesse criado nosso estômago, decretado que funcionaríamos para sentir fome, mas não tivesse inventado o alimento. Não faz sentido, certo? Soa cruel.

Da mesma maneira, não faz sentido sermos dotados de anseios de prazer, amor, relacionamento, apreço, alegria e não haver uma maneira de sacia-los.

O problema que quero trazer aqui não é exatamente com o que saciamos esses anseios, mas uma maneira sadia de saciá-los. Qual o plano original que Deus teceu para nos saciar?

A FÁBRICA DE ÍDOLOS x SER SATISFEITO

Certamente, aquilo que nos sacia têm uma boa parte do nosso coração. O coração humano vaga em busca daquilo que o transcenda. E essa tem sido uma preocupação do meu coração ultimamente. Pois, não falo de pecados necessariamente, mas de coisas legitimas e boas. Qualquer coisa, que não é o Deus verdadeiro, que ganhe o nosso coração, nos motiva, nos controla, servimos, ou onde buscamos esperança é um ídolo em potencial.

“O coração humano é uma fábrica de ídolos” (João Calvino)

Obviamente, nós temos nossos meios de nos prover satisfação. Na verdade, muitas vezes a um click encontramos alguns segundos de aparente alegria. O problema reside em fazermos das coisas a fonte que nos sacia. O fato é que, Deus, o criador de todas as coisas (Dt 10:14; Sl 24:1), é também a fonte da vida. Nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17:28).

Ele criou as boas dadivas, como a comida, os relacionamentos, a beleza, arte, música, esporte, trabalho, a natureza e tantas coisas. Mas, todas as dádivas são meios de desfrute e não o fim ou a fonte do nosso prazer e alegria. Nosso coração tende a colocar as coisas criadas no lugar do Criador, fazendo delas ídolos e não instrumentos para glorificá-lo.

A FONTE

Portanto se nossa fonte for Senhor, e encontrarmos deleite, prazer e completude Nele, estaremos com o coração no lugar correto para desfrutar de relacionamentos profundos sem idolatrá-lo, beber e apreciar comidas deliciosas sem fazer disso uma compulsão, trabalhar diligentemente sem fazer do serviço nossa fonte de significado e identidade. Servir outros com a motivação correta. Cuidar do nosso corpo sem cultuá-lo.

É certo que, consumir e abusar do uso dessas coisas para nos satisfazer e encontrar prazer, apenas nos expõe não só a idolatria, mas a encontrar o vazio que não se preenche. A sensação de correr em círculos que falamos inicialmente. Certos que mesmo fazendo qualquer dessas coisas, compulsivamente, não seremos plenamente saciados.

POR QUE BUSCAR SATISFAÇÃO?

Diante disso, me resta pensar que o inicio e o fim da nossa satisfação é o Senhor. Pois, Dele, por Ele e para Ele existimos, fomos criados e seremos satisfeitos. Dele sai a verdadeira fonte e quando encontramos a fonte Nele, nós nos voltamos para Ele.

Uma vez que nos encontramos com esse ponto, faz sentido o que John Piper diz: “Deus é mais glorificado em mim quando sou mais satisfeito nEle.” Adoração, ações de graça, e louvor fluem de um coração que encontrou contentamento. E a própria adoração nos trás deleite. Por isso devemos caminhar em satisfação. Fomos criados para sua glória. Um coração satisfeito vive integralmente em adoração, seja caminhando, se divertindo, conversando, comendo, descansando, trabalhando. Essa é a vontade do Senhor.

Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado.
Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranqüilo,
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita.
(Sl 16:8-11)

 

Afinal, o que é propósito? E qual é o seu propósito? Acredito que essas são perguntas que faremos muitas vezes ao longo da vida. 

Aliás, se você observar à sua volta, vai enxergar o que tenho, tristemente, enxergado: milhares de pessoas sem propósito algum, lutando guerras sem sentido ou até mesmo desistindo de lutar. 

Pense comigo: se somos chamados para amar a Deus e ao nosso próximo, então, nosso propósito deve estar ligado a esses dois chamados. 

Respondeu Jesus: “O mais importante shop é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor.

Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’.

O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes”. Marcos 12: 29-31 

Propósito perdido

O erro da humanidade, desde a queda de Adão, tem sido a desobediência que levou a criação a perder o sentido e o propósito para o qual foi chamada. 

Pessoas, longe de Deus, têm estado em uma busca incansável por encontrar o real propósito de suas vidas. E você, e eu, temos como responder a elas, mostrando através de nossas vidas que é possível viver por algo melhor. 

Sinceramente, vejo pessoas à minha volta bebendo todos os dias, ou usando drogas até perderem o sentido, simplesmente porque isso tem sido as únicas coisas que amenizam a dor de suas vidas sem sentido. 

Saiba que seu propósito é a visão pela qual vive e até mesmo pela qual  passa adversidades. 

Por causa de um propósito deixamos para trás coisas que para nós são importantes, fazemos sacrifícios e lutamos além das nossas forças. 

Nosso propósito é para glorificar a Deus

Deus colocou tantas coisas dentro de cada um de nós e existem talentos que foram dados pelo Senhor para que, entendendo que você foi chamado para a glória Dele, e, com os seus olhos fixos para um propósito que esteja ligado aos céus, certamente você terá êxito em qualquer coisa que fizer. 

Homens e mulheres com um propósito serão bem sucedidos nas grandes e nas pequenas coisas, porque em tudo terão o amor e o favor do Senhor. 

Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Salmos 32:8 

Portanto, a terra ressequida à sua volta precisa da vida de Cristo que existe em você. E você alcança essas pessoas através das verdades firmadas pela sua vida com o Senhor. 

Minha oração hoje é para que você entenda que se viver por um propósito, até mesmo suas lutas terão sentido. 

Oro para que você entenda seu chamado e viva por tudo o que é eterno. 

Deus te abençoe.

Você deve esta se perguntando, o que é Coram Deo? O que isso significa? 

Muitos cristãos não conhecem, ouviram, ou mesmo tiveram contato com a palavra Coram Deo. Isso acontece devido há muitos fatores, um deles, é o distanciamento de uma geração de crentes do cristianismo histórico, da sua própria história e da tradição intelectual da igreja, fazendo de suas experiências empíricas a única forma de entender a vida e a realidade de Deus.  Mas esse não é foco desse pequeno artigo. Quero aqui, de uma forma direta, te ajudar a descobrir e entender o que de fato significa Coram Deo.  

Afinal, o que é Coram Deo?

Coram Deo é uma palavra em latim, usada principalmente durante a reforma protestante no século XVI. A sua tradução significa “diante de Deus”. Mas o que nos impressiona é fato do quão profundo é o conteúdo filosófico e teológico por trás das palavras. Seu foco principal é promover a consciência do que é uma vida cristã, sua essência e consequências. Porque viver na presença de Deus, perante Deus, sob a autoridade de Deus e para a glória de Deus vai muito além do “lugar secreto”.

A história cristã é marcada por muitas lutas e controvérsias. Irmãos que deram suas vidas – seguindo exemplo do seu Senhor, Jesus – para que a verdade pudesse ser transmitida e permanecesse. Das “grandes” lutas travadas por esses irmãos, está a noção do Senhorio de Cristo. Às vezes, até uma forma honesta, irmãos pensavam que a vida cristã era uma guerra entre dois mundos, de luta do bem contra o mal. E de dois reinos e dois reis. 

Sagrado e o profano

No período medieval era muito comum a ideia de dividir a vida e a realidade entre o sagrado e o profano; entre o religioso e o não religioso. A distorção dessa verdade promoveu um tipo de espiritualidade, mas parecida com neoplatonismo, aristotelismo e muitos outros “ismos” da filosofia clássica. E no período do iluminismo isso foi de fato “sistematizado” pelos cristãos, como uma forma de reação a tudo que estava acontecendo, diante de uma espiritualidade que não conseguia conectar a mensagem do evangelho com a vida, foi quase que inevitável a prática dessa dicotomia da vida, fazendo da vida cristã, da vida sacra “o mundo separado dos cristãos”. Então, foi contra esse tipo de pensamento reducionista que os reformadores protestaram afirmando que todos nós vivemos na presença de Deus, e que a vida é Coram Deo.

Lutero afirmava que:

“A existência humana é vivida coram deo, diante de Deus ou na presença de Deus.” Perguntaram a Lutero:  “O que um sapateiro convertido poderia fazer para servir melhor à Deus e ser um cristão melhor.” Lutero respondeu: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo”.

Calvino falou coisas muitos semelhantes. Destacou que em todas as dimensões da vida, os seres humanos têm “negócios com Deus”.  

Imago Dei

Precisamos ter a consciência de que todas as pessoas, apenas por serem humanos, são a imagem de Deus (Imago Dei). São responsáveis diante de Deus por tudo o que são, fazem e pensam. 

Cada pessoa vive coram deo, isto é, perante a face de Deus, e assim é responsável diante dele por todo pensamento e ação. Todos os homens vivem diante Deus, aceitam isso ou não, acreditam nisso ou não. Pense comigo, alguém regenerado pela obra Cristo, como deveria viver diante de tal realidade? 

Viver a vida inteira na presença de Deus é entender que absolutamente tudo o que estamos fazendo e onde quer que estejamos fazendo, nós estamos agindo debaixo do olhar fixo de Deus. Por isso, tudo que o homem faz, o faz para a glória de Deus ou para a sua desonra.

Deus: a referência de tudo

Por isso, o conhecimento de Deus tem que nos levar para uma vida coram deo. Conhecer a Deus não afeta só a nossa teologia, ela afeta todas as áreas do saber e do viver humano. Sendo Deus a referência para todas as coisas que nós conhecemos. Portanto, uma vida cristã precisa ser uma vida coram deo. Uma vida não apenas pautadas nas experiências empíricas ou “sobrenaturais”, mas porém, uma vida Teoreferente!  Isto é; ter a Deus como referência de tudo.  

Se Deus é referência de tudo que eu conheço, então a leitura que eu faço de todas as coisas tem um ótica teológica, ótica cristã, é coram deo. 

O teólogo holandês Herman Bavinck diz :

“Desta graça comum (a providência de Deus para todos, crentes e incrédulos)  procede tudo o que é bom e verdadeiro que ainda vemos no homem decaído. A luz ainda brilha nas trevas. O Espírito de Deus vive e trabalha em tudo o que foi criado. Logo, ainda permanecem no homem certos traços da imagem de Deus. Há ainda intelecto e razão; todas as espécies de dons naturais ainda estão presentes neles. O homem ainda tem percepção e uma impressão da divindade, uma semente da religião. A razão é um dom inestimável. A filosofia é um dom admirável de Deus. A música também é um dom de Deus. As artes e as ciências são boas, proveitosas e de alto valor.”

Dualismo

Concluo que, embora não estejamos na era medieval e nem na época do iluminismo, um olhar para grande parte da igreja hoje, vemos que o coram deo é algo que se perdeu. A maioria dos crentes de nossa geração vive um cristianismo que é totalmente divorciado da sua experiência de realidade. É um cristianismo subjetivo, que só é percebido, ou vivido, quando a pessoa está na igreja, servindo em algum ministério, ou quando está fazendo missões transculturais, fazendo da vida e da vida cristã uma dicotomia prática. É muito comum vermos cristãos, em geral novos convertidos, falando a seus pastores: “quero muito servir a Deus, há alguma vaga em algum ministério para mim?”

Assim, há uma supervalorização das atividades consideradas “espirituais” e uma negligência com relação às atividades chamadas “seculares”, como o estudo, o trabalho, a família e as outras responsabilidades que, em tese, não estão diretamente relacionadas à nossa fé.

Com o “sapateiro” perguntado a Lutero, poderia servir a Deus fazendo sapatos. Afinal, o que sapatos têm a ver com o Reino de Deus? A questão é que o Reino de Deus não se resume às atividades realizadas na igreja, mas envolve tudo o que fazemos, falamos e pensamos. Tudo deve estar debaixo do senhorio de Cristo. Toda nossa vida é para a glória de Deus, todo nosso ser, todas as áreas que possamos atuar ou vivenciar está debaixo da glória de Deus e devemos usá-las para honrar e glorificar a Deus!

Coram Deo: tudo para a glória de Deus

Como nos ensina Abraham Kuyper nessas duas falas históricas:

“Não há um único centímetro quadrado em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: É meu!”

Portanto, devemos viver para glória de Deus, por meio do que somos e do que fazemos. Como ensinaram os apóstolos Paulo e Pedro: 

“Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31).

“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17)

“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Pedro 4.11)

Soli Deo Gloria!

Um dos maiores desejos do ser humano é ter uma vida relevante. E nessa busca por significado é necessário descobrir nosso chamado. Compreender o papel que temos na história nos dará clareza para tomar decisões coesas quanto ao futuro. É preciso ser intencional. E, quando entendemos quem somos e para o que fomos colocados neste planeta, viveremos com mais contentamento, pois, caminharemos em convicção do nosso chamado. 

Então, voltemos ao início da história, porque ela nos aponta o fim. Como nossa aventura começou? E por que Deus decidiu nos criar? Como homem e mulher, qual é nosso fim principal? Estas são perguntas que sempre permearam o coração da humanidade desde os primeiros dias. 

No livro do “começo”: Gênesis, observamos Deus criando todas as coisas e soprando o fôlego de vida sobre Adão. Deus decidiu o criar a Sua própria imagem e semelhança. E a verdade que Deus não faz nada ao acaso. Além disso, em Seu mandato, o Senhor ordenou ao homem a multiplicação e o governo sobre a criação. E tudo o que Deus faz é bom e tem um propósito. É preciso compreender nosso chamado, leiamos:

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança… Criou Deus, pois, o homem  à sua imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” Gênesis 1.26-28

Na viração do dia

Quando olhamos para o início da criação e vemos Deus nos fazendo como homens a sua própria imagem e semelhança, não podemos negar que há um mistério ali. Na viração do dia Deus se encontrava com o homem. Na viração do dia o Senhor vinha conversar. Mas, a queda fez com que Adão e Eva se escondessem de Sua presença. Porém, a voz de Deus ressoou pelo jardim.

“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus… E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? (Gênesis 3.8a,9)

A pergunta de Deus continua a ressoar. E em meio ao caos humano Ele olha para nós e pergunta: “Onde estás?” Não porque Ele não nos vê. Mas, porque Ele quer nos fazer voltar ao jardim e desfrutarmos de Seu amor singular

Fomos chamados para o Amor

Lembro-me que ainda adolescente, ao fazer minha Pública Profissão de Fé, responder as perguntas do Breve Catecismo de Westminster era uma de minhas tarefas. E a primeira questão consistia em esclarecer: “Qual o fim principal do homem?” A resposta na ponta da língua dizia: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.” O que é totalmente verdade.

“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” Romanos 11:36

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31

Mas, também é verdade que essa pode ser uma resposta bem ampla. Não devemos realizar adoração desconectada ao “gozá-lo para sempre”, isto é: sem amá-lo de todo o nosso coração, alma e força. Não devemos glorificar sem usufruir de Sua presença. Isto será como o sino que só faz barulho como descrito em 1 Coríntios 13. 

Sim, nós fomos feitos para Sua glória porque todas as coisas foram feitas para a glória de Deus. Porém, Ele nos criou para desfrutarmos de quem Ele É e de seu amor tão profundo. Ele nos criou para sermos filhos. Esse é nosso chamado principal.

“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,” Efésios 1:4-6

Nova Criatura

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” 2 Coríntios 5:17

Quando Cristo nos conduz a salvação, estamos apenas no começo da jornada. Compreendemos que desde o início da história fomos chamados a um relacionamento de amor e adoração em tudo o que fazemos. Tudo faremos para o louvor d’Aquele que tanto amamos. 

Com a mente renovada como filhos, somos novas criaturas. Entendemos que nosso papel é viver da mesma forma que Jesus viveu. Seguimos ao Seu exemplo. Nos lembramos que o principal mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos. E isso tem a ver com a forma como servimos a Deus e aos nossos irmãos. 

Deus nos deu habilidades e dons singulares e há muitas formas de desenvolvermos ministério e serviço. Mas, de nada adianta o trabalho de nossas mãos se isso não estiver fundamentado em nosso chamado de amar a Deus e desfrutá-Lo acima de todas as coisas. 

Com certeza você conhece o Salmo 23. Nele, há muitas verdades sobre Deus.  

“O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.”  Salmos 23:1-6 

Há algo diferente neste Salmo. Não porque é um dos mais conhecidos, mas porque ali vemos Davi cantando para si mesmo o que ele sabia sobre Deus. Imagino que esse salmo saiu de um lugar de muita intimidade e uma obra artística da relação dele com seu Criador. 

O que Davi nos ensina das verdades sobre Deus

Nele, Davi não pede, não lamenta, não intercede, não fala sobre si… Apenas sobre o bom pastor. Davi estava cantando para si as verdades sobre Deus. 

Ao ler esse salmo, sabemos que para Davi, Deus era como um pastor, um provedor, aquele que proporciona descanso e renova suas forças e lhe ensina sobre justiça. E aquele que até nos momentos mais sombrios estaria ao seu lado, o protegeria e mesmo em meio ao caos seria abençoado com um banquete preparado pelo Senhor.

Davi sabia, com toda a certeza, que em todos os dias de sua vida, seria seguido pelo amor e pela bondade de Deus.

Imagine o coração apaixonado de Davi ao declarar para si essas verdades sobre Deus? Apenas a uma conclusão poderia chegar… Certamente era na presença do Senhor que ele habitaria para todo o sempre.

Como isso pode mudar sua vida?

No seu momento devocional, você já experimentou cantar ou orar salmos? Com o Salmo 23 é possível fazer uma oração de gratidão, adoração, entrega e de confiança. Há algo poderoso quando no seu lugar secreto, usando a Palavra, você declara à sua alma as verdades sobre quem Deus é. O resultado disso é um coração com a imagem de Deus profundamente consolidada. Isso é fundamental a vida cristã, pois nos momentos de dificuldade, desafios e turbulência você não tem suas crenças abaladas, porque elas estão bem fundamentadas nos atributos do caráter de Deus.

Cantar verdades sobre Aquele que é o “bom Pastor” também reflete na sua própria identidade. Quando a bíblia diz que somos a imagem de Deus, não se refere apenas a semelhança física, mas também às características do caráter de Deus em nós e ter essa certeza enraizada em seu coração muda como você se posiciona na vida. 

Precisamos dizer ao nosso coração que apenas Deus é tudo o que de fato precisamos, Ele é o provedor! Precisamos ter dentro de nós a certeza que mesmo em dificuldades, o próprio Senhor estará conosco. Se já temos Ele, então temos tudo!